O Caçador Exilado, parte final

— …?

— O que foi? O que há com essa sua cara ensanguentada? Tem algo nas minhas espadas nas costas? Ou é no meu rosto? Oh, huhu! Com certeza deve ser sangue também, mas não se preocupe, não é meu.

— …!

“Pelo visto ele não está está preocupado só comigo.”

— Quer ajudar as outras? Fique tranquilo, elas estão be- Oh! Ei, espera aí! Não precisa acudi-las com tanta pressa!

— …

— A-m… Líííder… Ai… Onde que ela tá? Ela tá bem…? AAAH!!!

— …!!!

— Que isso moço, que susto! A-m, poderia sair de cima de mim, por favor?

— …

— Eu estou bem, obrigada.

— Acho que eu preciso de uma boa cama. Quando voltamos pra casa, hein?

— Nossa, quanto tempo fiquei desacordada…? Uh! Derrotaram o velho?!

— … 

“Ele está checando uma por uma… A real é que não sei ao certo o que ele pretende. Devo acompanhá-lo e tranquilizá-lo.” 

— Olha, algumas se levantam sozinhas, outras vão precisar de um tempo. Mas acredito que todas sobreviveram. Fique sabendo que além de possuirmos uniformes com proteções bem equipadas, somos treinadas ao limite para aguentar qualquer tipo de baque. Nossa luta não foi em vão.

— …!

— O que foi agora? Quer me checar também?

— …?!

— E-ei! O que pensa que tá fazendo?! Aliás, você é o mais ferido! Sou eu quem deveria verificar seus ferimentos!

— …!!!

“Ele quer tirar a minha máscara?! Não! Ele não pode ver! 

— Pa-para com i-!

— …

“Essa não, agora ele consegue ver minhas irregularidades, não posso ser estranhada!”

— Ahém, é… Esse meu cabelo dourado… Ele… Bem… É uma herança de outros povos. Enfim! Me devolve isso, agora!

— …

— Tsc, tolo. Está aliviado por ver que estou bem?! Você se jogou contra o perigo sem nem se preocupar consigo mesmo, agora o sangue daquele shihai está misturado ao seu. Não entende o quão isso foi perigoso?

— …

— Você… poderia ter morrido.

— …

— Huh, mas é claro que um homem como você não teria simplesmente corrido ou permanecido parado. Mas… Você se colocou entre mim, me defendeu e lutou pelas minhas. Por quê?

— …

“Eu luto minhas próprias batalhas. Nunca precisei que alguém se jogasse no caminho por mim. Mas ainda assim… ele agiu mais rápido do que eu.”

— Você sequer parecia raciocinar… isso me irritou, sabia?!

— …!

— N-não, não estou com raiva! É apenas… confusão. Você não fala, mas sua expressão diz muito. Esse olhar… é como se quisesse se certificar de que estou viva. Acima de tudo, você é conhecido por aniquilar qualquer vida que vê pela frente. Por que não nos atacou?

— …

— A-ah, por que tá tocando a minha testa?!

— …

“Por que ele está descendo o dedo até o meu umbigo? O que ele quer?”

— …

“Aah… É claro.”

— Você… não ataca triviais, certo? Você nos reconhece, sente-se conectado conosco. Você realmente se importa? Comigo? Com elas?

— …

— Sim, posso ver em seus olhos. A ira de abominar qualquer vida áurica, a ira de ter sofrido nas mão dos que o baniram. Eu escutei a sua história. Mas, analisando agora o que me foi informado, acredito que nunca tenha visto um trivial antes… Você deve ter ficado confuso quando chegamos.

— …

“Esse olhar sério… Parece que estou devendo respostas.”

— Não mentirei pra você. Fomos enviadas por terceiros para te aniquilar. Não gostamos deste trabalho, porém, estamos falando do serviço que nos dá a maior quantia de dinheiro pelo menor tempo, sem contar que a pressão jogada em nós vai além da conta. Mas não precisa desconfiar de nós. Não iremos te atacar.

— Não iremos atacar?!

— Eu acho que a chefe ficou maluca.

— Líder, o que você está pensando?!

— Não sei se podemos continuar assim, já está amanhecendo! Temos que agir rápido antes que nos apareça mais problemas!

— É! Lembre-se de que este homem é a nossa recompe-

— Shhh, calada! Deixe a mestre trabalhar!

— …

— Não se preocupe com elas. Olhe apenas para mim.

— …

— Apesar de um assassino, você parece ter um bom coração… Huhuhuuu! Que frase mais contraditória.

— …?

— Queria achar um modo de te chamar. Eu me pergunto, você já teve um nome?

— …!

— Seus olhos… brilharam. Está animado?

— …!!!

— Hm, pra sua sorte, já nomeei inúmeras pessoas perdidas, é uma de minhas responsabilidades. Dar um nome é marcar um destino, dar um propósito à uma vida sem rumo.

— …

— Você tem olhos escuros como a noite, cabelos lisos e longos igual a crista de cavalos, músculos fortes esculpidos pela força, e agora, anda com duas espadas.

— …

— Kenshi. Você será Kenshi, o espadachim sem voz, aquele cujas lâminas falam por si. É um bom nome, simples e preciso.

— …

— Vejo que gostou. Então, Kenshi… O que fará agora? Continuará vagando sozinho?

— …

— Você quer aceitar um novo caminho?

— …

— A vida solitária é como uma barca sem tripulação. Rompe-se facilmente nas tempestades, perde o sentido, é esquecida, mas junta de pessoas capacitadas, se torna guiável, forte. Não há rochas, não há criaturas, não há corrente que a impeça de seguir adiante. Você é forte, Kenshi, e unindo forças com minhas irmãs, derrotamos um áurico experiente. Não sei se conseguiríamos executá-lo sozinhas, alternar nossos ataques foi crucial. Então, acredito que formamos um belo grupo.

— …

— A-m, líder… Tem certeza do que está fazen-

— Shhh!

— Juntos, nós não seremos apenas sobreviventes contra os áuricos, seremos lendas gravadas na sombra, ecos de aço no silêncio da noite de onde quer que estivermos… Aperte a minha mão.

— …

— Agora, você caminha entre nós. Seu nome será eternamente gravado na história deste bambuzal. Ergueremos templos, armaremos armadilhas e afastaremos invasores… Ninguém, nada, ameaçará nossa paz.

— …

— Líder, mas e o condado?! Eles virão atrás de nós!

— Não temam irmãs. Nossos dias naquele esgoto já estavam contados. Se quiserem correr atrás de nós… TERÃO QUE PASSAR PELO NOSSO NOVO MESTRE!!!

— M-MESTRE???!!!

— …?

— Curvem-se irmãs! Curvem-se ao nosso novo senhor!

— COMO DESEJAR!!!

— …???

— Ei, psiu! O que deu na cabeça dela?! Por que estamos nos curvando?!

— Eu não sei, só siga as ordens!

— Agora, levantem-se. A partir de agora, irmãs, viveremos neste bambuzal juntamente do homem que nos ajudou a eliminar o nosso primeiro áurico…! Espera… pra onde ele foi?!

— …

“Ele foi até ali somente para olhar o chão? Devo chegar mais perto para entender.”

— Kenshi, o que está fazendo?

— …

— Oh, essa… é a sua antiga espada?

— …

— Não fique chateado, podemos consertá-la.

— …!!!

— Huhuhuuu… Se desejar, também pode ficar com as outras espadas, se você conseguir usar as três, claro… Mas isso não deve ser problema para um trivial exterminador de vidas áuricas.

— …

— Não precisa agradecer. Temos que nos preparar para passar a noite agora, talvez não teremos tanta calmaria ao passar das horas.

— …

— Você parece preparado, não? Espero que as pessoas não confundam as coisas quando verem um ronin mudo acompanhado por centenas de kunoichis em meio a uma floresta de bambus…

— …?!

— Huhuhuuu! Não me entenda mal. Teremos muita história pra contar… Kenshi.