Capítulo 30: Yoshida Miyu continua inquieta. (2/2)
12h31
O horário de almoço chega. Obviamente um pouco atrasado devido a tudo o que aconteceu pela manhã, mas o conselho estudantil tratou de organizar o refeitório mesmo sob tal pressão.
O único problema nisso tudo é o receio. Estamos todos em pé em frente ao refeitório, mas naturalmente nem um aluno esfomeado está indo se servir.
“O que garante que o autor do crime contra a Haruki não tenha se infiltrado na organização do refeitório e envenenado a comida?”
Esse foi um comentário recorrente nas rodas de conversa que pude observar.
A presidente aparenta estar ciente do sentimento de medo que ocupa a mente da multidão diante de si. Pergunto-me sobre o que ela fará?
A tensão que cobria o ambiente é quebrada por um garoto que passa a se mover em direção aos talheres, por conseguinte a encher seu prato de comida. O vice-presidente Takashi não é do tipo de voluntariar-se a tal ato por simples altruísmo.
Disto posso presumir duas hipóteses. Ou foi obrigado pela nossa ilustre ditadora ou se propôs apenas para agradá-la.
Logo após ingerir a primeira colherada, com um olhar de apatia, ele exclama o que provavelmente lhe foi ordenado previamente.
— Tudo em ordem.
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Por conseguinte, a garota de longos cabelos pretos estaciona-se à nossa frente e emite um curto, mas eficaz, comunicado.
— Como podeis ver, o conselho garante a vós que o alimento não foi adulterado, portanto podeis servir-vos tranquilamente.
O pronunciamento da rainha foi o estopim para que o seu povo ansiasse pela refeição.
— Eu estava com um pouco de medo, mas se o Tanaka-senpai se serviu e a Kaichou afirmou que está tudo bem… podemos confiar não é? — um aluno comenta.
— Claro, eles sabem o que fazem! — outro confirma.
Parece que estão colocando o trem de volta nos trilhos. Ainda estou bastante pessimista em relação a isso tudo, mas talvez eu também deva dar um voto de confiança para a presidente e ao conselho.
— Nossa, estou morrendo de fome. Vamos nos servir logo, antes que tenham devorado tudo — diz Shou.
— Eu poderia comer como um protagonista de Shounen — diz Manabu.
A movimentação para se servir é grande, tanto que apesar da fome, estou ficando desanimado de almoçar só de pensar em entrar nesta fila. Não vale o esforço, mas se eu não comer agora provavelmente não sobrará nada para mais tarde.
Enquanto isso, Keiko e Natsuki organizam com sucesso uma fila única para a multidão de estudantes esfomeados que residem em frente ao refeitório. Natsuki e Keiko ainda parecem estar bem abaladas com a morte de Haruki, porém estão trabalhando produtivamente. Já Takashi, precisa comer rápido o seu almoço para então ajudar a organização do refeitório.
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Os três caminham em direção à fila. Então, ao perceberem que não estou os acompanhando.
Miyu olha para trás e pergunta.
— Você não vem?
— Já estou indo.
Observo por alguns segundos a presidente deixando o local sem almoçar e dirijo-me para a fila.
14h15
Novamente aqui fora estou eu, não há nada como ficar em silêncio esquentando-se no sol durante uma invernia. Há tanta coisa perturbando a minha cabeça, e agora finalmente posso aproveitar esse tempo sozinho para colocar os meus conturbados pensamentos em ordem.
— Jocchi!
A voz de Manabu mais uma vez quebra a sintonia com minha mente.
— E dessa vez? Qual foi o problema? — respondo de forma grosseira
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O trio aproxima-se da arquibancada na qual estou sentado.
— Poxa, não seja tão rude, viemos lhe fazer companhia — fala Miyu.
Este é exatamente o problema a que me referia.
— Deixem-me sozinho, pelo menos nesta tarde. Quero por minha cabeça um pouco no lugar.
— Qual é Jocchi, não precisa ficar de cara.
A minha calma é justificada pelo meu pouco apego à vida. Porém, este não é o caso deles. O motivo não pode ser apenas o retardo mental oriundo de suas personalidades.
— Poderiam responder algo? Como podem estar tão tranquilos e papeando sobre assuntos irrisórios?
— E do que vai adiantar nos preocuparmos? — replica Shou.
Do que vai adiantar? Desde quando eles tornaram-se alheios a este tipo de preocupação?
— Explanem melhor, por favor — indago.
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— Você acha mesmo que nós, meros estudantes colegiais, poderíamos fazer alguma diferença em um jogo sobrenatural? — fala Manabu.
— Respondendo a sua questão, não. Aguardarmos o fim como meros NPCs é a resolução mais adequada para este conflito.
— E é por isso que o máximo que podemos fazer é animar as pessoas à nossa volta — completa Shou.
Então a garota deixa a sua pressão interna de otimismo escapar como um vulcão entrando em erupção.
— Manabu-kun e Shimizu-kun, não digam algo assim nunca! Se vocês acreditarem em si mesmos, podem fazer qualquer coisa!
— Miyu-chan, você sabe que não está sendo sincera, então peço que não tente me iludir com palavras bonitas.
— É claro que você pode Shimizu-kun!
— Caramba, Manabu! Eu nem acredito que deu certo! — começa a rir.
— Quê? O que deu certo? Não entendi do que você está falando.
Shou vibra de emoção enquanto Miyu permanece com uma cara de desentendida.
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— O Shou pediu a minha ajuda querendo saber como receber algumas palavras positivas vindas de sua pessoa — diz Manabu.
— Você disse o quê? — sua ficha ainda não caiu.
— Eu disse que bastava imitar o pessimismo do Jocchi em relação ao próprio futuro que você automaticamente o daria algum apoio.
— Vendo como você sempre gosta de animar e preocupa-se com pessoas que estão para baixo, Manabu bolou esta tremenda ideia — Shou fala sorridente.
— Ah, quer saber? Vocês são uns idiotas! — Miyu vira o rosto.
Então tudo passou de uma brincadeira para que o senhor necessitado de garotas recebesse algum consolo.
— Excelente plano, porém vocês falharam em um ponto muito importante — comento.
— Que ponto seria este, Jocchi? — pergunta Manabu.
— Do que adiantou elaborarem todo este diálogo, se no fim acabaram expondo todo o plano?
— Meu Deus… EU SOU UM IMBECIL! — grita Shou desesperadamente.
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— É… foi mal Shoucchi, não parei para pensar por este lado — diz Manabu.
Tudo bem, agora com a palhaçada finalizada, eu posso voltar ao assunto principal.
— Agora, podem pelo menos responder a minha primeira pergunta? Com vocês rindo dessa forma, nem parece que uma pessoa acabou de morrer.
Eles se mantêm calados. Shou olha para os lados com um rosto pensativo. E no fim quem me responde não é nem um dos dois, mas a garota que até poucos segundos estava emburrada e evitando contato visual.
— Eu não sei. Eu não sei se eles sentem o mesmo que eu, porém parece que me acostumei muito rápido com a ideia de alguém ter morrido. Isso vem me incomodando o dia inteiro, ao ponto de me sentir suja, mas não consigo entender nada do que se passa em minha cabeça.
Realmente, agora que ela falou. Mesmo que estejamos conscientes de um perigo iminente, a ideia de alguém que conhecemos ter deixado de existir teve impacto por um período curto de tempo. É como se isso fosse perfeitamente normal para o nosso cérebro.
É como se de certa forma estivéssemos acostumados com isto, é como se fosse algo rotineiro lidar com a morte.
Isso se repetiu após o desaparecimento dos adultos e de Asahi, e com o assassinato de Haruki. Ao chegar na hora de almoço, o impacto da morte sumiu totalmente. Teoricamente deveria ser um trauma que duraria no mínimo meses na cabeça de um adolescente padrão. Todavia, tudo está ocorrendo de forma oposta ao esperado.
— Achei que ver um corpo me tocaria de uma forma completamente diferente, mas sinto como se isso fosse normal, bem talvez seja. Assassinatos ocorrem o tempo todo no final das contas — comenta Manabu.
O ponto levantado por Manabu não está errado, milhares de pessoas morrem diariamente. Contudo, não é aplicado para a realidade em que vivemos, esta foi a primeira vez que nos deparamos com um homicídio.
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16h44
Até quando eles pretendem me seguir?
— Onde está indo Jocchi?! — Manabu pergunta ao perceber que estou tentando os despistar.
— Para o dormitório — respondo.
Adentramos o bloco no qual constam os dormitórios e os três ainda persistem em que eu deva abortar tal plano. Todavia, como o argumento deles se resume em “me divertir” ao conversar com amigos, estamos caindo em uma contradição prática.
— Deixa de ser careta Johann! O sol ainda nem se pôs! Isso não é horário pra dormir — exclama Shou.
— Sei muito bem disso, mas eu gosto de dormir cedo.
Subo mais um lance de escadas e finalmente estou no corredor que leva a sala consignada como dormitório masculino.
Ao dobrar o corredor deparo-me com uma presença inesperada, e desta forma o meu corpo simplesmente congela.
Neste exato instante dou-me de cara com a estudante intercambista que vimos ontem ao voltar para a sala.
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A garota em questão percebe a minha presença e volta seu olhar afiado para mim.
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