Índice de Capítulo

    Ao longe, um grande exército estava estacionado em uma grande clareira. Havia tantas tropas que era até difícil de contar. 

    Algo que chamou a atenção de Fernando, era uma estranha cavalaria, com animais robustos de dois metros e meio de altura. Seu tamanho e aparência se assemelhava a de um Rinoceronte, mas tinham patas largas, uma cauda cheia de espinhos,um focinho bifurcado, com dois chifres, e uma mandíbula com presas afiadas. Não só isso, mas parte de seu corpo estava coberta de placas de metal.

    Heitor, vendo o jovem Tenente observando-os, sorriu.

    “Impressionado? Essa é a Cavalaria Blindada do General Wayne, composta de 3.000 Nagalus. É uma das melhores bestas para montar esse tipo de composição.”

    Fernando ficou chocado ao ouvir os números. Cada uma daquelas monstruosidades era extremamente intimidadora, mas haviam três mil delas. 

    Olhando para trás, para os nove Lobos Prateados que tinha em seu Batalhão, sentiu que não poderiam ser comparados. Provavelmente duas ou três dessas bestas poderiam acabar com seu pequeno Esquadrão montado.

    “Aquelas são suas montarias? É realmente estranho, nunca ouvir falar de pessoas que domaram Lobos Prateados. Não se compare tanto, montar uma cavalaria de Nagalus é caro, mas esses seus Lobos também não são pouca coisa. Aposto que se você tentasse vendê-los, tiraria uma boa grana.” o jovem Capitão disse, ao perceber que Fernando estava comparando os animais. “Venha, vou te apresentar ao restante dos membros das Tropas Exploratórias.”

    Ouvindo isso, o Tenente ficou surpreso. A seu ver, não haveria mais Batalhões destacados para a função.

    Tanto o Batalhão Zero quanto o Amanhecer aproximaram-se do grande exército. Com Heitor e o velho General à frente, não houve complicações.

    Fernando deixou o comando do Batalhão para Theodora, enquanto acompanhou o jovem Capitão, passando pelas mais variadas tropas que compunham o exército de Wayne.

    Em comparação ao exército que veio de Vento Amarelo, que era composto em grande parte de novatos, as tropas naquele lugar eram claramente experientes. Passando por alguns soldados, viu seus olhares frios e sem emoção, somente pessoas que passaram por muitas batalhas emitiam esse tipo de sensação.

    Depois de passarem por alguns acampamentos, Heitor adentrou em uma grande barraca e Fernando seguiu logo atrás. Assim que entraram, deram de cara com uma mulher alta, loira e musculosa, ela parecia furiosa, ao chutar uma grande mesa.

    “Eu já falei, seu fodido, nem ferrando eu vou ficar com a direita! Você ou o mascote do General que se virem.” gritou furiosamente, apontando para um sujeito magricelo, com olhos fundos e um cabelo espetado, sentado de forma despreocupada.

    “Amanda, entenda. Eu vou ficar à esquerda, estou familiarizado com aquela região. Quanto ao Heitor, você sabe que jamais permitiriam que ele fique na direita. Então seja uma boa garota.”

    “Seu fod-”

    Quando a mulher estava prestes a retrucar, ambos viraram seu olhar, percebendo Heitor e um rapaz pálido ao seu lado.

    “Hoh, vejo que estão se dando bem. Eu deveria sair pra dar mais privacidade aos dois?” O jovem Capitão disse, de forma brincalhona.

    “Heitor, estávamos esperando por você. Temos que decidir nossas posições, mas como pode ver… A donzela aqui não quer assumir sua tarefa.”

    O jovem de cabelos trançados na altura dos ombros deu um leve sorriso ao ouvir tudo.

    “Ainda estão nessa? Não se preocupe, já consegui alguém para o lado direito.”

    “O quê?” Ambos, a mulher musculosa e o sujeito magricelo, perguntaram ao mesmo tempo, com olhares confusos.

    “Este é Fernando, ele é o último líder das Tropas de Exploração.”

    Nesse momento, jovem Tenente fez a típica saudação militar.

    A mulher chamada Amanda franziu a testa, então deu alguns passos avançando de forma indiscriminada, aproximando-se do jovem pálido e ficando a poucos centímetros de seu rosto.

    Fernando levantou a cabeça e viu o rosto da mulher quase colado ao seu e por instinto quase se afastou, mas no fim acabou retendo-se. Por mais que a outra parte fosse desrespeitosa, ele deveria tentar manter algum respeito, estava cansado de fazer inimigos por todos os lados.

    A loira musculosa o olhou abaixando-se para frente, ela era pelo menos um palmo mais alta que o jovem Tenente. Seus músculos também eram bem construídos e desenvolvidos, fazendo-a parecer mais forte que o próprio Heitor.

    Depois de encarar por alguns segundos, a mulher afastou-se, torcendo o nariz.

    “Essa criança? Ele não é novo demais? Parece mais jovem do que você.”

    Ao ouvir isso, o homem negro sorriu.

    “Não só parece, ele é mais novo. Hahaha.”

    Quando ambos ouviram isso, ficaram surpresos. Heitor era um jovem Capitão considerado um gênio de renome, mas ainda sim havia sido destacado para as Tropas Exploratórias. Devido a isso, ambos sabiam que não poderiam deixar o rapaz morrer, então estavam fazendo o possível para deixá-lo na posição mais segura, mas agora havia aparecido alguém ainda mais jovem.

    Ele é mais um gênio de nariz empinado da capital? Amanda perguntou-se, franzindo a testa. Se esse fosse o caso, isso significava mais problemas para eles.

    Percebendo seus olhares cheios de repulsa e até um pouco de raiva, Fernando suspirou internamente. Nesse momento começou a imaginar que talvez estivesse destinado a ter inimigos em cada esquina, mesmo quando não fazia nada as pessoas ainda pareciam irritadas com ele.

    “Fernando, está é Amanda Bauhm, Capitã da Segunda Tropa de Exploração, e esse é Banjo Hill, Capitão da Primeira Tropa de Exploração.” disse, apontando para os dois.

    O jovem pálido assentiu, então com um rosto calmo apresentou-se.

    “Eu sou Fernando Nobrega, Tenente do Batalhão Zero, q-”

    “Mas que merda é essa? Um Tenente? Estão querendo foder com a gente?” A mulher gritou, furiosa, interrompendo o jovem.

    O homem magro chamado Banjo não disse nada, mas seu olhar mostrava que também estava descontente.

    “Ei, ei! Não é pra tanto, eu testei pessoalmente a força dele. O moleque dá conta do recado.” Heitor disse, intervindo. Então aproximou-se de Amanda, passando o braço em torno de seu pescoço. “Não precisa ficar tão irritada, você sabe, mulheres bravas ficam menos bonitas.”

    Fernando, que viu a cena, sentiu um calafrio ao ver o rosto da mulher. Ela parecia um pimentão, prestes a explodir num tornado de ira. Inconscientemente deu um passo para trás.

    Bam!

    Assim que o fez, Heitor foi agarrado e jogado brutalmente no chão.

    “Toca em mim de novo e te quebro na porrada, oh da trança!”

    Se levantando, o rapaz negro não parecia irritado ao bater na sua armadura, limpando a terra, como se ja estivesse acostumado com isso. Pelo contrário, seu sorriso ficou mais largo.

    Suspira!

    O homem magro levantou-se e movendo o pulso tirou algo da Pulseira que parecia ser um tipo de cigarro. Então o colocou na boca e com a ponta do dedo o tocou suavemente, logo uma fagulha piscou, acendendo-o.

    Tragando com calma, seus olhos fundos, cheios de olheiras, voltaram-se para o jovem pálido.

    “Então rapaz, por que te mandaram pra cá? Que merda você fez?”

    Fernando, que tinha um rosto calmo, levantou a sobrancelha.

    “Eu deveria ter feito algo?”

    O homem, ainda tragando o cigarro, manteve-se olhando para ele.

    “Com exceção do Heitor, todo mundo aqui fez alguma coisa para ser mandado para as Tropas de Exploração. A Amanda ali, ela espancou um Oficial até a morte depois dele apalpar a bunda dela. Normalmente isso não seria um grande problema, mas o pobre bastardo tinha algumas ligações importantes.”

    A mulher olhou cheia de raiva para o sujeito.

    “Quem te deu autorização para falar de mim, seu merda? Quer que eu te espanque também?”

    Ignorando a mulher, Banjo continuou.

    “Então você certamente fez algo. Você disse Batalhão Zero, certo? Um Batalhão nomeado, com um Tenente tão jovem, é estranho te mandarem pra esse moedor de carne sem motivo.”

    Fernando franziu a testa, não só pela forma de falar do sujeito, como pela maneira de se referir às Tropas de Exploração como ‘moedor de carne’. Era uma clara referência ao fato de ser uma posição com alta taxa de mortalidade.

    “Ele destruiu uma Guilda inteira em Belai.” Heitor falou, de forma calma.

    No inicio, tanto o homem quanto a mulher não levaram as palavras do rapaz negro a sério, mas ao notarem o silêncio mortal por parte do jovem pálido, ficaram sem palavras.

    “Ei, ei, isso é sério? Alguém que se atreve a massacrar uma guilda sem autorização do Salão da cidade… Normalmente alguém assim iria no mínimo para cadeia, talvez até pegar execução.” Banjo disse, com um rosto surpreso.

    Fernando ficou em silêncio, ele não tinha intenção de comentar sobre o que aconteceu entre ele e a Guilda Fúria.

    “E você, o que fez?”

    O homem magro, de cabelo espetado bagunçado, não respondeu de imediato. Primeiramente ele tragou seu cigarro, então olhou para o rapaz.

    “Algo pior que você.” disse, com um olhar frívolo e uma leve sensação ameaçadora.

    Algo pior que eu? O que pode ser pior que um massacre? O jovem Tenente pensou, intrigado.

    Nesse momento Heitor interviu.

    “Na verdade ele dormiu com a mulher do Major dele, esse cara é um maldito talarico.”

    Banjo, surpreso, deixou seu cigarro cair.

    “Porra, você estragou o clima! Não tá vendo que eu tava criando uma atmosfera sinistra aqui?”

    A expressão curiosa e de cautela de Fernando imediatamente sumiram ao ouvir isso. 

    “Oh, por sinal, ele é um talarico profissional, então cuidado com aquela sua namorada. Hahaha.”

    Ao ouvir isso, a atenção de Banjo foi picada.

    “Como se chama sua namorada, garoto? Ela é bonita?”

    “Se ela for bonita, até eu quero dar uns pegas.” A mulher musculosa chamada Amanda disse.

    A expressão de Fernando ficou imediatamente escura, sua mão tinindo para retirar sua espada da pulseira. Enquanto se perguntava em que tipo de manicômio ele tinha vindo parar.

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