Capítulo 206 - Reminiscência
“Líder? Que raro vê-lo por aqui.” Theodora disse, ao notar Fernando.
“Só vim dar uma olhada, como estão as coisas?”
“Heh, o líder está interessado em mim? Ou no meu esquadrão?”
Fernando revirou os olhos com as palavras bobas de Theodora. Ao ver o olhar inquisitivo de Karol em meio ao esquadrão que treinava, ele coçou a garganta de forma nervosa.
“O que você acha? Achou alguém que vale a pena?” perguntou, curiosamente.
“Tem algumas pessoas que podem ser moldadas, mas ainda não é certo.” respondeu, olhando para Fernando com um olhar brincalhão ao vê-lo nervoso sempre que olhava em direção a Karol.
“Hm, entendo, continue com o que combinamos.” Depois de dizer isso, saiu apressadamente. Ao ver seu olhar brincalhão, Fernando já sabia que Theodora estava planejando provocá-lo na frente de Karol.
“Ah, que triste… O líder fugiu.” Theodora disse, decepcionada.
Após sair do alojamento do Esquadrão Zero 1, Fernando visitou cada um dos outros esquadrões, assim como Theodora, os outros Cabos deram respostas semelhantes, o que o decepcionou.
Ele havia discutido com Theodora, Ilgner, Noah, Tom e Gabriel a respeito da distribuição de Poções Incrementadoras Fauser para pessoas que parecessem talentosas ou leais, mas era difícil determinar isso em tão pouco tempo.
Gabriel em particular ficou estupefato ao saber sobre o estoque de Poções Incrementadoras Fauser que Fernando dispunha. Ele finalmente conseguiu entender como o antigo Esquadrão Zero havia se tornado tão poderoso em tão pouco tempo.
Entre os cinco esquadrões, o Zero 5, liderado por Gabriel, era indiscutivelmente o mais fraco. Afinal, foi o único que não recebeu grandes reforços do Esquadrão Zero original, tendo apenas Ronald para auxiliá-lo.
Levando isso em consideração, Fernando cedeu algumas poções, o suficiente para colocar duas ou três pessoas no nível de Ronald e dos demais. Como Gabriel já conhecia seu esquadrão com as palmas da mão, não foi difícil achar pessoas leais e confiáveis.
Primeiro Gabriel escolheu dar algumas poções a seu braço direito, Kain, tornando-o quase tão forte quanto ele próprio. Isso o deixou sem palavras, não fazia ideia de como Fernando havia conseguido tantos recursos, mas sentiu seu sangue ferver de empolgação.
Se eu o seguir, com certeza iremos muito longe Foi o que Gabriel pensou a respeito de Fernando naquele momento.
Pelos próximos dias Fernando continuou empenhado em fazer os esquadrões melhorarem sua disciplina, organização e força geral. Apesar de estar ansioso para melhorar a força do pelotão, não usou as Poções Fauser Incrementadoras de forma leviana. Afinal, melhorar a força de alguém que poderia traí-lo no futuro não parecia uma ideia muito sensata.
Pelo contrário, preferiu focar no que conhecia e mais confiava e isso era ele mesmo. Sentado em sua cama no quarto, encarava sete pequenos frascos espalhados. Seu tamanho e cor assemelhavam-se a Poção Incrementadora Fauser, mas tinham uma tonalidade mais forte. Eram Poções Fauser Ivrat completas.
Inicialmente Fernando pretendia distribuí-las entre seus membros mais confiáveis, afinal, sentia que era uma questão de tempo até atingir 15 pontos de Físico e Agilidade. Porém, desde que assumiu a posição de Oficial, as coisas mudaram. Como líder, ele precisava ser o mais forte e cuidar dos inimigos mais problemáticos, com a guerra bem a sua frente, não havia tempo para crescer devagar.
“Status.”
Nome: Fernando Nobrega
Idade: 18 anos
Status: Oficial, Guerreiro 1 Estrela, Mago Aprendiz
Nível: 5
Atributos:
Físico: 14
Inteligência: 13
Agilidade: 12 (+3)
Magia: 14 (mana 120/140) (+25% de regeneração natural)
Mana até o próximo Nível: 361.575/512.000
Compatibilidade: nível 6
Vendo seus status, Fernando assentiu, então sem pestanejar abriu uma das poções e a bebeu em um gole. Sem esperar, abriu mais duas em sequência, bebendo-as como se fosse refresco.
De repente seu corpo tremeu, seus músculos começaram a latejar e seu coração acelerou como se tivesse acabado de correr uma maratona. O ar fugiu de seus pulmões, enquanto seu corpo todo transpirava como se estivesse se exercitando a horas.
Droga… Será que eu exagerei? Não deveria ter tomado três de uma vez.
Apesar de arrependido, não havia mais volta, as poções eram simplesmente muito caras para ele se atrever a tentar vomitá-las, então rangeu os dentes e suportou as anormalidades em seu corpo.
De repente a sua visão ficou lenta, tudo ao seu redor ficou silencioso, apenas um leve ruído soava extremamente baixo, como se estivesse longe.
“Irmão, quando você volta? A mãe e o pai estão com saudades.”
Ouvindo aquela voz familiar e distante, Fernando sentiu um arrepio em seu corpo.
“Eu não sei, tenho muito trabalho a fazer… Diz ao pai e à mãe que eu também tô com saudades.”
A sua frente surgiu uma cena familiar a ao mesmo estranha, um jovem magro e franzino vestido numa blusa desgastada, estava parado em frente a um velho orelhão, enquanto mal conseguia se abrigar do vento forte e frio da noite.
“Você sempre diz isso.”
“Eu sei… Desculpe…”
“Tá tudo bem. Não se preocupe irmão, eu estou cuidando bem da casa.”
Dessa vez Fernando não tinha dúvidas, aquela voz familiar só podia ser de uma única pessoa, seu irmão mais novo, Fausto.
O jovem pálido tinha uma expressão complicada ao ouvir a voz do outro lado do telefone, seus lábios secos e sua respiração gelada deixavam sua aparência ainda mais desolada. Então seus olhos disformes levantaram-se, vendo duas figuras passando do outro lado da rua vazia, o observando com interesse.
“Eu tenho que ir…”
“Irmão, se cuida.”
“Você também.”
Clank!
Fernando que estava focado na visão do jovem, foi subitamente despertado pelo som do telefone batendo no gancho. Olhando ao seu redor, ainda estava em seu quarto, na sua mansão em Vento Amarelo.
O que foi isso? perguntou-se, sem entender o que acabara de ver e ouvir.
Olhando para seu corpo, estava cheio de suor e seu nariz estava sangrando.
“Eu alucinei por causa das poções? Ou aquilo era realmente…”
Sua mente encheu-se de dúvidas, questionando-se sobre o que era real ou fruto da sua imaginação. Mordendo os lábios com força, até fazê-los sangrar, Fernando balançou a cabeça.
Por mais que amasse sua família, agora ele vivia em Avalon, esse era seu lugar, seu lar, não havia outra escolha. Na verdade, ao pensar com cuidado, percebeu que a sua existência nesse mundo não afetaria em nada seu ‘eu’ da Terra ou sua família, era como se ele não existisse. Pensar nisso deixou-lhe um gosto amargo na boca.
“Não… Tem algo que afeta…” pensou, lembrando que sua morte em Avalon significava a sua morte na Terra e vice-versa.
Foi então que Fernando percebeu algo, sua vida neste mundo, sendo boa ou ruim, não mudaria em nada as coisas para sua família, mas se ele morresse, era o fim. Nem ele próprio viveria, nem o outro ‘eu’ seria capaz de ajudá-los.
Rangendo os dentes com força, decidiu parar de pensar a respeito, isso só deixava sua mente cansada e sem foco.
“Eu só preciso fazer o que está ao meu alcance, e isso é… Sobreviver!”
“Status!!”
Nome: Fernando Nobrega
Idade: 18 anos
Status: Oficial, Guerreiro 1 Estrela, Mago Aprendiz
Nível: 5
Atributos:
Físico: 15
Inteligência: 13
Agilidade: 15 (+3)
Magia: 14 (mana 120/140) (+25% de regeneração natural)
Mana até o próximo Nível: 360.540/512.000
Compatibilidade: nível 6
Vendo seu Físico e Agilidade finalmente atingirem 15 pontos cada, sua expressão tensa acalmou-se. Fernando não sabia ao certo, mas sentiu que com sua força atual, ele estava muito próximo da força real de um Subtenente, isso sem depender do Anel Domus, mas sim de sua força própria.
Antes ele conseguiu derrotar Subtenentes, mas sempre dependendo de seu Anel ou de outros elementos, mas agora sentiu que poderia bater de frente com um sem ter tanto medo de morrer.
“E agora, o que eu faço com isso…” disse, olhando os quatro frascos restantes de Fauser Ivrat.
…
Na manhã seguinte, Fernando fez uma convocação de emergência aos seus cinco Cabos. Ao mesmo tempo ordenou que todos deixassem a mansão, incluindo as crianças que cuidavam dos afazeres.
Theodora, Ilgner, Noah, Tom e Gabriel estavam parados à sua frente, todos com expressões de dúvidas, afinal, restavam apenas cinco dias até a data de partida. Tempo era crucial para treinar as novas tropas, cada minuto perdido poderia significar que as tropas cometeriam erros, que consequentemente levariam a mortes. Mesmo assim ele havia sido inflexível em convocá-los.
“Líder, o que é tão urgente? Ou talvez… Você só queria me ver e criou toda essa situação?” Theodora perguntou, rindo.
Noah balançou a cabeça com desdém, todos sabiam a quem o coração de Fernando pertencia, mas Theodora ainda insistia em tentar fisgá-lo.
Percebendo o desdém no rosto de Noah, Theodora sorriu em sua direção, então tirou sua adaga, lambendo-a.
Noah por sua vez sentiu um arrepio na espinha. Era estranho, mesmo que ambos fossem Cabos agora, ele ainda se sentia incomodado com a mulher.
Percebendo o leve atrito, Gabriel deu um passo à frente, intervindo.
“Que tal nos acalmarmos?”
Como um Cabo experiente, ele sabia lidar bem com situações como essa.
Tom e Ilgner mantinham-se em silêncio, Tom parecia hesitante em falar algo, enquanto Ilgner parecia estar no cinema, apreciando o show com um sorriso largo.
Fernando, que tinha um rosto inexpressivo, sentado na poltrona, levantou-se lentamente. Os cinco pares de olhos voltaram-se imediatamente para sua direção.
“Chamei vocês aqui porque quero que me façam um favor.” disse com um tom frio.
“O que você precisa, chefe?” Tom falou pela primeira vez, animado.
“É bem simples, todos vocês, lutem entre si.”
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