Índice de Capítulo

    Um jovem surgia do portão na parede leste da arena ao mesmo tempo que outro saía do oeste. Eram os dois competidores que se enfrentariam.

    — De um lado, temos Kaiyo Satou, com 1 metro e 81, portador da aura de água… — apresentava o locutor; de repente, o entusiasmo na voz foi aumentado — eeee do outro lado… está Hikaru Sasaki! Um prodígio de 1 metro e 64 que manipula sua aura de luz com maestria!

    “Sasaki… já vi esse sobrenome em algum lugar…”

    Hikaru vestia um kimono branco e chinelos de madeira; seus longos cabelos negros, presos em um rabo de cavalo, caíam sobre seus claros olhos amarelos. Sempre com uma postura ereta, ele carregava em sua bainha metálica, à direita da cintura, uma katana, cuja empunhadura era envolta por fitas pretas.

    Akemi expressava suas impressões: — Esse Sasaki tem a pele quase amarela. Será que ele está bem, Sho?

    — Realmente, parece até anêmico, fora isso, eu não sabia que era permitido o uso de armas brancas, não seria isso uma desvantagem para o oponente dele?

    Kaiyo Satou, um rapaz esbelto de olhos verdes e cabelo castanho médio, esbanjava elegância e vaidade com seu kimono ardósia.

    — Competidores prontos? Três! Dois! Um… COMECEM!

    Após o anúncio do locutor, a luta teve início.

    Kaiyo assumiu a ofensiva; uma inquieta aura azul o envolvia como uma tempestade; em sequência, com movimentos suaves, ele criou um longo chicote de água escaldante para atacar seu adversário.

    Hikaru, por sua vez, mantinha a expressão calma e determinada. Segurando firmemente a empunhadura da katana com a mão canhota e a bainha com a destra, ele demonstrava uma destreza sobrenatural ao desviar de cada investida com um primor surpreendente.

    Os pés do prodígio mal tocavam o chão, movendo-se estoicamente em zigue-zague a uma velocidade impressionante. Ele desaparecia e reaparecia num piscar de olhos, deixando um rastro luminoso para trás.

    Kaiyo não dava trégua para os próprios ataques, estalando seu chicote em tentativas de acertar Hikaru.

    Splash, splash, splash!

    “Caramba! Sinto que aquela água pode partir alguém no meio, mas… esse cara com uma katana é sobrenatural!”

    Ao perceber a aproximação crescente do rival imparável, Kaiyo intensificou seu chicote escaldante enquanto tentava se afastar com longos saltos para trás. A amplificação da pressão e da temperatura da água gerava uma atmosfera ainda mais densa na arena, onde flutuantes gotículas e o vapor elevavam a tensão do confronto.

    Impassível, Hikaru continuava a desviar e avançar com o semblante de um espadachim lendário, evitando o choque dos ataques aquáticos por um fio de cabelo.

    A multidão na arquibancada soltava murmúrios sobre a batalha. Akemi e Sho também se interessavam pela luta.

    — O que você está achando, Sho?

    — Acredito que são auras simples, porém, aprimoradas a um nível de combate elevado. Queria eu ter essa força.

    — Eles parecem promissores.

    — Concordo, mas só um deles entrará para a ASA.

    — Ei, olha só aquilo!

    Surpreendentemente, a pele de Hikaru se iluminava em meio aos seus movimentos.

    Suas esquivas se aprimoravam, deixando rastros ainda mais luminosos, feixes de luz branca refletidos nas gotas de água suspensas no ar.

    — Aquela deve ser a manifestação visual da aura de luz dele, é bem diferente das habituais.

    — Ele está muito mais rápido! — Akemi animou-se com o ponto da batalha.

    Abruptamente, ao alcançar uma proximidade equiparável do adversário, Hikaru desembainhou sua katana com uma fluidez fantástica, revelando todo o esplendor da arma.

    A lâmina cintilava como um intenso raio de sol capturado, fazendo a arena ser banhada por luz pura, ofuscando a visão de todos os espectadores.

    Ktiiin!

    Ainda com um brilho intenso na arena, o som de uma lâmina cortante ressoou pelo campo de batalha, um eco agudo que logo trouxe curiosidade aos espectadores.

    Na plateia, homens aborrecidos por terem a vista do combate afetada perdiam a paciência.

    — Argh! Não consigo ver nada! O que está acontecendo?!

    — É! Eu vim para ver sangue!

    Finalmente, a radiância que incomodava se dissipou. Os dois competidores apareceram, porém…

    — Calma… o-onde está a… — Akemi foi incapaz de terminar o questionamento ao ver Kaiyo aparentemente em pé mas… sem a cabeça.

    Após meros segundos, o corpo decapitado sucumbiu, ajoelhando-se antes de cair no chão.

    A quietude realçava a tensão…

    Um tanto afastado do corpo inerte do rival, estava Hikaru de pé, com a postura ligeiramente curvada e respiração pesada. Sua aura, caracterizada pelo brilho na pele, estava sem manifestação.

    Sho, também aturdido pela cena pesada, percebeu algo. — Ele está segurando algo além da espada.

    De repente, o prodígio da luz olhou para a plateia e ergueu lateralmente o braço direito para revelar um ato protervo.

    A-aquela é… — murmurou Akemi ao testemunhar Hikaru segurando a cabeça de Kaiyo pelos cabelos, uma imagem que se gravava de forma traumática em sua mente…

    Cap-11-Scene-1

    Como se um gatilho tivesse sido acionado, a arquibancada explodiu em gritos, aplausos e comentários entusiasmados. — WOOAAAAAAAH!!!

    Um homem estava animado. — Era disso que estávamos precisando!

    Outro homem parecia ainda mais aficionado. — Sangue! Sangue e mais sangue! É assim que são feitos os vencedores! Excelente, garoto!

    Uma mulher, apesar da voz sensual, tinha um tom odioso. — Pois bem, não era de se esperar menos de um Sasaki, são um dos únicos que mantém a honra de Asahi!

    SA-SA-KI! SA-SA-KI! SA-SA-KI! SA-SA-KI…!

    Apesar de ouvir o nome de sua família ser aclamado em coro pela plateia e ter a cabeça do oponente como um troféu, Hikaru não conseguia conter a dispneia que o atrapalhava tentar guardar a katana na bainha. Seus olhos estufados mostravam uma grande exaustão após o golpe derradeiro.

    Todavia, em pouco tempo, ele recuperou o fôlego e retornou à serenidade.

    Mais calmo, seus olhos se voltaram para o corpo caído do adversário; a gravidade do que acabara de fazer não aparentava abalar suas emoções.

    Com um gesto despreocupado, ele soltou a cabeça de Kaiyo, deixando-a rolar e largar um rastro de sangue pelo chão da arena.

    A brutalidade, resultante de uma decapitação, encerrou a luta em menos de cinco minutos.

    Enquanto poucos espectadores se recusavam a olhar, várias outras pessoas comemoravam e vibravam com a conclusão do embate.

    Por outro lado, Akemi permanecia amedrontado e com o coração acelerado; a realidade das batalhas se tornava ainda mais cruel. “Deve ser sobre isso que o vovô alertava… Onde eu fui me meter!” Ele permaneceu em estado de choque, sem expressar qualquer palavra diante do que presenciava; o medo se enraizou em seu ser, deixando mais uma cicatriz profunda, só que em sua mente.

    O corpo de Kaiyo permanecia no chão, decapitado, tingindo todo o local de vermelho sangue; durante aquilo, Hikaru estava sentado de pernas cruzadas, descansando a bainha com sua katana sobre as coxas.

    Perante os aplausos, um homem encapuzado emergiu misteriosamente de uma entrada situada numa área elevada ao norte da arena, capturando a atenção de todos.

    — Olha lá, Akemi! Aquele deve ser o shihai do tempo!

    O homem enigmático estendeu os braços, revelando escrituras que brilhavam intensamente nas palmas de suas mãos claras. Instantaneamente, a arena retrocedeu no tempo, levando apenas os jovens combatentes de volta ao átimo em que haviam entrado no campo de batalha, preparados para lutar.

    O solo úmido secou e tudo ficou completamente renovado.

    — Senhoras e senhores! Como esperado, o vencedor é Hikaru Sasaki! O prodígio da aura luminosa é imbatível! Um verdadeiro show de habilidade e destreza. Parabéns pela vaga na Academia Shihai de Asahi! — informou o locutor, empolgado com o resultado.

    Com o tempo, os aplausos começaram a diminuir…

    Akemi estava visivelmente perturbado, tremendo e suando frio. “Ainda tem gente que continua batendo palmas?! Ninguém vê que esse nível de barbaridade é imoral?! Não, não, não, eu não posso ficar em um lugar desses!”

    Sho percebeu a aflição do colega e tentou conversar: — Ei, fique tranquilo. Você não pode se deixar levar pelo medo.

    — Estou bem, não se preocupe. Só que… esse Sasaki… ele não é uma pessoa normal, não era assim que eu imaginava uma batalha entre áuricos. Essa frieza no olhar dele me dá um baita mal-estar.

    — Você deve estar lendo muitas notícias superficiais. Dor, sangue, mutilações, tudo isso faz parte da guerra, mas a mídia esconde esses detalhes para tornar as leituras mais leves e esconder certas coisas da comunidade. Porém, não tem problema! Esses dois deram um belo exemplo de um verdadeiro combate!

    No centro da arena, Hikaru se levantou e permaneceu sereno, como se não sentisse nada por ter praticamente tirado uma vida.

    Do outro lado estava Kaiyo, confuso, olhando para as mãos como se lembrasse do que acabara de acontecer. No entanto, ele não demonstrava nenhum remorso pelo adversário vitorioso.

    Ambos se curvaram em saudação um ao outro e saíram pelos portões de onde haviam vindo.

    Sho raciocinava: — Pelo jeito deles, acho que a reversão no tempo não apaga memórias, mas repara qualquer dano causado. Fascinante.

    Mesmo ao ver o respeito mútuo entre os dois combatentes, Akemi continuava desorientado. “Só de pensar que sou o próximo a entrar ali… Ah, caramba! O que eu faço? O que eu faço?! Eu tenho que sair daqui!” Ele varria a arena com os olhos na busca desesperada por uma rota de fuga; contudo, assim que os aplausos cessaram, algo na parte sul das arquibancadas capturou sua atenção.

    Por lá, várias pessoas estavam sentadas em tronos de madeira com estofados rubros; entretanto, uma garota no meio dos adultos era quem se destacava.

    “Espera… quem é aquela? É tão chamativa…”

    Aquela garota de cabeleira negra lisa, cuja parte interna dos fios tinha um tom vermelho cardeal, possuía olhos que evocavam a beleza e o encanto de uma preciosa pedra de jade.

    A aparência era acentuada por dois acessórios, cada um posicionado nas laterais da franja. Eram presilhas moldadas no formato de chamas, ostentando fitas vermelhas que se estendiam até sumirem atrás da nuca.

    Além da túnica alaranjada, algo em seu dedo médio da mão esquerda brilhava exuberantemente, provavelmente um anel raro.

    “Por que a roupa dela é tão diferente dos de kimono vermelho envolta? Parece até que é de propósito.”

    Cap-11-Scene-2

    — Sho, aquela garota de laranja… você sabe quem é? É alguém importante?

    — Hmmmm… — Ao ajeitar os óculos e procurar melhor pela arena, Sho a encontrou — Ah! É da família Miyazaki.

    — Miyazaki?! — Akemi foi inundado pela surpresa e admiração, suas preocupações desapareceram.

    — Sim, aqueles ao redor dela também são da família. Você não os conhece?

    — É claro que conheço! A única linhagem de shihais ígneos é reconhecida por toda Asahi!

    — Ela deve ter a nossa idade, talvez esteja aqui para competir, não dá para descartar essa possibilidade.

    — Esse jeito sério… ela deve ser bastante poderosa. Gostaria de conhecê-la.

    — Você está mais calmo agora, não é? O que uma garota de rosto bonito não faz?

    As bochechas de Akemi coraram com aquele comentário sugestivo. — Agh-b-bem, não é só por isso… Quero dizer, é sobre a família dela… Você entendeu!

    — Hahaha! Claro, claro.

    Inesperadamente, um novo anúncio chegou. — ATENÇÃO! O segundo combate acontecerá daqui dez minutos. Os competidores são Nihara Miyazaki e Akemi Aburaya. Peço que se preparem para a batalha.

    Sabia que Shihais tem um servidor no Discord? Se quiser conhecer, clique no botão abaixo!
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.

    Nota