Índice de Capítulo

    Dimitri tinha um rosto calmo, então assentiu com a cabeça.

    “Se vocês estão aqui, então isso significa que terminamos daquele lado.”

    Ouvindo isso, Boris assentiu.

    “Nossas tropas eliminaram com sucesso a horda presa, o restante do exercito está vindo para cá agora. Como minha unidade tem mais mobilidade, viemos na frente, para auxiliá-lo.”

    “Você fez bem.” Dimitri disse, sem dar explicações. “Agora vamos nos reagrupar, é hora de acabar com isso.” disse, olhando em direção a Belai.

    Túlio, Nina e todos os outros tinham rostos complicados. Eles haviam dado tudo de si até o momento, mesmo o Raul e o Major quase pereceram e ainda havia quase 15.000 Orcs sitiando Belai. Ninguém conseguia imaginar como ganhariam essa batalha.

    Não demorou muito para as tropas chegarem. A ala esquerda liderada pelo Tenente Ícarus chegou, não muito tempo depois, a ala direita e o exército central também chegaram.

    Fernando, que tinha um rosto exausto, vasculhou a multidão, ele viu Archie, que havia deixado lidando com a posição final da ala, Ronald, Noah, Tom e muitos outros, mas um rosto em particular não encontrava em lugar algum. Levantando-se, andou entre a multidão.

    “Líder!” Theodora falou.

    Fernando parou por um segundo, surpreso com a quantidade de ferimentos que a medusa tinha em seu corpo, sua roupa estava rasgada em algumas partes, revelando feridas.

    “Você… O que aconteceu?” Com a força de Theodora, ela não deveria ter se machucado tanto.

    “Nada demais.” respondeu, sorrindo.

    Apesar de dizer isso, Fernando notou que todo o corpo da meia elfa tremia, ela mal conseguia se manter reta. Só então lembrou de algo, se mesmo ele e Ilgner, que praticavam no Sistema de Habilidades, estavam em seu limite e quanto a Theodora? Que havia lutado ao lado deles contra o Orc Líder e ainda liderado os homens em tantas lutas?

    Deve-se saber que Theodora era uma Medusa, uma meio Elfa Negra que herdou algumas aptidões mágicas dos Elfos Negros, mas no fim, seu corpo ainda era fraco como o de qualquer outra pessoa, exceto que tinha atributos melhores.

    “Você fez bem.” Fernando disse, tocando o ombro de Theodora.

    “Líder…” A expressão da mulher era estranha, era incomum que o jovem a elogiasse dessa forma. Apesar disso, sentiu-se contente em ser elogiada e poder servir ao seu líder.

    Vendo o olhar vago de Fernando, que parecia procurar algo, ela logo entendeu.

    “Não se preocupe, ela não está morta.” Theodora disse, imediatamente ganhando a atenção de seu jovem líder, que a olhou de forma interrogatória. Rindo consigo mesma por ele ser tão fácil de ler, continuou. “Karol está logo ali, sendo tratada por um mago com magia de cura.”

    Depois de ouvir isso, Fernando apressou-se na direção apontada, esbarrando em alguns soldados no caminho, muitos insultando-o por não olhar para onde andava.

    Ao chegar no local, viu Karol, sentada no chão, Emily e alguns outros do Pelotão Zero em volta, enquanto um mago a curava.

    De repente ela olhou em sua direção, quando seus olhos se cruzaram, alívio e um forte desejo podiam ser vistos mutuamente em seus olhares.

    “Fernando…”

    Sem dizer uma palavra, Fernando andou apressadamente em sua direção, então, interrompendo o mago que a curava, abraçou-a fortemente.

    “Ei, espera…” Karol tentou dizer, mas logo cedeu, retribuindo o forte abraço.

    “Rapaz, estou tratando-a.” O mago disse, com um olhar de reprovação.

    Fernando, que ainda estava abraçando Karol, lentamente a soltou, como se estivesse hesitando em separar-se dela. Então olhou para o homem.

    “Eu assumo daqui.”

    “O que?” O mago falou, sem entender o que o jovem queria dizer com isso, então viu algo que quase o fez cair de bunda no chão. O jovem que parecia não ter mais que 20 anos, começou a usar magia de cura.

    “Isso…”

    Para usar Magia de Cura, era necessário ser ao menos um Mago Intermediário, ou seja, ter seu atributo de Magia pelo menos de nível 15 e um controle adequado e preciso de seu mana. Não era impossível que jovens talentosos atingissem esse nível antes dos 20, mas a maioria seria um talento de elite, nutrido pela legião. Alguém assim jamais estaria na linha de frente dessa forma.

    Quem é esse rapaz? perguntou-se.

    Emily e alguns membros do Pelotão Zero que estavam em volta, balançaram a cabeça. Mesmo que seu líder fosse quieto e contido na maior parte do tempo, quando se tratava de certas coisas, principalmente sua amada, ele nunca hesitaria ou iria manter um perfil baixo.

    Vendo que sua presença era desnecessária, o mago saiu, para tratar outras pessoas, ainda atordoado.

    Depois de algum tempo, Fernando terminou de curá-la. Olhando em seus olhos, Karol passou sua mão por seu rosto. Como se finalmente pudesse soltar toda a carga que pesava em seus ombros, começou a chorar.

    “Eu tive tanto, tanto medo, achei que não nos veríamos mais.” disse, lágrimas escorriam de seu rosto.

    Alguns soldados que estavam em volta, não eram parte do Pelotão Zero, mas membros dos outros Batalhões, onde Karol havia ficado. Foi graças a ela que eles haviam sobrevivido, sem sua liderança e sua força, eles teriam sucumbido aos Orcs.

    Devido a essa gratidão que tinham para com a guerreira da lança prateada, que eles haviam ficado até agora ali, aguardando para que fosse tratada. Inclusive sendo a insistência deles o motivo para que um mago com magia de cura viesse curá-la, o que não era fácil de conseguir, levando em conta a quantidade de feridos.

    Quando viram a poderosa lanceira que os guiou no abismo da morte chorando como uma criança, todos ficaram atordoados. Então não puderam deixar de olhar para o jovem rapaz, que era o motivo. Logo, perguntando ao redor, descobriram que o jovem era um Oficial, o líder do Pelotão Zero, o qual Karol fazia parte, impressionando-os.

    “Está tudo bem agora.” disse, acalmando-a, mas internamente um turbilhão de emoções corriam soltas em seu coração e mente.

    Eu sou tão inútil… pensou, como homem, Fernando sabia que havia falhado ao permitir que sua amada lutasse e ficasse nesse estado.

    Depois de algum tempo reunido com Karol, reuniu os membros do Pelotão Zero. Ele queria passar mais tempo com ela, mas vendo a movimentação das tropas, sabia que não tinha muito tempo. Belai estava sitiada e eles tinham que correr contra o tempo.

    Logo, com Tom, Theodora, Ilgner, Gabriel e Noah reunidos, todos começaram a dar relatórios sobre seus esquadrões. Depois de um breve levantamento, descobriram que restavam apenas 40 membros do Pelotão Zero. Entre os vários esquadrões, o de Tom era o pior e com mais baixas, haviam sobrado apenas 3 membros além dele próprio.

    Apesar dos baixos números, Fernando estava relativamente satisfeito. Em relação à primeira batalha, onde tiveram as maiores perdas, eles tinham tido muito menos baixas.

    Antes que terminassem a reunião, a Pulseira de todos brilhou.

    “Reúnam-se! Estamos partindo para Belai!”

    Com a ordem de Dimitri, o exército começou a se mobilizar rapidamente.

    Reunindo-se com o Décimo Terceiro Batalhão, Fernando viu Raul, que havia recebido alguns tratamentos. Dimitri havia convocado quatro magos proficientes em magia de cura para tratá-lo.

    “Está pronto garoto? Você dá conta?” perguntou, sorrindo.

    Olhando para o Tenente, que apesar de ter a maior parte dos ferimentos curados, era visível que estava muito enfraquecido. 

    “Você deveria estar mais preocupado consigo mesmo, senhor Raul, espero não ter que chutá-lo novamente.” Fernando disse, num tom zombador.

    “Seu merdinha…” Raul disse, irritado, ao lembrar de como o jovem havia salvado-o chutando-o.

    Nina e Túlio, que já haviam se acostumado com a relação estranha entre Raul e Fernando, quase riram, Argos por outro lado, tinha uma expressão estranha.

    Em pouco tempo o exército começou a se mover. No total, as tropas que vieram de Vento Amarelo mais a Cavalaria de Lagartos Tarky somados chegavam a 5.000 homens. Eles haviam perdido 1.500 homens na estratégia de isolar os exércitos Orcs.

    Apesar de parecer um número assustador, todos consideravam que havia sido uma estratégia bem sucedida, afinal, eles haviam com sucesso, conseguido eliminar mais de 6.500 Orcs, enquanto fizeram os menos de 2.500 restantes fugir por suas vidas. Não só isso, mas até mesmo um Orc Lord havia caído.

    Apesar disso, ninguém estava otimista pelo que estava por vir, todos estavam exaustos e feridos e teriam que quebrar o cerco a Belai.

    Do outro lado, em torno de Belai, Baek estava horrorizado. Seu exército, liderado por Barai, havia sido derrotado e o exército humano começou a marchar em sua direção. O mestre do Clã Gazuru não conseguia entender como isso havia acontecido.

    Atualmente, restavam cerca de 15.000 Orcs em torno de Belai, alguns punhados das tropas de Barai retornaram ao exército, enquanto outra parte fugiu para as mais diversas direções ao serem perseguidos pelos humanos.

    Por outro lado, em Belai, restavam apenas 5.000 soldados lutando no exterior e mais algumas centenas apoiando-os a partir das muralhas.

    Vendo todas suas perdas e principalmente, a perda de sua prole, Barai, Baek ficou furioso. Mesmo que ainda tivesse mais tropas, começou a ficar impaciente e temeroso, mesmo que tomasse a cidade humana, com suas perdas de poder militar, o Clã Gazuru não seria mais respeitado na tribo dos Dobats. Então, num acesso de fúria, incitou seus homens a avançar.

    “Azat, barash, throquat!!” (Matem, esmaguem, devorem!!) O grito furioso de Baek ecoou por todo campo de batalha, como Mestre do Clã Gazuru, suas ordens para os Orcs Guerreiros eram absolutas.

    Como um tsunami, as hordas atacaram, ignorando suas vidas, seu único objetivo era destruir os humanos que resistiam.

    General Telles, que estava liderando as tropas de Belai, ficou pálido ao ver isso.

    “Estamos acabados… Mesmo que o apoio chegue, não podem fazer muito.”

    Um velho, levemente corcunda, mas alto, com armadura branca e uma grande espada, tinha um sorriso calmo.

    “Telles, meu velho amigo, preocupar-se tanto fará seus cabelos ficarem mais brancos do que ja são.”

    Ouvindo a piada de Sir Ferman, Telles não conseguiu evitar forçar um sorriso.

    Vendo o modo antinatural de Telles, Ferman riu.

    “Hahah, acho que é minha hora de agir.”

    Telles tinha uma expressão estranha ao ouvir isso. Mesmo que Ferman fosse um Cavaleiro, uma entidade poderosa que causava medo dentro e fora dos domínios humanos, no fim ele já era um velho homem aleijado, sua força, na melhor das hipóteses, era um pouco melhor que um General como ele próprio.

    De repente, o sorriso despreocupado de Ferman sumiu, substituído por um rosto sério e concentrado.

    Ao vê-lo caminhar para a linha de frente, o General Telles ficou assustado, mas rapidamente agiu.

    “Protejam Sir Ferman com suas vidas!” gritou, levando um punhado de homens consigo, fazendo a proteção do velho de armadura branca.

    Em frente a eles, milhares de Orcs espremiam-se para a frente, ignorando o medo da morte. Seu objetivo era destruí-los a qualquer custo.

    Não muito longe, as tropas de Vento Amarelo avançaram, em poucos minutos chegariam a Belai. Apesar disso, as tropas de Belai estavam completamente inacessíveis, cercadas por densas hordas de Orcs.

    A expressão de Dimitri era feia, mesmo ele sentiu-se incapaz de ver uma possibilidade de vitória. Apesar disso, manteve sua decisão, levando seus homens a Belai.

    Bang! Ting!

    Telles e os outros homens lutaram contra os Orcs, enquanto Ferman caminhava calmamente atrás. Apesar disso, não estavam conseguindo avançar um metro sequer, enquanto matavam um Orc, outros dois assumiriam o lugar deste, fazendo-os perder terreno no lugar de ganhar.

    De repente, Ferman levantou sua grande espada, ele por si só já era mais alto que os outros homens, ao levantar sua gigantesca espada, se destacou por uma larga margem em relação aos outros. Então fincou seus dois pés no chão, tomando uma postura baixa.

    Crack! Crack! Crack!

    Rachaduras espalharam-se pelo chão abaixo de seus pés, correndo por dezenas de metros, chocando todos os soldados ao redor.

    BOOM!

    De repente, Ferman saltou, quando o fez, o chão sob seus pés afundou, sejam homens ou Orcs, todos caíram ao mesmo tempo, devido a instabilidade do terreno.

    O velho homem, que parecia estar em seus últimos momentos de vida, na verdade tinha tanto poder!

    Olhando para o alto do céu, os Orcs e Humanos levantaram a cabeça, a mais de 30 metros no ar, um figura em armadura branca chamou a atenção de todos. Ela ascendeu numa alta velocidade, já estava numa altura incrível, mas continuava subindo, num ímpeto imparável. Quando chegou a cerca de 50 metros finalmente desacelerou, parando de subir.

    Então, quando todos achavam que iria cair, chutou o ar repetidas vezes, mantendo-se estável nos céus.

    Dimitri e o restante do exército de Vento Amarelo conseguiam ver a cena do homem no alto do céu claramente de sua posição, abaixo dele, milhares de Orcs.

    Olhando para os milhares de inimigos, o velho homem sorriu, então sugou uma grande quantidade de ar, inflando seus pulmões.

    “Meu nome é Ferman, o Cavaleiro Branco, da Legião Condor das dez Grandes Legiões, hoje eu, com minha autoridade, declaro que Belai, da Legião dos Leões Dourados, não deve cair! Vocês, Orcs que ousam invadir a terra dos homens e manchá-la com sangue, devem pagar, o preço, é a morte!” 

    A voz de Ferman ecoou como um trovão por toda Belai e proximidades, cada Orc abaixo tremeu instintivamente. Os humanos, por outro lado, sentiram um arrepio espalhar-se por seus corpos.

    De repente, Ferman levantou a gigantesca espada em sua mão, que logo começou a brilhar com uma luz ofuscante, logo não só a espada, todo o corpo do Cavaleiro emitiu um brilho branco resplandescente.

    Dan!

    A espada de Ferman, que estava alta, moveu um centímetro para baixo, causando um estalo que fez todo o ar tremer.

    Dan! Dan!

    Como o ponteiro de um relógio, a espada moveu mais dois centímetros, causando estalos cronométricos.

    Baek, que viu toda a cena, tinha um olhar aterrorizado.

    Dan! Dan! Dan! Swish!

    Depois de mais três estalos, a espada desceu para baixo, iluminando todo o céu.

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