Capítulo 245 – Treinando Com os Clones

『 Tradutor: Crimson 』

Os clones avançaram todos ao mesmo tempo.

A força que eu sentia deles era praticamente igual à nossa.

Se o que o Rei do Mar disse estava certo, então: Eles têm atributos maiores, enquanto nós temos skills em nível mais alto.

『Domínio da Colmeia.』

A habilidade que cria clones de qualquer pessoa que o usuário encontre — ou já tenha encontrado…

E ainda consegue reproduzir habilidades e atributos.

Era literalmente a manifestação máxima do que se pode chamar de trapaça.

“… Ei.”

“Guo!?”

O clone me golpeou.

Era forte. Rápido.

Mas, acima de tudo, não mudava a expressão nem por um segundo, o que tornava tudo ainda mais perturbador.

“Ei, ei, ei.”

“P-Pera— tch! Já chega! Que saco!”

Esse clone… sempre intercepta meus movimentos no exato instante em que tento iniciar uma técnica.

Ele corta meu timing de propósito:
— não dá para preparar ninjutsu,
— não dá para ativar habilidades,
— nem acessar direito a Caixa de Itens.

E os movimentos dele são difíceis de ler. É irritante de lutar contra.

(Eu já sabia, mas… o fato de conseguir recriar até a minha forma evoluída de Semideus é simplesmente absurdo…)

Não, claro — isso é de se esperar do Rei do Mar.

Afinal, ele é o ápice de todos os slimes, o slime primordial.

Quem foi mesmo que inventou aquela história de que slime é um inimigo fraco?

É trapaça. Um slime quebrado.

“『Técnica do Fogo』!”

O clone ativou ninjutsu.

Eu poderia esquivar…

Não, não posso.

Com a Ichinose-san e as outras lutando próximo, se eu desviasse, seriam atingidas.

Então, imediatamente convoquei uma barreira de terra e areia da Caixa de Itens.

Uma verdadeira chuva de terra absorvendo as chamas. Um trocadilho que até combinou.

De qualquer forma, para uma técnica de fogo comum, isso era o suficiente para extinguir.

Eu até poderia usar Técnicas de Água, mas o vapor poderia causar mais danos ao redor.

“『Técnica de Relâmpago』.”

Ativei a Técnica de Relâmpago ao mesmo tempo, imbuindo-a na ninjatō.

Fechei a distância em um único salto.

“『Técnica de Relâmpago』.”

Mas o clone também ativou a mesma técnica, imbuindo sua própria ninjatō.

Em um piscar de olhos, dezenas de golpes cruzaram o espaço, espalhando faíscas por toda parte.

(… De fato, como o Rei do Mar disse: minhas habilidades são melhores, mas os atributos dele são superiores…)

Mas lutando, eu percebi algo importante.

O clone não estava usando:

Habilidades Únicas ou Habilidades de Raça.

Eu, desde o início do combate, estava usando “Olhos Divinos Inferiores” e “Liberação de Poder Divino”, mas o clone não demonstrava sinal de usar nada semelhante.

Faz sentido — habilidades únicas são específicas demais para serem copiadas.
Isso pelo menos era um alívio.

“É verdade que você é mais rápido e mais forte do que eu. — Mas isso não é nem de longe suficiente pra compensar a diferença de nível da habilidade!”

“――”

O clone provavelmente tinha suas habilidades dois ou três níveis abaixo dos meus.
E entre uma habilidade nível 10 e uma nível 7, a diferença de poder é absurda.
Sem falar nas habilidades únicas.

(Já me atrapalhou no começo, mas… agora já me acostumei.)

Com “Olhos Divinos Inferiores”, prevejo os movimentos do clone.

Cada deslocamento parece uma sequência de quadros lentos.

Ajusto meu timing e lanço um corte preciso.

Com um ZAN!, o braço do clone foi lançado pelos ares.

“Kh… ‘Técnica de Fogo’――”

“Lento!”

O clone começou a formar os selos, mas era tarde.
Antes que completasse o ninjutsu, já decapitei seu pescoço.

≪Experiência obtida≫

≪O nível de Kudou Kazuto subiu de 1 para 2≫

O anúncio soou na minha cabeça.

Fazia tempo que eu não subia de nível.

Mas… mesmo sendo um clone, matar a si mesmo deixa uma sensação bem desagradável.

“Com isso, acabou—”

Eu realmente pensei que tinha terminado.

Mas naquele exato instante… a cabeça rolando pela areia abriu a boca.

“『Técnica de Fogo』.”

“O quê—!?”

Mesmo só como cabeça, o clone ativou ninjutsu.

… Claro.

Ele era um slime, afinal.

Cortar o pescoço não significa matar.

Mas porque o sistema me deu experiência, eu baixei completamente a guarda.

(—Ah. Deu ruim. Vou morrer.)

Sem tempo para desviar ou defender, a chama escarlate me engoliu—

“『Troca de Coordenadas』.”

Num instante, senti o corpo flutuar e meu campo de visão girou.

“Ah…”

No lugar onde eu estava um segundo atrás, agora havia um Ifrit.

O gigante de fogo recebeu o ninjutsu do clone sem mudar nem a expressão.

“No final, você baixou completamente a guarda.”

“Ribel-san…”

Quando olhei ao lado, vi a Ribel-san parada ali.

Imediatamente entendi o que aconteceu.

Ela havia usado a habilidade “Troca de Coordenadas”, que muda de lugar com um de seus invocados, para me salvar.

E pelo visto… essa habilidade funciona não só com ela mesma, mas com outras pessoas também.

Ela me salvou na hora.

“Muito obrigado. Se não fosse você…”

“De nada. E então, qual é a sensação de lutar contra si mesmo?”

“… Estranho. Bem estranho. Mas enfrentar alguém que usa exatamente as mesmas técnicas que eu foi… interessante, pra dizer o mínimo.”

“Seu estilo de luta é bem peculiar, afinal. Vai ser um ótimo treinamento. Quando todos terminarem, vocês vão testar lutar em equipe contra os clones.”

Ribel-san então sorriu de forma maliciosa—、

“— Aposto que, em equipe, o resultado vai ser bem mais interessante.”

“……?”

O que ela queria dizer com isso?

Esperei enquanto Ichinose-san e as outras terminavam suas lutas.

Alguns minutos depois, elas também haviam derrotado seus clones.

No geral, deu quase empate.

Ichinose-san não conseguiu encontrar abertura para um disparo — e o clone dela também não.

Rikka, ao contrário, trocou tantos golpes que as duas acabaram exaustas.

Surpreendentemente, quem se saiu melhor foi Igarashi: ela confundiu o clone com timings de habilidades e movimentos enganadores, deixando-o perdido.

No fim, ela perdeu só por diferença de resistência física.

“Então, agora é batalha em equipe.”

Como Ribel havia dito, a próxima rodada seria em equipe.

Nos afastamos até a outra ponta da praia para começar com bastante distância entre os grupos.

Mas o que Ribel-san disse antes ainda me deixava inquieto.

“Luta em equipe, né…”

“Onii-san, tá preocupado com alguma coisa?”

“É que a Ribel-san disse que, em equipe, o resultado seria mais interessante.”

“Ué, interessante como? A gente vai esmagar eles?”

“Não exatamente. Individualmente, nós temos vantagem nas habilidades. Mas em trabalho em equipe… eles têm uma vantagem esmagadora. Não acho que vamos ganhar tão fácil.”

Rikka inclinou a cabeça, confusa.

“…? Mas nós temos mais entrosamento! A gente luta junto faz tempo…”

“Aisaka-san, esqueceu? Slimes conseguem se comunicar entre suas próprias cópias.”

“Ah…”

Ela finalmente percebeu.

Sim, slimes compartilham consciência com seus clones — e com o corpo original.

E isso funciona mesmo em combate.

Quantas vezes a gente já não foi salvo pelos clones da Aka?

Se fosse inimigo, seria assustador.

É praticamente comunicação perfeita, sem atraso.

Se a força é equivalente, o que define a vitória é coordenação e estratégia.

“Vai ser uma batalha difícil.”

“……!”

Rikka assentiu com o rosto tenso.

… Mas ainda assim, por mais séria que a situação fosse… A gente tava de roupa de banho. Ficava difícil levar 100% a sério.

“— Certo, comecem!”

No momento em que todos se posicionaram, Ribel deu o sinal.

Os clones se moveram instantaneamente.

O meu clone e o da Rikka vieram correndo na linha de frente.

O da Igarashi correu logo depois.

O da Ichinose-san ficou escondido, sem se mexer — típico sniper.

“――『Técnica dos Clones』.”

De cara, meu clone criou mais de dez outros clones.

… Isso é mesmo a técnica de clones? Não é divisão?

Parecem iguais, mas são bem diferentes.

Clones do meu jutsu não podem usar habilidades.

Clones de divisão podem usar.

Da outra vez, eu esqueci que eram slimes — não vou cometer o mesmo erro.

“Eu e Aisaka-san vamos na linha de frente. Ichinose-san, Igarashi-san, deem cobertura!”

“Entendido.”

“Okkaaay.”

“Sim.”

O segredo da luta em equipe é derrubar meu clone o mais rápido possível.

Meu clone tem atributos muito acima dos outros.

Logo, eu — ou um dos meus clones — é quem decide o resultado da luta.

“Então, primeiro eu—”

Pretendia derrotar meu clone exatamente como antes.

Foi nesse momento.

“— Ah.”

Entre as dezenas de ataques vindo dos meus clones… Eu vi, lá atrás, o clone da Igarashi parado.

Eu não deveria ter visto aquilo.

Mas eu vi.

Só tem… fio.

O clone da Igarashi, em algum momento, havia trocado o biquíni de gola alta por um modelo de fio dental.

Seu corpo curvilíneo e sensual estava exposto sem qualquer pudor à luz do dia.

Apenas aquelas pequena tiras — insuficientes para ocultar qualquer coisa — protegiam sua nudez.

Com as mãos entrelaçadas atrás da cabeça, os joelhos levemente dobrados e uma pose digna de uma gravure idol, a Igarashi (clone) exibia um balanço que… impossível. Algo assim poderia realmente acontecer no mundo real?

Meus olhos, meu nervo óptico, meu cérebro, minhas habilidades de detecção aprimoradas, o “Olho Divino Inferior”… tudo captou cada detalhe de forma precisa.

Uma força destrutiva absurda.

Meu cérebro não conseguiu processar a informação, e minha consciência apagou por um instante.

Minha resistência mental não funcionou. Por quê?

Ah… claro. A resistência só reduz dano psicológico que eu percebo como sofrimento. Se não for “sofrimento”, ela não ativa.

Uma armadilha inesperada dessa habilidade.

Sem conseguir desviar o olhar da Igarashi (clone), tentei limpar o sangue do meu nariz quando…

“Ei!”

“A.”

Os clones se agarraram a mim e imobilizaram meu corpo.

Algo brilhou à distância por um instante. Deve ter sido um disparo da Ichinose (clone).

No momento seguinte, o rifle dela explodiu minha cabeça.

“Ah, esqueci de dizer, mas as balas do clone da Natsu são balas de slime, então você não morre ao ser atingido. Mas dói pra caramba. E se acertar o coração ou a cabeça, é eliminação. Em situação real, você estaria morto.”

Devia ter avisado isso antes…

Com uma dor lancinante, fui eliminado.

“Me desculpem.”

“É o mínimo.”

“Sai-teeeei.”

“……”

Após a partida em equipe, me ajoelhei na areia e fiz dogeza diante da Ichinose e das outras.

Depois que eu fui derrubado, meus clones dominaram as três em segundos.

A equipe dos clones venceu.

Ichinose e Rikka me olhavam com desprezo.

Igarashi desviava o olhar, constrangida.

Bom… mesmo sendo clone, ser vista naquele estado— espera.

Parece que eu já vi algo assim antes…?

Não… minha cabeça dói quando tento lembrar.

“Eu realmente sinto muito.”

“Bom, onii-san também é um garoto, então eu entendo você ficar todo empolgado com essas coisas, mas pensa no momento, né? Estávamos numa luta de verdade e você morreu porque ficou olhando peitos. É idiota demais.”

“… Não tenho como responder.”

Rikka estava certa.

Se fosse uma batalha real, eu estaria morto.

Morrer por se distrair com um corpo nu… nem dá pra chamar isso de piada.

“Bom, agora dá pra rir, mas numa luta real isso funciona muito bem. Homem cai muito fácil nessas coisas. Que criatura boba.”

Ribel entrou na conversa comendo melancia.

…De onde ela tirou essa melancia?

“Aproveitar a abertura do inimigo é básico em batalha. Para vencer, não dá pra escolher método. Existem coisas muito piores do que isso, viu? Pfft.”

A semente que Ribel cuspiu acertou minha cabeça. Ei!

“Achei que os clones do Shuram seriam ótimos pra fazer vocês refletirem, mas no seu caso foi pior do que eu imaginava. Mesmo sendo treino, você baixou totalmente a guarda.”

“Sim…”

“Vamos continuar o treinamento com os clones por um tempo. Quando se acostumarem, aí vem a parte principal.”

“A parte principal?”

“Sim. Shuram, por favor.”

“Umu.”

Ao comando da Ribel, o Rei do Mar criou novos clones usando: “Domínio da Colmeia”.

“…!”

Ao ver as formas deles, meu rosto se contraiu.

Dezoito clones no total.

E três deles eram rostos que eu conhecia muito bem.

“Vou apresentar. Estes são os candidatos ao Esquadrão Avançado. Pedi ao Shuram para recriar, a partir da memória dele, aqueles que provavelmente seriam escolhidos para a equipe. Claro, como é baseado em lembrança, a qualidade cai um pouco, mas são perfeitos como oponentes de treino.”

Candidatos do Esquadrão Avançado.

Os três que estavam na linha de frente tinham exatamente os mesmos rostos que eu tinha visto no vídeo dentro do Servidor do Sistema Fronteira do Caos.

Se bem me lembro, os nomes eram Randle, Shuri e Glen.

Mesmo os demais, que não eram esses três, emanavam uma pressão incomparavelmente maior do que a dos nossos clones.

“O objetivo é simples: quero que vocês cresçam a ponto de poder derrotar esses daqui sem esforço. Seja em equipe ou individualmente. Não vou aceitar um ‘é impossível’. Se não conseguirem, daqui a alguns meses estarão mortos.”

“É… é possível fazer isso?”

“Vamos tornar possível. Literalmente, lutando como se suas vidas dependessem disso.”

Treinar contra os candidatos.

De fato, não existe método de treino melhor do que esse.

“Naturalmente, vamos usar táticas muito mais cruéis do que as que vocês viram agora. Vou enfiar na cabeça de vocês, até o último detalhe, a experiência e a técnica necessárias para vencer em qualquer situação.”

“V–Vamos… vamos sobreviver a isso, certo?”

“Fiquem tranquilos, mesmo se morrerem está tudo bem.”

“Isso… não me tranquiliza! E–ei, espere um pouco! Eu ainda não estou preparado psicol—”

Naquele dia, nós quatro viramos poeira na areia.

Mesmo destruídos, mesmo quase morrendo, éramos curados e revividos imediatamente — o inferno se repetia sem descanso.

Mas, graças a isso, meu nível subiu oito de uma vez.

Será que vamos continuar vivos até a hora da luta real…?

Estou preocupado. Em mais de um sentido.