21 - O Pacto
Autor: Kraught
Um jovem de 16 anos, viciado em lendas, mitologia e com tédio da vida, acaba encontrando uma versão diferente de Lúcifer e Deus. Lúcifer não havia cometido crime algum e Deus não puniu seu filho por nada, acontece que quando os anjos foram criados, nasceu juntamente o Inferno e os demônios. Com medo de que a humanidade, sua futura criação fosse despedaçada por esse mal, Deus mandou seu filho favorito para manter seus portões fechados.
Aceitando a tarefa do pai, Lúcifer foi para o inferno e durante séculos de luta conseguiu fechar os portões e manter todos os demônios dentro. Todavia, com o passar das eras no inferno, seu poder foi enfraquecendo, a chave já não estava mais tão segura, e foi então que ele apareceu.
O primeiro demônio a ser criado chegou ao trono onde Lúcifer estava e eles conversaram, pela primeira vez em séculos o arcanjo não estava mais só.
Ele tinha 2,10 metros de altura, 4 braços, garras e diferente de todos os outros demônios ele era totalmente branco com olhos roxos, era como se Lúcifer estivesse olhando para algo puro.
Após eras juntos, Lúcifer sentiu a mais nova criação de seu pai, os humanos, porém os demônios também os descobriram.
As 6 legiões do inferno estavam em frente ao castelo de Lúcifer, tentando o destruir, pegar o arcanjo e tirar sua chave. Como não estava com sua força total, Lúcifer pensou que fugir era a melhor opção, porém seu amigo discordou.
— Pode ficar sentado em seu trono, velho amigo. — O demônio disse enquanto abria a porta do castelo, saia a e a fechava.
Segundos após isso gritos foram ouvidos, assim como o chão quebrando e algo que lembrava espadas, ou qualquer coisa que tivesse uma lâmina.
Tudo durou 12 minutos, que foi quando o demônio abriu a porta, Lúcifer ficou espantado com ele, estava coberto de sangue preto dos demônios, porém não era somente por isso seu espanto, a porta ainda estava aberta e atrás dela, estava milhares de corpos caídos.
— Sabe, nós nos conhecemos há anos, mas não sei o seu nome amigo. — Lúcifer disse olhando para o demônio que não mostrava cansaço algum.
— Fui o primeiro a nascer, porém diferente de todos os outros, não recebi um nome do inferno. — Ele respondeu.
Lúcifer nesse momento se encontrava surpreso e ao mesmo tempo levemente assustado. Já que o demônio em sua frente mostrou mais poder do que o próprio arcanjo em seu auge, mas diferente dos outros demônios, esse não fez nada contra ele, mesmo estando fraco.
— Posso lhe conceder um nome, se quiser.
— Não vejo motivos para recusar, é bom que você não fica mais algumas eras me chamando de demônio. — Ele retrucou dando uma risada.
Lúcifer pensou um pouco e olhando para a pilha de cadáveres e para a face tediosa do demônio. — Que tal… Necro?
Pela primeira vez em eras Lúcifer viu um sorriso no rosto do seu amigo, que mostrava 4 presas e duas fileiras juntas de dentes.
À medida que o tempo passava, os dois viram a humanidade mudar incontáveis vezes. Acompanharam a vida de Jesus, os ensinamentos a seus apóstolos e inevitavelmente sua morte.
— Quer ir lá, se despedir de seu irmão? — Necro perguntou vendo Lúcifer se permitindo chorar enquanto balançava a cabeça em negação.
— Não posso dar adeus a ele, não enquanto essa chave estiver comigo — Ele respondeu mostrando uma tatuagem que cobria todo seu torso — Enquanto a chave estiver comigo, não posso arriscar que algum dos demônios me sigam para o mundo humano.
As palavras que saiam de Lúcifer eram de pesar, Necro notava que ele queria estar com seu irmão, ao menos para se despedir.
— Me passe ela. — Necro falou firmemente.
Lúcifer olhou para seu amigo e nesse momento sua mente se encheu de dúvidas “Será que todos esses milênios que ficou ao meu lado aqui sempre foi pela chave? Não, talvez ele só queira me ajudar mesmo, porém é minha responsabilidade carregá-la, estaria tudo bem passá-la a alguém?”
Nesse momento passava o começo da Bíblia pelos apóstolos Mateus e João com uma parte direcionada ao arcanjo e uma a Necro.
“Para você meu irmão, que há muito os homens chamam de mentiroso, manipulador e muitos outros nomes deixo essa mensagem: Assim como eu tive aqueles que pude confiar em minha jornada e consegui os ensinar para darem continuidade aos ensinamentos do pai, ide e pregar também os meus… você também vai ter alguém assim, se não já tiver, seu peso, sua tarefa, já está na hora de o dividir, já tiveste o bom combate… guarde sua fé, e volte a ver a família”.
“Quanto a você demônio: Agradeço por ter ficado fazendo companhia ao meu irmão, e mesmo que você não tenha nenhuma má intenção com ele, você ainda continua sendo um demônio, não dá pra confiar totalmente em ti”.
Necro ficou surpreso ao ver a mensagem para ele e acabou deixando escapar um sorriso distorcido, porém voltou ao normal ao ver que Lúcifer
— Lúcifer, eu sei que a chave e o inferno estão esgotando sua energia — Necro falou com um pesar e após uma leve pausa continuou — Estou ao seu lado a anos, vendo todo dia você acordar mais fraco e eu não quero ver meu único amigo correr até não sobrar mais nada dele.
As palavras de Necro fizeram Lúcifer pensar pelo ponto de vista dele. “Realmente não deve ter sido fácil para você meu amigo, ficar me vendo definhar cada vez mais todo dia.”
Lúcifer então, estendeu a mão para Necro. — Agradeço a você por me livrar disso.
Necro apertou a mão de seu amigo já sabendo o que aconteceria, mas não imaginava que para receber a chave sentiria uma dor excruciante.
— Aguente! — Lúcifer gritou.
Necro sentia como se cada nervo e fibra do seu grande corpo estivesse sendo eletrocutado, sentia a energia passando por dentro de seus vasos sanguíneos, entre os músculos, nervos e dentro dos ossos.
Quando acabou, caiu de joelhos com uma de suas mãos no chão apoiando, todavia Lúcifer ainda o olhava e segurava sua outra mão.
— Agora vem a parte difícil. — Disse olhando friamente para Necro.
A tatuagem começou a se mover do corpo de arcanjo e indo para Necro. Assim que entrou em contato com sua mão a tatuagem foi derretendo sua pele e se prendendo a carne, músculos, nervos e ossos.
Necro notou que onde o seu sangue escorria e tocava o chão subia uma fumaça verde. Ele olhou para Lúcifer procurando uma resposta do que acontecia com seu corpo.
— O choque que você sentiu antes, era para jogar as “impurezas” do seu corpo fora, mas por você ser um demônio e também ser bem resistente, a tatuagem que vai ter que limpar a força. — Lúcifer disse vendo a cara de dúvida do demônio.
À medida que a tatuagem ia se estabelecendo em seu novo dono, Necro sentia a dor diminuindo, chegando ao nível de conseguir se levantar novamente, contudo vendo a cara de Lúcifer de surpresa pensou que talvez devesse estar sofrendo ainda mais.
— E pensar que você aguentaria a dor quando ela chegasse aos 30% — Lúcifer disse com um sorriso — Pensei que você só levantaria quando ela estivesse próximos aos 86%.
Quando tudo terminou, a pele branca de Necro agora estava coberta com uma assustadora tatuagem preta que diferente de quando estava em Lúcifer, cobria todo seu corpo.
Necro olhava para seu corpo, tentando ver toda a extensão da marca, e o motivo dela ser desse tamanho em seu corpo. Ele então olhou para o arcanjo, que agora estava com sua energia estável e mais pura que antes.
— Não se esqueça, os portões tem que ficar fechados — Lúcifer disse com um sorriso no rosto e abrindo suas asas foi embora causando uma leve brisa por todo o inferno.
“Bem… então agora eu sou o Rei do Inferno” Necro pensou sentando-se no trono que antes era de seu amigo.
Não demorou para todos no inferno sentirem que a energia do Arcanjo que os prendia sumiu, nesse tempo os humanos estavam passando pela primeira revolução industrial, e foi nela que Necro começou a sentir seu poder crescendo e dobrando devido aos males criados pelos humanos.
Enquanto assistia a revolução sentiu do lado de fora do castelo uma massiva quantidade de energia. Ele se levantou de seu trono e ao abrir a porta viu novamente 6 legiões do inferno.
— O que querem? — Necro perguntou mostrando um olhar tedioso e uma voz monótona, porém com energia o suficiente para fazer 12.000 dos 24.000 demônios olharem para baixo com temor.
Seis pessoas então ao ouvirem Necro foram para frente, ele então presumiu que eram os Lordes do Inferno, cada um ali comandava 4.000 demônios.
— Que você nos entregue a chave para irmos ao mundo! — Um deles respondeu em ameaça.
Necro então mudou sua expressão pela primeira vez em 1.732 anos, sua cara tediosa virou um sorriso macabro bastante conhecido entre os demônios… ele estava em êxtase!
— Não é assim que funciona Alius — Necro disse olhando para o jovem demônio que estava mais à frente dos outros — Vocês tem que vir tomar a chave à força — Continuava dizendo com o sorriso estampado em seu rosto — Caso não estejam preparados, só voltem para o buraco de merda de onde saíram — Necro disse olhando para cada um dos seis lordes.
Alius e os outros cinco apontaram suas armas para o Rei. Todo o inferno tremia com os passos dos demônios e mesmo na desvantagem numérica, Necro não tirava o sorriso de seu rosto.
Apesar de grande, Necro era bem rápido e quando os primeiros demônios estavam próximos de si, ele saltou.
Os demônios e os Lordes, olharam para Necro que parecia voar pela altura que ele estava. O que aconteceu depois foi um terror, Alius, Kirion, Hugty, Dreo, Khoh e Tyrion viram os olhos roxos de Necro ganharem um brilho e as nuvens negras que cobrem o vermelho céu do inferno se juntaram.
— Acham mesmo que seus números são o bastante? — Necro falou colocando poder em sua voz para todos ouvirem e a medida que começou a descer em queda continuou — Entendam que vocês demônios e Lordes não chegam a ½ do meu poder, pois eu sou um CATACLISMA! — Quando terminou de falar Necro bateu com os punhos no chão e das nuvens caíram diversos raios roxos que se dispersaram e atingiram os demônios em grande quantidade.
A tempestade continuou fazendo muitos correrem, os que ficaram, se não fossem mortos pelos raios, acabavam morrendo pelas mãos de Necro. Vendo seus subordinados morrerem de forma humilhante, Hugty e Khoh avançaram primeiro se esquivando dos raios que caiam em sua direção.
Enquanto Necro matava um demônio separando quatro membros ao mesmo tempo, Khoh pegou sua lança e aproveitando o momento de distração de Necro tentou perfura-lo pelas costas, porém ficou surpreso vendo ele segurar a lâmina da lança com uma mão.
Antes que tivesse tempo para se livrar da arma, Khoh sentiu uma descarga de energia passando por seu corpo o deixando paralisado de joelhos.
Hugty era mais devagar que Khoh e por isso não conseguiu acompanhar o amigo no ataque, mas ao ver o amigo no chão tirou a lâmina curva da bainha e foi tentar ajudar.
Porém no inferno, Hugty era conhecido por sua força bruta e carência em reflexos e quando o demônio chegava para desferir o golpe acabou no alcance da lança que Necro estava em posse.
Ele cravou a lança na coxa de Hugty a ficando em seu osso, o mesmo caiu no chão rosnando de dor enquanto olhava para Necro que agora estava com um sorriso de prazer.
Necro, para se divertir um pouco mais, deu um tapa na lança fazendo Hugty fechar a cara, logo depois ele a segurou e colocando um pouco mais de força a fez atravessar o osso e músculo a fincando no chão.
— Seja um bom menino e fique quieto aí com seu amigo — Necro disse indo em direção aos outros 4 Lordes.
Alius sacou suas espada de duas mãos, Kirion pegou sua foice, Dreo puxou sua corrente com adaga e Tyrion seu chicote.
Os quatro atacaram juntos com a esperança de subjugar Necro, todavia rapidamente ficou claro a diferença de poder.
Necro primeiramente cuidou dos dois que conseguiram atacar a distância, ignorando a lâmina presa a corrente de Dreo, ele segurou com uma mão a corrente e a enrolou no braço e fez o mesmo com o chicote de Tyrion, então puxou os dois e os pegou pelo pescoço, arrastando eles até os outros dois que faltavam.
Quando Alius desferiu o corte com sua espada, Necro moveu-se levemente para o lado, fazendo a espada gigante bater no chão causando uma enorme rachadura, o que fez diversos demônios caírem para uma região mais funda do inferno.
— Tsk.. tsk, eu que deveria matá-los, não você — Necro falou num tom de zombaria e com um movimento rápido cravou uma de suas garras no cotovelo e com o puxão o abriu fazendo o sangue negro do demônio escorrer e cair no chão de forma violenta e o fazendo largar a espada, então também o pegou pelo pescoço.
Tyrion que via todos sendo derrotados rapidamente largou sua arma e decidiu se render, mas Necro ainda não tinha ficado satisfeito com a brincadeira dele, com um chute decepou o joelho de Tyrion o deixando no chão se contorcendo de dor, então com a mão livre, apontou para os dois que ficaram imobilizados lá atrás.
— Pereçam — Necro disse fazendo um raio transformar os dois em uma pilha de cinzas.
Os demônios vivos não acreditavam naquilo, um único demônio havia matado dois Lordes, incapacitado os outros quatros e dizimado 18.000 demônios com uma única tempestade elétrica.
— Acho que após reformar o inferno, eu deveria ir lá em cima — Necro disse com um sorriso, agora ele tinha um objetivo para o tirar do tédio.
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