Capítulo 62: Cubo Mágico
Olhos severos sedentos de sangue, veias extrapolando o braço, assim, Meredith lançava série de golpes contra a carapaça de escamas que rodeava o corpo do Gar. Muitas vezes recuando para se esquivar das mesmas escamas que saíam do corpo de seu oponente.
Meredith aterrou no chão e colocou a espada horizontalmente contra o rosto.
— Não ia acabar comigo? Não consegue, não é?
Aquelas palavras causaram um certo desconforto em Meredith. Seus lábios cerraram, seus traços contorceram-se.
— Agora, deixe-me mostrar o verdadeiro desespero! Vão, escamas de dragão!
Milhares de escamas dispararam do corpo do Gar, rasgando o vento numa velocidade tão rápida que os olhos da Meredith mal conseguiam acompanhar os movimentos de cada escamas.
Desviava de cada ataque por instinto, rebatendo as poucas escamas que conseguia. Mas nada disso adiantava muito, pois a quantidade de escamas que transpassava sua pele era superior à que ela estava defendendo.
Sua pele era envolvida em rios de sangue, como se ela tivesse mergulhado em um mar carmesim…
Gar parou com aquele ataque quando Meredith caiu de joelhos, mas ainda segurando sua espada enquanto tinha os olhos cobertos de sangue voltados para o chão, onde seu rosto era refletido numa poça de sangue.
No vazio daquela noite sombria, cujas nuvens negras ofuscavam a lua brilhante, os passos de Gar ressoavam por aquele espaço, acelerando e atemorizando o coração da mulher sem forças.
Cada tap parceria um prenúncio iminente de sua morte.
Gar enfim parou e direcionou seus olhos para a mulher que sempre desejou aos seus pés. Um sorriso malicioso se abriu, uma expressão assombrosa tomou conta de seu rosto.
— Ah, essa é a parte mais interessante que eu amo nas mulheres duronas, quando elas são subjugadas.
Gar colocou o pé por cima dos longos cabelos dela, enterrando seu rosto.
— Vamos, Meredith! Quer repetir agora o que você disse há pouco?
Gar retirou seu pé de cima e a deu um chute, que a arremessou até um pequeno pedregulho.
— Não pense que acabou, eu vou te fazer sofrer de um jeito que você vai até implorar para eu tirar a sua vida!
Ele continuou andando enquanto elevava um dos punhos para cima, fazendo surgir uma chama alaranjada que ardia fortemente, sua luz pairando sobre seu rosto impiedoso.
— Eu…
Um sorriso malicioso brotou nos seus lábios ao ver aquela mulher tremelicar enquanto cerrava seu punho na alça da espada.
— O quê? Ainda tem força para lutar?
— Eu vou te matarrrrrr!
Gar nem viu aquilo, aquela velocidade… Em instantes, Meredith estava com a espada cortando o braço dele, que segurava a chama, cada segundo a lâmina penetrando suas entranhas até a constituição do osso.
Um grito agonizante, capaz de quebrar qualquer tímpano, se ouviu da boca do Gar.
Seu braço foi cortado, sua mão caiu no chão e o fogo se apagou. A espada estava agora transpassando seu peito na velocidade em que Meredith o arrastava com toda sua força.
— Maldita! Você se aproveitou do momento em que baixei minha defesa! Sua covarde!!!!
Gar falava isso enquanto soltava saliva misturada com sangue da boca.
— De covarde para covarde, é assim que as coisas funcionam! Agora morraaaa!
— Jamais!
Gar pegou na lâmina sem se importar com o corte que sofria. Rangeu os dentes imbuídos em sangue, removendo a espada do perto enquanto tentava travar seus pés.
— Queimeee!
Uma fumaça que deu origem às chamas tomou conta do corpo do Gar, se alastrando até Meredith que retirou a espada imediatamente e deu um pulo para trás enquanto seu oponente escorregava e caia no chão, espalhando suas chamas enquanto rolava.
Meredith reposicionou sua espada.
Gar levantou-se com sobrancelhas franzidas e limpou o sangue que não parava de sair da boca com sua mão mergulhada em chamas.
— De covarde para covarde, não é?
— Aaaaaaah!
Com um grito de guerra, Meredith saiu dali correndo enquanto centralizava a espada verticalmente.
— Escamas de chamas!
— Magia de peso! Turbilhão de cortes!
Em instantes, Gar viu todas suas escamas caíram em pequenos pedaços com suas chamas apagadas.
— Maldita! Se tinha esse truque, por que não usou antes?!!
— É porque estou sempre evoluindo!
Meredith deu um salto, colocando a espada acima dos ombros enquanto observava Gar revestir seu corpo em chamas com milhares de escamas.
— Turbilhão de cortes!
Gar viu não só sua chama dispersada ao som de um vento arrebatador que tudo arrastava, mas sua armadura de escamas também caindo sobre o chão, deixando seu corpo totalmente exposto.
Ele arregalou os olhos, apalpando suas vestes à procura de algo.
— Droga, aquela maldita!
Gar teve seu peito esfolado enquanto Meredith dava um grande grito, penetrando ainda mais. No meio deste processo, ele soltava um grito de clamor.
— Mestre, me ajudeeeeee! Mestre, eu sei que me ouvi, então me ajudeeeeee! Eu não quero morrer!
“Tudo bem, Gar…”
Uma voz grossa e imponente ressoou.
De repente, a marca de dragão no olho direito de Gar se espalhou por todo seu corpo como linhas vermelhas. Uma chama começou a consumi-lo, tão alta que fez Meredith recuar para não virar cinzas.
— Maldito… O que você fez?!
— Ah, obrigado, mestre! Muito obrigado!
Gar olhou para o céu, onde a nuvem negra que ofuscava a lua acabou saindo dali, dando um brilho no seu rosto.
Depois, olhou para Meredith. Seus olhos brilhavam com um carmesim intenso e seus traços se contorciam em profunda cólera.
— Não há motivo para você continuar viva, seu monstro!
Num instante, Gar desferiu um soco no estômago da Meredith, que a arremessou até uma das paredes de uma casa. Seu corpo colidiu, criando uma grande cratera, que originou milhares de rachaduras.
Cuspindo saliva, Meredith levantou-se, mas não tardou em receber um chute na cintura, mas dessa vez, ela conseguiu posicionar a espada para que não fosse atingida.
Ela foi arremessada enquanto Gar a seguia com escamas que lançava em sua direção. Meredith travou e lançou seu ataque turbilhão de cortes, que despedaçou todas aquelas escamas, mas não conseguiu parar o punho do Gar agora imbuído em milhares de escamas cortantes, que era direcionado para seu rosto.
— Esse é o seu fim!
Meredith arregalou os olhos. Não havia tempo para se esquivar e ela sabia, pela intensidade e poder aplicado, que aquele soco destruiria sua cabeça, assim que entrasse em contato com seu rosto. Seus cabelos até balançaram para trás.
— Magia de unhas!
No mesmo instante, Meredith viu Gar sendo arremessado por milhares de unhas que entraram em contato com sua armadura de escamas, causando um tintilar e liberando faíscas.
— Você é…
— Parece que cheguei a tempo!
À sua frente havia parado um homem de negro, com cabelos em formato de chamas. Ele sorria sem parar enquanto enfrentava aquele homem.
— Magia transparente, criar barreira!
Com uma das mãos esticadas, Oceano formou uma barreira transparente que impedia aqueles homens que haviam perdido todo o controle e agora lutavam como animais, desferindo seus punhos loucamente naquela barreira.
Não demorou nem um segundo há mais, ela quebrou, estilhaços voaram contra o rosto do Oceano.
— Ativar habilidade extra!
Os movimentos de todos aqueles monstros permaneceram imóveis por um tempo enquanto se perguntavam o que estava se passando ali, tentando ao máximo se libertar daquela prisão de quatro paredes.
— Qualquer um que tiver intensão assassina é pego pela minha habilidade extra, esse é o seu fim…
Uma marca de serpente no tom roxo surgiu na testa deles do nada, ganhando uma força que os liberou dali naturalmente.
“O quê? Como assim eles ficaram mais fortes?”
Oceano tomou uma série de socos no peito e no rosto, que o fizeram voar para fora daquele edifício. Seu corpo caía numa velocidade tão alta que se não tivesse gerado uma parede transparente para aplanar sua queda, teria seus membros esmagados.
“Essa foi por pouco…”
Ele havia suspirado cedo demais. Em rápida velocidade, os bandidos descontrolados saltaram do telhado do edifício, arremessando seu soco contra ele. Por pouco não desviava. Seus punhos atingiram o chão e abriram uma cratera tão grande que fez ele arregalar os olhos.
Oceano não teve tempo para outro suspiro, foi bombardeado com magias que mesclavam vento, fogo e água, assim tendo que se esquivar daquelas esferas que vinham de um lado.
Os restantes realizaram sua emboscada dos quatro pontos cardeais, formando uma roda para que não pudesse escapar.
Oceano se viu cercado por metais de ferros, pedras, madeira e muitas outras magias que envolviam ataque físico. Ele rapidamente formou uma barreira esférica num tom azul ao seu redor, que repeliu cada ataque, devolvendo aos seus respectivos donos.
Mas estes ataques cessaram antes de chegar a eles e voltaram para a grande barreira que oceano havia formado.
Giraram ao redor com uma força tão tremenda, que levantou um grande tornado.
Escuridão profunda tomou conta do interior da barreira.
“Droga…”
Oceano notou um aumento drástico naquela mana que girava como um redemoinho. Esta mana fazia com que sua barreira fosse quebrada aos poucos e com a quantidade de metais e pedras que giravam, seria consumido assim que a barreira se quebrasse.
— Barreira dupla!
Após conjurar outra barreira esférica, a principal quebrou e então Oceano se deu um soco no estômago, que o arremessou junto da barreira para fora daquela grande massa de mana que era um redemoinho.
A barreira não aguentou mais e quebrou-se em estilhaços de cristais.
Jogado no chão, Oceano pôde observar os redemoinhos se multiplicarem, gerando vários que variam tudo que estava no seu caminho. Dentro deles, estavam cada um dos bandidos comandando cada redemoinho para que o atacassem.
Os redemoinhos formaram um círculo ao redor de Oceano.
“Ah, agora, entendi… ”
Pelo que Oceano podia ver, aqueles homens já não estavam mais conscientes, provavelmente devido à intensidade daquele redomoinho ou de seus corpos não terem suportado aquela droga.
Oceano não sabia dizer. Ele só sabia que alguém estava por detrás daquilo e só podia ser ninguém mais, ninguém menos que o chefe dos bandidos.
Oceano fechou os olhos, entrelaçando suas mãos em oração.
— Dimensão de mana, cubo mágico!
Um cubo azul gigantesco de aproximadamente cinco metros surgiu ao redor do Oceano, contendo dezesseis quadrados e quatro faces. Ele estava no centro de um dos quadrados, que formava um mini cubo. Moveu com seus dedos dez deles, os preenchendo daqueles redemoinhos, que foram perdendo energia assim que entraram dentro dos mini cubos.
— Interessante, que magia é essa?
A voz grossa e intimidadora vinha de um dos homens que flutuava no redemoinho preso em um mini cubo. Seus olhos brilhavam em profundo carmesim enquanto uma tatuagem de serpente brilhava intensamente na testa em um tom roxo.
— É você, não é, rei dos bandidos?
— Vejo que me descobriu.
— Finalmente deu as caras! Onde você está?!
— Vai descobrir se conseguir sobreviver a esse ataque!
No momento que Oceano sentiu a terra tremendo, voltou seus olhos para o chão, porém, tarde mais…
Um braço que saiu de baixo da terra, destruiu o mini cubo em que Oceano estava e o arremessou contra o vento após acertá-lo nos pés.
Um crack ressoou em seus ouvidos enquanto mordia os lábios, reprimindo a dor agonizante.
Seu cubo mágico se desfez enquanto ele se encontrava suspenso no ar, observando o céu estrelado enquanto sentia uma grande dor nos pés.
— Agora para finalizar, ataque múltiplo de redemoinhos!
Todos os redemoinhos, agora livres, se juntaram para o despedaçar enquanto ele caia em pleno chão, sem amparo nenhum.
— Essa não…
Quando Oceano pensava que era fim, viu seu corpo sendo carregado por uma pessoa, cujas madeixas negras tampavam um de seus olhos. Um sorriso brotou no seu rosto por saber que estava em boas mãos. Os redemoinhos se afastaram com a dança que aqueles homens faziam enquanto estavam inconscientes.
Sond pousou Oceano no chão.
— Obrigado, amigo.
— Cedo demais para agradecer.
Quando a voz grossa ressoou, um buraco tão grande quanto o terreno de uma casa se abriu, os fazendo contemplar um imenso abismo ao qual foram sugados enquanto erguiam seus braços ao céu estrelado com olhos arregalados.
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