Índice de Capítulo


    『 Tradutor: Crimson 』


    “… Reviver a Peônia?”

    “Sim.”

    Quando repeti as palavras automaticamente, Ribel assentiu.

    “No nosso mundo, a Peônia era chamada de Árvore Divina — uma entidade que concedia bênçãos à floresta. Mas houve… bem, seria feio tentar suavizar: nós, os estrangeiros, tentamos obter o poder da Árvore Divina. Acabamos ferindo a floresta e machucando aquela criança. Foi isso que a levou a perder a razão, consumida por ódio e rancor.”

    “…”

    Eu já sabia disso.

    Na batalha final contra a Peônia, toquei suas memórias.

    Raiva. Dor. Tristeza. Arrependimento.

    Ela nunca quis ser um monstro. Aquela criatura gentil e calma só queria que tudo terminasse. Chegou ao ponto de me implorar para matá-la.

    “… E reviver a Peônia serviria para quê?”

    “Eu disse antes: precisamos preparar um ambiente favorável para vocês. Pense nisso como uma versão em área de uma magia de suporte. Na luta contra o Esquadrão Avançado, isso vai ser indispensável. Um Treant de classe suprema como a Peônia pode fazer isso.”

    “…”

    Peônia… quer dizer, um Treant, tem um poder desses?

    … Espera. A Igarashi comentou algo sobre uma habilidade estranha durante a avaliação de um Treant.

    O nome era…

    “…“Fusão Interdimensional – Estabilização”.”

    “Oh? Então você já sabe?”

    Ribel arqueou as sobrancelhas, genuinamente surpresa.

    “Só o nome. Eu tinha esquecido completamente até agora.”

    Normalmente, eu não esqueceria um nome tão obviamente importante. Provavelmente mais um daqueles efeitos irritantes dos Treants — se você não se concentra, simplesmente esquece. É um monstro realmente problemático.

    “Só de conseguir lembrar, já é impressionante. Deve ser efeito da sua evolução para Semideus. Os poderes dos Treants são, de certo modo… uma maldição.”

    “Faz sentido.”

    A passiva de “Imunidade a Veneno e Maldição” do Semideus… Então ela funciona até contra interferência cognitiva e esquecimento? Nada mal.

    “Voltando ao assunto. ‘Fusão Interdimensional – Estabilização’ é uma habilidade de raça que todos os Treants possuem. A função dela é impedir a fusão completa entre este mundo e o outro.”

    “Impedir a fusão…? Mas isso não é contraditório? O Sistema existe justamente para unir os dois mundos.”

    “Sim. Mas, como eu disse antes, a fusão acontece em etapas. É um processo lento para reduzir ao máximo as distorções entre os mundos. Os Treants servem como um ‘amortecedor natural’, para impedir que tudo colapse de uma vez.”

    O “amortecedor”… agora que penso, quando encontrei a Ribel pela primeira vez ela disse algo que me chamou atenção.

    “… Pelo visto, a influência da Árvore Divina… não, da Peônia, era enorme mesmo. O efeito de ‘Fixação Intermundos’ que os Treants daqui deveriam manter ficou muito enfraquecida. Graças a isso eu finalmente consegui vir para cá.”

    Acho que foi isso que ela mencionou naquela ocasião.

    Se os Treants têm o papel de impedir a fusão entre os mundos, então este lugar — onde nós exterminamos todos os Treants das redondezas, inclusive a própria Peônia — é literalmente “O ponto mais propenso à fusão com o outro mundo”.

    E foi justamente por essa alta afinidade com o Outro Mundo que a Ribel conseguiu aparecer diante de mim.

    Não foi coincidência; foi um encontro inevitável, causado pelo fato de termos derrotado a Peônia.

    Nishino leva a mão ao queixo:

    “Agora que penso… o primeiro monstro que apareceu no nosso mundo foram os Treants, né? Não imaginava que tinham uma função dessas. Mas tem algo que não faz sentido. Por que um Treant teria uma habilidade assim?”

    “Não é que tenham, é que receberam. O sistema concedeu aos Treants a habilidade ‘Fixação Intermundos’. É uma habilidade que consume muita energia, mas vocês sabem qual é a fonte, não sabem?”

    A fonte de energia dos Treants.

    Todos no ambiente fazem uma expressão de nojo ao lembrar.

    Nishino não tenta esconder sua repulsa ao responder:

    “E vocês falam isso como se fosse normal? Sabe muito bem o que aconteceu com a gente… com o pessoal do Goshogawara… por causa disso.”

    “… Não tenho desculpas. Mas essa habilidade não deveria existir. Quando apenas os monstros foram transferidos no início, o sistema interpretou aquilo como uma falha e tomou essa decisão…”

    “Tsk…! Mas por causa disso…”

    “Nishino-kun, por favor, calma.”

    “… Desculpa. Me exaltei.”

    Ele solta um longo suspiro e abaixa a cabeça.

    Eu entendo o sentimento.

    Os Treants atacavam pessoas sem deixar rastros, devorando memórias e apagando existências.

    Quantas tragédias ocorreram sem que ninguém pudesse sequer perceber?

    Chamar isso de “sacrifício necessário pelo bem do mundo” é apenas uma justificativa cruel e egoísta.

    “Fui insensível. Me desculpa.”

    “Pedir desculpa não muda o que aconteceu… Mas os culpados são os que alteraram o sistema. Não você.”

    “Mesmo assim, eu participei da criação dele. Se existe uma culpa, eu faço parte dela também.”

    “Mas você — você e essa tal Sábia — fizeram tudo o que podiam pra que nossos mundos coexistissem. Os culpados são os que distorceram tudo para benefício próprio… não você.”

    Ao ouvir isso, Ribel sorri levemente, quase com ternura.

    “… Kazuto, você tem aliados realmente bons. Invejo você.”

    “Eu sei. São meu orgulho.”

    Nishino desvia o rosto, vermelho de vergonha.

    … É injusto que até corado ele continue bonito.

    “… Enfim, continuando. A habilidade ‘Fixação Intermundos’ impede a fusão entre os mundos, mas no caso da Peônia — uma Treant da classe mais alta — essa habilidade é ainda mais forte.”

    “É isso que você quis dizer com aquela ‘versão em área’ da magia de suporte?”

    “Exato. Quando ainda era a Árvore Divina, a Peônia usava isso para abençoar a floresta. Como não tinha poder de combate direto, foi justamente essa fraqueza que exploraram…”

    Por ser totalmente voltada para suporte, ela tinha baixa capacidade de combate.

    E foi por causa dessa impotência que ela desejou um poder que pudesse proteger tudo… o poder de “Devorar”.

    “Como vamos reviver a Peônia?”

    “Simples. Misture terra vermelha e preta num vaso, coloque a Semente da Árvore Divina e regue. Ela deve renascer em um dia.”

    “Isso é… simples demais!?”

    Era literalmente jardinagem. Não era tomate, mas a cena parecia de um programa de cultivo caseiro. Todo mundo ficou com uma expressão meio incrédula.

    “Não tem perigo renascer assim do nada?”

    “No estado recém-nascido ela não tem muito poder. Vai levar algum tempo até recuperar sua força antiga como Árvore Divina, mas isso pode deixar comigo.”

    Provavelmente ela já tinha um plano. Melhor deixar a parte técnica para Ribel.

    “Então o que nós fazemos?”

    “Quero que vocês conversem com a Peônia. Eu, sendo uma pessoa do outro mundo, só deixaria ela desconfiada.”

    “É possível se comunicar com ela?”

    “Agora que ela perdeu o poder『Devorar』, deve ser possível.”

    “Mas eu sou quem matou a Peônia… não acho que ela vá aceitar conversar comigo.”

    “Ela vai. Tenho certeza de que a Peônia é grata a você. Você a libertou daquela dor.”

    “… Será mesmo?”

    Para mim, era mais fácil acreditar que ela me odiaria.

    “Então deixo a ressurreição por sua conta. Tenho outras coisas para resolver. Outras pessoas estão prestes a evoluir — Kamome, Yuuna… alguns já estão bem próximos.”

    “Entendi.”

    Yuuna… a chefe Shimizu. Às vezes eu realmente esqueço o nome dela.

    Assim que Ribel saiu, eu me aproximei da espada encolhida em um canto do quarto — Arroganz.

    “Agora faz sentido por que você estava tão interessado na Peônia. Mas como é que você sabia?”

    『… Pelo poder do Orgulho. Invadi o sistema e vi o passado e habilidades da Peônia. É irritante admitir, mas o que a Rainha da Morte disse é verdade.』

    “As habilidades da Peônia? Então é…”

    『Não. A gratidão dela.』

    “Hã?”

    『… Ela é realmente grata a você. Por tê-la libertado. Se for um pedido seu, ela vai ouvir.』

    “Você…”

    『Cale-se. Não diga nada.』

    A lâmina tremia emburrada dentro da bainha. Eu apenas ri e fui preparar o necessário para reviver a Peônia.


    Montamos um vaso grande, misturamos terra vermelha e terra preta e enterramos a semente. Ainda bem que eu tinha estocado terra de jardinagem do home center antes.

    Com o regador verde, despejei água e senti um clima… doméstico demais.

    “Isso aqui tá com uma cara muito forte de horta caseira…”

    “Também achei. Ah… posso regar um pouco também?”

    Ichinose apareceu atrás de mim, espiando por cima do meu ombro. Nishino, Rikka e Igarashi tinham saído, então estávamos só nós dois ali — e claro, Kiki e Shiro, dormindo em cima da cama.

    “Claro. Aqui.”

    “Obrigada… ah, pesado… Kudou-san, me ajuda a levantar o regador?”

    “Estranho, acho que nem tem tanta água assim aí dentro.”

    “Uuugh… eu não consigo levantar nada mais pesado que um rifle…”

    “Isso significa que você consegue levantar praticamente qualquer coisa, né? Poxa… sério mesmo…”

    “Eh-he-he…”

    Quando seguro a mão dela no regador para ajudar, Ichinose sorri toda feliz.

    … Ela fez isso de propósito? Provavelmente. Mas foi fofo, então tudo bem.

    Passamos a tarde assim: regando o vaso aos poucos enquanto pesquisávamos sobre as possíveis evoluções dela.

    A escolha praticamente ficou definida, mas havia um detalhe incômodo, então deixamos para decidir a evolução no dia seguinte.

    “Au!”

    “(… tremendo…)”

    No fim da tarde, Momo e Aka finalmente voltaram.

    A transferência de poder do Rei dos Mares parecia estar indo muito bem — Aka tremia de alegria.

    Depois de tantos dias desmaiando, evoluindo e correndo riscos, fazia tempo que eu não fazia carinho neles.

    Pude matar a saudade do pelo macio da Momo e do corpo gelatinoso de Aka. Foi extremamente terapêutico.

    Na manhã seguinte, acordo com o nascer do sol e vou direto verificar o vaso na varanda.

    A Ribel tinha dito que a Peônia renasceria em um dia… mas era difícil acreditar cegamente nisso.

    Não parece o tipo de coisa que acontece tão rápido assim.

    “Vamos ver como está…”

    Olho para o vaso — e há um pequeno broto saindo da terra.

    E o formato das folhinhas… é bem semelhante ao dos Treants.

    Não é possível. Ela realmente renasceu em UM dia?

    “Bom, mas ainda é só um brotinho. A partir daqui ainda— Hã!?”

    Enquanto observo o vaso mais de perto, uma descarga corre pela minha mente — como se algo tivesse se conectado.

    Eu conheço essa sensação.

    É igual à sensação de quando uso telepatia com Sora ou Shiro.

    “Não me diga que isso foi…”

    Olho para o broto novamente.

    O pequeno caule treme levemente.

    «—Estou com fome. Por favor, me dê algo para comer, papai.»

    …Ei.

    Espera.

    Isso foi a Peônia falando???

    AAAAH! ELA FALOU!!

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