Capítulo 39: Deste modo, Johann Geistmann dá início à investigação. (2/2)
5º Dia
07h35
Saio cedo do dormitório e vou diretamente ao meu encontro com Keiko e Ailiss para evitar futuros problemas. Porém, na hora surge um detalhe em minha cabeça que deveria ter aparecido antes: Onde vamos nos encontrar?
Mesmo tendo saído um pouco adiantado como de costume, este imprevisto irá me ferrar completamente. Dura do jeito que ela é, Ailiss não tolerará um mísero microssegundo de atraso.
Caso eu me encontre com Keiko antes de avisar Ailiss, estarei em maus lençóis por estar atrasado. E noutro caso, ela provavelmente se irritará de eu não saber ainda onde nos encontraremos com Keiko.
A solução menos desagradável talvez seja procurar por Keiko o mais rápido possível e então adiar a punição que receberei. Porque assim também não atrapalhará muito os meus planos em relação ao Takashi.
Acelero o meu passo e vou até as proximidades do conselho estudantil, local no qual Keiko geralmente está trabalhando. Tomo todo o cuidado para não me dar de cara com Takashi.
Caramba, onde ela está? Será que precisarei perguntar para algum membro do conselho? Não queria deixar nenhum registro que estive por aqui, mas parece que não terá outra forma.
Quando estava prestes a desistir de procurá-la, a avisto sentada em uma das escadarias do bloco principal. Ela está com a cabeça baixa e um olhar perdido.
— Keiko — aproximo-me dela e chamo sua atenção.
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— Ah, sim — assusta-se.
Pelo seu rosto não deve ter dormido nada. Bem, sua melhor amiga acabou de morrer, e pelos seus olhos levemente inchados julgo que provavelmente passou a noite toda chorando por essa perda inesperada.
Ela está acabada, porém ainda vejo um resquício do que plantei ontem à noite. Em meio a toda essa tristeza, há um fluxo de raiva. O sentimento de justiça ainda manifesta-se em seus punhos cerrados. Não é uma garota fraca, ela quer compensar isso de alguma forma.
— Podemos falar agora? — pergunto.
— Sim, desculpe-me. Eu estava tão distraída que não percebi que já estava no horário de nosso encontro. Também acabei não me lembrando de onde devia encontrá-los — reverencia.
— Isto foi um erro meu, pois me esqueci de avisá-la deste detalhe.
— Então, o que gostaria de saber em específico?
— Isto eu posso detalhar daqui a pouco, há assuntos mais importantes no momento. Primeiro vamos nos encontrar com a Ailiss, ela deve estar com seus olhos vermelhos em chamas agora por ter passado das oito horas e eu não ter dado nenhuma notícia.
— Realmente, se eu fosse você iria correndo avisá-la, acho aquela garota pra lá de assustadora. Diria que rivaliza muito bem com a Kaichou, então não quero deixá-lo encrencado com ela — sorri forçadamente.
— Nesta altura do campeonato, não estar encrencado é impossível.
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— Certo, onde ela está? Vamos logo antes que a sua situação piore.
Iria assentir, porém veio-me algo na cabeça: Cautela.
— Pensando bem, acho melhor você esperar aqui. Vou buscá-la, e volto rápido… A não ser que ela decida me punir.
Ela provavelmente está esperando no esconderijo, e não seria nada inteligente levar alguém lá. Não que eu esteja desconfiado de Keiko, mas é uma questão de precaução. Quanto menos pessoas souberem sobre aquele ponto, melhor.
— Boa sorte, eu acho — responde um pouco assustada.
— Obrigado, irei precisar… e muito — respondo e deixo o local.
Vou correndo, como se a minha vida dependesse disso, até o prédio antigo e desço ao porão tomando todo cuidado para não ser seguido.
Lá estava ela de braços cruzados e claramente impaciente. Como eu previ, suas íris vermelhas podiam simular perfeitamente as chamas do inferno me queimando lentamente.
— Desculpe o atraso, eu tive alguns imprevistos. A Keiko está esperando pela gente — falo ofegante e sorrio forçadamente na esperança de que ela adie qualquer punição.
— Vou deixar mais essa passar, mas apenas porque perderia mais do meu precioso tempo te castigando — responde-me friamente.
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Ela levanta-se da cadeira e então percebo algo mais inesperado do que o seu perdão e qualquer outra manifestação sobrenatural. Nem a visão que tive da Morte me chocou tanto quanto isso.
Saias e meias-calças? Ela está realmente vestindo isso?!
Esfrego meus olhos para confirmar que estou enxergando bem. E de fato, tudo indica que não seja um sonho ou um delírio de minha cabeça, ela está mesmo trajando essas roupas.
No entanto, ontem mesmo ela falou que se negou veementemente a usar tal uniforme.
Ela percebe a minha reação de espanto e pergunta incomodada.
— O que está olhando? — cerra os olhos.
— N-não, n-nada — gaguejo.
Nem percebi, mas acho que fiquei parado e a encarando igual a um idiota. Fui pego de surpresa, jamais esperaria que ela seguisse o meu comentário sem finalidades.
— Vamos. Ande logo, não tenho o dia todo.
Todavia, prefiro não tecer nenhum elogio, isso já seria abusar da sorte que tive.
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Pensando melhor, imagino que ela possa ter sujado ou rasgado as calças e acabou apelando para as vestimentas reservas contra a vontade.
Deixamos o esconderijo e nos encontramos com Keiko no bloco principal.
— Ah, então você conseguiu sobreviver? — Keiko pergunta ao nos avistar.
— Na medida do possível. Bem, vamos a algum lugar mais reservado para prosseguir com a conversa — respondo.
Ela assente e em seguida nos movemos para alguma sala aleatória de um bloco vizinho.
Chegando a sala, Ailiss escora-se em uma das paredes e assim como solicitei deixa-me responsável por extrair as informações de Keiko.
Nós dois nos sentamos sobre as carteiras escolares desta sala e sem enrolar mais, vou diretamente ao assunto.
— O vice-presidente, Takashi. O que você pode nos dizer a respeito dele? Mais especificamente de suas atitudes nos últimos dias — pergunto.
08h49
— Isso é tudo que posso afirmar com um pouco de embasamento. Apesar de estarmos no conselho, não é como se eu fosse muito ligada a ele, foram poucas vezes que tivemos conversas em particular e todas se resumiam a tarefas do conselho em si. Acho que a Kaichou poderia dizer mais detalhes de uma possível mudança de comportamento, pois provavelmente ela é a pessoa mais próxima dele.
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Não quero apelar para a Mikoto, não agora. Além de sua repentina transição ditatorial, acredito que não verá com bons olhos eu ter me juntado à sua suspeita.
— Já chega dessa enrolação. Não vamos a lugar algum desta maneira — comenta Ailiss.
Ailiss permanece impaciente com a falta de progresso neste protótipo de interrogatório. Daqui a pouco ela pode surtar e ir para cima de Takashi direto.
Ela dirige-se até nós, olha para mim e conclui.
— Mistkerl, eu assumo a partir daqui — ordena-me grosseiramente.
Desde que ela não decida fazer nenhuma loucura, não pretendo protestar. Fique a vontade para buscar outro meio de confirmar a identidade do assassino.
— “Mistkerl”? O que é isso? — Keiko cochicha em meu ouvido.
— É em alemão, nem queira saber o que significa — respondo.
Encara-me intrigada, contudo acaba assentindo. Em seguida, volta-se para Ailiss e pergunta.
— Tem algo em mente? “Feuerstein-san”? — pronuncia com dificuldade o sobrenome de Ailiss.
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Aparentemente Ailiss não se incomodou com isso e segue com a conversa.
— Liste todos os locais, especialmente os envolvidos com armazenamento, nos quais apenas o conselho estudantil possui acesso. Pela minha experiência, presumo que em algum destes lugares deve residir o método usado para as primeiras mortes.
Seguindo o método de Ailiss, não demorou muito para chegarmos a algumas salas com armários trancados.
— O que tem aí dentro? — pergunta Ailiss.
— Meu palpite é que sejam produtos de limpeza, mas não tenho certeza — replica Keiko.
— Abra-os, vamos dar uma olhada.
— Eu não tenho as chaves deles. Provavelmente só os funcionários tinham, talvez estejam com a Kaichou agora.
— Neste caso, teremos que recorrer aos meus métodos — chuta a trava com toda a força.
Arrombamos um a um, todavia na maioria dos casos havia apenas utensílios que não nos interessavam.
Após ela quebrar uma quantidade significativa de armários, senti-me incomodado. Acredito que se continuarmos fazendo tanto barulho nesta hora da manhã, será uma questão de tempo até sermos flagrados.
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— Isso não se enquadra em depravação dos bens públicos? — pergunto.
Ela ignora minha colocação e arromba mais um armário. Em seguida, como de costume, agacha-se e verifica o que há dentro.
— Aqui está — nos avisa.
Abaixo-me ao lado dela e vejo frascos e mais fracos. Porém, há um detalhe interessante, pelo rótulo parecem ser venenos utilizados para a jardinagem.
— Mas você tem certeza que o veneno utilizado foi deste tipo? — pergunta Keiko.
— Normalmente seria difícil de saber, precisaríamos enviar a um laboratório e solicitar uma perícia. Mas, o usuário foi descuidado e deixou escorrer um pouco da substância de um dos frascos. Disto pode-se concluir que foi usado recentemente — Ailiss replica.
Se nem um membro da alta cúpula do conselho como Keiko possuía acesso a isso, a lista de suspeitos decai drasticamente. Somente Mikoto e Takashi teriam as chaves para o armazém dos funcionários.
Creio que possuímos argumentos o suficiente para convencer a Mikoto. Agora basta apresentar o que descobrimos para ela e prensar o assassino contra a parede.
— Espere, mas este veneno não deveria ter gosto ou cheiro? E um veneno de jardinagem seria forte o suficiente para matar alguém de forma tão rápida?
— São questionamentos válidos. Mas lembre-se de que o assassino tem um deus da morte ao seu lado.
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