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    Surpresa por receber tamanha consideração, Sansy chegou a se perguntar se aquele jovem realmente queria a sua alma. Mas como não havia nada muito importante mantendo-a naquele lugar, e tendo a chance de proteger e fortalecer aqueles sob seu comando, ela considerou que não faria mal viver alguns anos de sua vida na “coleira” daquele “jovem mestre” e ver que cores ele lhe mostraria.

    — Essa proposta realmente me parece satisfatória — disse a demi, demonstrando sua aceitação implícita. — Mas você realmente tem os meios para cumpri-la?

    — Não precisa se preocupar com nada. Exceto com causalidades do próprio destino, eu farei de tudo para garantir os termos… Reúna, liste e prepare seu povo, porque partiremos amanhã — respondeu Alexander calmamente. — As minhas palavras ao negociar com alguém que respeito não têm curvas… Bem-vinda à facção DragonSeal.

    — Espera. Não vai perguntar quantas pessoas estão do meu lado? — perguntou Sansy quando o viu se levantar e estender a mão.

    — E por que eu faria isso? — rebateu Alexander, demonstrando indiferença àquela pergunta. — Como posso esperar que você confie completamente no que digo se eu nem confiar nos números que vai apresentar como seu povo?… E já que você só vai me apresentar ao seu povo, como posso esperar que me siga de bom grado se eu nem tiver meios para suprir esse número?

    Afiando reflexivamente seus olhos gateados ao ouvir o último comentário, Sansy o olhou de cima a baixo mais uma vez e deu um passo à frente para apertar sua mão enquanto dizia: — Aquele docinho parece ter bons olhos, e um bom corpo, para ir com tudo e tomá-lo para si antes que outras tivessem a chance.

    — Eu devo considerar isso um elogio, ou você só está me chamando de dominado? — brincou Alexander assim que apertaram as mãos.

    — Ambos? — sorriu Sansy, seu sorriso alternando entre inocência e provocação.

    Feliz por encontrar uma subordinada um pouco parecida com ele naquele sentido, Alexander se despediu de Sansy e foi encontrar os irmãos ferreiros na casa deles, esperando boas notícias.

    — Então, vocês conseguiram falar com seus colegas e saber a posição deles sobre a minha proposta? — perguntou ele analiticamente, fazendo jus à sua posição de regente, assim que reencontrou os irmãos.

    — Do meu lado, foi muito mais fácil e tranquilo do que eu esperava — respondeu John. — Sem mencionar participar da sua chamada associação de artesãos, muitos deles concordaram em trabalhar diretamente para você.

    — Do meu lado também — comentou Jayce. — Embora admita que minha lista de contatos seja menor que a de John, assim como eu, eles são todos especialistas.

    — E, como ele, também são um pouco difíceis de se lhe dar — acrescentou John.

    — Deve ser por causa das presas do fimbulwinter. Elas devem estar se espalhando como uma praga, principalmente quanto mais perto do mar se está — apontou Alexander, sem nem precisar pensar muito. — Apesar de terem orgulho pessoal e profissional, quantos deles não têm senso de autopreservação e algum amor pela própria família?… O problema deve ser controlá-los depois que o perigo passar e eles se encontrarem presos comigo. Mas terei que esperar para pensar em como resolver esse problema quando ele chegar.

    — Sua previsão é muito boa, garoto — disse John em concordância. — Depois de pensar sobre isso, cheguei a uma conclusão semelhante à sua… Só acho que você está subestimando um pouco os problemas que esses caras vão lhe causar.

    — Não duvido que na maioria dos casos você esteja certo sobre a última parte, é apenas que já tenho algumas contramedidas em mente para lidar com isso — disse Alexander com um sorriso quase maligno.

    — Quais? — perguntou Jayce, curioso por vê-lo tão confiante.

    — 1º: Benefícios. Vou comprar todos com benefícios, afinal, qual artesão não tem um custo alto na hora de tentar melhorar?; 2º: Vou deixá-los tão ocupados que não terão tempo de me incomodar. Obviamente não será qualquer ocupação, mas uma que os deixe motivados; e 3º: Vou arrastar você para o cargo de vice-presidente da associação e colocá-lo como testa de ferro para servir de ponta-de-lança, afinal, você não é ligado diretamente à associação dos ferreiros e sabe que esses artesãos não vão levar a sério alguém que não reconhecem como um artesão minimamente respeitável — disse Alexander com calma e eloquência enquanto estudava as reações dos irmãos ferreiros às suas palavras.

    Jayce e John assentiram em concordância a cada ponto que lhes foi apresentado, mas logo notaram que no último Alexander estava “os vendendo”, especialmente Jayce, para se poupar de alguma dor de cabeça, e lhe lançaram olhares estranhos.

    — Não me olhe assim. Que emprego lhe daria uma renda estável, benefícios e ainda o deixaria manter a maior parte de sua liberdade? — apontou Alexander como se aparentasse incompreensão. — Obviamente, não vou fazê-lo ficar encarregado de toda a burocracia e papelada quando eu mesmo não pretendo fazer isso na minha posição. Pois, graças aos céus, existem auxiliares administrativos e secretários para desempenhar essa função em nossos lugares… O que eu quero é que seu nome seja usado, já que a base do que pretendo construir vem da sua base de contatos. Só precisaremos aparecer quando necessário para colocar as coisas em ordem.

    Enquanto Jayce parecia gostar da ideia e começou a avaliá-la, John lançou um olhar ainda mais estranho para Alexander. Parecia que esse irmão em questão tinha sido lembrado de seu próprio “chefe”, uma pessoa sem coração que também costumava empurrar suas tarefas para os outros e se concentrava só no que queria fazer.

    — Deixando de lado o que eu disse há pouco, já que sei que essa é uma decisão que requer algum tempo para reflexão, gostaria que vocês dois me acompanhassem em meu retorno ao baronato, pois preciso de alguns pedidos personalizados e um tanto exóticos — disse Alexander ao se lembrar de algo. — Novamente, vocês obviamente não precisam aceitar o meu pedido. Mas eu ficaria muito grato se pudesse contar com a ajuda de vocês.

    — Agora sim você está falando a minha língua, garoto — disse Jayce, rindo alto por estar de volta ao seu “habitat natural”. — Falando nisso, dada a qualidade daquela matéria-prima que nos enviou, ainda há bastante. Então deve haver poucas coisas que não podemos fazer.

    — Mas o que exatamente você quer dessa vez? — perguntou John, claramente ainda com o pé atrás quanto aos pedidos daquele seu “amigo”.

    — Não seja assim. Nada é impossível para ferreiros tão habilidosos — respondeu Alexander, abrindo um largo sorriso que, sob a luz certa, não poderia parecer mais malicioso para qualquer tipo de artesão. — O mais simples dos meus pedidos já tem um nome, então vocês devem se basear nele para o que está por vir. A primeira das encomendas é bem autoexplicativa: [Lâminas Gêmeas da Divergência Mágica].

    Ao ouvir aquele nome e vê-lo colocar 4 pequenas caixas na frente deles, John não quis amaldiçoar apenas uma ou duas gerações da família de Alexander, ele queria amaldiçoar todas as gerações dele. Aquele bastardo queria que eles adicionassem uma nova arma ao sistema já fechado e bem ajustado do [Conjunto do Senhor das Águas], ou então por que ele insistiria em arrastar ambos quando John geralmente cuidava mais da parte de armaduras?

    — Só isso? — zombou John. — Você não quer mais nada?

    Como se já esperasse esse tipo de resposta ao seu pedido, o sorriso de Alexander se alargou ainda mais enquanto ele colocava mais 2 caixas, bem como seu arco e machado, ao lado das caixas anteriores. — Na verdade, eu quero.

    Assim que ele colocou os itens na frente dos irmãos ferreiros para expressar o seu pedido implícito, Alexander desapareceu da vista deles com um brilho, que logo foi seguido pelos sons rápidos da porta abrindo e fechando. Nem mesmo ele, com todas suas escamas e pele grossa, queria encará-los antes que eles se acalmassem…

    Ao anoitecer, após já ter ido à Cidade Fênix e à Cidade Gêmea para deixar um conjunto contra as presas do Fimbulwinter para Mary, Zilda e o velho curandeiro que o ajudou com o ferimento do escorpião, além de ter comprado suprimentos de metalurgia, grandes carruagens de caravana e feras para puxá-las, Alexander entrou furtivamente na casa destrancada dos irmãos ferreiros para ver se eles tinham se acalmado.

    Assim que a porta foi aberta, várias armadilhas e mecanismos foram disparados de todos os lados. Mas como não pareciam ter nenhuma intenção de machucá-lo, uma simples |Barreira D’água| foi capaz de facilmente parar tudo.

    — Eu disse que nós precisaríamos de mais poder de fogo se quiséssemos ao menos sujar as roupas dele — soou a voz sorridente de Jayce pouco antes de uma chama de fogo disparar em direção à porta.

    Se divertindo com a maneira como os irmãos ferreiros escolheram descontar sua raiva e frustração nele, Alexander levantou a mão com um sorriso e disparou uma chama elemental criogênica que encontrou a chama que havia sido atirada nele.

    Normalmente tal encontro geraria uma explosão, mas como as chamas não tiveram tempo suficiente para mudar o ambiente externo, e Alexander tinha bem mais poder mágico do que o mecanismo usado pelos irmãos, as chamas criogênicas engoliram as chamas comuns em pouco tempo, ficando menores e logo desaparecendo em fagulhas suspensas no ar.

    — … — Jayce.

    — Trégua para negociar a rendição dele? — sugeriu John, já preocupado com sua casa, pois originalmente eles pensaram que ele usaria água para conter o fogo.

    — Que diabos foi isso, garoto? — reclamou Jayce, parecendo indignado por ser ele quem tinha sido surpreendido. — Desde quando ganhou outra afinidade mágica?

    — Desde nunca — respondeu Alexander, sorrindo calmamente. — O que eu ganhei não foi uma nova afinidade mágica, mas sim a rara habilidade de produzir chamas mágicas. É por isso que fui capaz de responder tão rápido, mas tive que ter muito cuidado para não perder o controle.

    — Aquilo não parecia mesmo fogo azul — comentou John, pensativo — Espera aí, se não era fogo azul, como conseguiu conter a chama que lançamos tão facilmente?

    — Acho que isso é apenas normal, já que meu poder mágico é maior e esta chama emite um poder gélido em vez de calor — respondeu Alexander sorrindo enquanto produzia uma pequena chama gélida acima da sua palma. — Eu a chamo de chama gélida e/ou chama criogênica.

    Ao ver algo tão incomum na mão de um dos seus, foi a vez dos irmãos ferreiros lançarem olhares e sorrisos maliciosos para Alexander. Quais usos e efeitos tais chamas iriam possibilitar para as habilidades de forja deles? Eles precisavam saber.

    Obs 1: Contribuição arrecadada para lançamento de capítulo extra: (12,00 R$ / 20,00 R$).

    Obs 2: Chave PIX para quem quiser, e puder, apoiar a novel: 0353fd55-f0ac-45b5-a366-040ecefa7f7b. Caso não consiga copiar a chave pix, é só clicar nela que vai ser gerada uma aba/guia que tem como URL/Link a própria chave pix com algumas barras nas pontas: https://0353fd55-f0ac-45b5-a366-040ecefa7f7b/, e é só retirar a parte excedente.

    Ps: Para finalizar, volto a reiterar que as publicações seguirão normais e recorrentes no ritmo mencionado mesmo que, por ventura, haja a publicação de capítulos adicionais.

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