Capítulo 171 – Registros na estalagem

Assim que eles conseguiram fugir com sucesso, mesmo depois de toda a confusão que Alexander havia criado, o grupo se estabeleceu em uma cidade relativamente grande e segura do poder vizinho ao Império, o Reino dos Estados Livres.

Como sugeria o nome auto-sugestivo desse reino, ele é constituído por diversas potências e interesses que se uniram numa frente única para poder enfrentar as grandes potências expansionistas localizadas naquele continente.

Obviamente houve alguns contratempos no caminho, mas nada com que eles não pudessem resolver ou que tivesse tanta letalidade quanto Lucas.

— Faremos uma pausa nesta cidade — disse Alexander. — Ela é bem movimentada e tem várias raças diferentes, o que significa que é ideal para um grupo como o nosso.

— Vamos poder dormir sem nos preocupar com o tempo? — perguntou Helena.

— Sim — respondeu Alexander, sorrindo. — Nós precisamos descansar um pouco, porque mesmo que nossos corpos aguentem, nossas mentes podem não aguentar.

— Concordo — disse Ariel. — Mas para onde vamos a seguir?

— Diana e eu temos um objetivo secundário em mente, mas no momento decidimos aproveitar para viajar e conhecer novos lugares por um tempo — explicou Alexander.

— Objetivo interessante — disse Ariel. — Eu gostaria que pudéssemos ajudar mais, mas o pouco que conhecemos sobre este reino é mais sobre o outro lado, o que faz fronteira com o Império Élfico.

— Faz sentido — apontou ele. — Mas já que todos nós não conhecemos bem esta região, acho que devemos priorizar o nosso descanso… O que vocês acham?

— Que essa é uma boa ideia — rapidamente concordou Helena.

— Não pode ser tão ruim dormir bem às vezes, certo? — também concordou Ariel.

— Eu também quero… Mas não vamos fazer missões da Guilda? — perguntou Diana.

— Fazer algumas seria uma boa maneira de nos passar por aventureiros normais — concordou Alexander. — Mas acho que devemos focar apenas em missões rápidas e relativamente próximas da cidade. O que acham?

— Parece um bom plano — analisou Ariel. — A cidade nos dará alguma cobertura.

Com as outras duas também concordando com aquele plano de ação, tudo o que lhes restava era encontrar um lugar para ficar. Mas depois deles caminharem um pouco, Ariel revelou outra de suas dúvidas: — Por que você está andando por aí com esse machado nas costas, Alexander?

— Pretendo usá-lo um pouco para praticar — respondeu Alexander. — Mas o meu objetivo principal é exibi-lo o máximo possível e passar uma imagem diferente da possível descrição dada pelo Império a quem eles enviarem atrás de mim.

— Inteligente da sua parte — comentou Helena. — Mas ele parece tão sanguinário.

— Mesmo que não ache esse estilo nada mau, esse visual não foi minha escolha. Dei total liberdade aos ferreiros — disse Alexander. — Mas como Jayce recebeu de presente o machado que fazia par com este, ele deve ter feito as modificações pensando em como gostaria que o seu ficasse.

— O cabo foi revestido com couro preto de alta qualidade para dar mais aderência às minhas mãos, já que não vou conseguir segurá-lo tão bem quanto o minotauro; O brilho gélido que ele emite se deve ao núcleo que colocaram, vindo de uma besta extremamente forte, cruel e violenta que possui uma cauda muito parecida com o formato desse machado e a utiliza para matar os seus inimigos com golpes brutais; e o vermelho nas bordas das lâminas e na ponta pontiaguda do centro, que faz com que pareça permanentemente manchado de sangue, é um reforço metálico especial que não perde seu “fio” facilmente, mesmo com impactos muito fortes e destrutivos — explicou ele.

— Quando você explica assim, ele parece mesmo ser um bom machado. Mas isso não muda o fato de que ele parece maligno e me dá arrepios — disse Helena.

— E isso me leva ao próximo ponto: vocês vão ter que lutar sozinhas de agora em diante. Eu só irei intervir caso se torne perigoso — apontou Alexander. — Não irei participar ativamente porque acredito fortemente que vocês, não só Helena, não estão preparadas para ver o resultado do que vai acontecer quando eu usar esse machado em combate.

— Este machado não foi feito para causar danos de impacto, perfuração ou corte, ele foi feito para desmembrar, dilacerar e estilhaçar — explicou ele. — O horror visual será algo com o qual todas vocês não estão acostumadas…

— Obviamente não será a mesma coisa, mas recomendo que vocês pratiquem |Desmantelar| para ganhar alguma experiência se quiserem se acostumar com esse tipo de combate — sugeriu.

— … — Ariel.

— … — Diana.

— … — Helena.

— Não precisam se preocupar com isso agora. Paramos para descansar e relaxar, não para pensar nos problemas — disse Alexander. — Podem pensar nisso mais tarde. Por enquanto nós vamos nos concentrar em encontrar um lugar para ficar enquanto estivermos nesta cidade.

— Razoável — concordou Ariel. — Mas é melhor fazermos isso antes de escurecer.

Com todos concordando neste ponto, e depois de perguntar a algumas pessoas de passagem, eles conseguiram obter a direção para algumas pousadas e a Guilda sem que Alexander precisasse sobrevoar a cidade, o que não era expressamente proibido, mas, às vezes, poderia causar alguns mal-entendidos.

— A nossa diária custa 1 pequena moeda de ouro por espaço e 1 grande moeda de prata por indivíduo, mas o nosso serviço é o melhor desta cidade — assegurou o recepcionista de uma grande estalagem, pacientemente.

— É um pouco caro — apontou Helena.

— Pode ser verdade, mas oferecemos bons serviços — disse o recepcionista.

Surpreendentemente, eles tiveram a sorte de escolher uma pousada especializada em atender aventureiros. Seu preço era bem acima do mercado, mas ela oferecia comodidades como refeições, acomodações amplas para familiares poderosos e quartos muito bem reforçados que eram quase hermeticamente insonorizados em condições normais.

— Não precisam se preocupar com o valor da diária. Pagar por ela é o mínimo que posso fazer por envolvê-las nessa bagunça — disse Alexander. — Só me digam se vão precisar de outro quarto ou–.

— Um quarto é o suficiente, e será o meu — disse um aventureiro desconhecido que ostentava uma identificação dourada no peito. — Elas são lindos pedaços de carne que EU vou saborear hoje. Não um lixo como você.

— … — Alexander.

— … — Ariel.

— … — Diana.

— … — Helena.

— … — Recepcionista.

— Já que disse que vocês têm os melhores serviços aqui, poderia pedir para alguém se livrar dele antes que as coisas fiquem complicadas? — pediu Alexander.

— Brigas entre clientes são proibidas — rapidamente informou o recepcionista.

— Mas ainda não somos efetivamente clientes — apontou Alexander. — E você viu que não fomos nós que começamos… Eu até posso pagar pelos danos.

— Senhor, ele vai acabar morrendo — alertou o recepcionista, já preocupado.

— Não se preocupe, ele teve sorte hoje — disse Alexander. — Mas como ainda não apareceu ninguém, e você parece tão preocupado, eu vou te ajudar.

— Diana, você poderia me fazer o favor de garantir que ele não morra, mesmo que queira, até eu completar totalmente o nosso registro? — pediu ele.

— A morte seria uma saída fácil para ele — respondeu Diana, agressivamente.

— Obrigado — disse Alexander antes de se virar para o recepcionista.

— … — Recepcionista. — O senhor não vai pará-las?

— Porque eu deveria — rebateu Alexander, dando de ombros. — Do meu ponto de vista, ele e vocês tiveram sorte delas terem atacado antes de eu sacar o machado, pois não sou tão misericordioso quanto elas a ponto de apenas espancá-lo.

— … — Recepcionista.

O funcionário ficou surpreso ao ver Diana se adiantar e desferir um forte soco na barriga do aventureiro que os provocou, e Ariel a seguir de perto para derrubá-lo, permitindo assim que ambas começassem a chutá-lo e pisoteá-lo cruelmente, mas ficou ainda mais surpreso quando Alexander alegou que era louco o suficiente para atacar com sua arma ali mesmo.

— Por que está aí parado me olhando? — perguntou Alexander. — Quanto mais você demorar para nos registrar, mais ele vai apanhar, porque elas só irão parar assim que você finalizar os registros. Afinal, é proibido conflito entre clientes…

— Mas voltando ao assunto, vamos querer 3 dos seus melhores espaços. 2 para pessoas, e 1 para 3 familiares — completou ele. — São 7 indivíduos no total.

Sem saber o que fazer, e completamente sozinho, pois nenhum de seus superiores apareceu para ajudá-lo, o pobre funcionário só pôde seguir o curso da situação e registar o grupo por 1 semana.

— Aqui — disse Alexander ao colocar 5 grandes moedas de ouro no balcão diante do funcionário. — 4 para cobrir a nossa estadia e eventuais danos ou limpeza na recepção e 1 para você, por este pequeno inconveniente.

Feliz por Alexander ter arcado com as despesas da eventual manutenção do piso, e ainda mais feliz por ganhar 1 grande moeda de ouro, o funcionário tornou-se muito mais proativo e até os guiou para seus quartos.

Obs ¹: Contribuição arrecadada para lançamento de capítulo extra: (00,00 R$ / 20,00 R$).

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Ps: Para finalizar, volto a reiterar que as publicações seguiram normais e recorrentes no ritmo mencionado mesmo que, por ventura, haja a publicação de capítulos adicionais.