Capítulo 76: Atlás que um dia conheci

Adão já sem as vestes, avança a toda na direção de Shymphony que por sua vez, levanta seu braço direito em posição defensiva, colocando seu pequeno escudo na frente de seu rosto. Adão em forma humana, enquanto corre, observa a postura dela em busca de uma brecha. Quando ele se aproxima, busca um passo ligeiro pela esquerda, armando um soco a meia altura, obrigando Shymphony a mover seu escudo para interceptar tal ação.

Em um movimento inesperado, ele breca o soco e joga seu peso para o lado esquerdo, e arma um chute pelo lado oposto vindo de baixo, buscando a cintura dela. Shymphony em um movimento ágil, posiciona sua mão esquerda de forma que breca o chute e por pouco, quase consegue agarrar o tornozelo dele. Porém adão foi mais rápido e conseguiu recolher a perna e centrar sua postura novamente enquanto busca abrir um pouco de espaço entre eles.

Sarah que está sentada na arquibancada. Observa atentamente cada movimento dos dois sobre o chão forrado de areia branca. Em contraste, os muros que cercam a arena são pretos como o carvão. Acima dos muros, se levanta uma arquibancada de madeira na cor cinza. Ela se eleva ao ponto de caber mais de vinte fileiras horizontais de degraus. O formato oval do lugar, só é interrompido por um camarote branco com decorações em tapeçaria escarlate que fica no alto de uma das pontas da arena. Lugar que foi projetado para a campeã da última edição assistir o torneio. 

Segundo a Mãe, que deu a ideia. É uma boa forma de exaltar aqueles que se dedicaram para vencer, ao mesmo tempo que o coloca como não só uma inspiração para os próximos, mas como um objetivo a ser alcançado e superado. Entendendo melhor do que ninguém da natureza dos seres vivos. Ela sempre leva em consideração a ganância de ser o mais forte, e de ser recompensado pelo esforço.

Desde que Atlás foi concebida, somente uma vez o camarote ficou vazio, pois logo após Ivres vencer. Sem se despedir de ninguém. Em uma noite nublada, ela partiu de Atlântis.

Voltando para arena.

Agora é a vez de Shymphony investir contra Adão. Ela acelera em passadas largas enquanto força uma sutil vibração no ar ao seu redor.  Seu cabelo solto chega a ressoar infimamente enquanto é deixado para trás. A cada passada, a areia sob seus pés cede tanto para seu peso, quanto pela vibração.

  Adão vendo a distância entre eles ser encurtada, busca rapidamente uma corrida pelo franco esquerdo para manter a distância. Shymphony rapidamente adapta sua trajetória ao mesmo tempo que tenta encurtar o caminho por dentro.

Obrigando Adão a fazer uma brusca mudança de direção para o lado oposto, chegando ao ponto de derrapar sutilmente antes de tal ação. Shymphony chega a soltar um grunhido ao ter que mudar novamente de direção. Ela acaba tendo até que apoiar a mão esquerda no chão antes de voltar a persegui-lo.

Aumentando a velocidade a cada passada, ele acaba ganhando espaço sobre ela novamente. Vendo que tal perseguição não vai resultar em nada efetivo. Shymphony pausa sua corrida enquanto o observa correr. Ele por consequência, acaba parando também e volta a observar de média distância.

Sarah estranha tais movimentos, e busca entender o que está acontecendo. Parece muito mais um jogo de pega-pega que ela praticava na escola do que uma luta em si.

Então Shymphony força uma arrancada na direção dele novamente, que instintivamente volta a correr na direção oposta dela. Sem ele perceber, ela breca sua corrida e corre para trás para o centro da arena. Adão demora alguns segundos para perceber tal movimento. E quando percebe, chega a derrapar novamente para mudar sua direção em busca de encurtar o espaço o mais rápido possível.

“Droga, droga” Ele acelera sua passada enquanto vai se transformando em animal no meio da corrida.

Sarah, ao correr o olhar pela arena, saindo de Adão e buscando Shymphony, chega até se inclinar um pouco para frente ao ver que ela está parada no centro com os dois braços esticados enquanto aponta as palmas da mão para ele. Voltando a observar Adão, repara que ele dá um pequeno salto para frente e depois outro bem alto para cima e já no meio da queda vai se transformando novamente em homem. Sarah esboça uma feição de estranheza enquanto observa tal cena.

Adão nem cai no chão direito, e Shymphony nesse meio tempo já encurtou a distância entre eles ao ponto de já chegar fincando o escudo para baixo para acertá-lo. Ele em um rolamento lateral, consegue desviar, deixando o escudo afundar no chão enquanto espirra areia para todo lado. Sarah chega a arregalar os olhos por um momento enquanto mal consegue se lembrar de respirar.

Adão aproveita a chance para saltar para cima de Shymphony em busca de acertar uma voadora com os dois pés. Ela por sua vez, se vê obriga a fazer um rolamento para o lado oposto dele, e terminar levantando seu escudo para brecar os pés dele. Adão aproveita o escudo como base e flexiona os joelhos e se impulsiona para trás enquanto dá um mortal na mesma direção.

Ele mal tem tempo de se recompor e já se vê sendo pressionado por Shymphony novamente. Que busca encaixar um cruzado de direita com o escudo na altura do rosto dele. Adão consegue um rápido desvio jogando seu peso para trás. Mesmo assim, seu nariz começa a sangrar um pouco. Porém, sem tempo para se preocupar com isso. Ele aproveita a posição e termina de cair, para seu lado esquerdo ao mesmo tempo que desfere um chute de peito de pé bem na lateral da cintura dela. Shymphony solta um grunhido de dor e se vê sendo jogada para trás, pois Adão aproveitou a abertura e com as solas dos pés a empurrou para uma distância média entre os dois. Ele voltou a se recompor enquanto passa o braço no nariz para averiguar os danos. Em sua cara, uma expressão de dor surge por um momento. Já Shymphony, coloca a mão onde foi acertada na lateral, e também expressa uma leve feição de dor, que logo é trocada por um sorriso de empolgação. Adão a observa com um olhar longínquo por um momento enquanto suas pupilas transitam de dilatadas para centradas na oponente. Logo um sorriso também surge em seu rosto.