Capítulo 177 – Família
Como naquele momento ele não se importava nem um pouco com a disputa por poder e legitimidade que ele mesmo começou na capital ao entregar a espada do fundador do Império a um descendente da casa Azurre e não a um membro da casa Vermillion, Alexander conduziu seu grupo com calma em direção ao seu destino.
Aquela reviravolta de acontecimentos não surpreendeu muito Diana, já que ela tinha visto a magnitude do que era Drayygon. Mas para Ariel e Helena, que tiveram que passar um bom tempo fugindo de “peixes pequenos”, tal reviravolta para cima de um dos pilares do Império era basicamente incompreensível.
Quando o grupo chegou na cidade Lester, o casal fez questão de apresentar toda a cidade para as suas companheiras de equipe. Eles queriam ambientá-las o melhor possível antes de irem para a casa dos pais de Diana.
Assim que o grupo se separou para fazer suas coisas e seus próprios planos para o futuro, Alexander e Diana foram para a casa da família dela. Mas assim que chegaram lá, foi possível ouvir que havia outras pessoas dentro da casa com os pais dela.
Ao sentirem a atmosfera pesada e a hostilidade dentro da casa, todas as criaturas selvagens se eriçaram e Alexander começou a ficar enraivecido.
— Não bastou arriscarem suas vidas e seus futuros, agora vocês ainda permitiram que aquela criança fizesse a mesma coisa com o futuro dela? — reclamou uma voz masculina desconhecida. — Justo agora que ela estava indo bem e até conheceu pessoas importantes e promissoras.
— A vida é dela, e as escolhas também — respondeu Dimitri, o pai de Diana.
— Você… — resmungou a voz desconhecida.
— Você, o que? — perguntou Alexander ao entrar na casa com Diana.
— Vocês? — estranhou Ánara, a mãe de Diana. — O que estão fazendo aqui?
— A minha fuga “triunfal” deu errado — admitiu Alexander. — Fomos capturados um pouco depois da fronteira.
— Fuga?! Capturados?! — rugiu o homem desconhecido ao avançar contra o pai de Diana. — Veja onde suas escolhas a levaram.
Ao ver aquela situação se desenrolando, Alexander levantou uma das suas mãos e, sem qualquer hesitação, ejetou o homem da casa com uma massa de energia.
— Você se atreve a atacá-lo tão covardemente? — reclamou a outra mulher na casa, que claramente estava com o homem, ao sacar um cajado mágico contra Alexander.
— Eu a reconheço e sou muito grata a senhora por ter me ensinado sobre magia, mas é melhor abaixar seu cajado — advertiu Diana, que claramente conhecia a mulher, ao sacar seu escudo.
— Saia da frente, criança — comandou a mulher, sem recuar. — Nem mesmo você vai salvá-lo de receber o que ele merece hoje.
— Não é ele a quem estou tentando salvar — disse Diana, também batendo o pé.
— Parem, as duas, ou vão acabar no meio da rua como aquele homem — as advertiu Alexander, colocando-se protetoramente na frente de Ánara. — Vocês ao menos têm noção das consequências que suas ações nessa sala podem causar?
— Você… — surpreendeu-se Ánara novamente. — Como você sabe?
— Mesmo detalhes sutis não podem se esconder dos meus olhos — explicou Alexander.
Rapidamente entendendo o subtexto daquelas palavras, as duas mulheres cambalearam para trás desnorteadas, duramente golpeadas pela verdade ao notarem o perigo do que estavam fazendo. E assim que o homem desconhecido tentou voltar para casa, a sua própria companheira correu até ele e começou a agredi-lo, chamando-o de todos os sinônimos de inconsequente.
Totalmente desmoralizado com toda aquela situação, mas sem poder ir embora, o homem teve que ficar para que todos pudessem conversar, mesmo após receber uma grande repreensão da sua companheira na frente de todos.
Como já era obvio àquela altura, o casal humano que estava discutindo com os pais de Diana eram os avós paternos dela, e Ánara estava grávida.
— E então, quem vai começar? — perguntou Alexander para quebrar o gelo.
— Quem é você exatamente, garoto? — “exigiu” o avô de Diana, claramente ainda guardando algum ressentimento contra ele.
— Alexander Ocean DragonSeal — introduziu-se Alexander. — Eu estou com Diana.
Surpresos com aquela introdução, mas assimilando rapidamente o que ele queria dizer com “estou com Diana”, os avós não puderam deixar de se voltar para a neta e lançar-lhe “olhares conhecedores” que a deixaram bem tímida.
— Estranho — comentou o avô de Diana. — Ouvi dizer que você era humano.
— Se está se referindo ao Torneio Imperial, eu realmente era mais humano naquele momento — respondeu Alexander. — Mas agora, como pode ver, sou muito mais um híbrido dracônico do que qualquer outra coisa.
— Também ouvi que você não parece ter nenhum apoio ou família — continuou o avô de Diana, sem rodeios. — Como exatamente pretende proteger minha neta?
— Sem nem falar de mim, acredito que o senhor e sua mulher não têm mais poder bruto nem do que Diana — disse Alexander, sem parecer ofendido, ao apontar para uma janela. — Dêem uma olhada lá fora e procurem por algo grande e preto… É dela.
Sob aquela recomendação, todos na casa que não tinham ideia do que ele estava falando foram até a janela apontada, que dava para os fundos da casa, e deram de cara com Pequeno Preto deitado ao sol.
— … — Avó de Diana.
— … — Avô de Diana.
— … — Mãe de Diana.
— … — Pai de Diana.
— Aquela coisa é mesmo um familiar dela? — quis confirmar o avô de Diana, mas basicamente perguntando por todos eles.
— Ela até o nomeou de Pequeno Preto por causa do seu sobrenome — confirmou Alexander. — Porém recomendo fortemente que vocês apenas o chamem de Preto se não quiserem ter problemas com ele quando Diana não estiver por perto.
— Mas voltando à pergunta que o senhor me fez, eu realmente não tenho apoio ou família para me dar cobertura. Porém acredito que, com algum tempo e preparação, não seja impossível para mim destruir uma cidade como essa — acrescentou ele sem mentir ou exacerbar os fatos.
— … — Avó de Diana.
— … — Avô de Diana.
— … — Mãe de Diana.
— … — Pai de Diana.
Bombardeados com uma informação como aquela, as pessoas na sala começaram a lançar-lhe um olhar meio estranho. Esse nível de poder era muito maior do que uma única pessoa “normal” deveria ter.
— Obviamente não estou dizendo que posso virar uma chave e fazer uma cidade como essa simplesmente desaparecer — explicou Alexander. — O que estou dizendo é que posso, por exemplo, voar acima da maioria dos perigos e bombardear a cidade com feitiços e habilidades até que ela seja destruída.
Sentindo que tal declaração fazia bem mais sentido com ele sendo visto como um canhoneiro em uma posição privilegiada, em vez de uma catástrofe viva que poderia simplesmente destruir uma cidade à sua vontade, a família de Diana começou a entender melhor o nível de poder dele.
Com os olhos brilhando de entusiasmo pelas possibilidades que via para Alexander como parte da sua família, o avô de Diana pareceu abandonar seus outros assuntos “menores” e perguntou-lhe: — Como o vencedor do Torneio Imperial, eles devem ter lhe oferecido algumas propostas especiais, como ingressar imediatamente na Academia de Cavaleiros do Império, certo?
— Algo assim — não negou Alexander. — Mas felizmente consegui negociar uma “neutralidade” junto ao Império, já que nunca quis nos envolver nas disputas por poder que vivem acontecendo por aqui.
— Você não tem interesse em autoridade ou poder? — estranhou o avô de Diana.
— O que eu não tenho é interesse em me tornar a arma de outra pessoa por uma pequena gama de autoridade ou títulos e alguns tapinhas nas costas — respondeu Alexander calmamente, deixando claro seu ponto de vista para o avô de Diana.
Pego de surpresa por tais palavras, principalmente por saber que nelas havia uma boa dose de verdades indubitáveis, o entusiasmo do avô de Diana começou a cair rapidamente. Porém antes que a situação fosse completamente ao mar, Alexander acrescentou: — Não me entenda mal. Eu não julgo ou condeno o senhor… É só que as nossas perspectivas e o número de pessoas que dependem de cada um de nós são muito diferentes.
Ao confiar ali, naquelas palavras, que Alexander já havia traçado uma linha muito clara sobre o que e quem seria família para ele, o avô de Diana suspirou, engoliu um pouco do seu orgulho e falou por sua família: — Têm mesmo quer ser assim?
— Me diga o senhor — rebateu Alexander. — O que o senhor acha que aconteceria se eu fosse agora para a área da sua família e destruísse todos os seus inimigos?
Tal pergunta era capciosa ao extremo, pois a resposta era óbvia: absolver, expandir, reestruturar e crescer. Eram metas “eternas”.
Não há vácuo de poder em nenhuma esfera social ou mundo. Aqueles que não estão subindo estão lentamente caindo. E em esferas sociais e mundos governados pela força, onde rancores eram perpetuados por gerações, algo como se permitir cair era um pecado grave que poderia levar à extinção de toda a sua família.
Apesar de todos os problemas que a governança moderna possa ter causado, como a burocracia excessiva, foi justamente ela e seu conceito de “justiça igual para todos” que coibiram coisas assim de continuarem avançando em larga escala pela história impunemente. Mas em um mundo onde o poder é a justiça, é muito fácil notar que tudo pode acabar ruindo para sua família se sua facção não tiver uma boa base.
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Ps: Para finalizar, volto a reiterar que as publicações seguiram normais e recorrentes no ritmo mencionado mesmo que, por ventura, haja a publicação de capítulos adicionais.
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