Capítulo 152 - Comunicador
Vendo o rosto de seu atacante, a expressão de Fernando ficou escura.
A pessoa que havia tentado agarrá-lo, era ninguém menos que Dakota Bell.
“Hehe, oi Fernandinho…” Dakota disse, com um sorriso cintilante.
Soltando a mão da pessoa que pensava ser um inimigo, Fernando olhou para ela.
Dakota estava vestida com uma camisa branca levemente larga que mostrava um pouco de sua barriga, bem como um short vermelho, isso somado aos seus longos cabelos loiros, deixaria qualquer homem babando.
Fernando sempre se impressionava com as roupas diferenciadas dessa mulher. Mesmo Gallia não ousaria vestir roupas tão casuais por aí, mas Dakota não parecia se importar.
“O que pensa que está fazendo, Subtenente Dakota?” Fernando falou num tom frio. Diferente de Raul ou Gallia, ele não era tão próximo dela para permitir que entre ou saia de sua casa como quiser.
“Ah… Bem, eu estava só de passagem, então resolvi ver o Fernandinho, mas você não parece muito feliz em me ver.” Dakota disse num tom triste, enquanto olhava para o chão.
Fernando continuou olhando fixamente para ela, sem dizer nada.
Até mesmo Dakota que não se importava com a maioria das coisas, começou a se sentir incomodada.
“Certo, você ganhou. A mestra me mandou aqui.” Dakota disse, decepcionada que Fernando não caiu em seus truques.
“Minha professora?” Fernando perguntou em dúvida. Afinal, ele havia visto Gallia na noite anterior.
“Sim, ela quer que eu te ensine algo, mas antes disso. Como você me notou?” Dakota perguntou, seu tom mostrava o quão interessada estava. Mesmo que ela não tenha tentado ‘atacar’ Fernando a sério, ainda sim não deveria ter sido tão fácil para ele percebê-la.
“Não sei ao certo.” Fernando respondeu sem se importar. Na verdade, ele tinha uma ideia geral. Conforme seu Físico melhorava, seus sentidos pareciam ficar mais nítidos.
“Heh… Sei.” Dakota respondeu, sem acreditar nas palavras de Fernando.
“Enfim, a mestra me mandou aqui para ensiná-lo a usar seu comunicador. Devido a algumas coisas acontecendo, ela deve ter esquecido.”
“Coisas, que tipo de coisas?” Fernando perguntou levantando a sobrancelha.
Dakota sorriu ao ver a expressão preocupada dele.
“Isso não é algo que diz respeito a um pequeno Cabo. Se você quer se preocupar com a Mestra, você precisa ficar mais forte, Fernandinho.” Dakota respondeu em um tom brincalhão.
Fernando franziu a testa ao ouvir isso. Apesar de saber que Dakota estava apenas tentando incomodá-lo, ainda era uma verdade dolorosa.
“O que você veio me ensinar, afinal?”
“Por que você é sempre tão apressado? Você tem que saber curtir o momento, fazer as coisas devagar, aproveitando cada instante. Desse jeito você não vai satisfazer nenhuma garota, Fernandinho.” Dakota disse, enquanto se aproximava de Fernando, passando seus dedos por trás de seu pescoço.
Plaft!
Fernando estapeou as mãos de Dakota para longe de si mesmo.
“Ei!! O que você está fazendo?”
“Subtenente Dakota, eu não tenho tempo para suas brincadeiras. Por favor, vá direto ao ponto.” Fernando falou com um rosto sério.
“Tsk, eu gostava mais de você antigamente.” Dakota disse, com um rosto emburrado. Antes, mesmo que tentasse, Fernando não conseguia resistir tão bem a ela.
“Que seja, pegue seu Comunicador.” Dakota disse, emburrada.
“Comunicador?” Só então Fernando se lembrou, esse foi o item que Gallia deu-lhe na reunião.
“Você sabe a utilidade do Comunicador? É um item muito importante que só oficiais tem acesso. Para pessoas de menor patente, no máximo entregamos algumas pedras de comunicação de baixo valor.” Dakota explicou.
Fernando ouviu isso com algum interesse. Pegando o pequeno cubo em sua mão, ele se perguntou qual utilidade teria, para ser tão importante.
“Primeiro ative-o, basta inserir um pouco de seu mana.”
Ouvindo isso, Fernando fez como instruído. Inserindo mana dentro, o cubo brilhou levemente, então uma tela apareceu na sua frente.
Autoridade: Cabo Fernando Nobrega, Décima Terceira Guarnição. Vento Amarelo.
Mensagens recebidas: Nenhuma.
Ordens QG: Em espera.
Negociações: Nenhuma.
Rede de mana: Operante.
“Isso.. O que isso significa?” Fernando perguntou, com um rosto perplexo.
“Heh.” Dakota sorriu ao ver o rosto perplexo de Fernando.
“Isso se chama Comunicador. É uma ferramenta que cada oficial possui. Por meio dela é possível receber mensagens de outros oficiais e ordens do QG. Você também pode receber mensagens de membros do seu esquadrão, mas teria que comprar pedras de comunicação e ligá-las ao seu comunicador.” Dakota explicou.
Fernando ficou atordoado, se havia algo assim, porque eles não distribuíam para todos os soldados? A comunicação seria quase ao nivel da Terra.
Vendo o rosto confuso de Fernando, Dakota riu.
“Você deve estar se perguntando por que todo mundo não usa isso, certo?”
Fernando assentiu em resposta.
“É bem simples, o custo de cada Comunicador é alto. Não é viável distribuir para as massas. Além disso, não é como se fosse como um celular. Ele tem muitas limitações, seja na produção, quanto no funcionamento. Por exemplo, ele só funciona em cidades ou próximo a elas. Isso porque as ‘redes de mana’ são matrizes que só existem nas cidades.” Dakota explicou com cuidado.
Fernando ouviu isso com um rosto pensativo.
“O que significa a área de Negociações?” O restante das funções parecia ser auto-explicativa, apenas negociações pareciam diferentes.
“É bem simples, nessa área você pode trocar seus Pontos de Prestígio ou Contribuição por itens do Salão da Recepção. Basta comprar algo que alguém virá entregar. É bem cômodo. Outra opção é que você pode disponibilizar itens ou comprar de outros oficiais.”
Fernando ficou perplexo, isso não era praticamente uma ferramenta de compras?
Depois disso, Dakota falou sobre como usar a Negociações. Fernando então focou sua mente nessa seção. Logo uma longa lista de itens apareceu à sua frente.
Escudo Frainz: Um escudo de alta qualidade, tem matrizes mágicas de repulsão. Custo: 50 pontos de Prestígio.
Espada Gélida: Uma lâmina feita de cristais raros, com propriedades de gelo e congelamento. Custo: 150 pontos de Prestígio.
Poção Lunar: Permite melhorar sua Regeneração de Mana em 50% durante a noite. Dura 5 noites. Custo: 50 pontos de Prestígio.
Vendo uma longa lista de itens, Fernando não conseguiu evitar exclamar em choque.
“Isso…”
“Hehe, você parece bem animado, Fernandinho.” Dakota falou.
Fernando ignorou a piada de duplo sentido de Dakota. Olhando para o Cubo em sua mão, sua mente estava cheia de ideias. Com isso, ele poderia melhorar a comunicação de seu esquadrão.
“Se eu comprar essas Pedras de Comunicação, e conectá-las ao meu comunicador. Só eu poderia receber as mensagens?” Fernando perguntou, curioso.
Logo Dakota começou a falar a respeito. Não só poderia conectar as Pedras ao seu comunicador, permitindo que envie e receba mensagens de seus membros, como poderia permitir que um envie mensagem ao outro. Mas estava limitado apenas às conexões ligadas ao Comunicador de Fernando.
“Também não se esqueça, ele só funciona em Vento Amarelo, ou outras cidades. Se você tentar usá-lo fora, dificilmente funcionará. A menos que exista alguma Rede de Mana móvel próxima.”
Fernando achou que isso era uma pena. Se o Comunicador pudesse ser usado em qualquer lugar, ele tinha certeza que seria um grande avanço ‘tecnológico’ para esse mundo.
“Enfim, eu só vim para ensiná-lo isso. Fique atento ao comunicador, se o QG emitir alguma ordem, ela deve ser cumprida imediatamente.” Dakota avisou.
“Ah, e antes que eu vá. Como foi sua missão?” Dakota perguntou com um sorriso amplo.
Fernando não entendeu o interesse repentino de Dakota, mas respondeu.
“O Esquadrão Zero conseguiu concluir sua primeira missão.” Fernando respondeu sem se importar muito.
“Entendi, entendi. Vendo como você ainda está vivo, parece que aquele assunto foi resolvido.” Dakota disse de forma misteriosa.
Ouvindo isso, Fernando franziu a sobrancelha.
Do que essa mulher está falando?
“Sabe Fernandinho, você é muito bom em dominar as pessoas. Desde que vocês voltaram, eu andei dando uma olhada em seu esquadrão. Vi como você confia muito naquela garota de preto.”
O rosto de Fernando escureceu com essas palavras. Saber que Dakota andava bisbilhotando nos arredores de sua mansão, não era algo que o agradava.
“É minha subordinada, é claro que eu confiaria.” Fernando respondeu num tom irritado.
“Heh… Mesmo se ela não for humana?”
Ao ouvir isso, o coração de Fernando afundou. Ele queria retrucar e negar, mas vendo os olhos penentrantes de Dakota, era óbvio que ela já sabia que Theodora era uma Medusa.
“Não vai falar nada? Você parece nervoso, Fernandinho. Tem que relaxar mais.” Dakota disse, passando as mãos pelos ombros de Fernando. Dessa vez ele não a afastou.
As mãos suaves de Dakota percorreram seus ombros, descendo até seu peito.
“Fernandinho, você sabe? Acolher um não-humano em suas tropas, se o Salão descobrisse, você não teria um final muito bom.”
“O que você quer?” Fernando perguntou num tom frio.
“O que eu quero? Bem… Quero que você mate aquela Medusa.”
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