Capítulo 41: As respostas podem não ser as ideais. (2/2)
17h48
Vamos mais uma vez até Keiko, a qual nos relata o que mais pôde perceber de dentro do conselho após o espetáculo que foi a assembleia desta manhã.
— Basicamente isso. Do que eu pude notar, Tanaka-senpai não apresentou nenhuma mudança significativa, continuou agindo na mesma suposta “estranheza” que agira nos últimos dias. Na verdade, quem parecia estar diferente, era a Kaichou.
Aquela discussão com Ailiss deve ter afetado as duas negativamente, acredito que tenha sido a primeira vez na vida que Mikoto foi confrontada a pé de igualdade.
— Você acha que a Mikoto pode estar agindo desta forma ditatorial, pois está sendo ameaçada pelo Takashi? — pergunto.
— Dificilmente, mesmo agora posso perceber a ordem de hierarquia convencional entre eles, Tanaka-senpai continua a tratando com respeito e em contrapartida ela persiste em menosprezá-lo. Se ele for mesmo o culpado, acho que a Kaichou esteja apenas sendo negligente.
Mikoto é esperta, esperta ao ponto de descobrir facilmente que sou um jogador. Pensando bem, acredito que ela já estivesse ciente a respeito de Takashi antes mesmo do que eu.
Talvez ela esteja apenas agindo de modo dissimulado para enganar Takashi, e desta forma conseguir uma brecha para derrubá-lo. Sim, ainda há uma possibilidade de ela estar colaborando conosco em segredo, aquela estranha fala dela no nosso encontro pode evidenciar isso.
— Tá, isso pouco importa. Já que não posso correr o risco de simplesmente atirar nele, pois a chance dele ser um jogador não é pequena. Apenas precisamos saber as rotas gerais que eles tomam, para então surpreender o vice-presidente bundão e apagá-lo — explana Ailiss impaciente.
De certa forma ela está certa, não estamos ganhando nada com uma investigação pura.
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— Ailiss tem razão, precisamos começar a agir. Por hora façam o seguinte — passo as ordens individualmente — Keiko, prossiga de olho no conselho estudantil como um todo. Manabu, vá para o dormitório masculino e vigie Takashi do ponto de vista de um estudante comum de seu dormitório. Preciso que descubra os trajetos que ele toma para fazermos uma emboscada. Miyu, faça o mesmo que Manabu, mas com a Mikoto. Quero evitar que ela esteja presente durante o nosso ataque, pode ser algo problemático.
— Entendido! — Manabu bate continência.
Ele de fato possui uma imaginação fértil. E com isso definitivamente entrou no papel de soldado. Bem, desde que ele siga as instruções com tanto empenho que imita o personagem, não há do que reclamar.
— Yoshida-san, o seu amigo tem um parafuso a menos, né? — pergunta Keiko.
Miyu e Keiko também assentem com as ordens e então os dispenso.
E por fim me dirijo a Ailiss que estava rindo levemente. Não é uma ação muito comum dela, presumo que seja da empolgação de Manabu com a investigação.
— Enquanto eles ficam de guarda, podemos decidir qual tipo de abordagem tomaremos para apagar Takashi sem matá-lo.
Além de apagá-lo, também precisamos decidir o que fazer com ele caso de fato seja um jogador.
— Eu deveria puni-lo por passar ordens em meu lugar sem permissão prévia — suspira — Entretanto, deixarei passar mais essa.
Como Ailiss concordou com minha decisão de ofensiva, assim começamos os preparativos para o dia seguinte.
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20h22
Caso Takashi de fato seja o terceiro jogador, Ailiss não pode simplesmente baleá-lo. O que implica na necessidade de capturá-lo vivo, o que não será uma tarefa fácil, visto que o próprio está com a posse de uma metralhadora roubada de Ailiss.
Neste momento deveríamos fazer o quê? Sentar e planejar em conjunto possíveis estratégias? Trabalho em equipe? Nada disso.
Já anoiteceu e ela permanece olhando para o além de forma pensativa. Quando tentei tocar no assunto recentemente fui surpreendido por um grande “cala a boca”.
A repreensão que tive mais cedo também demonstra que não posso deduzir que ela não precisa de mim e ir embora. Neste caso, como aparentemente não há nada com que eu possa colaborar, vou apenas sentar e aguardar.
Subo em cima de uma estante de livros próxima a parede e desta forma consigo sentar próximo a uma das altas janelas deste porão. Fico observando os flocos de neve caindo vagarosamente do céu como um passatempo.
Já estou bastante acostumado com isso. Sentar e esperar nunca foi algo tão problemático para mim. Foi exatamente assim, acompanhado de uma janela, que passei o maior tempo da minha infância.
Dependendo da ocasião, poderia ter à minha frente um céu azul, um céu estrelado, nuvens ou gotas de chuva. Mas sem dúvidas, a neve sempre foi o que mais me entretinha.
Quem sabe eu deva deixar a profissional cuidar disso e apenas seguir ordens. Até que não é uma ideia tão absurda assim, não possuo nada de especial para colaborar, apenas veio a calhar que eu me tornasse um jogador.
— Ei, Mistkerl — sou surpreendido pela voz dela.
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Ela conseguiu pensar num plano sozinha? Até que foi rápido. Neste caso devemos começar os preparativos agora mesmo.
— Diga — respondo olhando para baixo.
— Não está com medo? — para próxima a estante na qual estou sentado.
Hã? Por que esta pergunta assim do nada? Achei que fosse meramente me passar as ordens referentes ao plano que estava elaborando.
— Medo? Você está falando especificamente do quê? Do assassino ou do jogo em si?
— Pergunto no geral mesmo. Até então você vivia uma vida normal, nunca esteve em contato com este tipo de problema. Mas foi jogado neste ambiente sobrenatural e obrigado a participar ativamente, não está com medo de morrer nesta realidade? — sobe a estante e se senta ao meu lado.
Ela está preocupada comigo? Confesso que esta é a última coisa que eu esperava ouvir, justamente pela forma como estabelecemos a nossa aliança.
— Com certeza eu estou bastante assustado, mas puramente devido a meu instinto de sobrevivência. Se eu parar para ponderar as coisas racionalmente, já não me importo muito — vislumbro seu rosto na penumbra — Sabe, eu não sou uma pessoa de muitos sonhos ou objetivos na vida, então normalmente encaro a ideia da minha morte com certo desdém. Contudo, estranhamente comecei a me interessar pela identidade do assassino e pelo funcionamento desta dimensão e só agora percebo que há uma última coisa que quero cumprir.
Assim como eu, ela passa a vislumbrar a branquitude e pureza dos flocos de neve desprendendo-se da escuridão do céu.
Ainda olhando para fora, ela pergunta.
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— Você realmente quer entender sobre este ambiente?
— Não há o que me intrigue mais do que esta realidade sobrenatural. Afinal de contas, algo assim provavelmente implicaria em toda uma reformulação da física como conhecemos.
— Bem, eu posso contar o que sei sobre ela. Estava pensando que dá-lo uma ideia geral sobre isso poderia o tornar mais prestativo.
E eu estava começando a pensar que ela decidiu puxar conversa por ter criado um pingo de apreço pela minha pessoa.
— Está dizendo que atualmente sou inútil? Em todo caso, conte-me, por favor.
— Você acredita em magia negra? — para de contemplar o céu, olha para mim e pergunta com sua voz sombria.
É um termo bem inusitado de se ouvir. Contudo, não posso dizer que estou surpreso. Alguém esperaria outra coisa que não fugisse do misticismo?
— Normalmente eu diria que não. Porém, tendo em vista tudo o que passamos nos últimos dias, eu acreditaria piamente se você alegasse ser algo real. Neste ponto, tudo o que você contar eu acabarei assumindo como verdade.
— Então, infelizmente é real e este jogo é fruto de uma magia negra fortíssima. Trata-se de um contrato com a personificação da Morte, o qual possivelmente foi feito há milênios por um ancestral do conjurador deste jogo.
Sei… personificação da Morte. Então era aquilo que vimos ceifar o professor no primeiro dia.
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— As regras do jogo são bem claras e fáceis de entender, então não vou me adentrar nelas, até porque elas já lhe foram informadas de certa forma. Logo, é mais interessante você entender a natureza desta conjuração. A qual se resume em um feiticeiro cuja magia isola uma região do espaço-tempo, prendendo a si e demais pessoas que estão próximas do ponto do ritual — volta a fitar para fora e prossegue com sua explicação.
— É até um pouco irônico ouvir o termo “espaço-tempo” numa discussão tão pouco científica como esta. Mas qual o ponto chave de você estar me contando tudo isso? Do ponto de vista de um leigo como eu, estas informações parecem ser meras curiosidades. Há algo que eu possa ajudá-la tendo em mente estes detalhes? De que forma isto me tornaria mais prestativo?
— Você não reparou? Há algo de muito bizarro neste jogo. Características que vão além das regras, as quais a princípio nem deveriam ter sido mencionadas. Aqueles alto-falantes foram a maior anomalia de todas, é um evento que nunca havia presenciado antes.
Anomalia… É a exata mesma palavra que me veio à cabeça para descrever estes acontecimentos estranhos que venho notando.
— Sim, eu percebi certo desvio comportamental nos demais estudantes, e algumas coisas estranhas até no meu padrão de raciocínio. Contudo, qual o problema com os tais alto-falantes especificamente?
— Digamos que não seja a minha primeira vez dentro de um jogo destes, então posso afirmar que aquilo não deveria estar presente. Sou uma assassina profissional, lembra-se? E o meu tipo de alvo são exclusivamente conjuradores deste tipo de jogo. Já rodei o mundo atrás de feiticeiros, bruxas e sacerdotisas. Até o presente momento, obtive sucesso em matar três deles, sendo que em duas instâncias precisei participar do jogo.
— Você participou dessa loucura por duas vezes? É algo impressionante, fico aliviado em saber que tenha experiência nisso. Mas agora que tocou no assunto, eu venho pensando bastante no que iremos fazer após capturarmos o terceiro jogador, então posso saber como você se livrou do jogo nas outras vezes?
— A resposta não é a mais moral de todas e provavelmente algo do qual não gostaria de ouvir. Mas a ideia é bastante simples: Bastava obrigar alguém a assassinar um dos jogadores que eu tivesse capturado, normalmente o próprio conjurador.
Entendo… Realmente não é uma solução muito bela.
No último caso é necessário forçar um inocente a se sacrificar.
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