Capítulo 527 – Alerta
“Na maioria das Matrizes deve-se focar na eficiência e economia de energia. Então, a menos que seja absolutamente necessário, não se deve fazer Ligações de Mana desnecessárias, optando-se sempre pelo caminho mais curto e lógico possível.” Um velho homem explicou, ao mesmo tempo, em que atrás dele, uma enorme Matriz ampliada estava visível. Enquanto falava, apontou para duas das Ligações com o dedo. “Vejam bem, esta e esta, ambas são semelhantes e têm uma função quase idêntica, mas a segunda é mais curta, logo pode levar informações de uma Runa a outra muito mais rapidamente.” À frente do homem, um jovem pálido e uma garota ruiva ouviam tudo atentamente.
Nos dois dias seguintes, Fernando voltou a frequentar as aulas de Runas junto à Emily. Na maior parte do tempo que o rapaz esteve em treinamento, assim como resolvendo os assuntos com a legião, a pequena ruiva esteve reforçando seus conhecimentos a respeito das Runas e Matrizes, principalmente na questão de memorização e inscrição.
Ao contrário do jovem Tenente, que tinha uma memória extremamente precisa e uma grande facilidade para criar as inscrições de Runas, Emily precisou de muito mais esforço e concentração e ainda assim só havia dominado algumas.
Devido à disparidade da capacidade entre seus dois alunos, Wedsnagauer não teve escolha senão dar-lhes treinamentos e métricas separadas, mas mantendo o ensino de conceitos básicos em conjunto para ambos. Dessa forma, mesmo que tivessem níveis diferentes de proficiência, ainda poderiam estudar juntos.
“Bem, isso é tudo por hoje. Vocês podem ir descansar.” O velho homem anunciou, ao mover a mão e desmantelar a enorme Matriz que estava usando para dar a aula.
Fernando tinha um rosto pensativo ao recordar sobre o conteúdo daquele dia. Mesmo que ele tivesse uma incrível memória, era completamente diferente lembrar e entender o assunto por meio de ensino direto.
“Professor, quando vamos tentar coisas avançadas?” Emily perguntou, parecendo animada.
Ao ouvir isso, Wedsnagauer deu uma risada.
“Quando você conseguir criar e manter estável ao menos três Runas consecutivas, podemos voltar a falar disso, pequena.”
A expressão da garota mudou, enquanto inchava suas bochechas, não se sentindo satisfeita com a resposta.
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Anteriormente o velho homem havia proibido o treino real fora do armazém, já que isso poderia gerar ondas de mana que provavelmente acabariam sendo rastreadas pelos altos escalões dos Leões Dourados, o que não era algo do interesse deles. Sendo assim, tanto Emily, quanto Fernando, só poderiam fazer o que era chamado de ‘Inscrição Imaginária’, onde se desenhava mentalmente as Runas no ar, fazendo uma visualização do que estava sendo desenhado, mas sem usar mana.
Fernando, que já havia decorado todas as Runas básicas, não teve problemas nesse tipo de treino, já que ele próprio já vinha fazendo algo semelhante antes mesmo do velho homem lhe instruir a seguir com isso. Mesmo que ele pudesse lembrar do formado e de cada aspecto das Runas, se não praticasse recorrentemente, acabaria errando.
“Mas eu sinto que estou pronta… Você só não quer me ensinar, seu velho preguiçoso!”
“Sua pestinha, me chamando assim de novo!”
Suspira!
“Obrigado pela aula.” O jovem Tenente agradeceu, indo em direção à porta, deixando o velho e a garota discutindo. Nos últimos dias, ambos pareciam ter ganhado uma estranha proximidade.
Saindo do antigo armazém, do lado de fora da porta, Alfie Caiman estava parado, como se fosse um guarda. Não muito longe, recostada numa parede próxima, Lerona olhou de canto de olho ao ver o rapaz sair daquele lugar estranho.
“Parece que é isso, acho que nos vemos amanhã novamente, senhorita.” Alfie disse, com um sorriso.
“É o que parece.” A Capitã retrucou, encarando-o com um olhar desconfiado, tentando olhar para dentro da porta e vislumbrar o que havia adiante, mas existia alguma espécie de Matriz translúcida, impedindo-a de observar o outro lado.
Essa era a segunda vez que a mulher seguia com Fernando até esse local no meio da noite.
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O jovem Tenente observou a interação dos dois, Alfie mantinha o mesmo ‘sorriso’ de sempre, enquanto a mulher estava com a guarda levantada. Ambos pareciam estar se analisando mutuamente.
“Vamos indo, ainda preciso dormir.” O rapaz falou, tentando quebrar o clima estranho no local.
Andando pelos corredores, Lerona o olhou por trás, com uma série de pensamentos e deduções se formando em sua mente. Mesmo que não fosse de seu interesse o que o Tenente fazia e deveria apenas fazer sua guarda, não pode evitar ao vê-lo abandonar sua esposa no meio da noite e se reunir com a garota ruiva num armazém que era guardado por seu Guarda-Costas.
“É melhor não tentar mais gracinhas novamente, Tenente Fernando.” advertiu, levemente irritada.
Ouvindo isso, o jovem Tenente forçou um sorriso no rosto, sem saber como responder.
Na primeira noite em que ele retornou as aulas com Wedsnagauer, tentou sair secretamente durante a madrugada, mas para sua surpresa, a Capitã estava na porta do seu quarto!
Já na segunda noite, tentou sair pela janela com sua Magia de Levitação recém-aprendida, mas ao chegar no térreo, a mulher já estava o esperando!
Ela é algum tipo de mestre ninja? Como sempre sabe o que eu vou fazer? pensou, preocupado.
Felizmente, Alfie havia dado um jeito de barrar a Capitã e ela também havia se limitado a esperar do lado de fora, o que o fez se sentir mais aliviado. Se a mesma insistisse em acompanhá-lo mesmo dentro do armazém, suas aulas de Runas estariam acabadas!
“Além disso, eu normalmente não gosto de me meter na vida das pessoas, mas você não deveria fazer isso com sua esposa.” A mulher falou, parecendo estar o aconselhando. “Ela parece ser uma boa moça.”
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Desde que viu que Karol seria aquela que comandaria aqueles Lobos Prateados, Lerona havia ficado naturalmente interessada. Ainda que seu papel fosse meramente de uma observadora, não pode deixar de ficar impressionada sobre como a Oficial poderia controlar os lobos tão facilmente e ainda detinha tanto carisma e respeito de suas tropas.
Então saber que o jovem Tenente estava a traindo com a pequena Cabo ruiva, se encontrando com ela no meio da noite, a deixou decepcionada e fez sua opinião a respeito dele cair ainda mais.
Com a mente imersa no conteúdo da aula do doutor, o rapaz ergueu uma sobrancelha, sem saber do que ela estava falando, então apenas a ignorou, voltando a considerar a respeito dos conceitos que havia aprendido.
Pouco tempo depois, Fernando retornou para seu quarto. Antes de entrar, parou na porta.
“Você, por acaso, não está dormindo no corredor, está?” perguntou, intrigado. Ele havia providenciado um quarto próximo para a mulher, mas nunca a viu entrar uma vez sequer.
“Um Capitão não precisa de muitas horas de sono, então eu durmo apenas uma vez a cada dois ou três dias por duas horas.” respondeu, como se algo natural. “Se está tentando escapar de novo, apenas esqueça.”
Coçando a cabeça, o rapaz ficou sem palavras, não imaginando que a mulher era tão estranha. Mesmo ele, alguém do Sistema de Habilidades, que havia alcançado o patamar de Tenente, apesar de sentir menos necessidade de dormir, não conseguia evitar ter ao menos quatro horas diárias de sono.
“Bem… boa noite, então.”
Assim que entrou em seu quarto, Fernando tentou dar o seu melhor para andar em passos leves, para evitar acordar Karol. Como sua esposa havia atingido 15 pontos de Físico, sua audição era extremamente apurada, então o menor dos barulhos a acordaria.
“Fernando?” Uma voz melosa e sonolenta soou.
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“Desculpa, te acordei de novo?”
“Não, eu já tinha acordado antes. Tive um pesadelo.”
Ouvindo isso, o jovem aproximou-se dela, beijando-a na testa.
“Aquilo de novo?”
A mulher assentiu.
“Uhum, sonhei com meus pais e minha irmã. Acho que sinto falta deles.”
Fernando suspirou internamente, sem saber como consola-lá. A verdade é que mesmo que ele evitasse pensar a respeito, havia momentos em que sentia a falta de sua família. Saber que nunca mais poderia vê-los novamente, doía em seu peito.
Sua única consolação era saber que eles estavam seguros, mesmo que em um lugar no qual ele nunca poderia voltar.
Após se trocar, o rapaz deitou-se ao lado de Karol, abraçando-a.
“Tá tudo bem, eu to aqui agora.” disse, puxando-a para si.
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Karol, como se fosse uma criança mimada, colocou gentilmente a cabeça em seu peito, acomodando-se e em instantes adormeceu, como se tivesse encontrado seu porto seguro.
Sentindo o calor de sua esposa e vendo-a dormir confortavelmente, o coração de Fernando se aqueceu. Embora fosse doloroso não poder ver seus pais ou seu irmão, sabia que agora tinha mais alguém que poderia chamar de família e isso tranquilizava seu espírito.
Olhando para o teto, enquanto divagava sobre suas tarefas do dia seguinte, seus olhos lentamente fecharam, prontos para adormecer. Contudo, quando estava prestes a entrar em sono profundo, algo aconteceu.
Booom! Treme! Treme!
Todo o quarto começou a balançar e mesmo os utensílios e pertences na pequena comoda junto a parede caíram no chão.
“O que está acontecendo?” Karol, perguntou, ao acordar assustada.
“Eu não sei!” Fernando disse, enquanto se levantava rapidamente, em alerta total.
Ele não sabia o que estava havendo, mas algo grande deveria ter ocorrido, pois o tremor foi claramente causado por algo distante!
Tzim!
De repente, Fernando sentiu seu Cubo Comunicador vibrar no espaço interno da Pulseira de Armazenamento, indicando que algum alerta havia chegado.
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Autoridade: Tenente Fernando Nóbrega, Batalhão Zero.
Mensagens recebidas: 4
Ordens QG: Todos os Tenentes e Capitães devem se preparar para o combate, reúnam suas tropas nas muralhas!
Negociações: Nenhuma.
Rede de mana: Operante.
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