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    Nas duas semanas seguintes, Sarah fica supervisionando uma escavação em um sítio arqueológico para guilda, no sul de Niang. Após esse serviço, ela volta para casa e prepara tudo para sua viagem.

    Em sua mochila só o essencial. Bronzeador, cartão de crédito, sua adaga, e dois livros pequenos. Um sobre histórias da era de ouro da pirataria, e o outro é o livro da Alvorecer Dourado. Também tem o pergaminho que trouxe dos montes.

    Ela está vestindo uma calça Jogger preta; um top cinza; um coturno marrom escuro, e luvas pretas de dedos cortados. Depois de deixar várias migalhas de pão do lado de fora da janela e dar uma última olhada em seu carro na garagem do prédio. Sarah se põe a caminhar por vários minutos.

    — Oi Chang. Me vê uma recheada? — Sarah para no caminho em uma lanchonete de calçada.

    — Com tempero extra como de costume? — Chang a indaga já puxando algumas batatas de um grande saco em um canto.

    — Por favor! — Sarah termina de sentar esboçando um leve sorriso.

    — Você não está de carro hoje. Decidiu dar uma caminhada? — Ele puxa conversa enquanto já está lavando as mais bonitas.

    — Estou indo viajar. Decidi ir a pé até a rodoviária. — Sarah já começa a salivar enquanto observa ele as descascando.  

    — Vai ficar muito tempo fora? — Ele olha de relance para Sarah mas logo retoma seu foco.

    — Pretendo ficar um mês mais ou menos em Fiore. — Agora Sarah lança um olhar perdido para o gramado atrás da barraca e para as crianças brincando com espadas, escudos e adagas de mentira.

    — Caramba em! Então você vai de praias paradisíacas. Pensei que você fosse mais do estilo, tour pela fronteira. Sabe, por causa de sua profissão. — Ele termina de falar com um sorriso tímido na boca, enquanto já está colocando as batatas na panela com água.

    Sarah dá um largo sorriso sem intenção.

    — Você não está errado! — Ela olha para a rua e para o movimento dos carros, para as pessoas nas calçadas, e para os postes com seus fios.

    Chang repara que Sarah está olhando para o alto.

    — Você andou tendo algum problema com a Intet ultimamente? —  Ele a pergunta ao vento enquanto pressiona um núcleo avermelhado na frente de um pequeno fogão em um canto. Então surgem faíscas e um leve odor de gás, e depois fogo sob a panela.

    — Não! Por quê? —  Sarah responde olhando para as costas dele.

    —  Ficamos dois dias sem acesso em casa. Parece que bateram em um desses postes, que acabou caindo e cortando a conexão. —  Ele da uma pausa no que está fazendo e se vira para ela. — Esses postes antigos, da época da energia por fio são fracos de mais. Deveriam encontrar algo melhor.

    — Verdade. —  Ela encara um poste novamente por um momento.

    — Cara! Eu não consigo ficar mais sem Intet. Estou aprendendo muita coisa por lá. Dá até pra estudar, e assistir as coisas. Você que é arqueóloga, deve usar muito.

    — Sim, um dos requisitos para o nivel intermediário da guilda é ter acesso a ela!

    — Guardiã do passado, correto? — Chang em meio a leves dúvidas, cutuca as batatas com um garfo.

    — Uhumm! — Sarah parece se perder um pouco em pensamentos. — Da pra encontrar mapas, histórias antigas, e sites com muitas informações. — Ela complementa enquanto dá uma rápida olhada para a panela.

    —  Dizem que existem alguns lugares ocultos nessa rede. Onde se pode obter informações secreta, como bases secretas dos androides. Expedições sigilosas da realeza. Até como comprar escravos etc. — O silêncio reina por um instante. — É claro, deve ser só boatos. — Ele tenta disfarçar o clima enquanto pressiona o núcleo novamente, e já vai puxando a panela para a pia.

    Sarah olha para o vazio por um momento.

    — Não. Esse mundo é cruel. Os seres humanos não são exceção. Ainda mais se tratando de uma rede criada pela realeza. Por mais que ela seja limitada a informações humanas e do nosso reino. Ainda assim, tem muita podridão por ai!! — Sarah solta essas palavras ao vento com olhar vago e distante.

    — Eu vi em um site de notícias que graças a informações compartilhadas por Atlântis. Descobriram uma rede complexa de tráfego de crianças, no noroeste da Zona Periférica — Ele para novamente por alguns segundos a sua fala e retoma com cautela. — Você vem de lá… Não?

    — … —  Ela lança um olhar para ele. — Sim.

    —  Cara que perigoso. —  As batatas começam a ser jogadas em uma bacia cheia de furos no fundo. — Ainda bem que agora que proibiram o tráfico humano. Essas redes devem ser desmontadas.

    Ele faz uma rápida pausa no que está fazendo para beber um pouco de água da torneira com um copo, e logo retoma.

    — Loucura né! Androides querendo escravizar outras espécies, eu até entendo. Eles são superiores sabe… — O olhar de Sarah começa a se transformar. — Mas, humanos da periferia escravizando os seus? E crianças ainda.

    — Não se engane. Nem todas as informações encontradas na rede são verdade! —  Sarah já com olhar mais calmo e respiração suave o adverte.

    Ele fica em silêncio por um momento.

    — É como você disse. Uma rede construída pela realeza. Com certeza deve ter dedo daqueles nobres podres nisso. Afinal. Foram eles que construíram aquele maldito muro para ficarem longes dos plebeus. — Dá para sentir o rancor em sua fala. — Sabe. Eu não acredito que androides fossem tão longe. E dentro do nosso próprio rein… 

    — Coloca as cascas para fritar também? —  Ela o interrompe. 

    — Háá sim… Desculpa, eu fiquei com a mente distante. O especial da Sarah já vai sair. — O ambiente repentinamente fica mais leve, mas não menos amargo.

    — Quanto vai custar? — Ela puxa outro assunto.

    — Faz assim. Esse fica por conta da casa. Por sua fidelidade aos nossos serviços. E como presente para sua viajem.

    — Obrigada Chang, você é o melhor! ― Com um sorriso gentil no rosto que até fecha os olhos ela o agradece.

    Depois de vários minutos de conversa, e silêncio.

    — Boa viajem para você. — Ele se despede a entregando um pacote marrom.

    — Obrigada! E bom serviço para você.

    E assim Sarah volta para seu percurso até chegar a rodoviária. Caminho cheio de pensamentos e lembranças. Como ainda falta algum tempo para o embarque. Ela não se aguenta, e logo vai abrindo o pacote marrom. O cheiro que sai de dentro, a escraviza de uma forma que faz seu estomago roncar.

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