Capítulo 8: Definitivamente, Matsumoto Manabu não é um agente secreto. (1/2)
A sentença que ela acaba de proclamar me deixa em estado de choque. E o pior é que não tenho tempo para raciocinar de que forma devo reagir.
Como ela sabe disso? Em algum momento eu deixei transparecer?
Droga, eu não posso deixar as minhas expressões me entregarem. Talvez ela esteja apenas induzindo-me para que eu me entregue.
A princípio tentarei fazer-me de desentendido.
— Eu? Como chegou a tal conclusão?
— Vejo que tu não planejas admitir abertamente. Então, o que tu tens a dizer sobre isto?
Ela retira algo da gaveta e lentamente estende até minhas mãos.
É um envelope? Está bem amassado por sinal.
O seguro em mãos e volto minha visão para ela.
— Estás esperando o quê? Abra-o.
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— O que seria isso? Uma carta de amor?
Ela prossegue olhando friamente para mim, minha piada não surtiu efeito. Percebo então que a hora de descontrair já passou.
Volto a fitar o papel em minhas mãos e reluto contra a ansiedade.
Abro o envelope e noto algo escrito, porém estou com dificuldades de ler, pois a caligrafia é horrorosa.
Leio e constato uma acusação de que eu sou um jogador.
Fui denunciado? Quem foi? Os únicos que deveriam saber disso são os três patetas. Pela letra… se não me engano o Shou possui letra muito feia. E pelo comportamento dele a respeito dos jogadores, não é impossível.
Espere.
Isto só pode ser uma piada. Minha elevação de nervosismo fez com que eu me colocasse na defensiva, porém não há o porquê disso. Pois isso não serve como prova.
— Quem fez a denúncia? — pergunto.
— Foi feita anonimamente, e mesmo que soubéssemos, por questões de sigilo, não falaríamos a ti. Posto isto, algum comentário em tua defesa a respeito da acusação que recebeste?
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Ela deve saber tão bem quanto eu a pouca validade que isto teria judicialmente. Então por que pretende levar isto adiante?
— Não há muita coisa a dizer além de obviamente ser falsa.
— Tu estás certo de que esta será a tua resposta à denúncia? — cerra os olhos.
— Sim, o que mais posso dizer? É a palavra dele contra a minha. Aliás, ele nem ao menos se deu o trabalho de relatar algum indício para tal acusação.
Ela está tentando me colocar contra a parede e me fazendo confessar. Basta negar até a morte.
Agora, parando para pensar… está idiota até demais. Por que não foi posto algum falso relato?
— Céus… — apoia a mão no rosto decepcionada — tu precisarias viver uns dois mil anos antes de tentares mentir para mim.
— Eu disse apenas a verdade.
Até quando ela vai insistir nisso? O ônus da prova continua com ela.
— Se tu decidiste persistir em te fazer de desentendido, então precisarei tomar medidas mais diretas — suspira — Diga-me Johann-kun, tu viste aquilo — encara-me — Não viste?
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Eu vi? Do quê ela está falando?
Um inesperado arrepio sobe a minha espinha. Penso na cena da qual testemunhei, a horrenda cena que acredito que apenas um jogador poderia ser capaz de ver.
Será que ela está se referindo a encarnação da Morte que ceifou o professor? Só pode ser isso. O que mais seria?
Ao falar indiretamente disso, minha reação de surpresa fica evidente, ela me pegou. Todavia, como ela saberia da Morte? Também foi capaz de enxergar? Estaria entregando-se da mesma forma do que eu?
— Yukihara-san?! Não deveria tocar neste assunto! — Takashi surpreende-se com a fala dela.
— Não te meta, sou eu que estou falando com ele. Por acaso tu foste promovido a um cargo mais alto do que o meu para cogitar a contrariar minhas ações? — o encara e replica rispidamente — E sem mencionar que isto se fez necessário…
Já que minha reação me entregou, o máximo que posso fazer é seguir com a conversa. De preferência de um modo que nos deixe em pé de igualdade no quesito informacional. Pela reação de Takashi, isso se tornou óbvio, mas não custa nada confirmar.
— Você também viu? — pergunto.
— Sim. Como podes perceber, estou com o mesmo papel que tu dentro deste jogo.
Então de fato, ela também é uma jogadora. Por hora, devo evitar demonstrar qualquer indício de hostilidade, para que eu não seja tratado como ameaça.
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— Talvez o vice-presidente tenha razão, você tem certeza de que foi uma boa decisão contar isso a alguém mais? Digo, não significa perder certa vantagem?
— Eu não tive escolha, não é mesmo? Aparentemente tu persistirias negando até a morte que és um jogador e eu precisava que tu confessasses.
Aonde ela quer chegar com tudo isso? Pretende me sacrificar para sair do jogo? Pela influência dela, se ela alegar que sou um jogador, provavelmente todos os alunos acreditariam nela.
— E agora? O que fará comigo?
— Não é óbvio? Tu cumprirás o papel de mártir para que todos possam sair ilesos desta dimensão. Assim todos se lembrarão de ti como um herói, tenho certeza de que ficarás contente com isto — sorri.
Abaixo o rosto e penso a respeito da minha previsão certeira.
Dito e feito. Estou mesmo numa enrascada. Olhando pelo lado bom, pelo menos não vou ter que me incomodar mais com isso. Posso simplesmente descansar em paz.
Escuto uma leve risada e volto meu olhar para a presidente.
— Calma, eu estava apenas brincando. Na verdade, eu gostaria de propor uma aliança a ti. Pense bem, se formos dois contra um, quem sabe teremos uma chance maior de vitória.
Aliança? De certa forma me sinto aliviado. Porém, convenhamos, foi uma grande brincadeira de mau gosto.
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Takashi retorce o rosto ao ouvir tais palavras e então fala.
— Mas Yukihara-san?! Não passou por sua cabeça que ele mesmo pode ser o assassino? — ao ser novamente encarado por ela, completa a frase — Não estou a criticando, apenas a alertando sobre isso.
— Tu tens toda a razão. Todavia sabes muito bem que estamos em uma condição bem delicada, não podemos permitir mais nem uma morte. E tenho uma estranha intuição que diz que posso confiar no Johann.
Agora que ela falou. Analogamente sinto algo parecido com o que senti ao falar com Ailiss. Apenas com ela não ficou tão evidente porque não era uma completa desconhecida. Mas o modo dela falar, realmente não parece que tenhamos conversado apenas uma vez antes.
Takashi parece não ter gostado nem um pouco da resposta dela, não deve querer que ninguém se aproxime de sua rainha. Sinto muito, Takashi, mas não tenho muitas escolhas.
Ela volta a fitar-me esperando que eu a responda.
— Muito bem. Eu aceito a sua proposta de aliança, presidente.
— Não precisas ser tão formal chamando-me de “presidente”. Agora somos aliados, podes ficar mais à vontade.
E como exatamente eu deveria me referir a ela? Pelo meu costume de chamar as pessoas pelo primeiro nome, naturalmente seria Mikoto. Porém acredito que ela não acharia isso muito agradável, e o rapaz ali muito menos.
— “Yukihara-senpai”?
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Parece-me uma boa escolha, é o modo mais adequado que consigo pensar. Creio que Takashi não vá implicar já que estou sendo conservador e utilizando até honorífico.
— Hmmm? — encara-me confusa — Como te chamo pelo primeiro nome, imaginei que tu irias chamar-me pelo meu primeiro nome também.
— Hã?! — Takashi reage surpreso.
— Para que tanto espanto? Algum problema com isso, Tanaka-kun? — cerra os olhos dissimulada.
— Não, desculpe-me o incômodo — ajusta os óculos.
Ela estava esperando o que falando algo assim? Não adianta se fazer de desentendida, pelo seu sorriso devia saber muito bem qual seria a reação de seu súdito. Será que ela está tentando deixar-me com uma desavença com ele propositalmente? Acho que ela talvez seja mais sádica do que eu imaginava. Isto realmente vai me dar trabalho.
— Acho que para evitar algum mal entendido, devo chamá-la de Yukihara-senpai por hora.
— Entendo, não estou reclamando de nada. Por favor, chame-me como preferires — responde com um pequeno sorriso.
— E então? Com isto definido, quais serão as minhas instruções? — tento mudar a conversa para o assunto que nos interessa.
— Já chegaremos lá — ela olha para Takashi e fala — Tanaka-kun, poderia deixar-nos a sós por um momento? Aproveita para vigiar o corredor.
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Ela definitivamente está fazendo isso de propósito…
— Não acha muito arriscado ficar sozinha com ele? Ainda não tenho total confiança nele — diz Takashi ainda irritado.
Não estamos caminhando para lugar algum. Minto, estamos caminhando rumo ao meu assassinato pelo Takashi. Talvez a proposta de servir como mártir não fosse tão problemática assim.
— Só por um acaso, estás insinuando que eu errei em meu julgamento? É isto mesmo que eu acabo de ouvir? — replica olhando friamente para ele.
— Perdão, não estava insinuando nada. Assim como minha outra colocação, era apenas uma questão de prevenção. Por favor, não leve como uma ofensa.
— Tanaka-kun, quando eu não peço a tua opinião, por favor, fica calado e apenas faças o que eu digo. Acredito que esta não seja uma ordem muito complicada de se atender.
Ele consente com a cabeça e sai da sala evitando qualquer contato visual.
— Olha, eu acho que ele tem razão nesse ponto. Não está sendo descuidada em pretender me contar algo que nem mesmo seu mais fiel subordinado deve saber? — pergunto.
— Se eu não possuísse cautela, não estaria no posto no qual estou. A propósito, ele sabe sobre o assunto de que vamos falar. Apenas pedi que saísse para garantir um ambiente de igualdade para dois aliados. Não achas que ficará mais à vontade assim?
— Tudo bem, por favor, prossiga.
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— “Hasegawa-kun”. Poderia falar-me um pouco sobre o que tu achas dele?
Ora, logo o comportamento do Haruki não intriga apenas a mim. Então o próprio conselho desconfia dele… Acho interessante ouvir primeiro a versão dela, sem que a própria saiba de uma desconfiança prévia por minha parte.
— Um estudante exemplar e muito sociável? Eu presumo.
— De certa forma, estás certo. Creio que esta seja a impressão que qualquer um que observe o conselho de fora teria. Contudo, como deves ter percebido, o assassino está sempre um passo à frente das decisões do conselho. Por exemplo, quando foi decidido que ninguém poderia sair do dormitório, ele já havia plantado sua armadilha no bebedouro e matou sem precisar burlar a regra estipulada — explica enquanto mexe em seu cabelo.
Ela está insinuando que o assassino está infiltrado no conselho? Porém, por que suas suspeitas estão caindo justamente sobre o Haruki?
— Bem, e o que isto tem a ver com ele?
— Após tais incidentes, só pudemos concluir que a informação está sendo vazada. Além de mim e Tanaka-kun, apenas ele e a Nakamura-san sabiam do que foi decidido com tanta antecedência.
Uma suposição interessante… De certa forma o raciocínio dela faz bastante sentido e ainda coincide com a minha intuição.
— E você concluiu por eliminação que só sobrou ele como possível assassino?
— Não necessariamente como assassino, entretanto, é possível que seja um cúmplice. Mas claro, não podemos tomar estas especulações como verdade. Justamente por isso estou dialogando contigo sobre o caso e perguntando o teu ponto de vista.
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— Não possuo muito contato com ele, logo só posso dizer que a confiança dele ao provar a comida no refeitório me impressiona. Apenas isso. Então, o que gostaria que eu fizesse, o investigasse?
— Exato, vejo que eu fiz muito bem em escolher a ti como aliado — sorri, faz uma pausa e volta a ficar séria — Ainda vou passar melhor os detalhes para o Tanaka-kun, entretanto já te adianto de que gostaria que vós fiqueis de olho nele.
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