Capítulo 139 - Eu estou ao seu lado
Saindo do QG, Fernando levou os membros do esquadrão de volta para sua casa. Ao ver a grande mansão, sentiu um sentimento estranho.
Inicialmente achou um exagero receber uma propriedade desse tamanho, mas agora, ao voltar depois de sua primeira missão, um sentimento reconfortante o atingiu ao retornar para esse lugar. Um lugar que ele poderia chamar de casa.
Vendo Fernando sorrindo de forma inconsciente, Karol chegou ao seu lado. Tocando sua mão.
“Você parece feliz.” Ela disse com um rosto brincalhão.
Fernando sorriu de volta.
“Talvez eu esteja.”
Karol olhou para o rosto feliz e apaziguado de Fernando. Ela sentiu que isso era muito melhor do que sua expressão séria do dia-a-dia.
Vendo Fernando e seu esquadrão retornando, August que estava junto a outro guardas, rapidamente saiu para cumprimentá-lo.
“Bem vindo de volta, senhor!” August fez uma saudação militar.
Fernando assentiu.
“Onde está Zavus?”
“Ele está na área interna da mansão, está acompanhando a finalização do que o senhor pediu. Achamos alguns trabalhadores e corremos o mais rápido que pudemos, mas não imaginamos que o senhor voltaria tão cedo.” August disse meio abatido, mesmo tendo corrido contra o tempo, não conseguiu terminar sua missão antes do retorno de Fernando.
Karol, Emily e os outros pareciam confusos com isso. O que Fernando havia pedido?
“Tudo bem, se for utilizável por hora, já é suficiente.” Depois de dizer isso, Fernando entrou no local, August seguiu logo atrás. Bem como os demais.
Fernando seguiu diretamente para a parte lateral, no lado oposto à área de treino.
Quando chegaram no local, todos os membros do esquadrão ficaram boquiabertos. O lugar estava iluminado, vários trabalhadores pareciam correr de um lado a outro.
“Não, você deveria ter levado esse móvel para aquele.” Zavus gritou para um dos trabalhadores, quando ele estava prestes a se irritar com o homem, viu Fernando chegando juntos aos outros.
“S-senhor Fernando! Você voltou muito rápido!” Zavus disse surpreso, como era a primeira missão do Esquadrão Zero, ele imaginou que demoraria pelo menos mais um ou dois dias.
“Sim. Como está o lugar, já é utilizável?” Fernando perguntou de forma curiosa.
“Sim, é claro. Ainda faltam algumas coisas, mas no geral está pronto para uso.”
Noah, Ronald e os outros estavam sem palavras, em frente a eles várias pequenas residências estavam dispostas de forma alinhada.
Antes de sair em missão, Fernando havia pedido para August e Zavus conseguirem alguns trabalhadores, materiais e construir algumas casas simples para os novos membros do esquadrão. Com isso eles não precisariam mais dormir em barracas no quintal da mansão até que o campo de treinamento do Esquadrão Zero fosse entregue.
Fernando assentiu depois de ouvir isso.
“E quanto aos custos?”
“Bem… Quanto a isso…” August que estava atrás, tomou a frente.
“Falei com um conhecido na cidade e ele me arrumou a mão de obra e materiais para pagamento a longo prazo, mas ele vai cobrar uma taxa extra por isso…” August falou de forma receosa, temendo que Fernando não gostasse de ouvir isso.
Ao contrário de suas expectativas, Fernando não esboçou qualquer reação.
“Quanto ficou?” Ele perguntou diretamente.
“Isso… Toda a empreitada acabou custando 70 moedas de prata senhor.” August disse com um tom pesado, era um valor realmente alto para uma construção tão simples, mas não havia alternativas. O empreiteiro só aceitou iniciar o trabalho com seus próprios materiais porque era seu conhecido e obviamente porque o valor prometido seria maior.
Depois de ouvir isso, Fernando moveu o pulso e um saco com 70 moedas apareceu em sua mão. Então ele entregou a August, deixando o homem sem saber o que dizer.
Fernando poderia ser forte, mas ele ainda era um novato em muitos aspectos, então era pouco realista esperar que ele tivesse muitos fundos. August lembrava muito bem de quando o conheceu. Ele, Zavus e alguns outros acabaram ‘dando’ algum dinheiro a ele por medo de ofenderem o Urso Tirânico.
Mesmo sendo um valor pequeno, Fernando parecia muito contente. O que significava que suas economias não eram muito boas na época. Claro, agora ele recebia o salário de um Cabo e bônus pelas missões, então com o tempo poderia acumular alguma fortuna, mas isso deveria levar tempo. Ou pelo menos é o que August havia presumido.
Vendo o saco de moedas, que seria considerado uma fortuna por muitos, e como Fernando entregou de forma tão casual, o deixou impressionado.
“Fernando, o que é isso tudo?” Karol perguntou curiosa.
Ouvindo isso e vendo a curiosidade de todos, Fernando sorriu. Depois de passarem por um inferno nos últimos dias, ele finalmente poderia dar alguma forma de conforto para seus membros do esquadrão.
“Essas são as novas residências provisórias dos membros do Esquadrão Zero.”
Nesse local havia alguns arbustos enfeitados e algumas outras decorações que ele considerava supérfluas, então antes de sair na missão ele pediu a August para construir nesse lugar as residências temporárias.
Ouvindo isso, os novos membros do esquadrão tinham uma expressão surpresa.
“Vocês podem escolher suas residencias…” Fernando falou num tom calmo, indicando que eles fossem a frente.
“Eu quero a maior!” Archie gritou, correndo para uma das casas.
Vendo isso, Louisa balançou a cabeça em vergonha, claramente eram casas pré-fabricadas de madeira. Então o tamanho de todas era igual.
Com Archie tomando a liderança, os outros novos membros rapidamente avançaram, cada um escolhendo uma residência.
Apenas os membros antigos não se juntaram. Afinal eles já tinham quartos na mansão que foram dados por Fernando.
Ao ver três das residências construídas ficando vazias, a expressão de Fernando cintilou levemente, mas isso durou apenas um segundo.
Deixando aqueles que ganharam sua casa a vontade, Fernando e os outros foram para a mansão. Tudo que ele queria nesse momento era poder relaxar em sua cama.
Os efeitos do Tônico de Resistência tinham acabado a algum tempo, ele estava se mantendo acordado por pura força de vontade.
“Ah! Finalmente de volta!” Emily exclamou se espreguiçando ao entrar na casa.
Lance sem dizer nada, apenas se jogou no sofá da sala.
“Não se importem comigo, acho que vou ficar por aqui mesmo…” Ele disse com o rosto na almofada do sofá.
“Seu porco! Pelo menos vá se lavar!” Emily gritou furiosa, depois de tantos dias correndo pela mata e dormindo no chão, todos estavam muito sujos.
Fernando viu Lance confortável no sofá e estava quase sucumbindo ao desejo de se jogar na poltrona. Seu corpo estava muito dolorido e cansado.
Karol segurou Fernando pelo braço e o puxou.
“Nem pense nisso!”
Todos ficaram em silêncio, vendo o ‘líder do Esquadrão Zero’ sendo arrastado como se fosse uma criança.
…
No quarto, Fernando estava sentado na cadeira. Karol estava atrás de si. Ambos estavam em silêncio.
Então ela cuidadosamente puxou a alça de sua armadura, desprendendo a lateral. Então fez o mesmo no outro lado, desprendendo cada um dos pontos que prendiam-na ao corpo.
Com todas as alças livres, Karol vagarosamente puxou o peitoral da armadura para cima.
Grunhido
Fernando não reclamou, mas acabou soltando um pequeno ruído involuntário.
Ao ver a situação por dentro da armadura, o rosto de Karol mudou muito. Ela já imaginava que seria assim, mas ao ver com os próprios olhos, seu coração não pôde evitar se apertar.
Da camisa de Fernando, não restava praticamente nada. Apenas farrapos rasgados ou queimados. Então ela retirou de seu corpo.
Sua pele estava cheia de hematomas, cortes e queimaduras. Mesmo que ele se recuperasse rapidamente com poções e sua habilidade Auto Regeneração, a cura completa ainda levaria tempo. Então os resquícios das batalhas ainda estavam por todo seu corpo.
Karol colocou ambas as mãos nas costas de Fernando. Então a partir daquele ponto, ela vagarosamente as deslizou por seu ombro, até chegar em seu pescoço e depois no peito. Apoiando-se nele nessa posição, ela colou seu rosto em sua orelha.
“Mesmo tão machucado e com tanta dor, você ainda se faz de forte… Sabe, eu sou sua namorada, você pode se soltar comigo.”
Fernando sentiu um arrepio com o leve toque de Karol por seu corpo, quando ela falou em sua orelha, um choque se alastrou por seu corpo. A sensação era muito agradável.
“Mesmo que você diga isso, reclamar da dor, não vai fazê-la diminuir. Além disso, já estou acostumado.” Fernando falou, levantando sua mão e tocando o rosto dela apoiado em seu ombro.
“Sério, por que você sempre tem que ser assim?” Karol resmungou.
“O que? Você quer me ver chorando feito uma criança?” Fernando falou com um sorriso.
“Por que não? Chorar é normal quando você sente dor.” Ela falou, enquanto tocava algumas das cicatrizes em seu corpo.
Ouvindo isso, Fernando ficou em silêncio. De suas memórias, ele só havia chorado duas vezes em toda sua vida. Uma quando era jovem, e seu pai havia se machucado no trabalho, causando uma lesão permanente em seu corpo. Quando viu o rosto triste de seu pai por ver sua família chorando, ele engoliu o choro e decidiu não mostrar mais esse lado fraco ao seu pai. Desde aquele dia, ele começou a ajudar sua família trabalhando em diversas coisas, diminuindo assim o fardo dele.
A segunda vez, foi no dia em que foi expulso da faculdade. Ver todo seu esforço e trabalho duro sendo pisados por outras pessoas, apenas por diversão. Aquilo foi extremamente humilhante, a sensação de desamparo ainda estava fresca em sua memória. Foi naquele dia que Fernando resolveu mudar a si mesmo. Coincidentemente foi nesse mesmo dia que ele apareceu nesse mundo.
Em ambas as vezes que ele chorou, foram pontos importantes e tristes em sua vida, que o obrigaram a mudar e enfrentar seus medos. Então para Fernando, chorar era algo assustador.
Karol pareceu sentir a mudança de humor dele. Então com umas das mãos ela tocou o queixo de Fernando, virando seu rosto na direção do dela.
“Não importa o que aconteça. Eu estou ao seu lado.” Karol disse com uma voz doce e sedutora, então lentamente moveu seu rosto em direção ao dele. O doce toque dos lábios da mulher que ele ama fizeram a mente de Fernando clarear, deixando de lado todos os pensamentos negativos que a inundavam.
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