Índice de Capítulo

    Adão que agora se encontra na companhia de Orpheus e Sylphie, enquanto empurra o carrinho de mão que está repleto de maracujás, maças, e até algumas garrafas de bebidas.

    — Laranjas, na ilha tem tantas que nem dava pra contar! — Adão exclama ao ar enquanto encara sua mercadoria.

    — Para o agricultor que sabe o que faz, aquelas poucas laranjas, em alguns bons anos se tornarão dezenas de laranjeiras, e valerão muito mais. — Orpheus tenta explicar a lógica por traz de algumas trocas de mercadoria. — Como estamos no meio de um deserto e a água aqui é salgada. É bem difícil o cultivo de frutas no geral.

    — Parando para pensar, as vestes daquele homem eram bem diferentes doque as pessoas que moram aqui. — Adão termina a fala reparando em outro homem ali perto, vestindo tecidos amarelados de couro que cobre a maior parte do corpo.

    — Sim, aquelas vestes mais curtas justas, e pelo tom de pele levemente bronzeado. Ele deve morar em alguma das ilhas tropicais ao sul do continente, não deve ser muito distante da ilha onde você estava. — Sylphie levita ao lado deles enquanto também participa do diálogo.

    — Faz sentido, pessoas de todos os lugares vem aqui atrás de todo tipo de mercadoria. — Adão termina a fala enquanto observa uma mulher de vestido longo e prateado. Montada em cima de um búfalo negro.

    — Desde quando você começou a gostar de maracujás? — Orpheus o indaga.

    — Não são para mim, é para uma amiga que fiz a pouco tempo e veio junto comigo.

    O silêncio toma conta de Orpheus enquanto disfarça seus sentimentos.

    — Então quer dizer que você arrumou uma “parceira”? — Sylphie não perde a deixa para dar umas cutucadas.

    — A Sarah? — Ele dá uma boa risada bem rápida e suave. — Não, ela não faz o meu tipo. Ela está mais para o tipo de pessoa que eu admiro.

    — E como ela é? — Orpheus troca rapidamente o silêncio pela curiosidade.

    — Ela é uma humana normal, — Em seus pensamentos ele se contradiz lembrando que de normal ela não tem nada — mas ela é bem feroz até. E mesmo assim consegue ser gentil.

    — Feroz e gentil? Que combinação peculiar. — Sylphie vagueia em pensamentos tentando materializar uma imagem de Sarah.

    — Na verdade, de normal ela não tem nada. É diferente de tudo que já conheci, nem mesmos nossos irmãos e os seus chegam perto dela! — Seus olhos parecem encarar um vazio profundo enquanto começa a se lembrar de algo. — Ivres…

    — O que tem ela? — Orpheus rapidamente muda o tom, agora para um mais sério.

    — As duas de alguma forma se parecem bastante.

    — Impossível! Nada chega nem perto dela! — Sylphie é quem adota um tom mais sério, ao mesmo tempo as leves brisas de ar ao seu redor acabam ficando um pouco mais intensas.

    — Calma, não precisam ficar tão sérias assim. — Adão relembra daquele fatídico dia em que Ivres se tornou a campeã de Atlas e logo em seguida foi embora.

    — Não importa! Onde quer que ela esteja agora. Eu nunca vou esquecer daquele sentimento… Toda vez que eu vejo a lua cheia eu sou relembrada. — Orpheus abaixa a cabeça enquanto coloca sua mão no peito, suas garras estão até levemente expostas.

    — Não foi só você que perdeu. Depois daquele torneio, nunca mais apareceu ninguém que chegasse aos pés dela. É impossível algo se igualar a aquela existência. — Sylphie suavemente vai passando de um tom sério para um mais calmo e sereno.

    — Ainda bem que eu nunca cheguei a enfrentá-la. — Adão se lembra de quando perdeu para Apollo naquele torneio. — Só de imaginar aquele olhar fissurado em minha alma me dá arrepios.

    Eles já estão quase chegando até o porto da ilha principal quando Giuseppe aparece novamente. Seu carrinho está cheio de temperos, carnes e várias bebidas.

    — Vejo que você se deu bem Adão! — Ele repara rapidamente nas companhias peculiares dele. — Prazer em conhecer vocês!

    As duas consentem positivamente com a cabeça.

    — O prazer é meu. — Sylphie retribui o comprimento. — Me chamo Sylphie e ela ali se chama Orpheus. Somos parentes por assim dizer de Adão.

    — Prazer, me chamo Giuseppe. Cozinheiro Chef a seu dispor.

    — Prazer! — Orpheus estende a mão para cumprimentá-lo. — Vejo que você conhece os caminhos para trocar mercadorias em nossa cidade! — Ela aprecia um belo pedaço de filé salgado que está dentro de uma caixa de madeira marrom escura no carrinho dele.

    — Vai ser um prazer preparar uma refeição para vocês mais tarde. — Giuseppe não perde a deixa para poder fazer o que mais gosta.

    — Se você me disser que em algum lugar de seu estoque, tem um pouco de água doce tirada diretamente de uma nascente da Floresta Negra. Acho que não poderei recusar. — Sylphie não perde tempo ao tentar apreciar algo que a muito não faz.

    — Para Sylphie! Você sabe que é muito raro alguém daquela região vir pra cá! — Orpheus joga um balde de água fria nas expectativas dela.

    — Olha, se essa tal Floresta Negra fica ao Leste, talvez esse pote de vidro aqui pode conter algo do tipo. Um homem forte com vestes de couro marrom acompanhado de uma mulher com vestes parecidas disse que essa água foi tirada de uma fonte que cura todas as doenças e machucados. Troquei com ele por um punhado de tecido fino. — O Cozinheiro termina sua fala com o pote em mãos.

    — Você está doente? — Sylphie o questiona.

    — Eu não, mas nosso capitão está precisando de uma reanimada depois doque ele passou.

    — Então deixe. Ele precisa mais disso do que eu. — Sylphie reconsidera.

    — Acho que aqui tem bastante pra ele pra você! — O cozinheiro oferece a ela sorridentemente.

    — O que estamos esperando? Vamos encontrar Marcos e ver se essa água funciona mesmo. — Adão dá a deixa para eles seguirem o caminho em direção ao porto.

    Enquanto eles caminham juntos, Orpheus se oferece para ajudar para carregar o carrinho enquanto vislumbra cada centímetro do filé. Sylphie conta da primeira vez que bebeu a água que ela tanto anseia, relembrando do sabor adocicado dela. Daria até para dizer que ela saliva enquanto fala se fosse possível.

    Adão também entra no debate sobre água, lembrando dos rios e lagos de sua ilha, ele fala das chuvas corriqueiras que despencam sobre a floresta, o que encanta Sylphie. Assim eles seguem caminho.

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