07 Negócios Ilegais
Autor: Kraught
— Por favor, eu vou pagar o que devo… só não me mate — Suplicava ajoelhado com o rosto em lágrimas.
Quando viu o homem à sua frente sacando uma arma e apontando para sua cabeça continuou — Uma semana, só me dê isso. — Ele dizia olhando não para o homem com uma arma para sua cabeça, mas sim para o homem que parecia o chefe dele.
O homem então jogou o charuto que estava fumando e começou a aproximar-se de seu subordinado tocando-lhe o ombro, nesse momento o homem armado guardou instantaneamente sua arma e se retirou.
Ao ver aquilo o homem no chão parou de chorar, por um momento ele estava sendo capaz de ver uma forma de sair vivo daquela situação.
O chefe então, se abaixou mostrando sua feição para o outro homem. Ele ficou espantado, o homem que estava era no comando tinha um rosto jovem, não parecia ter nem terminando o ensino médio e ainda assim já era o líder da maior facção do mundo.
— Acontece Jack, que você já está devendo dois meses de atraso — O jovem não mudava sua expressão, seus olhos brancos deixavam seu rosto sem expressão ainda mais impactante, seu um olhar frio e sua voz grossa, porém calma penetravam a pele e os ossos de Jack, que ficou novamente tremendo de medo.
— Por favor Alex, sempre disseram que você entendia a situação dos seus compradores, por que está sendo diferente aqui? — Jack respondeu de forma tão desesperadora que acabou não notando o tom de voz que usou com o homem que estava com o controle de sua vida.
Alex mudou a expressão de seu rosto, transformando sua cara indiferente sobre vida e morte em uma de raiva. Ele agarrou o rosto de Jack com força, o aproximou do seu e disse — Nem a polícia, o prefeito ou mesmo o próprio presidente ousam falar comigo assim, aí um merda como você tem a coragem de levantar a voz pra mim?
Seus olhos quase tão brancos como a neve passavam uma sensação de perigo. Jack sabia que havia estragado tudo, se tinha alguma forma de sobreviver ela se foi agora, mas então para sua surpresa Alex soltou seu rosto e começou a se levantar.
— Eu entendo sim Jack, entendo a situação de uma mãe que vem me pedir dinheiro para sustentar os filhos vivos, entendo um pai que vem pedir um empréstimo para comprar algo para os filhos de aniversário, pois as despesas não deixam espaço para isso — Alex colocou a mão no rosto tentando manter a voz calma e firme. — Essas coisas eu entendo e às vezes fico até sem cobrar, agora um viciado de merda com duas filhas pequenas em casa que me pede dinheiro às usando sob falso pretexto para manter seu vício, isso eu não suporto ou tolero.
— Lucian, venha aqui — Alex levantou a voz chamando seu subordinado.
Quando Lucian ficou ao lado de seu chefe, Alex perguntou — Quais são as regras que todos nossos clientes devem seguir?
Lucian entendeu o que Alex queria fazer, ele sacou sua arma novamente e parado olhando para Jack, respondeu — Primeira: Não tente passar a perna em nós; Segunda: Nada de trazer armas para compras, negociações ou empréstimos; Terceira: Sempre pague o que deve nas datas; Quarta: Não tente vender o que compra da gente, saberemos e daremos um jeito de nos livrarmos de você; Quinta e última: Não minta para nós, acima de qualquer coisa o chefe detesta mentiras.
Lucian apontou novamente a arma para a cabeça de Jack e continuou — Caso quebre uma dessas regras, você pagará com sangue.
Quando ia puxando o gatilho, Alex segurou seu braço. — Volte para o carro e vá buscar as filhas dele.
Jack ao ouvir isso entrou em pânico, uma onda de adrenalina enchia todo seu corpo, mesmo ele sendo um péssimo pai, ele não queria suas meninas envolvidas nisso.
Jack rapidamente se levantou e tentou acertar Alex que estava virado falando com Lucian, porém antes de atingir Alex, Jack sentiu uma dor extrema em seu pé, quando olhou para baixo viu um buraco e muito sangue saindo dele.
Jack caiu no chão segurando seu pé ensanguentado. Alex olhou desapontado para Jack. Ele tirou a arma de seu casaco e a mostrou a Jack.
— Dói né?! Em seu cuzão de merda! — Alex falou num tom de raiva, enquanto encarava Jack que se contorcia de dor no chão — Eu aboli o uso de armas para todas as negociações do país, mas não quer dizer que eu fique indefeso sem uma, afinal é a minha lei, eu tenho o direito de quebrá-la.
Alex virou-se, mantendo os olhos fixos em Jack que o encarava de volta com os olhos vermelhos, se era de dor ou drogas, Alex não ligava e se virou para ir embora fazendo um gesto com a mão para Lucian que entendeu o recado.
— Jack… — Alex, parou em frente a porta do carro e continuou — Vamos cuidar bem de suas filhas, adeus.
— Eu vou para casa, tenho aula de manhã, deixo tudo com você. — Alex sussurrou no ouvido de Lucian e entrou no carro.
— Não… não…
Bang!
Depois de resolver as coisas, Lucian entrou no carro e dirigiu. Alex que estava no banco de trás ficou vendo as pessoas, mesmo nessa hora da noite a cidade não dormia de forma alguma.
Ele sentia falta daquilo, sair como alguém normal, mas não existe uma pessoa nesse país que não conheça seus olhos brancos e o quão aterrorizante é sua influência e poder.
Lucian olhava de vez em quando para seu chefe, a fim de tirar ele de seus pensamentos, Lucian perguntou. — O que faremos com as crianças de Jack?
Alex olhou para seu amigo e com um sorriso no rosto disse — Vamos cuidar delas, o erro de seu pai não vai cair sobre elas. — Um olhar triste ficou em seu rosto, Alex lembrava das coisas que seu pai fazia quando chegava em casa chapado. — Já mandou alguém para buscar elas, Lucian?
— Sim senhor, fiz a ligação enquanto você batia um papo com Jack.
Durante o resto do caminho tudo ficou assim, em silêncio. Alex não gostava de matar pessoas assim, mas era necessário mandar um aviso a quem quebrasse suas regras.
Lucian estacionou em frente ao apartamento de Alex dando-lhe boa noite, mas só recebeu um aceno de seu chefe, e isso era normal em noites como aquela.
Alex entrou no apartamento, passou direto pela recepção, todos os olhares ficavam nele, mais precisamente nas manchas vermelhas em sua calça. Ele pegou o elevador e foi direto para a cobertura.
Ele entrou no seu quarto e deu um leve sorriso, sempre se sentia bem recebido naquele lugar, as paredes brancas manchadas de vermelho em alguns lugares, seu sofá confortável e branco, a garrafa de uísque e uma caixa de charutos ao lado.
Alex tirou o terno que usava para esse tipo de trabalho, seu corpo estava cheio de cicatrizes, tatuagens e queimaduras, ele tirou o resto da roupa e foi ao banheiro tomar um banho.
Sua mente vagueava pelo que fez a noite, Jack não havia sido o primeiro que ele foi visitar, ele tinha sido o último e foi o único que Jack não terminou o serviço pessoalmente, agora ainda teria que decidir o que fazer com as crianças, agora que era dele.
Alex esfregava o corpo com força, tentava lavar as manchas de sangue que estavam nele. Depois de um tempo ele saiu de seu banho, ele olhou para o relógio em seu criado-mudo, já eram 03:45 da manhã, quando foi a última vez que ele precisou visitar tantas pessoas numa única noite?
Ele não tinha muito tempo para dormir, ele teria de ir a escola às 07:00 e não sabia se iria conseguir se manter para o resto do dia. Para ajudar a dormir, Alex pegou um copo, o encheu de uísque e o fez descer bem devagar, ele queria sentir a queimação que dava, quando terminou, deitou-se e apagou.
Trrrrrim! Trrrrrrim! Trrrrrrim!
“Eu tenho que levantar, é o primeiro dia na nova universidade, não devo me atrasar hoje, já que o resto do ano possivelmente eu irei!”
Alex sentou-se e encarou o despertador ao seu lado que marcava 06:10.
“Merda, hoje eu vou tentar controlar meu mau humor.” — Alex pensou enquanto se levantava para ir tomar um banho.
Depois de se arrumar ele pegou seu celular e ligou para Lucian — Já estava vindo?
— Já estou na portaria lhe esperando, meu senhor, sei que não devo falar nada, mas o senhor não bebeu agora de manhã, né?
— Lucian… — A voz de Alex causou um arrepio em Lucian — Você é meu braço direito, mas não force a barra, não acabaria bem.
Lucian ficou calado, não era bom falar com Alex quando ele estava de mau humor. Alex desligou o celular e 3 minutos depois estava entrando no carro sinalizando para Lucian ir.
— Como estão as negociações com a Yakuza? — Alex perguntou encarando para Lucian pelo retrovisor do carro.
— Como não estava dando em nada na negociação, eles disseram que mandariam alguém para averiguar tudo melhor e tomar uma decisão. — Lucian se recusava a olhar nos olhos de Alex depois disso.
— Então você está me dizendo, que a Yakuza decidiu mandar alguém, não para negociar, mas sim para averiguar tudo? Como se estivessem vendo se nossa empresa valeria a pena de se fazer negócio? — Alex não conseguiu controlar seu tom de voz, ele fechou a mão apertando com força o bastante para sangrar.
“Isso é um insulto, não há nenhuma outra facção ou empresa que vá deixar eles entrarem em Nova York sem minha palavra, e eles ainda ousam enviar alguém para averiguar.”
Alex se acalmou quando viu que estava chegando na porta da faculdade. Lucian parou o carro em frente ao portão e Alex desceu.
— Não precisa vir me buscar, eu irei andando para a empresa.
Aquilo pegou Lucian de surpresa, eram 22km da escola à empresa, mas ele não queria estressar Alex ainda mais, então só concordou com a cabeça e foi embora no carro.
Alex foi passando pelo portão e notou muitos olhares nele, porém não era de se estranhar, não tem muitas pessoas com sua aparência, seu cabelo branco chamava a atenção, mas não tanto quanto seus olhos que poderiam se comparar a neve.
Mesmo não sendo inverno, Alex usava uma camisa longa e luvas para não mostrar as cicatrizes ou tatuagens que tinha.
Ele foi até a recepção mostrar os documentos, depois de um tempo uma moça o acompanhou até sua sala.
Ele entrou na sala, ainda não havia ninguém já que faltavam 30 minutos para a primeira aula. Ele olhou os assuntos e foi pra um perto da janela, sempre gostou de ficar vendo as paisagens, independente do que fosse.
Quando deu o tempo, várias pessoas entraram e sentaram, alguns soltavam uns olhares para Alex. Um pouco depois o professor entrou anunciando seu nome.
— Bom dia, sou Richard Goldstein, seu professor de matemática. — Richard dizia com uma leve empolgação.
Alex olhou para seu professor e depois para seus companheiros de turma, nenhum chamava sua atenção, exceto uma mulher, os longos cabelos ruivos por algum motivo cativava os olhos de Alex.
Ele não prestou atenção em nada que seu professor disse. Havia membros em sua família que já o ensinaram aquilo,
“Parabéns Alex, primeiro dia de aula e você nem prestou atenção no seu professor.”
As primeiras aulas eram mais chatas.
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