11 Paralellum
Autor: Chris Henry
Trinta minutos restantes.
Cinquenta questões de uma longa prova. Nenhuma resolvida.
Esse era o grande dilema que um veterano de olhos verdes enfrentava em
seu último dia de aula, quando encarava uma pequena pilha de papéis posta
sobre a mesa à sua frente.
A calorosa sala de aula não favorecia nem um pouco os últimos alunos
que nela restavam, provocando suor e nervosismo, a não ser naquele que
mais sorria: um grande professor de quase dois metros de altura.
— Ei! Peter… Por que tanta demora? — O professor se escorou com suas
mãos sobre a mesa do veterano. Ele quase salivava ao se aproximar. Seus
olhos transmitiam uma nítida raiva ao encarar o aluno. — Ao meu ver, todo
o semestre pareceu tão fácil… Todos aqueles cochichos no fundo da sala…
Suas músicas e conversas de merda…
O veterano se tremia enquanto alternava seu olhar entre as questões não
resolvidas e toda a fúria do professor, que não se preocupou nem um pouco
em esconder tal sentimento diante do resto da turma que finalizava a prova.
— Vamos, Peter! Termine a prova e finalmente poderá se encontrar com
os seus amigos lá fora! Mas será uma pena que não os verá aqui, no ano
que vem, quando você estiver repetindo o seu terceiro ano. — O professor
recuou e iniciou seus passos para o centro da sala, enquanto observava o
aluno com alguns relances.
A mente de Peter estava a milhão. Seus sentimentos se encontravam num
grande turbilhão a cada encarada para o relógio, a cada levantar de um dos
alunos daquela sala, a cada sorriso irônico do professor.
Em um certo momento, seu maior desejo era de que todo aquele inferno
chegasse ao fim.
3
Um barulho estrondoso ecoou sobre todo o local de repente, atraindo os
olhares de todos os alunos restantes, além do professor.
— Que diabos… — O responsável pela turma hesitou em finalizar a fala,
ao enxergar um pequeno objeto radiante e azulado, semelhante a um tipo
de pedra, que estava sobre a mesa de Peter.
O veterano, com uma expressão completamente desentendida, observou
um furo no topo da sala e logo concluiu que o tal objeto misterioso havia o
perfurado.
Em questão de segundos, antes que mais contestações fossem levantadas,
o objeto começou a se remoer inquietamente entre os limites da mesa de
Peter, esbanjando seu brilho azul sobre seus olhos.
A pequena pedra havia estilhaçado a prova em centenas de pedacinhos
de papel.
Logo, o veterano percebeu que a velocidade que o objeto se remoía estava
aumentando gradativamente. E assim ele decidiu segurá-lo, pensando que
impediria um grande desastre.
O professor disparou em sua direção, mas não foi o suficiente.
Peter agarrou o objeto com sua mão direita, provocando um grande raio
de luz, que logo depois consumiu todos os arredores do local.
Sem sentir qualquer dor, o veterano apenas escutou gritos desesperadores
do professor e dos outros alunos, antes de desacordar completamente.
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