Capítulo 36: Certamente, Ailiss von Feuerstein é uma garota complicada. (2/3)
14h51
Não está nesta sala também. Este era o único andar que faltava eu vasculhar.
Onde ela se meteu? Ela acabou de entrar neste bloco, mas não consigo a encontrar em lugar algum.
Desço novamente para o térreo e dirijo-me a Manabu.
— Nada por aqui também. Acho que ela possui habilidade de se desmaterializar ou ficar invisível — fala Manabu.
Até que ele foi útil para ajudar a procurá-la. Mas no fim, contrariando as leis da física, essa garota sumiu mesmo. Procurei em todas as salas, e Manabu ficou próximo da entrada para conferir se ela não tentaria sair.
Quem sabe ela tenha percebido que nós a seguimos e tenha pulado alguma janela do térreo ou de um andar baixo.
Porcaria, não posso ter perdido o rastro dela por um descuido tão bobo.
— Vamos desistir, Jocchi. Você pode falar com ela em outra hora — encosta a mão no meu ombro.
— Pode voltar na frente. Vou procurar um pouco mais, ela precisa estar em algum lugar desta escola. Daqui ela não pode ter saído.
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— Jocchi, você já percebeu que está fora de si? Está longe de ser a pessoa cautelosa que eu costumava conhecer.
É bem possível que seja dessa forma que a anomalia se instalou em mim, contudo mesmo que eu tenha ciência de que não estou agindo normalmente ainda quero persistir nisso.
— Não sei. Mas meus instintos dizem que é o que devo fazer.
— Bem, eu vou indo na frente. Porém, acho que posso dar uma sugestão interessante. Há um lugar neste bloco no qual você possivelmente ainda não a procurou, o porão.
— Porão? Nem ao menos sabia que havia um neste bloco.
Espere, realmente há um. Aquelas janelas laterais próximas ao chão provavelmente são dele.
— Este bloco é muito antigo, então está em processo de abandono e eventualmente será demolido. O porão era antigo o depósito desta escola, mas no momento está esquecido.
Esta informação foi muito útil. Certamente é onde ela deve passar o tempo todo em que está desaparecida.
— Obrigado. Pretendo retornar logo.
Ele acena e sai do meu campo de visão. Então procuro pela entrada do tal porão e em poucos minutos encontro uma porta antiga no térreo, a qual curiosamente apresenta sua fechadura quebrada. O que significa que provavelmente já foi arrombada.
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Abro a porta e vejo uma escadaria que leva ao subsolo.
Ela deve estar aqui, é um ambiente de pouca movimentação e discreto. Não há local mais apropriado para tomar como um esconderijo.
Tomo coragem e desço degrau a degrau com cautela, pois, conhecendo a figura em questão, uma armadilha para intrusos não pode ser descartada.
Chego ao fim das escadas e deparo-me com um ambiente que a princípio parece ser apenas um depósito normal, mesas antigas usadas nas salas de aulas, cadeiras enferrujadas e afins. Contudo, logo percebo um vulto adiante.
15h09
Está tudo uma completa bagunça ao meu redor, entretanto tenho certeza que o vulto estava por aqui. Como há muitas estantes e móveis antigos, isso se tornou um labirinto e não consigo me localizar muito bem.
Há tanto entulho pelo chão que está complicado até andar sem tropeçar, logo preciso me locomover com cuidado. Majoritariamente o entulho trata-se de pedaços de madeira e aparelhos eletrônicos antigos.
Francamente, qual a necessidade de manter tudo isso aqui? Provavelmente ninguém entra aqui há anos para fazer uma limpeza, o chão está totalmente empoeirado.
Naquele completo silêncio um barulho de vidro se quebrando ressoa.
Porcaria! Pisei em um pedaço de espelho no chão. Com este descuido ela com certeza percebeu que estou aq-.
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Não consigo nem terminar de sentenciar mentalmente as possíveis consequências do meu erro que já me deparo com um cano metálico próximo ao meu rosto.
Uma arma de fogo? A garota estrangeira com quem conversei há dois dias está com o cano de uma arma a milímetros do meu rosto.
Isso é mais assustador pessoalmente do que imaginei. O meu peito simplesmente dispara com tamanho susto.
— Espere! Não atire— exclamo por reflexo.
— Me dê uma única razão para seguir o que você diz — a garota replica sem apresentar emoções.
Pela primeira vez na vida meu instinto de sobrevivência resolve dar as caras, não quero morrer agora. Eu preciso convencê-la de alguma forma.
Há um bom motivo, isso deve servir para ela me ouvir. No fim, a maldição que me foi concedida será a minha moeda de troca.
— Se disparar, terá o mesmo fim que eu, e presumo que você também não queira morrer. Pois sou um jogador — respondo.
— É uma desculpa bem conveniente caso você não seja. Como posso acreditar em você? — continua pressionando a arma em minha cabeça.
Como posso provar? Imagino que seja apenas a minha palavra de ter presenciado o que realmente aconteceu no primeiro dia. Só me resta apostar que ela também tenha visto.
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No fim não há nada a perder revelando sobre a cena que presenciei.
— Eu fui capaz de enxergar aquilo. Aquilo que ceifou o professor.
Se ela assim como eu for uma jogadora, então irá entender o que estou querendo dizer. Realmente espero que a minha intuição esteja correta. Caso contrário, estarei em apuros.
A garota, ainda sem retirar a arma da minha cara, suspira. Em seguida afasta-se alguns passos e direciona a mira para a minha perna direita.
— Parece que você está falando a verdade sobre ser um jogador. Entretanto, saiba que ser um jogador não te torna invulnerável a ataques dos quais não levam a vítima a óbito.
Verdade, nada nas regras deste jogo protege o jogador em relação à violência física em si ou até mesmo tortura. Ela pode fazer o que quiser comigo desde que não tire a minha vida. Fui ingênuo de pensar que estaria a salvo meramente por ser um jogador.
Manabu estava mesmo certo. Por que agi no impulso desta maneira? Não deveria tê-la seguido, mas tomado uma abordagem diferente.
Para tentar me colocar em uma posição que não apresente hostilidade, ergo minhas duas mãos para o alto de forma ridícula, assim como eu vi os atores agirem no cinema e prossigo a nossa amigável conversa.
— O que você quer que eu faça para não disparar e ouvir o que tenho a dizer?
— Pois bem. Ajoelhe-se de costas, coloque suas mãos na cabeça e então pode começar a explicar-se do porquê de ter me seguido até aqui — replica um pouco irritada.
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O mais sensato a se fazer é seguir suas ordens. Tentar mentir para ela qualquer coisa também parece ser uma jogada muito arriscada. Minha falta de habilidade de dissimulação ficou evidente na minha conversa com Mikoto ontem à tarde.
Assim como ela pediu. De forma lenta, viro de costas para ela e me ajoelho com cuidado para não ficar em cima dos cacos do espelho que estavam espalhados pelo piso. Entrelaço meus dedos sobre meu crânio e por fim começo a falar.
— Para ser sincero, eu a segui por pura intuição. Instintivamente achei que a melhor saída para o fim deste jogo e para a resolução desta série de assassinatos seria falar com você.
— E planejava fazer isso como, aproximando-se sorrateiramente e tentando me pegar de surpresa? Você realmente quer que eu engula esta história? Deveria ao menos ter pensado melhor numa mentira antes de decidir me seguir.
Preciso manter a calma e convencê-la que não sou nenhuma ameaça para ela. Porém, não consigo pensar em nada. Na posição dela, eu também acharia as verdades que acabei de explanar como suspeitas.
— Eu planejava avisar que estava aqui, mas primeiro queria confirmar que este “esconderijo” era mesmo seu, sinto muito. Infelizmente cometi aquele deslize e estamos nesta situação desagradável agora.
Ao terminar de proferir a minha defesa, sinto uma brusca aceleração movimentando meu corpo para baixo. De modo que agora estou com meu rosto pressionado contra o chão. Por uma questão de muita sorte, não há nenhum entulho cortante nesta superfície em que meu rosto está sendo esmagado.
Mas que droga ela está fazendo? O que eu fiz de errado? Acredito ter seguido suas ordens piamente.
— Seja mais cuidadoso com o que fala. Isto que você disse foi uma ofensa sem tamanho — fala enquanto pisa em minha cabeça.
— Quê?! Quando foi que a ofendi?!
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O que eu disse demais? Não falei nada que poderia ser ambíguo ou no mínimo distorcido.
— Quem você pensa que eu sou? Uma completa amadora? Acha que eu percebi que você estava me seguindo somente depois de ouvir o ruído do vidro? Poupe-me, eu sabia antes mesmo de você entrar no bloco. Se cometer outro deslize, sua punição não será gentil como esta.
Entendo. Então eu feri o seu “orgulho”. Céus, que garota complicada. Talvez seja até mais do que a Mikoto.
E você chama isso de punição gentil? Esta garota é uma completa sádica. Francamente, como devo lidar com alguém assim?
— Desculpe-me pela insensibilidade, agora pode, por favor, parar de pisar em minha cabeça, Ailiss? — pergunto.
É mais desagradável do que parece, está realmente me machucando. Quem diria que uma garota tão bela possuiria tanta força assim?
— Ai!
Ela aumenta a intensidade da força. Sinto como se estivesse sendo esmagado por uma prensa hidráulica, é só uma questão de tempo para meu crânio explodir. A cada vez que eu tento me desculpar, a minha situação piora. Por quê?
— Eu te falei meu nome em alguma instância? — Ela pergunta com a voz inexpressiva.
Ah, então foi por isso.
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Mas pensando bem… por que a chamei assim? Foi algo que saiu naturalmente, como se eu já me referisse a ela desta forma há anos. O que reforça mais ainda esta impressão que tivemos de nos conhecer. Mas estranhamente não me recordo de alguma vez ter conhecido alguém com este nome.
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