Capítulo 3: A sombra
A noite vai ficando densa, enquanto Picon e Hiro esfregam a madeira sobre uma fogueira, acendendo o fósforo e lançando na fogueira Saikyo a acende, e se questiona.
— Qual é, eles estão demorando para voltar.
— É normal, vai ver acharam alguma pista, eles não devem ter ido tão longe, se bem que, já eram para ter voltado, pelo menos devem estar próximos — diz Picon.
— Ah, queria procurar eles não deve ter um jeito de fazer isso mesmo, então devemos dormir — fala Hiro enquanto pega um colchão, coloca no chão perto da fogueira e pega um cobertor, já se deitando.
— É, tudo bem, para o nosso primeiro dia, até que tá legal, muito legal na verdade, só faltou um marshmallow! — diz Saikyo, sentada em frente a fogueira olhando o fogo.
— Consigo dormir mais tranquilo aqui do em casa, que estranho, mais que soninho bom, friozinho da noite e o quentinho da fogueira, só espero que a gente não acaba colocando fogo na floresta, uhuuuu, yummm — diz Hiro que começa a cair no sono.
— E se tivesse um jeito de achar eles! — insinua Picon tentando instigar.
— Agora é complicado, Hiro já tá para dormir — Saikyo respondeu desanimada.
— Estou pronto! — Hiro grita, se levantando imediatamente dando socos no ar.
— Hã, é bom ver que não está com medo, e você Saikyo? — Picon tenta convencer.
Saikyo até pensa em recusar, enquanto olha para o céu escuro vendo que já é tarde, mas acaba por ceder e aceitar a proposta, mais com alguns questionamentos
— Por mim tudo bem, melhor todo mundo tomar esporro junto do que só um, e aí como a gente vai achar eles?
— Eu desenvolvi uma maneira inusitada para demarcar os locais que já passamos e nos localizar, ele fica jogando bolinhas de cereal pelo chão! — Picon explica com entusiasmo, se exaltando por sua ideia.
— Mas por que você fez isso? E por que eles aderiram a sua forma? — Saikyo indagou confusa e acha algo absurdo usar bolinhas de cereal.
— O Ferguson tem um olfato apurado, e ao ver as bolinhas a gente já reconhece, e mesmo sem ver, eu também consigo sentir as bolinhas, eu tenho alergia a trigo, então elas deixam meu nariz levemente mais sensível e irritado dependendo da ocasião — Picon esclarece sua ideia para Saikyo, para que ela entenda como funciona a estratégia, e também para que ela ache sua ideia algo incrível.
— Que genial! — diz Hiro que fica impressionado com a criatividade de Picon.
— É valeu, eu te disse que eu sou o cara! — Picon se exalta, lisonjeado.
— Você é alérgico a trigo? Hahaha! — Saikyo caçoa da ideia, apesar dos esforços de Picon, achando a estratégia cómica.
— Vamos andando, atrás de mim! — Picon fica impaciente e apenas parte dando a ordem.
Hiro pega para levar consigo um pedaço de pau da tocha com chama, para se guiar no escuro sem medo, Picon vai na frente guiando o trio, vai olhando e sentindo o cheiro das bolinhas de cereal deixadas para trás, seguindo o rastro, não demora para que os outros dois também comecem a seguir o rastro de bolinhas de cereal. Em determinado ponto da trajetória Picon para, e vê que a trilha segue para dois lados diferentes neste momento, ele sente o cheiro de álcool também. Picon faz uma observação para seus companheiros.
— Eles provavelmente pararam um pouco para beber longe da gente, mas por que será que mudaram de trajetória na volta?
— E como é que você sabe que uma é de ida e outra é volta? – Saikyo discute com ele.
— Eles bebem na volta, e o cheiro de álcool está vindo deste lado!
Ele segue o cheiro desconfiado, a angústia o faz correr até o cheiro.
Hiro e Saikyo correm logo atrás dele, eles chegam no local, onde apenas vem garrafas no chão em primeiro momento, no entanto Picon mais atento quando começa a se aproximar do centro do local, ele fica tenso, ao ver dentes no chão, e dois em específico ele reconhece, dois grandes dentes.
— Maldito! — Uma raiva surge de si, e ele fica pronto para lutar.
— Pensei já ter me livrado de todos — a sombra alega enquanto caminha aparecendo logo atrás deles, com a mesma inexpressividade de antes, até o momento que olha melhor para eles, o sujeito arregala os olhos. — Crianças? Eu não tenho motivo para matar vocês, não me provocaram, não me ameaçaram, só saiam e me deixem oficializar o resultado.
— E enquanto isso! — Picon expressa sua raiva, pega o dente do Ferguson do chão e mostra ao sujeito.
— Eles vieram depois do resultado de uma luta justa, os desafiantes do dojo perderam a batalha, apenas estou limpando a bagunça, simples — a sombra se explica, dá um passo à frente, e a sensação dos jovens, é que as coisas começam a ficar desconfortáveis, algo no ar está diferente, os olhos do sujeito vão se fechando, ficando com a mesma inexpressividade de antes.
— Eu estou sentindo algo diferente, ele parece ser perigoso! — diz Hiro sentindo uma energia ruim.
— Hiro e Picon é melhor agente voltar! — Saikyo aconselha com medo, pressentindo que algo ruim vai acontecer.
— Hurrr! — Picon grunhi encarando o sujeito com raiva, não conseguindo expressar palavras. — Eu o conhecia a poucos dias, mas mesmo assim . . .
— Está me encarando demais, por acaso quer brigar comigo pivete? — Ao confrontar a inexpressividade se vai, a Sombra se senta no chão cruzando as pernas olhando para Picon com um sorriso no rosto, empolga-se.
— O que aconteceu? — Picon exige explicações e fecha os punhos ao fazer a pergunta.
— Começou com maus perdedores, que planejavam se vingar com trapaças, se acharam sombrios, mas eu sou a própria sombra! — a sombra o responde.
— Vamos lá, eu não tenho medo do escuro, você não deve ter também! — Hiro fala com Picon se irritando e também se preparando.
— Não é desonrado admitir o medo do escuro. Eu amo ser uma sombra, nem mesmo a luz escapa da escuridão, que é um abismo profundo, mais cuidado quando estiver olhando para o abismo jovens, afinal acho que não querem ser testados, não seria uma luta, eu não sou um membro, então posso matar! — a sombra explica, olhando para o fundo dos olhos de Hiro, e Hiro olha de volta vendo um vazio profundo na pupila da sombra, algo sombrio o permeia, causando incômodo, até o ponto dele ficar enjoado.
— Gente, vamos dar meia volta! — Saikyo fala com medo, e preocupação querendo preservar a sua vida e a deles.
— Chega! — Picon grita decidido, joga no chão os dentes, avança para cima da sombra, dentro de si, ele sente que não há chances, sua raiva o move, porém dentro de si, o orgulho faz com que ele não fique parado enquanto é tratado como nada.
Com movimentos suaves, a sombra se levanta antes que Picon se aproxima o suficiente, e na distância perfeita, ele ergue suas mãos para frente, e desta vez o chute é com a perna de trás, um chute circular que acerta em cheio o rosto de Picon o jogando para trás o fazendo girar no ar, e logo após cair no chão atordoado.
Hiro olha para Picon no chão ficando assustado, mas ele pensa rápido e age, arremessando o pedaço de paus em chama em cima da sombra, enquanto corre com um soco para cima dele, ficando irritado.
— Por favor, me ataque, só não me ilumine, eu não gosto muito de luz! — a sombra reclama incomodada por causa da luz, que revela melhor o rosto da sombra que é afeminado, o que impressiona Hiro que mesmo assim não recua no ataque, o sujeito desaparece da frente de Hiro, o pedaço de pau cai no chão e ele erra o soco.
— É uma mulher? — Hiro diz confuso olhando para o rosto do sujeito.
— Pouco importa, o que eu pareço ser — a sombra após o responder, o acerta de costas dando uma rasteira, o derrubando. — Dois no chão.
— Ei, não pense em fazer nada com eles, seu maníaco! — Saikyo a ameaça.
Se aproveitando que a sombra está de costas para si, com seu punho direito, soca a nuca da Sombra.
— Eu não sou uma covarde, não vou fugir!
— Bom golpe!
Saltando no ar, gira por cima do golpe, e quando Saikyo vê a sombra novamente, ele está de pé em cima de seu braço, o que a faz ficar perplexa.
— Você é forte! Nasceu mais forte que as garotas normais, com algo especial, mas melhore sua velocidade, porque assim nunca vai acertar um golpe!
Ergue a perna esquerda até o topo de sua própria cabeça, depois a desce para baixo atingindo com o calcanhar o topo da cabeça de Saikyo a derrubando no chão, e logo após pousa em cima dela.
Neste momento Picon começa a se levantar revoltado, enquanto de sua boca escorre sangue, e suas bochechas estão inchadas, e Hiro se rasteja com dor no chão, isso impressiona a sombra, a persistência e resiliência dos garotos, e a força da garota.
— Uau, me impressionam, podem ir, nunca iram me acertar, então é um teste injusto, não vou os matar, vocês são novos demais.
— Pelo visto há uma luz no fim do túnel! — Hiro rebate esperançoso, enquanto rasteja para longe.
— Então o objetivo é te acertar!? — Picon questiona sobre o desafio, e corre até o sujeito.
— Tente! — a sombra o provoca.
A sombra sai de cima de Saikyo, que aproveita isso para tentar pegar o pé da sombra, que levanta o pé rapidamente e depois chuta o rosto da garota, que é afastada para trás e fica com o nariz sangrando.
— Ah droga! — Saikyo fala colocando as mãos no chão, frustrada se joga para cima, se levantando.
— Devia olhar para mim! — diz Picon eufórico neste momento de distração da Sombra.
Picon aproveitando a distração para enfiar os dois dedos nos olhos de seu oponente, ele para com os dedos a um centímetro de distância dos olhos da sombra, sendo parado por um soco vindo do punho esquerdo da sombra que acertou na boca do estômago, o fez ficar imóvel e sem ar, o primeiro movimento é uma tosse, acompanhada de sangue, e logo depois suas pernas fraquejam bambeando, e seus braços ficam moles. Mas ele arranja forças, e se mantém de pé, e com suas unhas avança atacando, ao mesmo tempo Saikyo vai abraçar a sombra por trás em um movimento combinado. Mas a sombra é rápida demais para ser tocada por eles, então apenas sai da direção do golpe dos dois, então Picon rasga o peito de Saikyo, com sangue se espalhando pelo ar, em suas mãos e nas roupas brancas tanto delas, quanto as dele, com partes delas agora pintadas de vermelho. Picon rapidamente segura Saikyo que cai em seus braços.
— Eu esqueci do garoto rechonchudo . . .
As garrafas de cerveja são jogadas em volta da sombra, que estouram no chão espalhando cerveja e cacos de vidro para todo o lado, mas nenhum deles acerta a sombra, que fica embravecida ao ver Hiro se aproximando com o pedaço de pau em chamas.
— Eu disse para não me iluminar!
— FOOOOOOOOOOOODA— SE! — gritando ele arremessa o pedaço de pau em chamas no chão fazendo com que a chama se alastre e se espalhe em volta da sombra, e Hiro entra nelas desaparecendo no brilho.
— Seu imprudente!
Hiro sai das chamas com seu punho direito fechado coberto por elas e a sombra se direciona a ele com o mesmo ataque, ambos os socos indo a mesma direção um do outro acertar ambos os rostos, mais a sombra deixa o seu rosto levemente fora da direção, mas Hiro se arremessa com tudo para acertar este golpe em chamas, e o brilho da luz, é o último que ele vê naquele momento.
Hiro é acordado por um brilho forte, se ergue no colchão, ainda sentado olhando para o céu, pássaros piam enquanto amanhece, Picon está sentado perto da fogueira, e Saikyo arrumando as mochilas de suprimentos. Ele pergunta sobre o ocorrido.
— Então eu desmaiei, o que foi que aconteceu depois?
— Ele foi embora, e a gente esperou você acordar, estamos muito machucados, precisamos ir logo, e avisar o que houve — explica Picon a Hiro que ainda parece afetado pelos danos sofridos.
— Hm, então pode se acontecer de tudo que se explora o desconhecido, então é assim, eu tenho mais medo do escuro.
Alguém próximo dali sentado sobre o símbolo do Dojo diz.
— Então ele é real. Testado, vou ficar devendo essa.
Com apenas um rato deixando o local.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.