Capítulo 4: Como esperado, Yoshida Miyu está preocupada. (1/2)
O que eu acabo de ouvir?
Keiko morreu?
Isso significa que alguém começou a agir? Todavia é apenas o começo do segundo dia… Droga, não esperava que fosse tão rápido. É muito pior do que eu poderia imaginar.
Não.
A quem estou querendo enganar? Eu sempre soube que isso viria acontecer. No momento em que as regras do jogo foram decretadas, isso se tornou uma fatalidade. Era improvável que os outros dois jogadores selecionados decidissem esperar pacientemente pelo fim do jogo, assim como eu, e desta forma porem suas vidas em risco.
— Ela morreu?! Como ela morreu? — questiona Shou assustado.
— No momento em que fui informado do caso, ainda não haviam descoberto a causa da morte — faz uma pausa para respirar e continua — No entanto suspeita-se de que foi assassinato.
— O QUÊ?! E já acharam o culpado?! — Shou exalta-se.
— Acabei de dizer que ainda mal sabíamos a causa da morte — vira-se para a saída do dormitório — Mas vamos para lá agora, pois deste modo vocês irão saber de mais detalhes no local do incidente.
Dificilmente o encontraremos tão facilmente. Pois estando presos neste ambiente não possuímos quaisquer recursos de investigação. Se o jogo ainda não foi encerrado, tanto para seu azar quanto sorte, significa que ele atacou o alvo errado.
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06h35
Eu já havia visto defuntos em funerais diversas vezes, porém o impacto de ver um corpo que acabara de morrer é totalmente diferente, algo ultrajante. Se eu me concentrar apenas um pouco, posso ver o odor obscuro que rege seu corpo, como um lamento de uma maldição lançada ao mundo por sua injusta e forçada partida.
Kobayashi Keiko realmente foi envenenada. Alguma hora ou outra virão atrás de mim e quando esta hora chegar não sei se terei condições de reagir. Provavelmente terei o mesmo fim da garota que jaz em minha frente.
— Johann-kun! — escuto me chamarem.
Miyu aproxima-se de mim ao me ver na entrada do dormitório feminino.
— Sabe de mais algum detalhe do incidente? — pergunto.
— Não, tudo que sabemos foi que ela foi envenenada. Também só fomos reparar o que aconteceu quando Natsuki tentou acordá-la e não obteve resposta — vira o olhar de modo amargo.
E falando nela…
— Kei-ko. Por que Keiko? — A garota está encostada em um canto da sala chorando e murmurando o nome da amiga.
A figura encolhida transparece toda sua insegurança como um pequeno animal que acabara de perder seu tutor.
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Haruki está próximo dela com uma garrafa d’água e lenços.
— Calma Natsuki-chan, a Kaichou e o Takashi-san vão achar o culpado. Pode ter certeza disso — força um sorriso e tenta consolá-la.
Como se efetuar a justiça fosse a trazer de volta…
A atmosfera que até alguns segundos estava sufocante de tão densa, sofre uma leve queda de pressão. Uma presença reconfortante chega ao local, não poderia ser outra pessoa senão ela.
— Kaichou!
— Yukihara-senpai!
As garotas que estavam completamente apavoradas parecem ter revigorado parcialmente o seu ânimo.
— Eu já comuniquei a todos os dormitórios sobre o ocorrido. Vós podeis ficar tranquilas, o conselho definitivamente achará o culpado. Assim como nós, ele está preso neste espaço, portanto é meramente uma questão de tempo para que a justiça seja feita — discursa com o rosto inexpressivo.
E em meio à desesperança, a única coisa que podem fazer é depositar todas as suas crenças nesta suposta salvadora.
— Confiamos em você Kaichou! — uma delas responde.
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Além da chegada da rainha à região, outro evento se sucede em meio à sua plebe. Algumas meninas fuxicam entre si sem nenhuma consideração a quem ocupa a mesma sala.
— Definitivamente foi algum garoto, ele deve ter sido rejeitado por ela e quis se vingar.
— Sim, eu também acho — outra responde em risadas.
O ego desse tipo de gente gira a base de fofoca alheia. São como hienas ou corvos que precisam se alimentar da carniça deixada por outros animais. É difícil acreditar que não estejam cientes da provocação evidente que estão causando.
— Parem de jogar a culpa na gente! Pode ter sido uma garota com inveja dela também! — exclama um garoto que chega à cena do crime.
Chegamos a este ponto tão rápido? Sendo os três jogadores alunos comuns do ensino médio, provavelmente só perderiam o receio de assassinar alguém quando o tempo estivesse escasso. Entretanto ele agiu rápido demais, e de brinde conseguiu colocar uns contra os outros.
O bate boca prossegue até que a presidente manifesta-se para acalmar os ânimos de todos. A presença dela é realmente impressionante, somente o seu olhar frio é o suficiente para conseguir calar a todos.
— É cedo demais para afirmar qualquer sentença. Vós estais a proclamar acusações muito sérias uns aos outros, então vos pergunto, possuís algum respaldo nas vossas respectivas denúncias? Qualquer falsa testemunha é imperdoável, trata-se de um grave caso de difamação caluniosa, portanto pensais duas vezes antes de falar.
Ninguém se dispôs a retrucá-la. Então, a presidente após uma pequena pausa, ao constatar que todos se mantiveram calados, conclui seu recado.
— Como imaginei, em todo o caso, o Tanaka-kun já começou os preparativos para a investigação. Então mais uma vez peço a vós, tenhais mais um pouco de paciência e não tomais atitudes imprudentes que possam causar desordem, pois estamos numa situação muito delicada.
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Todos ficam olhando estáticos para ela, e assentem com a cabeça.
Eu realmente gostaria de entender como funciona essa aura de liderança que alguns possuem. E no caso dela, é algo que deve se ver em um caso dentre um milhão.
— Eu não disse que ela tinha uma alma 2D? — Manabu cochicha no meu ouvido.
Olho para o outro lado e vejo Miyu com os olhos brilhando enquanto observa a presidente.
— A Kaichou é demais, não é?
Que tipo de lavagem cerebral que o conselho estudantil fez nos estudantes?
Não posso desviar minha atenção com algo tão trivial. Alguém foi assassinado, em outras palavras o jogo oficialmente se iniciou. E por mais espetacular que ela seja, não será a presidente que conseguirá parar a paranoia que isso vai resultar.
09h11
Após algumas horas do ocorrido, o ambiente continua inquieto e rodeado de murmúrios. Parte dos alunos está mais uma vez dividindo-se em grupos com a finalidade de confirmar suas respectivas opiniões de que o culpado é justamente algum membro de uma tribo inimiga.
A presidente e o vice-presidente estão fazendo todo o possível para manter a ordem. Desde o acontecimento de hoje cedo, não pararam de trabalhar por um instante sequer.
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Entretanto, o conselho deve estar muito fragilizado após terem duas perdas tão rápidas. Na verdade dá para dizer que foram três, visto o estado em que Natsuki se encontra. Ela está tão abalada com a morte da amiga que não pode ajudar em nada no momento. No fim está mais atrapalhando, por estar desviando a atenção de Haruki para confortá-la, do que ajudando em alguma coisa.
E com esse vácuo criado dentro do conselho, a presidente precisa suprir o papel dos outros quatro principais membros.
— Preocupado, Jocchi?.
— E por que eu estaria, Manabu? Acredite, estou numa posição muito mais segura que a de vocês.
Manabu e Shou sentam-se ao meu lado.
Shou abre uma lata de refrigerante, ingere um gole e então me responde.
— Eu estaria se fosse você — estende-me outra lata.
Aceito a sua oferta e respondo enquanto a abro.
— De fato, eu sou um excelente alvo para encerrar o jogo, mas ainda não há desespero o suficiente para alguém abdicar da própria vida me matando.
Para falar a verdade, já não tenho tanta confiança nisso. Não pude prever que um assassinato surgiria logo no segundo dia. Ainda mais se tratando de uma jogada tão simples como essa.
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— Ei, vocês dois. Por que vieram atrás de mim para começo de conversa?
Shou larga sua lata de refrigerante, olha para cima e cerra os olhos tentando rememorar o motivo.
— Hmmm… Deixe-me ver. Eu acho que foi… Ah, lembrei. A Miyu-chan estava preocupada com você e não estava te achando em lugar nenhum. Aí estávamos ajudando ela a te procurar.
— Exatamente. Mas logo após avistá-lo tão pensativo aqui no saguão, desvirtuamos o assunto da conversa e nos esquecemos completamente da nossa missão — completa Manabu.
Gostaria de dizer “só por isso tive a minha paz perturbada?”. No entanto, é o que normalmente acontece.
E falando no Diabo… Lá está ela olhando de um lado para o outro, e tentando se locomover em meio a este saguão lotado pelo recém-discurso da presidente.
Como ela não está conseguindo nos avistar, Manabu e Shou começam a acenar e então ela fixa o olhar para cá. A expressão no seu rosto inicialmente parecia ser de alívio, e gradualmente tornou-se zangada.
Está vindo em nossa direção, acelera o passo, parece que vai falar algo.
— JOHAN-KUN! Você não podia ter sumido desse jeito! Achei que alguma coisa pudesse ter ocorrido. Fiquei preocupada — lança uma sequência de exclamações.
— Por favor, fale mais baixo. Você está chamando atenção. Todavia, não entendo o porquê de tanta preocupação, se eu tivesse sido abatido você saberia na hora, já que o jogo se encerraria, não?
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Ela recompõe a compostura para nos mantermos discretos e replica.
— É… mas não importa — cruza os braços e desvia o olhar — Você deveria ter dito aonde ia.
— Não me leve a mal, mas isso é problema meu — respondo grosseiramente.
— Não, é problema meu também — se atrapalha — E… do Manabu-kun e do Shimizu-kun também. Afinal, somos todos amigos! E devemos cuidar uns dos outros!
— Eu concordo contigo Miyu-chan, mas por que apenas eu sou chamado pelo sobrenome? — Shou se expressa um pouco indignado.
— É… — Miyu cora e balança as mãos como negação.
Miyu fica sem resposta.
Aí está outro ponto de choque cultural que sofri ao chegar aqui: Dar tanta importância ao modo que se referem um ao outro. Acho que posso aproveitar-me disso fazendo o favor de saciar a dúvida dele e ao mesmo tempo desviar o assunto da conversa.
— Ora, não é óbvio? Simplesmente para não parecer que vocês dois estão saindo — comento.
Shou franze a testa desentendido e responde.
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— Hã? Como assim? E isso por acaso só conta para mim? O mesmo vale para você e o Manabu! — aponta para Manabu.
Manabu que havia se distraído com um mangá reage ao seu nome ser mencionado.
— Quê? O que tem eu?
Parece que tive sucesso, já deixei de ser o foco da discussão.
Preparo-me e então inicio a explicação de uma teoria que acabo de elaborar em minha cabeça.
— Não, você está equivocado. Por exemplo, veja o caso do Manabu. Ele está em uma realidade paralela, vive uma vida dedicada ao seu fantasioso mundo 2D, alguém em sã consciência sequer cogitaria que ele está inserido em um relacionamento. O meu caso é análogo, sou tão fechado para relacionamentos que jamais ponderariam isso, apenas pensariam que ela me chama pelo primeiro nome pela dificuldade de pronunciar o meu sobrenome estrangeiro.
Miyu aparenta estar aliviada e agradecida olhando para mim. Apesar de estar transparecendo que ela jamais pensaria em tais argumentos para se justificar a Shou.
— Hmmmm… — cruza os braços e olha para baixo — Até que você tem um bom ponto — admite Shou após refletir por alguns segundos.
É sério que ele engoliu tão facilmente essa desculpa que eu acabei de inventar?
Manabu também parecia estar concordando com tudo até tocar-se de algo que eu disse em meio à minha defesa.
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— Ei! Pera aí! Meu mundo 2D não é fantasioso! — protesta.
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