Capítulo 69: Vibrações
Após algum tempo desbravando um palácio enorme e vazio, Sarah e Shymphony decidem sair dali e começar a explorar a cidade de Atlântis.
— Você disse que iria participar de Atlás certo?
Sarah só consente com a cabeça enquanto volta seu olhar para Shymphony.
— Você tem uma arma, mas… Você tem uma armadura?
A caminhada se cessa repentinamente após Sarah abruptamente ficar estática encarando o chão.
— … — Após alguns segundos de contemplação — Realmente… Eu preciso de uma armadura!
— Venha! Vou te apresentar aos maiores ferreiros de Atlântis! — Shymphony retoma a caminhada largando na dianteira, logo a caminhada se torna corrida.
Sarah que é pega de surpresa se empolga e começa a correr, à perseguindo. As duas aceleram e começam a pular por cima de alguns obstáculos como muretas, escadas, alguns animais de transporte que cruzam o caminho. Shymphony chega até a beirada da calçada que estão correndo, então ela dá um leve salto e pula para cima de uma pequena mureta que ali se encontra. Logo ela se vira para Sarah que acabou de chegar junto dela.
— Se despindo por completoo ♫
Avançando sem limites ♫
Desbravando as fronteiraas ♫
Se entregando aos sentimentos ♫
— Vamos! Se deixe levar pela vibração! — Shymphony com sua voz entonada em um ritmo empolgante, começa a fazer o ar vibrar sutilmente ao seu redor enquanto estala os dedos de uma mão. As vibrações ecoam para dentro de Sarah.
Nem por um segundo, pare pra pensaaaar ♫
Simplesmenteee deixeee a brisaaa te toocaaar ♫
— Vamos! Me acompanhe! — Nesse momento Shymphony se deixa cair para trás sumindo por trás da mureta, Sarah que já está com o coração acelerado, o sente parar por um segundo ao ver tal cena. Logo ela se recompõe e após uma rápida corrida salta sem hesitar por cima da mureta.
Despencadoooo ♫
Despencadoooo ♫
Despencandooo ♫
Até se perdeeer ♫
Sarah se vê caindo em direção a um buraco lá embaixo por onde escorre um bocado de água que cai de um outro buraco que sai da parede. Ela não consegue ver a Shymphony, mas ainda consegue sentir sua música dentro de si. Sarah Então fecha os olhos e se deixa cair sumindo pelo buraco com um sorriso no rosto.
Avançando pelos confiiins, desse mundo cruel ♫
Respondendo a um chamadooo, de sua alma animal ♫
Deslumbrante em sua misturaaa, imponente em sua pureza ♫
Enfrentaandooo a toodooos, com sabedoria e clareza ♫
Nem meeesmo as leeendaaas, conseguiram a encarar ♫
E no ápice do Luar, a todos se fez revelar ♫
As vibrações se sessam, junto com a voz, e logo em seguida sara se vê sendo lançada do fim do buraco que se tornou um escorregador aquático. Então ela despenca dentro de um pequeno lago que mais a frente se torna uma corredeira que some por um túnel alto e estreito a direita. Ao lançar seu olhar ao redor, ela vislumbra Shymphony do lado esquerdo, com uma tocha na mão a esperando na margem. Rapidamente após um mergulho, Sarah já sai lá perto dela.
— Venha! — Shymphony estende sua mão para ajudar ela a subir a pequena parede que forma a borda daquele lago. — Vamos logo nos secar, para você não pegar um resfriado.
— Por quê?
— Estamos no subterrâneo do castelo. Os artesãos que moram aqui, segundo eles, vieram de uma terra muito distante após caírem da borda do mundo deles. Louco né! E lá é bem mais frio que aqui, então construímos esse local para eles se adaptarem já que não conseguem mais voltar para a terra deles.
— Que triste. Vamos então! — Logo Sarah se levanta da borda e começa a caminhar seguindo Shymphony, que por sua vez fica levemente surpresa da rápida adaptação dela ao ambiente.
Respingos de água começam a voar para todo lado e esbarrando na lateral do rosto de Shymphony.
— … — Ela volta seu olhar levemente fechado para Sarah com um rápido e pequeno sorriso que logo some. — Você realmente se parece com ela.
— Quem? — Sarah a indaga repentinamente com um olhar cheio de curiosidade enquanto termina se sacolejar seu cabelo.
— Ivres… — O olhar de Shymphony fica distante por um tempo.
Sarah nada responde. Somente lança um olhar com a testa franzida para Shymphony que já está se virando novamente.
— runrun… (rápido riso) — Ela volta a caminhar enquanto começa a contar um pouco sobre Ivres — Ela é um dos filhos de segunda geração. Mas diferente da maioria, ela era muito mais conectada a natureza e ao todo ao seu redor. Enquanto os demais brincavam, lutavam e faziam coisas normais da juventude de qualquer espécie, ela ficava isolada observando o nada, o céu, as estrelas do alto do castelo. Ela sempre foi muito quieta e centrada. E também a maior guerreira que já pisou em Atlás.
O olhar de Sarah se perde levemente pelo chão enquanto vaga em suas lembranças com um sorriso no rosto.
— Ela foi a primeira a partir e a dar início a debandada daqueles bagunceiros. — Shymphony solta um leve sorriso de boca fechada enquanto também encara o chão.
— Por que eu sou parecida com ela?
— Desde o momento que te vi, ficou nítido que você está aqui e agora. Presente de corpo e alma, conectada com o todo ao seu redor. Enquanto todos correm atrás de objetivos, e metas, algumas raridades desfrutam a vida como ninguém. E sinceramente, eu nunca vi ninguém desfrutar a vida tão profundamente como ela.
— Você a admira muito né!
— Com certeza!!! Ela ganhou até da Sylphie!!! — O olhar empolgado de Shymphony se volta para o teto enquanto sua mão direita se fecha com força. — Ela é minha inspiração! Mesmo sendo mais nova que eu…
— E como ela é, de aparência?
— Uma mulher raposa, toda branca, deslumbrante. Imponente, e acima de tudo selvagem!!
O olhar de Sarah volta a ficar distante em sua imaginação.
— Chegamos! — Shymphony acelera as passadas enquanto Sarah se move no ritmo para acompanhá-la.
Conforme elas avançam, o som de metal batendo contra metal surge bem fraco e aos poucos vai se tornando forte o suficiente para ecoar até o fundo da alma. Vibrações que fazem Shymphony se sentir tão calma que até pausa seu caminhar por um momento.
— Chegamos bem na hora! — O olhar de Shymphony de admiração reluz a cada batida.
Sarah só a observa enquanto para pôr um momento ao seu lado, mas logo volta a segui-la em direção ao fim do corredor. Uma visão que começa desfocada, começa a ganhar forma e nitidez. Uma sala com pouca iluminação, no centro uma bigorna gigante, e nas laterais se encontram duas pessoas enormes e musculosas. Seus corpos morenos e parrudos se fazem notar. E a cada movimento dos braços que despencam do alto, direcionam a face das marretas de encontro com uma placa retangular de largura média e comprimento um pouco maior que fica no centro da bigorna. O impacto faz os músculos tremerem, o metal ressoar, e o ar vibrar.
O olhar de Sarah parece nunca ter visto tal deslumbre antes. suas pupilas dilatadas apreciam cada partícula de metal aquecido que se desprende e levita aleatoriamente pelo ar. partículas que nascem imponentes em uma explosão e somem tão rápido e suave, que se não fosse pelas testemunhas, mal daria para dizer que realmente existiram.
Logo as pequenas partes do metal dourado e adornado que cobrem pequenas partes dos corpos dos dois ferreiros, resplandecem na esperança de também serem notados. mas o que mais chama atenção de Sarah é a paleta de cor indo de um violeta até um azul que é ostentada tanto pelos tecidos que eles vestem, como seus cabelos, que parecem terem sidos pintados por um artista.
Uma pausa para passar o braço na testa foi a deixa para que um deles reparasse nas ilustres visitas que o cercam.
— Ohhh, pequenina! — Uma voz masculina grossa e forte ecoa pelo ambiente carente das batidas do metal.
— Bom dia Shymphony! — Agora uma voz igualmente forte e grossa, porém com tonalidades mais feminina vageia pelo ar até encontrar as duas.
— Ohhh, me desculpe, podem aguardar um instante? — Ele rapidamente volta golpear o metal, alternando com ela que golpeia a outra ponta. As duas somente consentem com a cabeça.
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