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    1 de janeiro de 749 – Alguma ilha no meio do oceano ao sul do continente.

    Em uma pequena ilha ainda inexplorada, no meio do Oceano. Se encontra o corpo de uma mulher esticado na praia com seus braços abertos. Ao lado dela uma mochila.

    — …. — Nada passa em sua mente enquanto olha para o céu azul, e escuta o barulho das ondas do mar se desfazerem na areia. Os animais parecem estar em festa com a barulheira que vem da mata para dentro da ilha.

    Depois de se sentar e admirar as águas do Oceano que chegam aos seus pés, por mais alguns minutos. Ela dá uma profunda inspirada e logo solta o ar enquanto se levanta e volta seus olhos para a florestas que antes estava a suas costas. Já faz 3 dias que Sarah acordou nessa ilha após o ocorrido no vórtice.

     Nesses últimos dias, o prato principal e único, do café da manhã, almoço e janta, foram cocos. Já é possível ouvir seu estômago resmungando, e implorando por variedade. Sarah até conseguiu construir um pequeno abrigo a beira da praia com folhas largas e uns galhos. Porém, ela sabe que precisa encarar o desconhecido se quiser um local mais seguro e estratégico para ficar.

    Retirando sua adaga da mochila, se prepara para adentrar a floresta. Ao primeiro passo mata adentro, o barulho das aves, babuínos, rãs e até onças cessa. Um silêncio incomodo passa a reinar desde então. Nem o menor dos grilos ousa cantar nesse momento. Nesse instante, olhos laranjas como o fogo se abrem no fundo da floresta em uma caverna. Os poucos animais perto dessa caverna no topo de uma montanha, saem correndo, largando frutas e peixes pela metade.

    Seus músculos estão rígidos, e seu olhar atento, vasculha tudo com cuidado. Sua visão periférica se incomoda até com uma gota de água que cai do alto sob uma folha. Cada passo é dado com cuidado para não pisar em algo e ferir seus pés nus. Após quase 5 minutos entre coqueiros e vegetação rala. Começa a surgir arvores grandes, um chão cheio de folhas, troncos e galhos caídos. Tudo isso misturado como alguns arbustos espinhosos e outros com frutinhas vermelhas, que são ignoradas.

    A claridade da manhã que ainda adentrava com abundância no trecho de coqueiros. Vai diminuindo conforme avança. Tudo que resta são feixes de luz entrando entre as grandes copas das arvores. Após quase 20 minutos andando nesse cenário, o terreno começa a se inclinar um pouco para cima a frente. Sarah continua seguindo por mais alguns metros. Então uma planície toda alagada se depois de alguns arbustos. Ao fundo, após a planície, a subida continua com mais floresta fechada.

    Por alguns instantes, Sarah encara a água que reflete o ceu azul, a vegetação e a montanha.  Deslizando da beirada ela se deixa cair com sutileza para dentro da planície alagada. Mergulhada até o pescoço, começa a dar um passo por vez. E assim vai atravessando a planície. Cobras e castores fogem para margem, e até peixes se entocam no barro e argila.

    Ao chegar na margem do outro lado, uma rápida pausa para olhar para traz, e observa algo serpenteando por onde acabou de passar. Um súbito calafrio sobe por sua espinha então. Voltando-se para a montanha, a subida começa a ser desbravada. Nesse trecho ela observa uma cobra ali perto se esgueirando para longe dela. Ela lança um olhar encarando a adaga por um momento, seu brilho por um segundo aumenta e depois volta ao normal. Enquanto solta uma pequena buffa de ar, se perde em pensamentos por um instante. Mas logo se põe a continuar a subida.

    Após vários e vários minutos de subida, ela chega perto do topo da montanha. Sobe em uma rocha, e dali observa o ambiente abaixo. Quase toda a ilha se revela, se estendendo até a praia e o oceano. A direita da praia onde esteve, mais floresta densa dá o tom da paisagem. E acima das arvores, é possível ver um rio desaguando no oceano lá no fundo. Para o outro lado, mais floresta até onde a vista alcança. Ao olhar para baixo, ela enxerga o lago por onde passou. Agora tem bem mais “coisas” se movendo pela água. Uma careta de sobrancelha erguida e bico feito, se forma em sua face por um momento. Voltando seus olhos par o rio, decide ir para aquela direção.

    Enquanto desce a montanha. Lá do alto, aqueles mesmos olhos laranja, a observam escondidos entre arbustos. Após vários minutos de travessia pela floresta, Sarah chega a uma pequena cachoeira que desagua em um lago de águas transparentes. Esse lago desagua em um rio pouco largo que segue seu caminho em corredeiras por entre as arvores.

    Descendo pela margem do rio, encontra algumas bananas pela margem. Sem muito esforço, consegue pegar algumas. Nesse momento, em sua mente, ela começa a pensar em suas batatas, seu estomago até volta a resmungar. Com agilidade, descasca uma das bananas e a devora em um instante, e depois outra.

    As outras, ela guarda em sua mochila, enquanto segue seu caminho. Mais abaixo, encontra uma pequena planície limpa a margem do rio. Ali tem várias arvores grossas com galhos largos. Enquanto observa tais galhos, ideias surgem em sua mente.

    Entre as arvores, tem uma que se destaca por sei a mais robusta de todas ali. Tão grossa, que seriam necessárias várias pessoas para abraçá-la. Sarah pega sua adaga e se concentra, então o brilho se torna um pouco mais forte. Forçando a ponta da lâmina contra o tronco da arvore, ela começa a fazer pequenos talhos um acima do outro. E por eles, vai escalando enquanto faz mais até chegar no primeiro galho.

    Ele é tão largo, que quatro pessoas do tamanho da Sarah conseguiriam se deitar um do lado da outro. Botando sua ideia em prática, ela começa a talhar a parte de cima do galho até que um buraco no formato uma concha se forme. Depois se deita para ver se cabe ali dentro. No fim, acaba sobrando espaço. 

    Descendo da arvore, Sarah começa a pegar vários galhos cheios de folhas pequenas. E forra toda a concha com elas. Após mais alguns minutos, ela volta com folhas de bananeira amarradas em suas costas com cipós. As coloca viradas na horizontal sobre a concha, uma por cima da outra em escada. Então pega alguns galhos e pedras, para fazer peso nas laterais das folhas de bananeiras. Agora que tem um abrigo, Sarah decide voltar a explorar o ambiente ao redor, e caçar algum alimento a mais.

    Por mais que procure, os animais parecem a sentir, e fogem. Até desativou a adaga e a escondeu debaixo de uma pedra. Mesmo assim nada. Se lembra das histórias que lia onde os personagens escondiam sua presença para enganar predadores e inimigos. Nesse ritmo, se as coisas não mudarem, bananas não serão o suficiente.

    Sarah se aproxima da margem do rio em um trecho com corredeiras. Vai entrando até ficar com as coxas mergulhadas quase por completo. Parada, começa a respirar com suavidade. Seus batimentos reduzem, o intervalo entre inspirar o ar e expulsá-lo aumenta, e cada vez mais lento. Com seus olhos fechados, ela ouve o barulho das corredeiras, e só.

    Após um tempo assim. Ela começa a sentir com mais força a água batendo em suas pernas, e junto da água, vem uma brisa suave que toca seus braços e rosto. Um sentimento de união com o todo ao seu redor toma conta de si. Nesse momento, o som de uma ave cantando ecoa solitário pela mata, logo outras aves a seguem voltando a barulheira de sempre. Todos os animais que de costume cantam, rosnam ou fazem algum outro tipo de barulho voltam ao seu cotidiano. Sarah continua ali, parada por mais algum tempo. Até sentir algo passando por suas pernas. Em um movimento rápido e letal, ela se joga para dentro da água, e agarra um peixe que tem metade de seu tamanho. Ele não tem escamas, o que dificulta ainda mais a aderência no agarre. Então ela consegue colocar suas mãos nas guelras dele e ali seu fim foi decretado.

    Após arrastar o peixe para fora do rio. Percebe que tudo voltou ao silêncio incômodo de antes. Bom, não há nada a se fazer no momento. Já com a adaga e mão, coloca um fim na vida de sua refeição.

    Sarah chega até o local do abrigo com o peixe fisgado em um galho no formato de Y. Ele já está limpo e suas entranhas estão em uma sacola fechada.

    Um par de olhos pequenos no alto, observam Sarah esfregar um galho em um pequeno pedaço de madeira seca. Em volta no galho. Várias farpas de madeira, e um pouco de terra de um cupinzeiro abandonado, se misturam. E não demora a surgir a primeira brasa que logo se torna fogo com um sopro.

    Aquele mesmo par de olhos, agora assustados com a fogueira em meio a um círculo de pedras. Dispara a levantar um voo silencioso do galho onde estava.  Suas asas negras se entendem pelo céu, seu peito vermelho disputa o tom com o sol prestes a sumir no horizonte, seu bico alongado não abre para cantar, não hoje. Sua crista verde levemente fluorescente, já da sinais de que a floresta vai mudar. Logo um bando de quatro outras aves iguais, se juntam e ele neste voo silencioso rumo a beira de um rio onde sempre voltam toda tarde para se prepararem para a caça. A fogueira começa a se apagar, o que sobrou do peixe que foi assado enquanto estava embrulhado em folhas de bananeira, agora é envolto novamente com uma nova folha e jogado em um buraco raso. Logo é tampado com terra e pedras quentes que cercavam a fogueira. Sarah certifica de não haver mais brasas ali. Pega sua mochila, e com sua adaga brilhando enquanto a morde, começa a escalar a arvore com agilidade, para se deitar. No intervalo entre se deitar e dormir, pensamentos veem a mente…. Lembranças. Eles sempre vão estar em seu coração.

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