Capítulo 33: De forma vaga, Yukihara Mikoto começa a falar. (1/2)
O que estão esperando?! Apareçam logo!
— Ei Jocchi! — a voz de Manabu alivia a pressão do ambiente em pelo menos dez atmosferas.
Manabu e Shou finalmente surgem, conforme o combinado, pelo corredor perpendicular a este e com isso posso ficar mais tranquilo.
Takashi retira sua mão nua do bolso. Viro-me em direção a ele enquanto Shou e Manabu se juntam a mim.
No fim, não pude averiguar se ele de fato estava portando alguma arma. Podemos considerar o plano original como um grande fracasso, entretanto estando a salvo já conta como vitória dada a situação.
— Tsc — Takashi franze as sobrancelhas
— Algum problema? — pergunto.
— Mais ou menos, pois as perguntas que precisava lhe fazer eram de cunho particular.
— Hã? O que é tão sigiloso que não podemos ouvir? — pergunta Shou.
— São questões investigativas, ou seja, devem ser tratadas individualmente. Então se me derem licença para concluir o meu trabalho de interrogar o amigo de vocês, eu ficaria grato.
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Apesar de não conseguir uma prova concreta, para mim está mais do que óbvio a intenção assassina que ele emanava. E com isso posso concluir que ele certamente não sabe que sou um jogador, ou se sabe perdeu o juízo. Mas supondo que eu não fosse, ficaria claro como o dia para minhas duas testemunhas que você foi o responsável caso me encontrassem morto.
Agora, tendo em mente que ele não tenha noção das consequências de matar, o que o levaria a tomar especificamente a mim como alvo?
— Licença uma pinoia, isso aqui está muito suspeito! Não ouvimos em lugar algum que o conselho tomaria tais atitudes! — exclama Shou.
— Achei que vocês dois já teriam entendido que é uma conversa em particular. Vou tentar deixar mais claro desta vez. Eu estou ordenando, como vice-presidente do conselho, que ambos se retirem deste corredor — eleva a voz.
As habilidades de Shou fazer barraco são muito convenientes em ocorrências como esta, porém, Takashi está muito persistente.
— Eles não vão a lugar algum — respondo.
— Não me faça repetir. Ou os três sofrerão as consequências de confrontar uma autoridade.
— Jocchi, eu acho que não podemos continuar com isto. As coisas não estão ficando nada legais — comenta Manabu.
Relaxe um pouco, estamos em vantagem de qualquer forma. Apesar de a sua teimosia ter excedido todas as minhas expectativas, eu ainda posso atingir o seu ponto fraco.
— Só estou seguindo a ordem da própria presidente: Não andar sozinho pela escola. Ou você está insinuando que eu deva descumprir algo pedido pela sua superiora? Acho que ela não ficaria muito contente ao saber disso — respondo.
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Takashi cerra os punhos com força por um instante, então os relaxa e fala.
— Muito bem, então poderia me acompanhar até a sala do conselho? Lá estarão outros membros do conselho e portanto não terá problemas com isso.
14h41
Sigo Takashi pelos corredores até a porta da sala destinada às tarefas do conselho estudantil. Estou ciente de que eu posso estar entrando em um covil de serpentes, todavia não posso recusar esta exigência, pois o meu argumento só era válido enquanto estávamos a sós.
Ele para por alguns segundos em frente à porta e olha para mim.
— Então, qual o assunto que você pretende tratar comigo? — pergunto.
— Queria explicar isso desde o começo, mas sua paranoia não permitiu. Não sou eu que vou falar contigo — diz enquanto abre a porta.
Lá estava sentada a presidente Yukihara Mikoto. Então é com ela que vou falar? O caso é ainda mais intrigante, o que a rainha espera ganhar falando com um plebeu que vive às margens de seu reinado? Mesmo que esteja atrás de uma confissão do meu papel no jogo, não é algo que ela deveria esperar que fosse entregue de bandeja.
Takashi e eu adentramos a sala, e imediatamente os seus olhos gélidos fixam a mira em mim. Em seguida ela fecha alguns livros e documentos os quais estavam sobre sua mesa e fala.
— Por favor, senta-te, Johann. Gostarias de uma xícara de chá?
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Ora, então ela pretende começar o interrogatório de forma amigável? Pensei que seria enviado para uma sala de tortura de imediato. Ademais, vou jogar o jogo dela.
— Não, estou bem, muito obrigado. No entanto, fico surpreso de saber o meu nome, não poderia sentir honra maior — respondo.
Confesso que estou um pouco nervoso. Normalmente não tenho habilidade de simular um humor amigável, e agora com alguém como ela… devo estar no mínimo patético.
— Eu sei sobre ti mais do que imaginas. Não deverias te desfazer tanto, tu és bem conhecido no meio escolar — olha para alguns documentos e ri levemente — Apesar de que a impressão alheia sobre ti não ser das melhores, admito.
— Fico lisonjeado pela consideração. Porém, ainda não compreendo o que você gostaria de saber de alguém como eu.
— Muito bem, com as apresentações formais feitas, vou direto ao ponto.
Ela suspira, olha um pouco para baixo e volta um olhar afiado para mim.
— Eu sei que tu és um dos três jogadores — prossegue.
A sua sentença me deixa em choque. E o pior é que não tenho tempo para raciocinar de que forma devo reagir. Foi uma acusação jogada de modo tão subido que não pude me preparar previamente.
Como ela sabe disso? A única que tem conhecimento disto é Miyu, e não acho que, preocupada do jeito que ela é, passaria este tipo de informação. Mas naquela hora Haruki estava próximo a mim, será que ele percebeu que tive uma reação diferente e a informou antes de morrer?
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Droga, eu não posso deixar as minhas expressões me entregarem. A princípio tentarei fazer-me de desentendido.
— Eu, um jogador? Como chegou a tal conclusão?
— Como descobri não te interessa, é algo irrelevante para a continuidade da nossa conversa. Estou apenas expondo um fato e tu já deverias saber que sou eu quem faz as perguntas por aqui — responde grosseiramente e com o rosto inexpressivo.
Ela está tentando me colocar contra a parede e me fazendo confessar. Neste caso, basta que eu negue até a morte. Na verdade, é bem provável que ela esteja replicando este tipo de abordagem com diversos suspeitos na esperança de que um acabe se entregando.
— Sinto em te dizer, mas você está enganada. Definitivamente não sou um jogador.
— Johann, tu ainda não compreendeste? Não importa o quanto tentes, nunca conseguirás mentir para mim. No mínimo tu precisarias nascer de novo umas dez vezes.
— Eu disse apenas a verdade. Não sei onde você está querendo chegar com isso.
Até quando ela vai insistir? De toda forma, o ônus da prova continua com ela, não há o porquê eu me abalar com uma acusação sem respaldo.
— Tu não tens jeito mesmo, continuará negando até a morte, correto? Bem, no fim isso não importa. Apenas escuta o que eu falo tendo em mente que sei sobre as tuas condições.
— Devo considerar isso como uma ameaça? — pergunto.
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— Consideres como bem entender, a tua opinião sobre isto é irrelevante. Não estou aqui para fazer juízos de valor, somente para tratar de fatos concretos.
Aonde ela quer chegar com tudo isso? Pretende me sacrificar para sair do jogo ou algo do gênero? Pela influência dela, se ela alegar que sou um jogador, provavelmente todos os alunos acreditariam nela.
— E agora? Supondo que a sua visão de que eu sou jogador esteja correta, o que fará comigo?
— Eu preciso que tu cumpras uma tarefa muito importante para mim, nada muito complicado.
— Seria o quê? Morrer? Vou logo avisando que ficará com a consciência pesada por sacrificar um inocente.
— Sendo o caso, eu estaria trocando a vida de um suposto inocente por centenas de vidas. Tu és bom em matemática, diga-me, não é um bom negócio? — sorri por alguns segundos e então responde.
Adentrei num covil de cobras, e inevitavelmente será o meu fim.
— Se você segue uma visão utilitarista parece muito vantajoso. Posso saber se a minha morte ao menos será indolor?
— Não seja tolo, eu estava brincando, na verdade trata-se de uma investigação — suspira — Da mesma forma que cheguei a ti como um dos três jogadores, também tenho uma lista de suspeitos de quem são os outros dois jogadores e o possível assassino. E é neste ponto que a tua tarefa se enquadra.
Agora era o momento para eu me sentir aliviado, mas do jeito que as coisas estão progredindo… a ideia da morte indolor ainda me parece bem sedutora.
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E qual o meu papel nisso tudo? Ela poderia facilmente mandar qualquer outro lacaio investigar no meu lugar. O camarada ali ao lado seria perfeito. Por que apostar em alguém tão sem experiência como eu?
— Não seria melhor mandar alguém de confiança para cumprir uma tarefa tão importante como essa?
— O conselho teve muitas baixas, e não quero colocar a Nakamura-san e a Kobayashi-san em perigo. Apenas com o Tanaka-kun seria complicado de investigar, e sem falar que, além de não poder ser assassinado diretamente, tu és a pessoa perfeita para investigar a primeira pessoa da lista.
— Não faço ideia de quem seja, mas acredite não sou nem um pouco qualificado para tal operação. Sou um desastre em tudo que foge do escopo teórico, provavelmente seria descoberto logo, a nossa conversa já evidenciou isso.
Além disso, acredito que o real assassino esteja reunido conosco nesta sala. Os meus instintos ainda estão me alertando de que este cara não é flor que se cheire.
— Deixe-me colocar em outras palavras, foi errado pedir que me fizesse uma tarefa. Em outras palavras, isto é uma ordem. E respondendo a tua pergunta, não há ninguém mais qualificado, pois a suspeita em questão possui a mesma naturalidade tua.
Que metida, acha que pode sair dando ordens a todos? Entretanto, é mais sábio fingir que acatei a oferta. Mal posso imaginar as consequências de confrontá-la enquanto sua popularidade está em alta. Se ela acusasse qualquer um como o assassino, todos iriam acreditar cegamente.
Espere, a suspeita tem a mesma naturalidade que a minha? Então só pode ser ela… Para falar a verdade não estou surpreso, ela normalmente seria a minha primeira na lista de suspeitos. Dentre todas as pessoas para investigar, claramente ela seria a mais complicada de lidar.
— Está falando da garota estrangeira?
— Exato. Então já a conheces? Isto torna as coisas muito mais fáceis para ti, é meio caminho andado — fala enquanto ajeita seu longo cabelo.
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— Mais ou menos. Cheguei a trocar algumas palavras com ela, todavia não sei nem o nome dela. Acredite, não será nada fácil para eu me aproximar de alguém como ela.
— Como tu deves saber, ela é uma estudante alemã que veio por intercâmbio escolar e foi destinada especificamente para a minha turma. Pude averiguar pelos documentos de matrícula que o nome dela é Ailiss von Feuerstein. Devido ao seu comportamento suspeito, estou certa de que ela é a culpada. Não achas muito estranho que logo após ela chegar, tudo isso aconteceu?
Então o nome da garota é Ailiss? É um nome bem incomum até no ocidente, mas ao mesmo tempo muito familiar.
Em todo caso, neste ponto ela de fato tem razão, seria uma coincidência muito grande. Todavia, ainda tenho dificuldades de aceitar este fato.
— Entendo, irei ajudá-la, presidente. Porém, como acabei de dizer, não será uma tarefa muito fácil. Não posso prometer que trarei algum resultado.
— Tudo bem, enquanto tu tratarás dela, iremos investigar o restante da lista. A propósito, podes me chamar de Mikoto. E desta vez não é uma ordem, se não achares apropriado tudo bem.
Seu olhar afiado sumiu por um instante. Que sentimento foi esse em sua voz?
Pareceu-me que estava um pouco taciturna.
— Hã?! — Takashi reage surpreso.
— Para que tanto espanto? Algum problema com isso, Tanaka-kun? — sorri ironicamente.
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— Não, desculpe-me — ajusta os óculos.
Ela estava esperando o que falando algo assim? Não adianta se fazer de desentendida, pelo seu sorriso devia saber muito bem qual seria a reação de seu súdito. Será que ela está tentando deixar-me com uma desavença com ele de forma proposital?
— “Mikoto”?
É como se a chamasse assim há anos.
Ao ouvir, ela olha para baixo e sorri serenamente. Levanta o rosto e dirige-se a Takashi.
— Tanaka-kun, poderia deixar-nos a só por um momento? Aproveita para vigiar o corredor.
— Não acha muito arriscado ficar sozinha com ele? Ainda não tenho total confiança nele — diz Takashi ainda irritado.
Não estamos caminhando para lugar algum desta maneira. Talvez a proposta de servir como mártir não fosse tão problemática assim.
— Por que estás questionando minhas ordens? Só por um acaso, estás insinuando que eu errei em meu julgamento? — replica olhando friamente para ele.
— Perdão, não estava insinuando nada. Era apenas uma questão de prevenção.
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— Tanaka-kun, quando eu não peço a tua opinião, por favor, apenas faças o que eu digo.
Ele consente com ela e sai da sala com o rosto emburrado.
Eu deveria aproveitar que ele saiu e dizer a ela que possivelmente o assassino está embaixo do seu nariz? Não, não devo me precipitar enquanto não tiver provas concretas. Estou deixando essas estranhas emoções me guiarem.
Certamente estou preocupado com ela. Se meu palpite estiver certo, ela é quem está correndo o maior risco por estar com o assassino tão próximo. Entretanto, eu deveria correr este risco por ela? Foi ela quem me colocou nesta saia justa para o começo de conversa, não deveria simpatizar com ela por isso.
Ainda assim, apesar de suas grosserias… não consigo deixar de ter apreço. Será que estou sofrendo do mesmo feitiço que os outros?
Antes que eu pudesse perceber, mais uma vez ela volta seu olhar para mim. O mesmo olhar emocional de antes. Está completamente fora do modo de operar dela.
Minha cabeça está martelando. É como se eu estivesse prestes a lembrar de algo muito importante, mas quando estou prestes a alcançar tais memórias, sou empurrado de volta. Que sensação de déjà vu terrível, estou lutando contra a correnteza.
— Sobre o que você queria falar em particular? — pergunto.
— Johann, apesar de eu ter escolhido justamente o contrário, no fundo quero que algum dia tu entendas as ações que tomei.
Entender o quê? O meu japonês está falhando ou esta frase não faz sentido? Alguma coisa não está batendo nisso tudo.
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— Do que você está falando? Não estou entendendo nada.
— Esqueça, eu não devia estar falando-te isto. Foi um erro ter tocado neste assunto. Por obséquio, esqueça este egoísmo meu.
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