Índice de Capítulo

    Conforme as horas passam. As ondas que vêm, engolem os navios e depois os regurgita para os engolir novamente alguns segundos depois. Os homens presos ao mastro, se mantém em silêncio enquanto guardam seus fôlego para as ondas que se sucedem. A madeira range tão alto quanto o ecoar dos trovões. Com os corações acelerados, algumas até juntam as mãos em orações. Outras somente se agarram onde podem. E há aqueles, mais acostumados, que simplesmente observam tudo atentamente.

    Sarah e Adão decidem descer para tentar entrar no navio. Adão fala para os homens aguentarem mais um pouco, enquanto Sarah encosta na porta dos aposentos de Marcos para tentar ver algo através de alguma fresta. Ao jogar um olhar através da fechadura, dois homens com capuzes pretos se aproximam da porta. Sarah rapidamente se joga para o lado em que a porta se abrirá.

    — Aproveita que a tempestade deu uma acalmada e vai lá conferir os prisioneiros. — Strife, um dos piratas, magricelo como bambu, tece algumas ordens enquanto observa o convés e para cima. Ele para alguns passos depois da porta.

    — Tomara que nenhuma onda apareça de surpresa. — Prooster, o outro pirata, mais baixo e encorpado. Vai caminhando na direção do mastro, enquanto lança olhares tímidos para as laterais.

    Enquanto isso, a porta vai se fechando a suas costas.

    Strife se esforça para manter o equilíbrio enquanto observa Prooster se aproximar cada vez mais dos prisioneiros. De repente um raio corta o céu no fundo e uma sombra negra de uma fera aparece no chão ao lado do mastro. Ele está prestes a começar a correr para alertar o Prooster, porém, do nada ele sente que perdeu o apoio. Quando se dá conta, a lateral da sua cabeça já está se chocando com a madeira do convés, rapidamente tudo fica escuro e ele perde a consciência.

    Sarah está de pé olhando de cima para ele caído. Quando ela olha para o outro, se depara com Adão transformado e avançando para cima. Prooster rapidamente cai duro para trás. Aparentando ter tido uma parada cardíaca. Tudo que resta de Prooster, é um cadáver pronto para se tornar aperitivo.

    Enquanto observa a cena, um sorriso de boca fechada surgi em seu rosto. Então ela se abaixa para pegar o capuz de Strife, e o coloca por cima de suas vestes. Adão que já está transformado em homem faz o mesmo após pegar sua toga atrás do mastro. Eles arrastam os corpos para perto do mastro onde os homens estão presos.

    Sarah dá a volta e encontra a procura de um nó. Ao encontrá-lo, não demora a desatá-lo. Os homens caem exaustos no chão ao serem libertos. Um corpo cai esticado e todos ali olham tristes para ele. Adão junta esse corpo com os dos outros homens que acabaram de atacar e os amarram no lugar.

    Os homens libertos, porém, sem saída. Começam a subir a escada para se esconder no alto. Sarah e Adão depois de observar a escalada deles por alguns segundos, começam a ir de encontro a porta. Os capuzes aliados a escassez de luz, se tornam cúmplices dos disfarces. Após entram no aposento de Marcos, se deparam com todos rodeando uma mesa no centro do local. Somente uma vela fixa no meio da mesa dita a iluminação do local.

    Ao fecharem aporta, alguns olhares são lançados para eles.

    — Como eles estão? — Um deles os indaga.

    Sarah que está mais à frente, acena positivamente com a cabeça.

    — O que foi Prooster??? Por que todo esse silêncio???

    Os dois ficam quietos e parados ali.

    — Deixa eles, a tempestade é cruel com todos! — Outro que está ali ao redor da mesa alivia a barra.

    Todos se viram de volta para a mesa à espera das palavras de seu capitão. Sarah e Adão, também se aproximam da mesa. Sarah em sua caminhada, joga um olhar de canto e avista sua mochila jogada debaixo de um móvel em um canto do cômodo.

    — AAAAHAHAHAHA!!!! — John chega à mesa com Marcos ao seu lado e um mapa em mãos. Ele joga as coisas da mesa no chão e abre o mapa sobre ela — Por favor nos conte tudo sobre Atlântis!!!!

    Ao ouvir o nome as pupilas de Sarah se contraem focando unicamente naquele mapa.

    — Primeiro vou começar explicando como se chega até lá. — Marcos começa a passar as informações, suas mãos estão levemente trêmulas, mas sua voz não. Ela não falha nem por um segundo. — A cidade fica no meio de um lago localizado no centro do Deserto da Criação. A rota que esse navio está seguindo é a do rio das lamentações. Esse navio tem a capacidade de navegar contra correntezas. Facilitando assim chegada até Atlântis, evitando o deserto, as feras que habitam nele e os bandos de ladrões que costumam assaltar as mercadorias que chegam pelo porto de Prosperidade.

    Todos ali acenam positivamente com a cabeça enquanto escutam atentamente.

    — Após horas de navegação rio acima, ao chegar nesse trecho aqui onde as margens se alargam, — Ele fala enquanto aponta com o dedo para o local no mapa. — já é possível ver claramente a cidade. Existe uma entrada principal, que é essa aqui. Por ela é possível adentrar entre os anéis internos.

    Todos ali estão perplexos em como a cidade é construída. Sua estrutura maravilha a todos.

    — Como vocês podem ver, a cidade é composta por três anéis incompletos um menor que o outro, e no centro tem uma ilha onde fica o palácio central. É ali que as riquezas são guardadas. — Os olhos do Capitão brilham como se já estivessem vendo o reflexo do próprio ouro a sua frente. — Mas para chegar lá é preciso passar por todos os três anéis primeiro.

    Ele continua após pegar um folego.

    — O anel externo tem a entrada principal, que é essa por onde os grandes navios como esse acessam para trafegar pelas águas ali de dentro até seu destino. Existe um limite de 30 navios por vez, para que não haja congestionamento e evitar riscos de colisão etc. Na parte de trás desse anel externo existem 4 canais médios por onde pequenos barcos podem entrar. Nas laterais desse anel tem dois portos por onde as cargas são despejadas. Essas cargas são transportadas até armazéns nesse anel, onde são comercializadas com compradores…

    — EIEIEIEI!!! Para de enrolação, e vai direto ao ponto!! — O Capitão se exalta com tantos detalhes. — Como chegar ao palácio de forma mais rápida???

    — Bom, se vocês querem só entrar e ir direto sem conhecer o terreno e suas especificidades. É só pegar a entrada principal e ir direto pelos três anéis até o porto da ilha.

    ­— Somos piratas! Atacamos e saqueamos. Atlântis queimara enquanto bebemos sentados em ouro. — Ele fala inflamadamente enquanto olha para o vazio com um sorriso no rosto. Nesse momento seus homens se empolgam e todos começar a gritar e a rir, os olhos fissurados de Adão brilham no escuro enquanto focam no Capitão.

    Sarah observa tudo atentamente quando de repente sente um tremor no ar. Instantes depois, um clarão toma conta da janela seguido de um som estrondoso que corta tudo assustando a quase todos ali. Um deles esbarra na mesa e derruba a vela, a fazendo se apagar. O navio volta a chacoalhar bastante, nesse instante Sarah vê a oportunidade e rapidamente desliza para perto do móvel pegando sua mochila e logo a coloca sob o capuz. Quando ela se levanta e se vira para a porta, a luz volta a iluminar o ambiente a suas costas.

    — Ei Strife! Vá lá fora ver como as coisas estão. — Um dos homens grita para Adão, que rapidamente concorda com a cabeça e se vira de encontro com Sarah e a acompanha até a porte.

    Quando eles saem para o lado de fora, se deparam com uma tempestade furiosa que joga água por todo o convés, com raios cortando o fundo escuro. E ondas que fazem os navios ficarem em alturas diferentes. Sarah olha para cima e vê dois homens pendurados quase caindo. Colocando a mochila nas costas, ela dispara para o mastro principal. Adão sem compreender direito a observa. Quando ele vê o mastro, se lembra, após olhar para cima, tem a mesma reação e começa a correr. Ambos sobem a escada a toda velocidade, chegando ao topo na metade do tempo que se normalmente demoraria.

    Após alguns esforços, eles conseguem puxar os dois homens dali, salvando-os. Sarah repara na tremedeira que toma conta do corpo deles e retira seu capuz, colocando-o em um dos homens. Adão a acompanha e faz o mesmo.

    — Onde estão os outros homens?? — Adão os questiona, já imaginando a respostas.

    Eles nem conseguem falar, somente acenam negativamente com a cabeça enquanto se encolhem em meio a tremedeira.

    Sarah está de pé olhando para o horizonte. Seus punhos se serram. Então ela retira as vestes, ficando somente com um top preto e uma cueca. Pega uma calça preta em sua mochila e a veste a apertando bem firme. A calça esta rasgada na barra, se tornando quase uma meia calça de barra aberta, que chacoalha para o lado que o vento sopra. Depois de pegar sua adaga, fecha a mochila e a joga para Adão, que no reflexo a pega. Ele então olha para ela e suas pupilas se dilatam.

    — Ei! O que você vai fazer???? — Ele a questiona em um misto de inquietação, temor e entusiasmo.

    Sem responder, ela sobe na lateral do local. E com um pouco de facilidade, se equilibra ali. A madeira é grossa o suficiente para caber metade de seus pés. Depois de lançar um olhar para a viga que sustenta a vela principal, dá um pequeno salto até lá.

    Adão, sem acreditar no que vê corre até a lateral.

    — EEEIIII!!!! — Ele se cala ao observar a cena a sua frente.

    Sarah está jogando um olhar sobre o ombro para trás na direção dele. Com os braços abertos, ela busca o equilíbrio em meio a todo o movimento. Seus fios negros são jogados com o vento, mesmo estando molhados. Sua expressão o amedronta. Sua adaga está brilhando em contraste com a escuridão do ambiente. A musculatura marcada em sua pele, se destacada, principalmente em seu antebraço por causa da luz da adaga.

    Ela vira sua face sem dizer nada. E caminha até a ponta ainda buscando o equilíbrio. Então ela para ali e encara a tormenta com os olhos de alguém que está relembrando algo.

    “Não dessa vez!!!” Seu olhar focado, não se abala nem por um instante. Ela se vira para Adão, e com um sorriso de boca fechada, e olhos quase fechados demarcam uma expressão totalmente diferente da anterior. Sem se dar conta, quando ele repara, A face dela muda novamente. Agora concentrada, puxa um fôlego bem profundo. E de braços abertos, suavemente solta seu corpo para trás em direção a escuridão profunda enquanto é guiada por sua adaga e seu coração.

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