Capítulo 48: Por isso, Johann Geistmann se prepara. (2/3)
12h33
Aqueles idiotas nos atrasaram cinco minutos, e no fim acabei precisando do suporte de Ailiss para os dois últimos. Ambos devem ter sofrido mais nas mãos dela do que os baleados.
Do ponto de vista técnico, também não conseguimos muita coisa, pois eles não sabiam informar nada de novo, disseram a mesma coisa que o último grupo nos atacou. Somente estavam atrás de nós por sermos jogadores.
Felizmente ou infelizmente o atraso que nos proporcionaram não afetou em muita coisa, pois Manabu, Miyu e Shou estão muito mais atrasados. E Ailiss está ficando bem zangada com isso, como a própria havia premeditado. Ainda bem que fiz ela retirar a consequência da surra que eu levaria.
— Que estranho eles ainda não terem chegado. Eu tenho certeza de que os avisei que nos encontraríamos neste horário. Será que eu deveria ir procurá-los? — comenta Keiko olhando os arredores.
— Não esquente com isso. Eles não têm um bom histórico de pontualidade, especialmente por causa do Shou — digo.
— Você sabia e mesmo assim insistiu em chegar no horário? — a profunda voz de Ailiss faz questão de passar seu descontentamento.
— Eu esqueci-me de avisar a Keiko sobre esta eventualidade no ginásio, então achei que seria sensato não deixá-la esperando sozinha. Por isso sugeri que viéssemos mais cedo, mas no fim você concordou comigo, não lembra?
— Sim… eu me lembro — responde com os olhos em chamas e cerrando os punhos.
Está escancarada nas entrelinhas a seguinte sentença: “Se você tocar neste assunto em público, eu vou quebrar todos os ossos de seu corpo”.
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— Vejam! Eles acabam de chegar — alerta Keiko apontando para os três que se aproximam.
Os três chegam esboçando reações distintas. Manabu e Miyu aparentam estar pressentindo a enrascada em que se meteram por causa do atraso. Já Shou, como teve menos contato com Ailiss, aparece sorridente como se nada tivesse acontecido.
— Estão atrasados… meia hora — Ailiss os recebe de mau humor.
— Sinto muitíssimo, tivemos alguns problemas — Miyu desculpa-se e desvia o olhar para Shou enfatizando o motivo.
— Se sentem muito mesmo, paguem uma flexão por minuto atrasado — Ailiss descansa o rosto em seu punho.
Os três afastam-se dois passos assustados com a terrível aura que Ailiss emana. Até Shou, o ser mais imprudente do mundo, foi capaz de se sentir acuado com ela.
— Calma, foram apenas trinta minutos. Não é o fim do mundo, certo? — Shou comenta suando frio.
— Trinta e cinco minutos para ser mais exata.
— Não sejamos tão rudes com eles, certamente houve um motivo relevante para o atraso. Imprevistos acontecem. Certo, Yoshida-san? — Keiko sorrindo tenta apaziguar o clima.
Não importa o quão sensato seja a motivação que contrariou suas expectativas, ela simplesmente não aceitará.
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— Bem, sim… Errr… Como posso dizer?… — tenta responder toda sem jeito.
Então Manabu a corta e responde diretamente a questão, sem um pingo de vergonha.
— É que o Shoucchi estava soltando um barro.
Miyu e Keiko ficam vermelhas como um tomate ao ouvirem as palavras de Manabu.
— Cara, não era pra dizer uma coisa dessas na frente das garotas! Manabu, seu imbecil, você está queimando a minha reputação! — Shou o segura pela gola.
— Desculpe Shoucchi! Solte-me, por favor! — responde enquanto é sacudido pelo amigo.
— Manabu-kun, não diga uma coisa dessas de repente! — reclama Miyu.
— Preferia nem ter perguntado… — comenta Keiko com a mão no rosto.
Viro-me para o lado e vejo Ailiss encarando a situação estaticamente.
Ela não deveria ter ficado irritada? Realmente não dá para prever a mudança de humor dela.
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— Bem, eu já estou acostumado com os dois fazendo esse papelão, mas me surpreende que você não tenha reagido a isso — digo a Ailiss.
Ela olha para mim de forma desentendida e diz.
— Não conheço esta expressão. Então não entendi o que ele estava fazendo.
Como ela não teve muito contato com o idioma de modo informal, provavelmente deve ter levado a frase ao pé da letra, então realmente ficou desconexo.
— Prefira não saber, acredite em mim.
Depois da recepção não tão agradável dos três atrasados, finalmente começamos a discutir sobre como poderíamos passar por todos os estudantes que estavam servindo a Mikoto.
A desordem causada por Keiko terá um efeito maior em grande escala. No entanto, a guarda de Mikoto não se dissipará para brigar contra os revolucionários e focará somente em sua segurança.
— Eles estão cada vez mais hostis. Ailiss e eu fomos atacados duas vezes por eles hoje — comento.
— Sabem se há alguma razão em especial para que eles tenham feito isso? — pergunta Keiko.
Acho que não há problema algum em tocar neste assunto com Keiko.
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— Porque Ailiss e eu somos jogadores. E provavelmente Mikoto espalhou isto pela escola toda.
— Imaginei que fosse o caso. Apenas queria confirmar se estes rumores eram verídicos, mas realmente pude constatar esta informação em algumas rodas de conversas.
— Sobre isto… — Miyu manifesta-se um pouco hesitante — temo que seja minha culpa.
— Sua culpa? Como assim? — pergunto.
— Ontem eu decidi contar sobre você para o Manabu-kun e o Shimizu-kun, pois não achava justo que eles não estivessem cientes da sua situação. E aparentemente algumas garotas que passavam por perto ouviram parte da nossa conversa. Sinto muito, Johann-kun! Vocês foram atacados por um descuido tão bobo como esse— fala cabisbaixa.
Essa notícia trouxe-me certo alívio, pois isto significa que Mikoto não foi hostil ao ponto de colocar toda a escola atrás de nós. Seria um resquício de humanidade que sobrou da antiga Mikoto?
Não. Por que estou pensando nisso? Claramente meu cérebro está procurando uma desculpa qualquer para inocentar o indefensável. Aqueles rapazes que capturamos falaram abertamente que Mikoto os informou sobre a nossa localização, ela está tentando nos matar.
— Certo, deixe isto para lá, não podemos mudar o passado. O que está feito está feito — respondo.
— E o que faremos daqui pra frente, Jocchi? Há alguma ideia em mente? — pergunta Manabu.
— Estive pensando a respeito disso. Enquanto a rebelião causada por Keiko acontece, podemos cortar as luzes e pegá-los de surpresa. É só uma suposição, não precisa ser exatamente com estes artifícios. O que conta é o raciocínio de forçar o desvio de atenção, e com isso atacarmos enquanto estão desorientados.
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— Parece-me uma possibilidade, podemos de alguma forma tentar separá-la dos seus guarda costas.
— Talvez eu possa conseguir alguns aliados da rebelião para nos ajudar a invadir o bloco, caso achem necessário — diz Keiko.
— Isso! Já estou de saco cheio, vamos resolver isso de uma vez e cair na porrada! — Shou se exalta e se levanta da cadeira.
— Pode contar comigo — diz Manabu pegando sua arma de brinquedo do bolso.
— Ei, Manabu. Até que isso seja uma boa ideia, podemos intimidá-los com ela. Nunca pensei que esses seus hobbies de trazer brinquedos e bonecas para a escola seriam úteis.
— Eu já te falei mil vezes que são action figures!
Observo os curativos feitos por Miyu e Keiko nos dois, estão totalmente machucados. Após a surra que levaram ontem, chega a ser surpreendente os três quererem me ajudar.
Para falar a verdade queria evitar a todo custo um confronto direto com Mikoto, infelizmente parece ser impossível. Então ao menos devo tentar não inseri-los em uma situação muito perigosa.
Quando olho para eles sinto uma fraca culpa me consumindo por dentro, contudo estranhamente ela não parece fazer referência à ontem. Mas sim há algo muito distante.
Todos parecem consentir com a ideia. Porém, eis que Ailiss manifesta-se.
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— Besteira. Já perdi tempo demais com vocês querendo ser cuidadosos. Eu vou assumir o comando e acabar com tudo isso por conta própria.
Estava demorando muito para que isto acontecesse. Apenas espero que ela não tome nenhuma atitude arriscada.
— O que você quer dizer com isso? — pergunta Manabu.
— Que apenas precisamos agir de forma eficiente. E eu tenho uma ideia de como podemos invadir o local.
— E que ideia seria essa que você planeja executar? — pergunto.
— Não quero estragar a surpresa. Apenas sigam com a ideia da rebelião até a hora da nossa invasão. O resto pode deixar que eu dou conta.
Por que eu não consigo ver com bons olhos essa ideia? Bem, mas ela é uma assassina profissional, eu deveria confiar mais nela.
Sei que parece estranho. É como se um rato se preocupasse com a segurança de um leão. Entretanto, mesmo que seja de uma irracionalidade sem tamanho, não posso deixar de me importar com ela.
— Ailiss, prometa-me uma coisa. Não se arrisque demais.
— Mistkerl, não preciso de você policiando minhas decisões. Isto que vocês estão vivenciando nesta semana é o meu mundo há anos. Sei melhor do que ninguém como devo agir.
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Ela está correta. Que autoridade eu tenho para opinar sobre qualquer coisa? Ela já enfrentou sozinha perigos tão grandes quanto este no passado enquanto nós vivíamos tranquilamente nossas vidas escolares. Não temos moral alguma para ir contra ela.
Contudo, mesmo assim não consigo deixar de me preocupar.
17h21
A rebelião já teve início, os arredores da escola estão bem caóticos. Neste exato momento os subordinados de Mikoto estão tentando conter a revolta gerada por Keiko. De tal forma que a sua defesa deve estar bem prejudicada. Ou seja, é o melhor momento para atacá-la. Porém, nunca imaginaríamos que seria esta a maneira proposta por Ailiss.
— Isto não é um bocado exagerado? — pergunta Miyu.
— É. Em circunstâncias normais, eu optaria por um assassinato silencioso e que não deixasse qualquer evidência do crime. Um assassinato elegante, em suma, é aquele que não deixa nenhum rastro. Mas dentro do jogo isso não faz a menor diferença — responde Ailiss entrando no ônibus.
A ideia de Ailiss é bastante simples, iremos adentrar o bloco principal da maneira mais violenta em que conseguimos pensar. Neste caso, será usando o ônibus escolar. Com isto em mente, tiramos o ônibus da garagem e o posicionamos de modo alinhado ao saguão do bloco principal.
Em seguida, abro o tanque de combustível do ônibus, enrolo uma folha de papel e insiro na entrada de modo que entre em contato com o combustível.
Realmente isto causará um belo estrago. Dependendo de quantos subordinados de Mikoto estejam no local, poderemos abater um percentual grande de seus combatentes. Infelizmente, este terá de ser o fim de quem tomou a errônea decisão de segui-la, não temos tempo para persuadi-los ou de elaborar um ataque que não exija sacrifícios.
— Ailiss, nós já terminamos os preparativos.
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— Muito bem — dá a partida.
Volto minha atenção a Keiko e pergunto.
— Keiko, está preparada para vingar Natsuki? Tem certeza de que quer continuar com isso? É a sua vida que está em jogo no final de contas.
A princípio esta não era a minha ideia ao tomá-la como aliada. Admito que utilizar de seus sentimentos vingativos não seja uma das decisões mais nobres a se fazer, porém era a única opção que tínhamos na mesa.
Devido ao meu imediatismo de colocar Ailiss em segurança, tomei esta tarefa temporariamente para mim. Contudo, o modo com que as coisas se desenrolaram ontem me fez abandonar este papel, e agora ela terá que ser encarregada por este fardo.
— Como nunca. Já o disse, não vou descansar até fazê-la pagar pelo que fez com a Natsuki-chan. Então estarei satisfeita morrendo dessa forma.
Acho que posso confiar nela.
— Estou contando com a sua determinação.
Após receber a confirmação dela, estendo-a a arma de Ailiss. Pois ela será a responsável por disparar em Mikoto.
Por um lado fico aliviado que Keiko continue fortemente convicta de sua vingança, pois este é o passaporte para Ailiss e eu escaparmos desta dimensão, e consequentemente aqueles três também serão beneficiados com isso.
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Gostaria de tentar reverter tudo isso, porém não temos mais tempo. E a vida de Ailiss depende disso e nada irá me impedir de salvá-la, nem mesmo meu apreço inexplicável por Mikoto.
— Todos vão para os seus postos! Vamos invadir o bloco em três minutos! — exclama Ailiss.
— Certo! — Manabu, Shou e Keiko respondem.
Entrego o isqueiro para a Miyu, ela o segura tremendo as mãos.
— Isto é tão perigoso. Tem certeza que devemos fazer isso? Você vai ficar bem? — Miyu pergunta a Ailiss.
— Deixa de ser frouxa, garota. Já fiz algo similar antes — Ela responde.
— S-Sinto muito! — gagueja.
Chego a sentir pena da Miyu. Vejo este diálogo ocorrendo entre um pequeno animal indefeso o qual tenta ser prestativo a um poderoso predador mitológico. Ela com certeza não está acostumada a ter alguém a tratando rudemente desta maneira, especialmente quando tenta ser gentil com a pessoa em questão.
Em seguida, Keiko e eu corremos em direção ao bloco principal e nos encontramos com Shou e Manabu próximos da entrada. Agora basta apenas aguardar a investida de Ailiss para que nós quatro ataquemos também.
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