Capítulo 234 - Acordo sujo
Depois de sair da Loja de Poções Etérias, Fernando e Theodora caminharam pela cidade, nesse ponto já estava tarde e o sol estava se pondo. Ele resolveu apressar seus passos, caso contrário seus planos poderiam acabar não saindo tão bem.
Ao localizar uma loja de armas e equipamentos de pequeno-médio porte, entrou sem hesitação. O local não era muito grande, mas tambem não era tão pequeno, em termos de tamanho, era equivalente a Loja do Ferreiro Negro, a maior loja de equipamentos de Vento Amarelo. Isso mostrava a grande diferença entre as cidades.
Assim que entrou, um homem que aparentava ser um guarda fixou os olhos em ambos. O olhar agudo e penetrante do sujeito incomodou Fernando, mas ele não disse nada.
Depois de olhar para alguns equipamentos, foi em direção ao balcão. Um homem gordo com um cavanhaque estava sentado logo atrás. Ao ver dois clientes, ele apressadamente levantou-se.
“Oia, oia, bem vindos a Trafar, Equipamentos e Armas, temos tudo o que vocês precisam.” O homem gordo disse, enquanto esfregava ambas as mãos. “O que o cavalheiro e a linda dama gostariam?”
Enquanto falava, o homem não evitou olhar Theodora, de cima para baixo, parando brevemente em seu busto avantajado e fixando seu olhar ali.
Ao perceber isso, Theodora não parecia incomodada, receber olhares de homens era tão normal para ela quanto receber pingos de chuva ao relento. Não a incomodava no mínimo.
Pelo contrário, Fernando levantou uma sobrancelha, mesmo que ele e Theodora não tivessem nada, ainda sentia-se incomodado pela falta de respeito do sujeito.
“Não viemos comprar nada, estou aqui para vender algumas coisas.” Fernando falou secamente.
“Não vieram comprar nada??” Assim que ouviu essas palavras, o rosto sorridente do homem gordo afundou, toda a boa vontade e recepção que haviam sumiram tão rápido quanto surgiram. “Que tipo de lixo você trouxe? Não estou interessado em porcaria.”
Ouvindo isso, Fernando franziu a testa, o homem à sua frente era claramente o tipo de gente que colocava uma máscara quando era conveniente, mas que mostrava seu caráter sujo quando sabia que não tinha nada a ganhar. Ele poderia sair e procurar outro lugar para vender, mas esse tipo de gente era justamente o que ele procurava nesse momento.
“Tenho algumas coisas boas.” falou, com um rosto calmo. Então retirou uma armadura negra, havia alguns padrões nela, um leão dourado estava bordado no peito.
“Ahn?” Ao ver que o jovem retirou uma armadura com runas, o interesse do comerciante gordo se acendeu, mas ao ver o símbolo inscrito no peitoral, seus olhos brilharam com malícia. “O que mais você tem aí?”
Fernando percebeu o tom estranho do homem, mas não se importou.
“Ao todo tenho dez armaduras com runas, oito armas com runas e trinta armaduras e armas comuns, a maioria em bom estado.”
Ouvindo isso, o comerciante gordo sorriu, ele esfregava suas mãos com força.
“E quanto você quer nisso tudo?”
“80% do preço de mercado.” Fernando respondeu, num tom calmo.
“Hah, 80%? Você só pode estar brincando, pago 25% e não falamos mais disso.” O comerciante disse, suas grandes bochechas estavam levantadas quando um sorriso cínico se abriu.
“75% e não falamos mais nisso.” Fernando retrucou, num tom indiferente.
O homem franziu a testa ao ouvir o jovem rapaz falar isso, era claramente um deboche a sua contra-oferta.
“Escuta aqui, seu merdinha. Não sei onde conseguiu isso, mas pensa que não sei de onde veio? Esses equipamentos são claramente de tropas mortas dos Leões Dourados, você quer me vender isso a 75% do preço de mercado? Heh, se eu chamar um representante da Legião dos Leões Dourados na cidade, o que ele diria a respeito? Acho que você não quer isso, certo?”
Fernando manteve um rosto calmo, mesmo após a ameaça. Assim como o sujeito disse, essas eram armas e armaduras com emblemas dos Leões Dourados, eram equipamentos que ele saqueou de Bob William´s e seus homens. Até então ele ainda não havia conseguido se livrar dessas coisas, já que não se arriscava a tentar vender em Vento Amarelo. Somente ao chegar em Aquilones ele se atreveu a tentar vendê-las.
“Tudo bem, 70%” respondeu.
Bam!
O comerciante gordo bateu com o punho no balcão, irritado com o rapaz. Os guardas dentro da loja rapidamente prestaram atenção ao seu chefe, prontos para tomar medidas dependendo da situação.
“Olha aqui, eu estou te fazendo um favor ficando com esse monte de lixo, se você mostrar isso em qualquer outra loja que tenha conexões com os Leões Dourados, você tá morto, entendeu?” O comerciante ameaçou, num tom intimidador “Que tal isso, eu te dou 40%, mas quero uma hora com essa belezinha lá atrás.” disse, olhando para Theodora com uma expressão depravada.
Theodora manteve o sorriso habitual em seu rosto, como se o que foi dito não tivesse nenhuma relação com ela. Isso deixou o sujeito ainda mais animado.
Uma expressão fria tomou conta do rosto de Fernando, para alguém propor algo assim para um dos seus subordinados diretamente para ele, seu sangue começou a ferver. Ele não se importava quando as pessoas o insultavam, mas quando tratava-se das pessoas próximas a si próprio, a história era completamente diferente.
Se pudesse, ele não se importava de matar o sujeito ali mesmo. Com a força dele e de Theodora, a menos que houvesse alguém de nível Subtenente no local, ninguém poderia impedi-los de fugir.
Apesar desse pensamento cruzar sua mente, rapidamente foi descartado, julgando os guardas ao redor, presumiu que sua força era de no máximo nivel Soldado de Elite até Cabo. Mesmo assim ele não subestimaria essas pessoas, pode ser que houvesse pessoas mais fortes à espreita. Além disso, mesmo que não houvesse, depois de assassinar um comerciante em pleno centro de Aquilones, ele poderia acabar sendo perseguido pelos guardas da metrópole. Era simplesmente arriscado demais.
“Eu posso concordar com sua condição, mas quero 50%.”
Quando Fernando disse isso, pela primeira vez a expressão de Theodora mudou, mas foi apenas brevemente. Sua lealdade era inteiramente de seu líder, mesmo se ele a pedisse para se entregar para um estranho, ela o faria sem pensar. Apesar disso, tinha confiança de que esse não era o plano de Fernando.
O comerciante gordo franziu a testa com a insistência do jovem, mas ao vislumbrar essa linda mulher, com sua pele branca e longos cabelos negros, além de seus seios fartos. Só de pensar em possuir tal mulher, sua mente se decidiu, ele aceitaria o acordo. Apesar disso, não pretendia entregar seu dinheiro tão facilmente.
Humph, assim que eu tiver o que quero, vou voltar atrás em minhas palavras, quero ver o rosto desse merdinha ao saber que ele vendeu a namorada e mesmo assim não vai receber a quantia que queria. O homem pensou, um sorriso malicioso preencheu seu rosto.
“Tudo bem, eu aceito. Mas só vou pagar depois de terminarmos.” falou, olhando para Theodora com olhos cheios de luxúria.
Fernando manteve-se em silêncio, mesmo após ver o rosto ávido do comerciante, sua expressão não mudou em nada.
“Certo, mas antes preciso falar com minha mulher em particular, ela é tímida. Tenho que acalmá-la.”
“Faça o que quiser, mas apresse-se.” O homem falou, impaciente.
O jovem calmamente puxou a mulher para um canto da loja, então chegou próximo ao seu ouvido e disse algumas palavras, logo a garota começou a chorar, como se estivesse nervosa. Tanto o comerciante, quanto seus guardas observavam a cena, um largo sorriso abriu-se no rosto do homem gordo.
Depois de alguns segundos o jovem e a mulher voltaram.
“Ela está pronta.”
“Heh, não se preocupe rapaz, vou tratá-la muito bem, mas não me culpe se ela não quiser retornar com você depois disso, hahahaha.” disse, num tom cheio de malícia e deboche.
Logo o comerciante gordo chamou seus guardas, para que ficassem de olho no rapaz, enquanto ele segurava a mulher pelo braço e a puxava para o fundo da loja.
Antes de entrar nos quartos dos fundos, Theodora deu um último olhar a Fernando, então entrou, quase sendo puxada pelo homem gordo.
Os quatro guardas no local ficaram próximos a Fernando, o vigiando. Olhares de ridículo estavam estampados em seus rostos. Para alguém vender a própria mulher para outros, essa pessoa só poderia ser um lixo fraco e estúpido.
Após cerca de dois a três minutos se passarem, ao não ouvirem barulho algum vindo do quarto, os guardas se entreolharam, preocupação e desconfiança escrita em seus rostos. Logo quando um deles estava se preparando para checar o que estava acontecendo lá atrás, gemidos puderam ser ouvidos. Era um gemido tímido e de quase choro, era claramente daquela mulher.
Ao ouvirem isso, os guardas sorriram, um cutucou o outro enquanto cochichava algo, apontando para Fernando.
Alguns segundos se passaram, os fracos gemidos logo foram aumentando, em tom e suavidade. Sons de objetos caindo e gritos fracos podiam ser ouvidos, era quase como uma melodia sedutora.
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