36 - Um futuro distópico
Autor: Marcelo Kuchar Matte
Venho de um futuro distópico, selecionado entre várias das pessoas possíveis. Mas posso afirmar que não sou o primeiro a retornar ao passado. A forma de retornar ao passado que nosso grupo descobriu não é nada parecido com o que nossa imaginação atual acredita, muitas vezes baseadas nos conceitos da teoria da relatividade de Albert Einstein, que no futuro se mostraram, no mínimo, incompletas.
Faço um adendo aqui no início dessa história de fantasia que descreve um futuro verdadeiro que espero que não aconteça, pelo menos foi por isso que voltei 120 anos no passado. Fiquei quase 50 anos sem falar e, um pouco mais, sem escrever em português. Logo, você encontrará vários erros de ortografia, concordância e claro várias confusões na escrita de palavras com “s”, “ss” e “ç”. Então finjam que não viram esses erros. Você, também, vai encontrar vários erros de temporalidade, pois lembre, sou do futuro escrevendo do passado e tentado me encaixar entre esses dois tempos. Meus textos também não são adequados para histórias de fantasia, escrevi a minha vida (futura) toda de forma científica, tirar esse viés vai ser desafiador.
Esclareço que esse texto em forma de história de fantasia é na verdade um relatório a ser entregue aos meus colegas do futuro. Devido a um daqueles casos de tempestade perfeita, as histórias/novel escritas nesse site perduraram por 120 anos e podem ser lidas no futuro. Apresentarei também aqui na minha história de fantasia (relatórios) vários conceitos, que no futuro foram comprovados, e algumas teorias que estou desenvolvendo e que envio para análise dos meus companheiros.
Os eventos importantes que preciso modificar estão em um futuro distante, aproximadamente, 40 anos à frente de hoje. Então você pode se perguntar por que voltei tão atrás no passado. Bom, na verdade, não é possível escolher qual o momento que você volta. O regresso é baseada em um dos conceitos que serão descobertos 70 anos no futuro e é baseada no conceito de “partículas gêmeas” já teorizada hoje.
Vou descrever a ideia geral dos acontecimentos futuros, todavia, sem entrar em eventos específicos, pelo menos não neste momento. E, a princípio, contar essa história do futuro não modificará o futuro e, sim, minhas escolhas atuais modificam o futuro. Como eu sei? Outros vieram antes e exemplificaram. Não irei dar os nomes das principais instituições que participam dos eventos, pois, no futuro, haverá uma inteligência artificial que varrerá a internet em busca de palavras específicas.
Sendo assim, começo a descrição superficial dos acontecimentos que ocorrerão no futuro:
Venho de um futuro em que mais da metade das pessoas da Terra estão mortas, primeiramente, por uma guerra nuclear entre Estados Unidos e Inglaterra contra Rússia e China. Tudo causado pelo orgulho da cultura Judaico/Cristã e pelo rigor dos Pensamentos dos Chineses. Depois de uma guerra duradoura que, no seu início, começou com a invasão da Ucrânia pela Rússia. Depois de décadas de atrito, os políticos russos já fragilizados em sua moral e, adicionado a isso, a suas várias fragmentações internas, passando por forte pressão de dissolução do estado russo, radicalizaram e utilizaram uma bomba nuclear tática sobre uma pequena cidade da Ucrânia.
A partir desse ponto não houve mais espaço para negociações, a OTAN começou a oferecer armas cada vez mais potentes para Ucrânia e, essas armas, conseguiram atingir Moscou. Nesse ponto os russos começaram a sentir os efeitos da guerra na própria pele. Foi nesse momento que a guerra se tornou realmente destrutiva. Foram convocados 3 milhões de russos para servir o exército, os países vinculados a OTAN continuaram mandando armas e começaram a contratar centenas de milhares de mercenários, principalmente ex-membros dos exércitos asiáticos, africanos e da américa central. Os países da américa do sul, principalmente o Brasil, foram proibidos de entrar na guerra, não que quisessem. Inclusive os brasileiros natos não eram aceitos em nenhum dos exércitos mercenários. Existe um motivo para isso que esclarecerei em um capítulo futuro.
A guerra logo se estendeu para todo o leste europeu e os principais países da Europa, com isso a França e Alemanha foram obrigados a entrar diretamente na guerra. Alguns meses depois, devido a acordos não muito bem esclarecidos, a China e a Coréia do Norte entraram na guerra em favor da Rússia. Por fim, tirando os países da américa do sul, todos os demais tiveram que escolher um lado.
Só a China entrou com mais 3 milhões de soldados e armamentos altamente efetivos baseados em inteligência artificial. A Coréia do Norte entrou com mais 500 mil soldados e…, bom, a Coréia do Norte só entrou com soldados mesmo. Outros países davam apoio tecnológico, construção de caças, navios, misseis e tudo mais que se usa em uma guerra, e em casos específicos enviavam destacamentos para limitar o outro lado, como por exemplo, bloqueando passagens de navios, porém sem realmente entrar em guerra declarada.
Depois de idas e vindas essa guerra culminou com as principais cidades do mundo em frangalhos e a Rússia explodindo uma bomba nuclear na Turquia e os EUA explodindo uma bomba na região da península coreana, mas exatamente sobre a capital da Coreia do Norte. Milhões de mortes na guerra, centenas de milhares devido as bombas nucleares. A fome se instalou na África, Ásia e América Central. A Europa reorganizou toda a sua indústria para a guerra e muitas das atividades básicas foram abandonadas, inclusive parte da agricultura.
Nesse ponto, o mundo já em ebulição, a tragédia verdadeira se inicia. Um vírus já dominado pela inteligência humana, COVID-19, sofre uma mutação, provavelmente na Turquia, devido aos efeitos da radiação gerada pela bomba atómica.
Agora sim a morte chega ao planeta. Estima-se em 4,5 bilhões de mortes pelo mundo. Esse vírus encerrou a guerra, nenhuma nação se preocupou em continua-la, pois o vírus não escolhia as pessoas por região de nascimento, cor, opção sexual, ou poder econômico/político.
Depois de alguns meses de desespero uma cura apareceu para esse novo vírus mutado, todavia, quem controlava a cura não era nem um país e nem uma grande farmacêutica. Quem descobriu a cura foi um grupo religioso que, naquele momento, era considerado por muitos, radical.
Segundo os religiosos controladores da vacina, o processo para criar a vacina era individual e precisava do DNA de cada indivíduo e a capacidade dos seus novos laboratórios era limitada. Devido a isso, primeiramente seriam vacinados seus fiéis.
Não pense que as grandes farmacêuticas mundiais não estavam buscando loucamente uma cura, elas estavam. Mas não conseguiram. Nenhuma tecnologia desenvolvida gerava resposta imunológica nas pessoas.
O grupo religioso se negou a entregar a cura para os países alegando que foi entregue pelo próprio Deus ao seu Missionário e Lider e, que como tal, deveria ser exclusiva para seus seguidores. Devido a isso, somente seus fiéis mereciam a salvação desse vírus criado pelo demônio.
Os países, principalmente o EUA, tentaram de tudo para conseguir essa cura, inclusive capturaram esse líder. Mas não dá para negar que esse líder teve culhões e apostou que não seria morto devido ao conhecimento que detinha. Não sei de todos os esforços que os americanos fizeram para conseguir, mas entre eles incluí torturar alguns cientistas ligados a religião, todavia, no final, ainda não conseguiram o ciclo completo para criar a cura.
Os fiéis e as pessoas desesperadas, por medo de perder a única cura descoberta, pressionaram o governo americano até que, devido a graves convulsões sociais se viu obrigado a liberar o líder. Outra situação, casuística ou não, que deu ainda mais poder a esse grupo religioso foi que essa cura somente mantinha o sistema imunológico protegido por, aproximadamente, 24 meses.
No desespero, as pessoas começaram a se converter a essa religião, inclusive muitos dos líderes econômicos e políticos de vários países. Com isso, em poucos anos, após a contínua morte das pessoas não vacinadas, praticamente todas as pessoas se converteram a essa religião. Eu não fui exceção.
Os países ainda tentaram manter as pesquisas por uma cura, mas vagarosamente o grupo religioso começou a perseguir qualquer pesquisador que eles acreditavam trabalhar nela. Muitos pesquisadores e virologistas morreram nos anos seguintes, como cada vacina era produzida baseada no DNA de cada indivíduo era possível manipular as vacinas para gerar uma morte lenta e não ligada ao que foi injetado junto com a vacina.
Isso foi aproximadamente na década de 70 (2070). Depois disso a religião começou vagarosamente a suprimir a liberdade política e voltamos praticamente a viver em um estado fundamentalista, melhor dizer, um planeta fundamentalista, pois, lentamente, as fronteiras dos países não mais existiam.
Eu sei que existe algumas inconsistências sobre minha explicação. Mas entenda, naquele momento da história as coisas não estavam claras e aconteciam muito rapidamente e lembrar de todos os detalhes é impossível. Principalmente que faz mais 60 anos que aconteceu na minha linha do tempo, e esses acontecimentos foram, vagarosamente, deixados nos escombros da minha memória.
Preciso contextualizar também sobre uma história que ficou oculta até os anos 90 (2090) e na verdade, continua, somente alguns poucos sortudos e/ou azarados ficaram sabendo dela. Essa história começa em 1945 no momento em que os americanos explodem a bomba nuclear em Hiroshima e, posteriormente, em Nagazaki e sofre um revés no momento que a Rússia explode a primeira bomba tática na Ucrânia. Bom, esse relato fica para um próximo capítulo dessa história de fantasia.
Daqui para frente não vou mais referenciar como história de fantasia, mas como novel, certo.
Relatório: 19/12/2022
Hoje, dia 19/12/2022 do calendário cristão, eu Frederico, ou se preferir Fredy, vim de um futuro de aproximadamente 120 anos à frente. Inicialmente o retorno deveria ter sido de no máximo 80 anos. Porque 80 anos? Simples, a mudança temporal só pode ocorrer depois disso. Todas as vezes que ocorreu antes disso a vida no planeta começa a se extinguir. As mudanças radicais no passada, ou seja, antes da década de 60 (2060), afetam a cura da mutação do COVID-19.
Melhor esclarecer, eu voltei para o dia 16/12/2022, mas levou esses três dias para me situar, voltar 120 anos no passado e ainda ter a mente bagunçada com duas realidades distintas não é nada amigável.
A primeira estranheza foi ver e conversar com meus familiares, alguns que já tinham partido no futuro, outros ainda estavam bem, mas, como posso dizer, as coisas eram bem diferentes 120 anos à frente. Quando cheguei estava deitado em uma cama que um dia foi minha. Em um corpo que já foi meu, digo isso porque o meu corpo de 2022 era, vamos dizer, bem diferente, do meu corpo do futuro. E não falo isso pela juventude em si, pois essa é minha terceira vez tendo próximo aos quarenta anos biológicos.
Digo isso porque nos meados dos anos 40 (2040) uma grande farmacêutica lançou um produto muito eficiente para o emagrecimento, algo que impedia de o intestino absorver açúcar e gordura. Com isso as dietas hipercalóricas não eram mais um problema. No mundo ocidental, Europa e EUA e alguns países vinculados a cultura judaico/cristã não existia mais obesidade a partir desse ponto. A obesidade ainda existiu no mundo até os anos 70 (2070), pois devido a guerra duradoura, fortes sansões foram impostos a um grupo de países. Mas com a unificação do mundo pós Pandemia II não havia mais em lugar nenhum. Bem, isso não é importante agora.
Tudo isso para falar que voltei ao passado do eu gordinho e com preparo físico de um nerd. Lágrimas caem de desgosto..kkk. Bom, não tem jeito, vou ter que me preparar para resolver isso no médio prazo. Sim eu sei… Nunca consegui antes da invenção dessa droga de emagrecimento. Será que depois de 120 anos eu me tornei uma pessoa mais decidida e disciplinada? Descobrirei.
Também teve um tratamento desenvolvido através de mutação genética no futuro que mudou completamente os paradigmas sobre o tempo de vida de uma pessoa. Basicamente, uma pessoa poderia rebobinar a corpo para metade da vida real. Mas esse tratamento não pode ser usado infinitamente, a cada vez que se usa a eficiência cai pela metade. Deixa-me exemplificar aqui no meu caso. Quando eu tinha um pouco mais de 80 anos passei por esse tratamento, através das induções realizadas em minha medula óssea ela voltou a produzir células como se eu tivesse 40 anos e com isso ganhei aproximadamente mais 40 ou 50 anos de expectativa de vida. Em um segundo tratamento, quando eu tinha 120 anos eu passei novamente pelo tratamento e minhas células começaram a se multiplicar como se eu tivesse 60 anos, todavia, agora foi acrescentado apenas em torno de 20 anos de vida. Ou seja, eu poderia viver até aproximadamente 150 anos.
Para passar por um terceiro tratamento precisa de uma autorização especial que somente é dada as grandes mentes ou pessoas com grande influência, pois o custo do tratamento e o pouco tempo de vida acrescentado, junto com a pouco eficiência de um corpo com aproximadamente 70 anos leva a considerar que não é justificável. E para falar a verdade, em geral depois de 150 anos de vida a maioria das pessoas não estão assim tão interessadas em continuar vivendo. A maioria, inclusive eu, precisa de apoio de psicotrópicos para suportar a idade e não se jogar de uma janela.
A minha volta ao passado tem a intensão de impedir que o líder religioso monopolize a cura da doença. Depois de muitas pesquisas e envio de muitos espiões descobrimos que a cura dessa mutação do COVID-19 foi desenvolvida por um brasileiro nos finais dos anos 60 (2060). Todavia a cura era para uma doença totalmente diferente e no momento da grande tragédia ela ainda estava sendo experimentada para a cura de sua doença original.
Pelo que conseguimos entender do que aconteceu o pesquisador, após perceber que possuía a cura da mutação enviou para o escritório de patentes uma solicitação de registro. No escritório de patentes, o responsável pela patente naquela noite conversou com seu pastor sobre uma possível cura e explicou a situação. O pastor falou com seu líder religioso, por fim, chegou no cabeça da religião.
De forma decisiva e sem pudor e piedade esse líder religioso, que não faltava dinheiro, junto com um grupo de seguranças/mercenários capturou o pesquisador e toda a sua pesquisa, queimou seu laboratório, para falar a verdade a universidade inteira e fugiu. Após 2 meses disso, ele anunciou que Deus o havia dado a cura para a mutação.
Outro ponto importante que preciso explicar a você meu leitor ávido é que eu voltei ao passado, mas não voltei com meu corpo do futuro. Basicamente, no futuro um grupo de pesquisadores descobriram uma forma de extrair as memórias de uma pessoa, posteriormente descobriram em como enxertar essas memórias novamente. Mas devido ao complexo problema das ligações neurais únicas de cada pessoa não é possível enxertar em outra pessoa. Basicamente não é possível ler essa memória depois que ela é retirada do cérebro, pois não temos hardware que consiga simular um cérebro e também não é possível enxertar em outra pessoa, pois ela não tem as mesmas conexões neurais. Então como sabe que isso funciona. Bem, os testes foram realizados na época da última guerra, nesses casos as lembranças poderiam ser enxertadas nos soldados que iam para guerra e voltavam com traumas. Basicamente meio que reescrevia o período traumático da pessoa. Tipo, não apagava as lembranças dos soldados que foram a guerra, mas conseguia deixar essas lembranças mais profundas, como uma lembrança distante.
Juntando a isso, o conceito de “partículas gêmeas” ou se preferir um nome mais técnico podemos utilizar “entrelaçamento quântico”. Não vou explicar a teoria, se tiver interesse busque na sua plataforma preferencial de busca. A partir do conceito de entrelaçamento, os pesquisadores descobriram que o cérebro, através de sua glândula pineal, está sempre impondo uma frequência. Após uma análise mais profunda, descobriram que a pineal está sempre em entrelaçamento com ela mesmo do passado. É por isso que as recordações do passado podem ser acessadas. Em outras palavras não é que nosso cérebro guarda todas as informações do que vivemos, é mais como se a pineal buscasse as recordações do momento em que a vivemos através do entrelaçamento, quanto maior a frequência emocional que um período de tempo gerou, mais fácil é conectar o entrelaçamento com aquele momento do passado. Confuso né, eu sei, no futuro entro em mais detalhes.
Então voltar ao passado é na verdade reescrever toda a memória da pessoa através desse emaranhamento em um momento do passado. Todavia os pesquisadores ainda não descobriram uma forma de determinar uma data para reescrita. Até o momento se acredita que o emaranhamento acontece a partir da frequência da pineal baseado no conjunto de sentimentos que a pessoa está vivendo no momento. Minha intensão era voltar para o momento que a bomba atômica caiu sobre a Turquia.
Para mim esse período foi de muito estresse e angústia, pois eu estava a apenas algumas centenas de quilômetros do local, sendo assim tentei simular tal sentimento e fiz a reescrita (a equipe fez). Todavia meu planejamento deu errado e eu voltei num passado muito mais distante.
E daí, qual o problema? O problema é que as vezes que alguém voltou antes de 2060 e tentou modificar o futuro, a humanidade acabou extinta.
Mas se o futuro é modificado, como dá para saber sobre isso? Então, baseado em outra teoria da física, “o observador” que diz basicamente se alguém estiver observando uma partícula ela se comporta como matéria e se não estiver observando ela se comporta como onda. Extrapolando essa teoria de formar bem complexa e absurda, mas que por algum motivo realmente funciona, todos aqueles que sabem que uma pessoa voltou para o passado fica com as duas realidades na cabeça. Isso é bem complexo e traz consequências absurdas, entre elas demência e não poucas se suicidam pela dificuldade de organizar os múltiplos conceitos e histórias na cabeça.
Existem várias complicações nesse processo, várias mesmo, mas deixarei a explicação para outro capítulo dessa novel.
Relatório: 20/12/2022
Hoje é o quarto dia que voltei ao passado. Estou tendo uma grande dificuldade de me adaptar as tecnologias atuais. A quanto tempo não usava um teclado manual e um monitor, mas ainda consigo digitar, mesmo que meio cata milho. No futuro isso deixou de ser usado e as tecnologias são totalmente diferentes.
Fui futricar no meu smartphone, não tão smart assim, para tentar me contextualizar sobre as coisas. Descobri/relembrei, que tenho uma viagem marcada de uma semana para uma praia no sul do Brasil com um conjunto de amigos depois do Natal. Lembro de ter ido vários anos nessa mesma praia com esses amigos e esse ano pelo jeito irei de novo. Vou tentar viver a vida como eu vivi até decidir o que fazer, sei que não dá para ficar repetindo os mesmos atos do passado, pois não lembro o que fiz naquela época. Mas acredito que vai ser bem divertido, espero não ficar muito deslocado, minha mentalidade vai se chocar com a atual geração, principalmente devido a ter vivido muitos anos sobre um estado com fortes conceitos religiosos, mas vou tentar me libertar e aproveitar.
No WhatsApp, aplicativo que atualmente é utilizado para comunicação de voz e texto, recebi várias solicitações do meu atual chefe para fazer várias burocracias. Nessa época era/sou professor da área de computação e como é final de ano preciso fechar os diários e lançar notas e presenças. Também faço doutorado em Inteligência Artificial, estou na metade dele agora, lembro como penei para terminar esse doutorado, acho que hoje mal preciso estudar para escrever aquelas mesmas bobagens imprecisas. Posso até lançar alguns conceitos novos e embaralhar o progresso tecnológico, mas sinto que isso não traria bons frutos.
Agora o problema que me martela a mente é o que fazer com esses 40 anos que ganhei inesperadamente. Não posso fazer nada muito abrupto que mude o futuro, pois se meus colegas do futuro entenderem que modifiquei negativamente o futuro, eles podem forçar um novo regresso e a riscos de meu cérebro não aguentar, dado que já estou tendo dificuldades em lidar com a sobrecarga de apenas uma volta.
Estou na dúvida se devo levar a vida do mesmo jeito que levei, terminando o doutorado e continuar como pesquisador até ser chamado para trabalhar em uma empresa de inteligência artificial e ciência de dados na Alemanha ou vou por outro caminho. A princípio acredito que minhas escolhas pessoais não devem mudar radicalmente o futuro, não sou uma pessoa muito importante na história, pelo menos não até agora.
Estou fortemente tentado a mudar completamente de área de estudo. Talvez medicina, quem sabe fazendo isso tenho algum deslumbre no futuro sobre a cura da doença. Sei que o pesquisador que faz a descoberta da cura da mutação vai entrar em medicina em uma universidade brasileira em 2024 e até sei qual é a universidade, estudei bem os poucos dados que conseguimos dele no futuro. Estou tentado em ser companheiro de classe dele. Mas para falar a verdade faz tantos anos que não estudo matérias como química e biologia e física clássica que provavelmente vou precisar estudar do zero, já que nesses tempos é preciso passar no vestibular para entrar na faculdade.
Vou ir pensando nos próximos dias, depois dessa viagem para praia espero ter chegado a alguma decisão de como proceder. Bem, não fazer nada e continuar o doutorado também é uma escolha.
Estou meio sem ideias do que escrever para alcançar as 1500 palavras desse capítulo. Já sei, vou falar sobre o momento que voltei ao passado no dia 16/12/2022.
Foi programado que o enxerto da memória ocorreria em um horário que fosse de madrugada aqui no Brasil, era algo em torno de oito da manhã na Europa, onde vivia atualmente. Quando a memória foi enxertada a primeira coisa que acontece é uma forte dor de cabeça, em geral as pessoas desmaiam de tanta dor. Em ambientes controlados normalmente o paciente está dopado para evitar complicações. Mas, como o meu era um enxerto especial, não havia essa possibilidade.
Acordei gritando de dor, com as memórias bagunçadas, presente e futuro em conflito. Meu cachorro, que nessa época dormia no meu quarto se assustou muito e pulou em cima de mim. Acredito que ele achou que eu queria brincar. Fiquei alucinando por umas horas até que o processo se estabilizou. Apaguei depois disso por um tempo, não sei metrificar o tempo ao certo.
Mas a vida atual não era tão simples, minha irmã mais nova entrou no meu quarto pedindo para ajudar a levar a mãe ao banheiro. Estava perdido, levar a mãe ao banheiro, não consegui lembrar de porquê faria isso. Todavia, vagarosamente segui ela e ao chegar no quarto de minha mãe, encontrei ela deitada, com a cadeira de rodas e de banho do lado da cama. Não lembrava disso, será que voltei para um passado diferente, será que alguém voltou mais ainda no passado e mudou o meu próprio passado? Não estava entendendo.
Mas por fim, ajudei minha não tão velha mãe ir ao banheiro, coloquei ela na cadeira de banho e levamos até lá. Vagarosamente minhas lembranças começaram a se encaixar. Lembrei que, se não me engano, minha mãe teve um AVC e ficou acamada por alguns meses, mas logo ela se recuperou, acho que é por isso que minha mente ignorou tal fato.
Enquanto minha irmã mais nova acompanhava minha mãe no banheiro, fiquei meio perdido e me sentido meio cansado me deitei no sofá, como eu fazia no passado. Passou alguns minutos minha irmã mais nova olhou pela porta do banheiro e ralhou comigo, perguntando se eu não ia fazer a “crepioca” para o café da mãe. Fazer uma crepioca, acho que fazia uns 90 anos que não fazia isso. Teve um tempo que eu comia isso no café da manhã quase todo dia. Parei depois que foi inventado o remédio para evitar absorção de gordura e açúcar, pois depois disso eu poderia fazer café da manha menos saudáveis, como bacon com pão branco e ovo, e coisas do tipo.
Crepioca nada mais é que dois ovos com duas colheres de massa de tapioca, acho que ninguém chama assim, mas em casa nós chamávamos e funcionava bem. Fui lá fazer a tal crepioca, também tive que lembrar como é cozinhar com um fogão a gás sem explodir a casa.
Depois de pronta a crepioca, deixei-a no prato e perguntei se minha irmã queria, ela falou que já tinha comido, então decidi fazer uma para mim. Foi nesse momento que parei para ver meu corpo, lembrei que nesse tempo eu era bem gordinho e tinha dificuldade de emagrecer. Sendo assim fui até meu o banheiro e me olhei no espelho. Realmente vi algo que não via a muito tempo, eu na minha versão gorda, tal sensação não me deixou muito feliz. Lembrei que alguns anos depois seria criado o remédio de emagrecer definitivo, mas mesmo assim fique desgostoso da situação. Me perguntei se valia o esforço de buscar emagrecer do jeito antigo, fazendo regime e exercícios. Fiquei cansado só de pensar, mas acredito que não vai haver outro jeito. Ainda falta um bom tempo para eu poder me aproveitar desse remédio.
Depois que a mãe terminou de tomar café da manhã ela pediu para dar uma volta de cadeira de rodas pelo condomínio. Fui ser um bom filho e levei ela para dar algumas voltas na única rua do condomínio. Um ponto importante a salientar é que eu não moro com minha mãe, somos vizinhos no mesmo condomínio, então acaba como se fosse algo como duas casas no mesmo terreno.
Conversei algumas borrachas com minha mãe, ela reclamou da dificuldade que era estar na cadeira de rodas. Falei para ela que aquilo era momentâneo, entretanto saiu meio que como uma vontade que eu tinha que ela se recuperasse e não a certeza de alguém que veio do futuro.
Voltei para o quarto onde eu acordei, ou seja, para o meu quarto, e olhei as coisas em volta, computador, cama e livros espalhados. Acho que minha essência não mudou muito com o tempo. Só devo ter ficado mais murrinha e sistemático de uma forma negativa.
Deitei-me novamente na cama, as memórias ainda estão embaralhadas, como a vida do eu atual tivesse virado uma lembrança distante, mas ainda presente e minhas lembranças do futuro estava tentando criar uma lógica para os acontecimentos. Provavelmente é meu cérebro tentando criar as conexões necessárias para as informações ficarem disponíveis. Esse processo leva alguns meses é algo parecido como a recuperação de um AVC, sem a parte de afetar a parte motora do corpo. No momento não sinto que me falte memórias, mas como se diz, como saber se esqueceu de algo, né?
Hoje paro por aqui, devo escrever novos capítulos do novel (relatório) assim que tiver novidades a relatar. Nesse momento talvez eu escreva bem mais, pois preciso colocar minhas ideias em ordem e escrever é um bom processo.
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