Capítulo 68: Os caminhos que nos conectam
Sarah fica envergonhada por um instante, mas logo se põe a escalar o tronco e depois os galhos. Shymphony a segue depois de alguns segundos. Ao chegarem perto do ninho, Sarah pega o ovo com cuidado e logo se vira para Shymphony.
— Faz quanto tempo que ele está aqui? — Ela indaga ao ar enquanto observa o fosco do ovo.
— Antes mesmo de Adão nascer — Shymphony a responde enquanto pega o ovo nas mãos.
— Quantos anos aquele dorminhoco tem?
— 701… Todos eles têm 701 anos. — Shymphony observa o ovo com olhar distante enquanto fala.
— Espalhados pelo mundo em suas próprias aventuras. — A voz ecoa do tronco em direção as duas.
— Você falou que tem alguns ainda aqui, certo? — Sarah joga sua pergunta pelo galho em direção a Shymphony enquanto volta a tocar no ovo com as duas mãos.
— Sim. Atualmente tem quatro perdidos pela cidade, o Festival das Flores está se aproximando novamente, e consigo o torneio de Atlás. Eles devem estar treinando ou ajudando por aí. — Shymphony solta suas palavras enquanto toca seu escudo com a mão esquerda e lança seu olhar para baixo.
— Atlás. O torneio onde vários lutam em busca da glória?
— Você conhece. Significa que pelo menos isso perdurou. — Shymphony encara Sarah que coloca o ovo em seu colo.
— Sim, mas são os androides que comandam o torneio. O vencedor do torneio, ganha o direito a fazer parte da guarda de elite do Deus Rei Máquina. Que mora em uma montanha chamada Ayda, lá tem um trono que chamam de Trono Carmesim. Dizem que ele reluz essa cor pelo ambiente ao seu redor. E é ali que esse rei se senta. E sob a montanha existe a maior masmorra de todas. — Os olhos de Sarah brilham vagamente nesse momento enquanto observa algumas folhas.
— Masmorras?? Oque é isso?? — A mãe a interrompe com um tom mais curioso em sua fala.
— Tem alguns tipos de masmorras. As que ficam em céu aberto, e as do tipo cavernas. São cheias de desafios que as pessoas tentam enfrentar, monstros feitos de terra, água, ar, fogo. Moradias de povos antigos abandonados. Ou até mesmo, o lar de criaturas ferozes. — Sarah viaja na imaginação.
— E por que as pessoas se arriscam indo a esses lugares? — A mãe volta a questioná-la.
Shymphony começa a expressar uma feição de estranhamento.
— Como esses lugares já podem ter sido lar de alguma civilização antiga que por algum motivo desapareceu. Costumam ser cheios de tesouros, como ouro, ou até mesmo livros com segredos escritos. Também existem alguns lugares que pagam recompensas das mais variadas para quem ousar se aventurar nesses lugares e trazer algum objeto ou até mesmo oferecer passagem segura para algum transporte por alguma dessas regiões. — Sarah se perde em pensamentos enquanto seu olhar distante vagueia por um momento com um leve sorriso no rosto. Mas logo volta a ficar mais séria. — No meu tempo, existem pedras que podem ser encontradas principalmente nas masmorras do tipo caverna, elas são usadas como núcleos mágicos. Esses núcleos servem para armazenar partículas de algumas coisas, como os próprios elementos, ou até energia, entre outras coisas. — Seu olhar volta a ficar distante enquanto sua mão está sobre o ovo. — É uma ferramenta que a princípio só era usada pelos androides, mas com o tempo os humanos também começaram a dominar seu uso. Ela evoluiu bastante. — Sarah pausa sua fala por alguns segundos, então retoma. — Da última vez que me lembro, os humanos e os androides estavam trabalhando juntos no desenvolvimento de novas formas de usá-las.
— Mas os androides não escravizam pessoas? — Shymphony lança seu olhar de estranheza para Sarah.
— Depois de um tempo, um acordo foi feito entre humanos e androides. Então pararam de escravizar seres humanos. — O olhar de Sarah busca o chão por um instante, mas alcança o galho. — Seres humanos escravizavam os da própria espécie para trabalho entre outras coisas. — Ela volta a ficar em silêncio.
— Mas isso parou, certo? — Shymphony a indaga com o olhar sério.
— Superficialmente, sim! Em 2019 é proibido escravizar ou vender seres humanos, mas ainda acontece ilegalmente. Fora todas as consequências que as famílias e herdeiros dos escravos continuam sofrendo depois de serem explorados e abandonados. Muitos morreram, mas pelo menos agora todos tem mais direitos de serem livres. Pelo menos a luz do sol.
— Entendo. Não é algo que se solucione do dia para a noite certo? — Shymphony solta suas palavras ao ar enquanto volta a ficar em silêncio.
— E esses androides tentam invadir essas masmorras para coletar essas pedras correto? — A mãe volta a questioná-la tentando direcionar a conversa novamente.
— Sim, não só androides, mas outras espécies também, principalmente os nobres que vivem do lado de lá do muro que divide o reino de EVA.
— Existem alguns deles que vem para cá durante o festival. Realmente eles têm um olhar diferente dos demais. — Shymphony volta a soltar palavras ao ar — Tente não brigar com nenhum. Esse festival é muito importante para nós. — Ela volta a ficar quieta com o olhar distante.
Sarah consente com a cabeça.
— E Atlás. Eu posso participar? — Sarah joga esse questionamento ao vento.
— Você até pode, mas esse ano a campeã já está decidida. — O olhar de Shymphony volta a ficar convicto enquanto levanta seu escudo. — Nesse momento o galho onde elas estão chacoalha suavemente — Eeeiii.
— Desculpa, senti cocegas com sua vibração.
Shymphony volta a ficar corada suavemente.
Sarah pega sua mochila das costas e a coloca sobre o ovo, então começa a retirar algo dela.
— Estou ansiosa. — Sarah solta essas palavras suavemente enquanto já está com a adaga em mãos a observando.
— Essa é sua arma? Boa sorte! — Shymphony lança suas palavras sorrateiras enquanto tenta tocar na adaga inutilmente.
— Aéé. — Sarah então segura firmemente sua adaga e ao mesmo tempo em que compartilha sua emergia com a adaga ativa sua presença. Seu olhar focado voltado para Shymphony com o brilho da adaga transforma o cenário subitamente.
Shymphony com suas pupilas dilatadas e boca suavemente aberta, sente seu coração pulsar aceleradamente. Um misto de ansiedade e tensão toma conta dela.
Sarah então recolhe sua presença enquanto desativa a adaga.
— Wow!! — Shymphony com o olhar de admiração encara Sarah. — Você não está brincando!!
— Você poderia colocar sua adaga sobre o galho? — A mãe pede gentilmente algo que Sarah não deixa de aceitar. — Entendi. Você realmente tem uma arma bem única. Boa sorte!
— Obrigada. — Sarah sem saber o motivo se sente lisonjeada.
— Ei! Vamos andar por aí. Quero te mostrar os lugares. — Shymphony se empolga novamente enquanto observa a face distraída de Sarah que observa a adaga.
— Eu disse que ia encontrar o Adão. — Sarah observa aquele olhar violeta voltado par ela.
— Não se preocupe. Ele está reencontrando seus velhos amigos. — A mãe solta palavras ao ar.
— Bem? Ele já deve estar criando baderna por aí. — Shymphony murmura olhando algumas folhas.
— Orpheus e Sylphie estão com ele. Pelo menos é o que sinto… — A mãe volta a soltar palavras sutis ao vento.
— Se a Sylphie está junto, tudo bem. Mas Orpheus também? Aí tem coisa. — Shymphony deixa clara suas dúvidas.
— Com certeza! — A mãe não hesita em concordar.
Sarah então coloca o ovo de volta no ninho e as duas descem dali e depois de se despedirem da mãe, se direcionam para uma beirada ali próxima para observarem a arena de Atlás do alto. Depois seguem o caminho de volta ao palácio.
— Será? — A mãe se indaga internamente enquanto observa Sarah caminhando para longe. Nesse momento o ovo dá uma leve sacolejada no ninho e depois volta a ficar imóvel — Você também sentiu? — Ela se indaga internamente quando ele se mexe.
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