Capítulo 26: Mais uma vez, este bizarro anúncio surge. (1/2)
1º Dia
10h27
O tempo insiste em não passar, tenho dificuldades de crer que este relógio não esteja quebrado. Não que eu esteja ansioso pela próxima aula, longe disso. Todavia, para que o horário de eu voltar para casa chegue, é preciso que este intervalo também acabe logo.
Ao passo no qual aguardo entediado pelo fim do intervalo, olho pela janela da sala de aula e vejo a mesma coisa de sempre. Garotas sorridentes e garotos barulhentos emanando esta escandalosa aura da juventude.
Nada mudou. Dia após dia vivencio isso, e consequentemente é a enésima vez que analiso a minha vida dessa forma.
Meus pensamentos são quebrados pelo sinal do alto-falante da escola.
— Aviso importante: Todos os estudantes devem entregar os formulários vocacionais para a coordenadoria até o final do horário escolar.
É a voz da presidente do conselho estudantil. Ela é uma figura bem peculiar nesta escola, mas poucas vezes troquei palavras com ela. Em geral foram a respeito de questões burocráticas como casos de apresentar uma permissão para estar pelos corredores durante o horário de aula.
Espere.
Que sensação familiar estou tendo? É estranho, entretanto ao mesmo tempo sinto que já passei por isso algumas vezes. O chiado após a presidente terminar o seu aviso está ecoando em minha cabeça.
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Déjà vu? Não, é completamente diferente, chega a ser agoniante. Um sentimento de impotência está cobrindo o meu corpo, quase como se meu peito estivesse sendo sufocado.
No momento no qual estou prestes a perder o equilíbrio, escuto a voz de uma colega de aula.
— Ai… eu queria ser como a Yukihara-senpai quando eu crescer — minha colega de classe resmunga enquanto olha para o alto-falante.
— Miyucchi, a Kaichou é só um ano mais velha do que você — responde Manabu, outro colega meu.
Quando os dois chegaram? Ultimamente ando mais disperso do que o normal.
— Eu sei… Infelizmente eu sei que nunca serei como ela. Ao menos queria tentar ser amiga dela — senta-se sobre uma das mesas e larga um suspiro.
— Apesar de popular, ela não parece ser uma pessoa de muitos amigos, você sabe né? Acho que ela apenas conversa com os outros membros do conselho estudantil por motivos acadêmicos — diz Manabu.
Do pouco que interagi com ela, já pude concluir o quão complicada ela é. Eu aconselharia a qualquer um ficar longe daquela criatura.
Enquanto os dois conversam, o terceiro elemento chega para completar o grupo.
— Miyu-chan, não se compare com ela. Você é adorável do jeito que é — Shou entra todo animado na sala de aula.
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— Falar é fácil, Shimizu-kun. Imagino o quão difícil deve ser ficar ao lado dela e ser comparada a ela a todo instante. A Kobayashi-san deve se esforçar ao máximo para isso — fala enquanto descansa o rosto em suas mãos.
De repente a conversa vira-se em minha direção.
— Ei, Johann, por que você não tenta entrar no conselho estudantil? Com suas notas não seria nada difícil — pergunta Shou.
Droga, eles me perceberam. Por que eu ainda tento me iludir que serei deixado em paz?
— E por que eu faria isso? — devolvo a pergunta.
— Ora, para atrair garotas. Existe outro motivo plausível?! Não, espere! Talvez elas prefiram os delinquentes? Como nunca pensei nisso antes… — fica numa pose pensativa.
Miyu o interrompe.
— Até que não é uma má ideia, entrar no conselho estudantil pode ser uma atividade engrandecedora para você. Tendo em vista que você já possui boas notas, cairia muito bem no seu currículo, Johann-kun.
— Interagir com outros nunca foi meu forte. Juntar-me ao conselho estudantil seria literalmente a última coisa que faria dentro do ambiente escolar.
— Miyucchi, Shoucchi, desistam. Johann é do time dos NEETs — Manabu para ao meu lado e bate levemente em minhas costas.
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Não, não sou.
— Verdade, nunca o vi saindo socialmente — Shou comenta ainda pensativo, e logo revolta-se de forma escandalosa — Não, Johann, não posso te deixar cair na maldição deste clube. O Manabu é má influência para você!
— O Manabu é apenas meu vizinho, não é como se ele fosse uma influência.
— Como a conversa foi parar aqui mesmo? — Miyu lamenta-se com a mão tapando o rosto.
Você que anda com esses loucos deveria saber melhor do que ninguém.
Apesar de todas as piadas e risadas que presenciei advinda deles, a atmosfera ainda não mudou para mim. Algo não está certo aqui. Por mais que eu busque, tudo parece estar no seu devido lugar. Não há nada que contradiga mais um dia escolar genérico que estou acostumado, mas este ambiente como um todo parece errado.
Meu interior grita com todas as forças que isto não pode estar acontecendo de novo. Como não? Seria estranho se fosse o contrário, estatisticamente falando é o natural a ocorrer.
12h35
Aquela aula insuportável finalmente acabou.
Deixo minha mochila em minha mesa, pois, excepcionalmente, teremos aula nesta tarde. Saio da sala e ando na velocidade mais rápida que posso sem começar a correr.
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Por mais rápido que eu tenha me deslocado até o refeitório, eles ainda estão na minha cola. Não há mais ninguém a quem eles possam importunar no meu lugar?
Decepcionado com a ordem dos fatos, pergunto a Miyu, a qual acabou de me alcançar.
— Por acaso você não tem nem um outro amigo, Miyu?
— É claro que tenho. Sou amiga de quase todos na sala de aula. E gostaria de ser amiga da escola toda — responde sorridente.
— Então por que anda sempre comigo e com os dois patetas ali? Acredito que exista um círculo social mais adequado para você.
— Bem, sou amiga do Manabu-kun desde a infância, e não acho que seria legal cortar os laços com ele. Entende? E como você o Shimizu-kun estão sempre com ele, acabo fazendo companhia para vocês também — atrapalha-se — Mas claro, os vejo como ótimos amigo da mesma forma.
— Acho que entendo, mas me diga, você anda conosco porque sente pena de nós? Ninguém quer se aproximar de um completo tarado como o Shou ou de um otaku estranho como o Manabu.
— Não é bem assim. Eu realmente gosto de estar com o Mana-. Digo, com vocês — cora levemente.
Garota estranha…
Ao mesmo tempo em que Miyu me importuna na fila do refeitório, dois rapazes conversavam discretamente à nossa frente. Até mesmo alguém completamente desinformado sobre o convívio escolar, como eu, sabe de quem se trata.
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Ambos fazem parte do conselho estudantil, Hasegawa Haruki e Tanaka Takashi. O primeiro é nada mais que um dos garotos mais populares da escola, deve ficar apenas atrás do novato metido do Asahi. E a outra figura com quem ele dialoga é o vice-presidente, este é um pouco mais apagado do que os outros membros do conselho. Parece que ele vive apenas cumprindo ordens da nossa ilustre presidente, e com isso obviamente é ofuscado pelo brilho dela.
Passo a ignorar Miyu e me atento ao assunto que os dois estão debatendo.
— Takashi-san, você sabe o porquê da Kaichou ter cancelado a reunião de hoje? Ela normalmente é tão rigorosa com a agenda do conselho, será que está passando mal? — pergunta Haruki.
— Não parecia ser o caso. Ela só disse para cancelar e assim fiz. Normalmente ela não se sujeita a justificar as suas decisões a mim — Takashi responde.
Não quero admitir, mas fiquei curioso a respeito do assunto. Certa preocupação surgiu no meu cérebro quando Haruki insinuou que a presidente poderia não estar bem, mesmo eu racionalmente não tendo nenhuma ligação com ela.
— Bem, pelo menos podemos descansar à tarde. Não há do que reclamar — suspira aliviado — Mas quem realmente parecia estar feliz com a notícia era o Asahi-kun.
— Aliás, onde aquele petulante foi parar? Ele não terminou as tarefas das quais ficou encarregado — pergunta irritado.
Existe algo em que Takashi e eu concordamos. Não suporto o comportamento de jovens como Asahi.
— Deve ter saído com suas “fãs” por aí. Ele já estava me pedindo para que eu o cobrisse hoje à tarde, mas no fim nem se fez necessário.
— Ei, Johann-kun! Está me ouvindo? — Miyu chama minha atenção.
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— Foi mal, estava distraído.
Terminamos de nos servir e nos dirigimos para uma mesa afastada no refeitório. Não demorou muito para que os outros dois nos alcançassem. Antes mesmo de se sentar Shou já começa a falar euforicamente.
— Johann! Você nem sabe o que eu e o Manabu acabamos de descobrir! É algo extraordinário, excepcional, estupendo, fabuloso!
Suspiro e olho para ele dando a entender que deveria continuar com sua fala.
— Uma intercambista! Terá mais uma aluna intercambista na nossa escola — exclama com os olhos brilhando de empolgação.
— E eu com isso? — pergunto.
— Não disse, Shoucchi? O Jocchi é do time dos amantes de garotas 2D — Manabu percebe a minha reação de desinteresse e comenta.
— Eu nunca o vi andando com bonecas e armas de brinquedo na mochila — replica Shou.
— Não são bonecas, são action figures!
— Por favor, me deixem de fora dessa briga retardada de vocês, eu não tenho nada a ver com isso.
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Em um piscar de olhos, Shou está encarando-me freneticamente. E mais uma vez insiste que eu diga algo.
— Eu suplico. Johan, conte-me tudo sobre garotas estrangeiras. Preciso estar um passo à frente dos outros nessa briga.
— São normais? Eu acho.
Caramba, o que ele espera que eu diga?
Shou emburra a cara e parece não ter ficado nem um pouco satisfeito com a resposta.
— Por que não tenta ficar amigo dela? Ela não deve saber muito bem falar japonês — sugere Miyu.
— Seria mais um aborrecimento na minha rotina.
— Seu chato — responde emburrada — Mas chega desse papo. Eu quero falar de outro assunto. Terá uma competição de jogos de tabuleiro, e a premiação está muito boa! — seu rosto sorridente vira-se para mim e continua — Johann-kun, o que acha? Quer participar?!
— Não tenho o menor interesse — respondo.
— O quê? Achei que você gostasse de jogos de tabuleiro — Miyu surpreende-se.
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— Não gosto de jogos em geral, são entediantes. Para não dizer inúteis.
— Achei que você fosse bom com jogos de tabuleiro porque é inteligente.
— Minhas notas não têm muito a ver com isso, na verdade não tem qualquer relação. Jogos para mim são muito chatos.
— Nossa, Jocchi. Você é muito estranho — diz Manabu.
Você é o último que poderia falar algo a respeito.
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