Capítulo 45: As lembranças que me fortalecem
Ela observa de cima, que a escada provavelmente chega até a trilha por onde veio. Ao olhar um pouco mais para cima, vê que a subida se interrompe dando espaço para um lugar plano. Enquanto sobre, encontra mais pedaços descoberto da escada. Conforme avança, seu coração acelera.
Ao chegar na parte plana, suas pupilas se dilatam, e seu coração para pôr um instante. Até “esquecendo” de respirar. Na encosta a sua frente, existe uma espécie de pilar de madeira parcialmente exposto no alto, a uns 2 metros de altura. Então ela se aproxima.
Existe muitas pedras caídas por ali, que atrapalham o deslocamento. Conseguindo chegar até o pilar, ela repara que para a direita dele, existe uma parte de rocha chapada, que ainda se encontra quase toda soterrada.
Dando alguns passos para trás, se afasta um pouco e pega uma pedra que mal cabe na mão e a arremessa aonde acha que é o meio da rocha. O que desencadeia um pequeno deslizamento de terra, expondo assim o restante do local. Agora mais nítido, uma aparente entrada até então soterrada, se revelada.
Porém, muitas pedras ficaram na base dela. Sarah começa a tirar uma por uma, as jogando para trás. Após quase 30 minutos, consegue limpar a área para analisar melhor o cenário. Quando se dá ao luxo de respirar com mais calma, sua jaqueta já se encontra amarrada na cintura.
Ao se afastar um pouco da possível entrada. No alto, um pilar de rocha esculpido, cruza a pedra de um lado para o outro na horizontal. Sarah observa que existe uma inscrição nesse pilar. Após lançar seu olhar ao redor, parte em direção de uma grande pedra. Logo retorna, enquanto a rola até chegar ao pé da possível entrada. Depois de subir nela, passa a mão para tirar um pouco da terra que se acumulou entre as letras. Uma frase se torna perceptível.
==>Para quem se atreve a enfrentar o desconhecido<==
Depois de ler, ela desce da pedra, e com a perna, a empurra para trás enquanto se apoia na rocha a frente. Sarah repara que existe alguma coisa gravada no centro da rocha, também encoberta por terra. Passando a mão e assoprando, um navio que aparenta navegar em águas turbulentas, surge entalhado de forma sutil.
Depois de admirar por alguns segundos aquela imagem. Tenta empurrar a rocha para ver se ela se move. Primeiro vai no lado esquerdo, e nada. Depois do lado direito. Ali a pedra treme um pouco. Então Sarah apoia bem suas pernas no chão e se inclinando para frente. Com suas duas mãos, força todos os músculos do seu corpo com o objetivo de empurrar aquela região.
A rocha aceitando o pedido, se deixa ser levada para trás, abrindo como se fosse uma grande porta. Uma abertura de não mais que cinquenta centímetros surge então. Espaço suficiente para passar com folga.
Sarah vai até sua mochila, e no embalo, a pega já se direcionando para a abertura. No local, um breu quase que completo se faz presente no ambiente, exceto por uma pequena região da entrada onde um feixe de luz de fora ilumina uma parede irregular feita de terra batida.
Sarah até pega o celular para iluminar o ambiente, mas logo se lembra que está sem bateria. Depois de dar uma profunda suspirada, ela se senta no chão de perto da entrada onde a luz ainda alcança. Após alguns segundos, pega a adaga preta em sua mochila. Enquanto vai tirando, memórias das inúmeras tentativas inúteis passa pela mente.
Ela até pensa em voltar para o templo, para falar para os demais enquanto encara aquela lâmina negra. Conforme vai encarando a arma, vai se lembrando da sensação de quando a usou. Não só emitia luz, mas também emanava uma energia quente, que parecia queimar o ar ao redor. Mas não a queimava. Se lembra do quão quente era em sua mão, parecia que estava sugando sua energia.
É então que surge uma ideia. Ela se levanta e começa a respirar profundamente e de forma controlada. Com os olhos fechados, se força a lembrar daquele androide. Daquele inferno, e dos demônios que nele habitavam. Sua expressão muda. Sua respiração fica mais agressiva. Seus punhos se serram e sua musculatura se contrai. Ela começa a sentir um pequeno fluxo de estática saindo do seu ombro percorrendo seu braço direito e indo de encontro com a adaga. Ela então começa a mudar sua postura corporal.
Sua perna esquerda vai para frente um pouco flexionada, enquanto a direita vai para trás também flexionada. Fazendo assim com que seu corpo se vire um pouco para direita, e o centro de gravidade seja abaixado. Sua mão esquerda virada na lateral, com o dedão próximo ao rosto, forma uma espécie de postura de combate. Seu braço direito está totalmente esticado para trás.
Sarah começa a imaginar que aquele androide está bem ali na sua frente, se preparando para atacá-la. Sua imaginação é tão imersiva, que consegue até escutá-lo falando.
— Vejam só!! Se não é aquele lixo imprestável. — Com uma feição de soberba, olhando para baixo com aqueles olhos azuis que brilham no escuro. Ele começa a sacar suas pistolas. — Seus amados te esperam no fundo daquele rio de sangue.
Ele começa a avançar um passo de cada vez em direção dela. enquanto suas pistolas começam a se carregar. Então ele as levanta, e as funde em uma só. Em seguida, forçando a perna, ele realiza um salto para se aproximar.
Sarah inspira fundo, e com seus músculos totalmente contraídos, se inclina para frente e para esquerda, fazendo um movimento de esquiva enquanto leva a adaga com toda sua força para frente, de encontro com ele. Nesse momento, a adaga explode em um brilho insano emanando fios de energia ao seu redor. Quando ela atinge o androide, ele se desfaz no ar com um sorriso maníaco na face. Ao mesmo tempo, ela abre os olhos.
Para sua surpresa, a ideia deu certo. E agora o ambiente ao seu redor está iluminado. Não demora e Sarah percebe que a luz está muito forte. De repente ela cai com seu joelho direito no chão, e começa a sentir uma fraqueza no braço direito. Novamente, porém agora pior, sente como se sua energia estivesse sendo toda sugada. Até tenta fazer um exercício imaginário de reverter o fluxo, mas não dá certo. Caindo deitada no chão, e virada para cima, se recusa a soltar a adaga.
Sarah encara a aquele brilho por alguns segundos, e começa a se lembrar daquela menina que encontrou naquele inferno. Se pergunta como ela deve estar. Nem se quer lembra do nome dela. Só da sensação do seu abraço. Então a trazendo para perto, ela coloca a adaga perto do peito e a abraça enquanto junta as duas mãos em cima por cima, e força o metal contra seu corpo.
Um segundo após o outro, ela vai se acalmando enquanto volta a respirar com mais calma. Um sorriso bobo surge em seu rosto. A adaga então começa a diminuir o brilho. Agora a sensação é que estão compartilhando energia e não mais lutando por ela.
Sarah fica admirada com aquilo. Mas repara que a adaga agora está “calma”. Então se senta de novo com as pernas cruzadas, volta a encarar o brilho agora sutil. Ela se põe a imaginar o brilho aumentar. Para seu espanto, realmente aumenta. Porém, agora de uma forma harmoniosa, sem fios luminosos para todos os lados. Em seguida, tenta diminuir o brilho e consegue.
Um novo sorriso brota em sua face. Então Sarah começa a se levantar, se pondo a prosseguir exploração pelo ambiente. Primeiro ela chega próximo de uma parede que na verdade se mostra uma prateleira de madeira bem antiga. De quatro andares e cheia de pergaminhos enrolados um sobre o outro.
Ela puxa um para si. Ao desenrolá-lo, um mapa de alguma ilha, está desenhado nele. Avançando um pouco mais. Retira mais um pergaminho. Outro mapa, vários mapas e algumas histórias aparecem nos pergaminhos. Algumas contam sobre seres advindos do espaço, outros sobre reinos debaixo d’água cheios de sereias e tritões, florestas com dragões e um reino congelado protegido por guardiões da morte.
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