29 - Sword Fight Onrai-ne
Autor: Dilcelino Jr
Ele vestia uma simples camisa negra, um calção roxo e sandálias havaianas. Por mais que suas vestes pudessem denunciar algum tipo de arrogância, todos podiam notar, se o encarassem, que seus ossos tremiam.
Era o primeiro dos quatro duelos que teria!
“Mas…”
Shim!, ele se lembrava do quanto quis correr daquele manejo de espada. Sem sua katana, nada naquele rapaz podia revelar sua ocupação como…
— …Samurai meia-boca — reclamou uma mulher loira que lhe lançou um olhar penetrante.
— Heh, eu não dava fé — uma outra se manifestou, sorridente —, mas esse herói aí… até que ele é bonitinho.
Corado, o garoto seguia caminhando por um corredor de mulheres de uniforme militar, todas o analisando dos pés a cabeça, como scanners humanos. Em sua mão esquerda havia, um tanto encardida, fita rosa.
“Cara, eu… eu… Eu tô com muita vergonha!”
Desejava, a cada olhar que encontrava o seu, esconder o rosto na terra, como um avestruz. Mas não tinha nada que pudesse disfarçar o rosto corado igual à beterraba.
Mas não havia o que pudesse ser feito… ele tinha aquela missão.
— Faça as mulheres deste mundo voltarem a confiar em homens, do contrário… a humanidade aqui será extinta — foi o que disse a pessoa que lhe deu tamanha tarefa.
Porém…
“Eu… eu tinha mesmo que dar em cima da minha oponente?!”
— — —
Meia-hora antes…
O piso da arena era um horizonte quase infindável de areia. As ondas calmas atingiam a terra-firme, as gaivotas ginchavam e as espectadoras se aglomeravam.
Algumas teorizam que a luta duraria menos de dez minutos — que acabaria num piscar de olhos. Principalmente as três mulheres sentadas em assentos muito próximos de tronos; diziam que seria um massacre, não uma luta.
Elas esperavam o sangue do forasteiro — também chamado de herói — jorrar aos céus.
No centro daquela parte da praia, uma mulher alta e bronzeada carregava, embainhada, uma enorme espada. À frente dela estava o garoto de vestes pouco formais, este que pôs a mão esquerda no cabo da espada.
Ele pôs, por meio do toque, toda sua confiança em sua técnica de iaidô — sua velocidade em sacar a lâmina assassina. Desde que passou pelo portal dimensional, aquele adolescente constantemente ceifou vidas, seja de humanos ou monstros.
Um herói de outro mundo — de uma novel isekai — cujo corpo estremecia quando alguém o encarava nos olhos. Ele queria jogar sua espada na areia e ajoelhar-se, pedindo por uma morte indolor logo em seguida. Mas…
“Eu prometi…”
…Com aquelas palavras vazias…
“…Que faria minhas inimigas se apaixonarem por mim!”
Ding, doooong!, uma das espectadoras tocou o gongo!
Sah!, areia foi espalhada para trás e os duelistas desapareceram no ar,um avançando contra o outro!
Chim, clang, tchin!, duas lâminas se colidiram!
— Hoh, até que você é bom! — disse a mulher de hakama, uma espécie de quimono com as calças mais largas.
Ela empunhava uma katana gigante!
Clang, clang, tchin!, ela simplesmente avançou e continuou a pressionar o rapaz asiático com quem lutava.
“Dr-droga!”, reclamou ele em pensamentos.
— Tsubame…
Fuuuuh!, a lâmina de sua espada foi embuida numa chama verde!
— …Gaeshi! — gritou o garoto, executando um corte diagonal de baixo para cima.
Shim!, mas ele cortou…
— …O-o poste?! — e soltou rapidamente sua espada, os braços cansadíssimos.
Sim, ele partiu ao meio um poste de madeira com uma tocha amarrada ao topo.
Shuh!, em contrapartida…!
— Lento, lento, lento… lento — debochou a mulher dos longos cabelos castanhos, com um pequeno sorriso.
Shuh!, a lâmina gigante perfurou o ar, mirando o abdômen do garoto!
— Imaginei que fosse pensar em algo assim… — no intervalo de segundos, ele suspirou e relaxou os braços exaustos graças a sua técnica.
Shim…
Shim, shim, shim, shim, shim, shim, shim!
— Mas o quê?! — a expressão confiante da adversária mudou para uma de incredulidade.
A espada…
— …Se partiu em inúmeros pedaços?! — exclamou a plateia, eufórica.
“Trezentos cortes diagonais num só…”, ele sorriu. “Em troca, meus braços ficam inutilizáveis.”
Sah!, e ele avançou, o rosto bem próximo ao da oponente.
— A sua frieza em combate… — sussurrou ao pé do ouvido dela. — É bela. Mas eu gosto mais de te ver sorrindo.
Suin!, os cabelos dela, antes presos num rabo de cavalo, agora se espalharam em suas costas. Num último esforço, ele puxou a fita de cabelo da mulher que quase o matou. E ela, corada, caiu de joelhos.
A diferença de altura caiu. Agora, ela estava a uma cabeça do queixo dele.
— Ficarei com isso — e apertou a fita. — Quero me recordar da primeira vez que vi o seu sorriso.
A adrenalina o fez esquecer do medo de olhar alguém nos olhos.
— I-idiota… — ela respondeu, corada.
— — —
Após o fim da luta…
— E então, o que achou dele? — indagou uma garota de manto negro e grimório nas mãos.
A mulher de hakama lançou a vista para o mar. O sol poente deu ao céu um tom carmim naquele momento em que trocavam palavras. Mais vermelho que o crepúsculo, só o rosto daquela espadachim.
— Um i-idiota… — respondeu a guerreira. — Um idiota que diz coisas legais em momentos críticos!
Mas…
…Ainda faltavam outras três oponentes. Agora que elas sabem de sua melhor técnica… As coisas se tornarão ainda mais difíceis.
Será que ele tem chances?
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