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    “Na noite passada eu consegui ver rapidamente alguns papéis de um Oficial Élfico que detalhavam algumas notícias do Sul, as informações eram uma bagunça e eu não consegui entender muito daquilo. Na verdade, nem tenho certeza da veracidade delas, mas parece que algumas coisas grandes aconteceram na guerra. Um Grande Mago da Torre Branca foi morto e não só isso, mas vários Cavaleiros e Grandes Magos começaram a se mover contra as forças Orcs antes do cessar-fogo.”

    Tanto Gallia quanto Viktor ficaram estonteados ao ouvir isso. A morte de um Grande Mago era um evento muito grande e muito provavelmente afetaria e muito o desenvolvimento da guerra.

    Apesar disso, o Capitão franziu a testa, não tão interessado.

    “Esqueça isso, e quanto aos Leões Dourados, viu algo a respeito?”

    “Bem… Não sei se foi proposital ou não, mas tudo estava fora de ordem, então não consegui ter informações muito claras. Mas vi o nome dos Leões Dourados algumas vezes. Em um desses trechos destacava que o General Supremo, Dimas Ortega, sofreu uma grande derrota, com mais de quarenta mil soldados mortos.”

    “O quê?!” Gallia exclamou, abismada.

    Uma perda desse tamanho não era algo simples e muito provavelmente afetaria o avanço dos Leões Dourados no Sul. Mais importante que isso, se as tropas enviadas de Vento Amarelo estivessem nessa batalha, muito provavelmente teriam tido um destino terrível!

    Vendo o rosto pálido de Gallia, Viktor Yudin estreitou os olhos, pois ele havia chegado a mesma conclusão que ela. Se isso fosse verdade, qualquer mínima influência que eles ainda tinham do lado de fora muito provavelmente teria acabado.

    “Isso talvez não seja algo ruim.” O Capitão declarou. “Se os Leões Dourados e outras Legiões sofrerem muito nessa campanha do Sul, talvez acabem perdendo o interesse em manter uma guerra de atrito com as tribos Orcs e voltem sua atenção para o Norte. Comparativamente falando, os Elfos Negros são um inimigo mais fácil de lidar.”

    Apesar da enfatização do homem sobre o ‘lado bom’ de uma derrota, a Tenente não estava muito satisfeita, principalmente por haver uma grande chance das tropas de Vento Amarelo terem sido parte disso.

    “Mais alguma informação relevante?” Gallia perguntou, querendo encerrar a conversa, sua voz estava levemente nervosa pelo que havia acabado de ouvir e precisava de algum tempo para se recompor.

    “Infelizmente não, mas farei uma nova tentativa em alguns dias.” afirmou.

    “Não se exponha demais.” O Capitão ordenou. Mesmo que quisessem obter notícias do Sul, se Dakota fosse pega, seria um grande problemas para eles.

    Ouvindo isso, a mulher loira assentiu.

    “Então, como devemos prosseguir agora, Capitão? Devo continuar procurando o General?”

    Yudin balançou a cabeça, com uma carranca.

    “Não, por hora vamos aguardar e esperar uma oportunidade. Nesse ponto, se o General Kalfas está vivo ou não, não importa mais. Procurar por ele também pode fazê-los acreditar que estamos tentando nos rebelar.”

    Ao ouvir isso, a Subtenente assentiu.

    “Entendido, senhor.”

    “Desça e descanse um pouco Dakota, você trabalhou duro.” Gallia disse.

    “Não foi tão ‘duro’ assim, os Elfos Negros não são muito avantajados, você sabe. Eu diria que eles são comparáveis aos japoneses.” Assim que ela disse isso, a Tenente a olhou com um olhar gelado, fazendo a mesma rir baixinho e apressar-se para sair.

    Quando estava prestes a abrir a porta, parou por um momento, hesitante.

    “Na verdade, tem mais uma coisa que eu não relatei, já que não achei importante. Mas em algumas das vezes que os Leões Dourados eram citados, um nome se repetia com alguma frequência e me chamou a atenção, principalmente por não ser uma patente tão alta. Um suposto Tenente Fernando. Você acha que poderia ter alguma relação com nosso Fernandinho?”

    Ao ouvir aquilo, a expressão fria de Gallia piscou por um momento, mas logo mudou para uma carranca.

    “Não fale bobagens e vá descansar, você tem muito a fazer nos próximos dias.”

    Apesar da bronca, Dakota não parecia chateada, sorrindo ao ver que suas palavras mexeram com sua líder, deixando-a menos tensa.

    “Como você ordenar, minha senhora, afinal, eu sou sua adaga.” disse, saindo silenciosamente.

    A Tenente ficou pensativa com as últimas palavras da mulher, aproximando-se da janela, abriu novamente uma pequena fenda e olhou para o céu, que prestes a escurecer.

    Logicamente falando, não havia como esse suposto Tenente ser o Fernando que ela conhecia, afinal ele era apenas um Oficial Nomeado quando deixou a cidade. Não só ele era muito fraco e inexperiente, como precisaria de conquistas enormes para atingir tal cargo. Além disso, não era como se o nome ‘Fernando’ fosse tão incomum assim.

    Apesar disso, seus lábios se arquearam levemente, formando um tímido sorriso, enquanto ela vislumbrava os céus.

    Se você ainda estiver por aí, vivo, sobreviva, meu querido aluno. Talvez um dia nós possamos nos reencontrar, seja nessa vida, ou na próxima.

    No Sul, nas ruas movimentadas de Garância, um rapaz pálido, acompanhado de duas belas mulheres, chamava a atenção por onde passava. Do seu lado direito uma ruiva com seios volumosos e um corpo bem definido e do esquerdo uma mulher com longos cabelos negros, uma pele clara e uma roupa justa extremamente sensual.

    Isso é um incômodo! Fernando pensou, ao sentir vários olhares em direção a eles. Os homens pareciam admirar Theodora e Lerona com expressões luxuriosas, enquanto alguns lançavam olhares de inveja ou até de irritação em sua direção.

    Apesar de toda a atenção, ele não se importava tanto, já que havia se reunido com o povo da Loja Etéreas e Argos, logo não tinha mais motivos para se manter tão discreto, mas chamar tanta atenção ainda o irritava de alguma forma.

    Em pouco tempo o trio chegou em frente a um prédio ao leste do centro comercial de Garância, era um lugar relativamente grande, mas tinha muitos sinais de danos em sua estrutura, ainda não tendo sido totalmente reparado após a retomada da cidade.

    “Acho que é aqui.” O jovem Tenente disse, com alguma hesitação, já que não costumava se aventurar muito por aí. Quando ele estava prestes a enviar uma mensagem pelo seu Cubo Comunicador, uma voz alta soou ao longe.

    “Tenente Fernando, estava esperando por você!” Um homem alto e forte exclamou, saindo do velho prédio. Este era Túlio Martins, um dos homens sob Raul.

    “Subtenente Túlio, é bom te ver novamente.” cumprimentou.

    Ouvindo isso, o homem sorriu.

    “Ainda é tão estranho vê-lo me chamando de Subtenente, enquanto eu te chamo de Tenente. Pensar que há pouco tempo eu era um recém-nomeado Sargento e você um Oficial Nomeado de primeira viagem.” O sujeito confessou, rindo. “Aliás, é um pouco repentino, mas eu não esqueci da minha dívida com você, irei te pagar assim que possível, ok?”

    Fernando sorriu levemente ao ouvir isso. Mesmo sendo um sujeito enorme e de aparência bruta, Túlio era, na verdade, uma boa pessoa. Quando ele era seu Sargento, o homem lhe deu várias dicas sobre comando e lhe ajudou várias vezes, então ele não se importava com aquelas 300 moedas de prata que havia lhe emprestado.

    “Não se preocupe com isso.” respondeu, de maneira despreocupada.

    Vendo isso, o sujeito enorme coçou a cabeça, sem saber como responder. No meio militar, emprestar dinheiro era um enorme tabu, ainda mais um valor tão grande! Apesar disso, Fernando havia feito, sendo graças a isso que ele conseguiu se fortalecer o suficiente para subir à patente de Subtenente.

    Logo o homem alto olhou para as duas mulheres atrás do rapaz. Inicialmente achou que eram meras Soldados, mas logo lembrou-se de Theodora, que havia o confrontado algumas vezes na época que era apenas uma Cabo. A mulher, que no passado era uma subordinada de seu subordinado, agora ocupava a mesma posição que ele próprio após a promoção!

    Esses jovens são muito acelerados… pensou, lembrando-se de quantos problemas e missões havia cumprido em Vento Amarelo apenas para receber o cargo de Sargento. Mesmo que a guerra fosse brutal e trouxesse muitas perdas, também elevava os talentos latentes.

    “Vamos entrando, aquele assunto sobre o qual mencionei, está meio resolvido, mas achei que você mesmo ia querer lidar com isso” disse, guiando o trio para dentro.

    Lerona que estava acompanhando em silêncio, ficou interessada, perguntando-se do que se tratava.

    Fernando olhou para a entrada do velho prédio, havia marcas de lâminas nas portas, bem como alguns vestígios de sangue nas paredes. Túlio obviamente notou isso.

    “Fizemos alguns consertos, mas esse lugar continua uma porcaria. Como nossa Brigada chegou recentemente em Garância não pudemos pegar nenhum outro local melhor, os melhores prédios já foram tomados por outras tropas. Na verdade, tivemos sorte de achar um lugar tão espaçoso, mas vamos precisar contratar alguns Magos de Terra para os ajustes, a maioria tá bem requisitado.” explicou.

    O jovem Tenente assentiu, ele próprio teve que passar por isso antes, mas o lugar em que estavam era relativamente melhor devido a suas conquistas na batalha e a Dimitri mover alguns pauzinhos para consegui-lo.

    Andando pelos corredores internos, vários Soldados andavam para todos os lados, limpando e arrumando o local.

    “Onde está o senhor Raul?” perguntou.

    “Ah, o Capitão… Bem, ele… Não faço ideia.” respondeu, incerto. “Ele vai e vem, some e aparece, acho que é assim que ele é.” O homem disse, lamentando-se.

    Fernando suspirou ao ouvir aquilo.

    É bem a cara dele… pensou. Lembrando-se que quando Raul havia assumido provisoriamente o comando da Décima Terceira durante a prisão de Viktor Yudin, o sujeito havia apenas delegado suas tarefas para Gallia e agora não parecia ser diferente. De certa forma, ele ficou com alguma pena do sujeito gigante.

    Depois de andarem por algum tempo, descendo aos níveis inferiores do prédio, um cheiro intenso atingiu a narina de Fernando, Theodora e Lerona. Com exceção da Capitã, que parecia acostumada ao forte odor, os outros dois cobriram o nariz.

    “Desculpem por isso. Esse edifício não havia sido devidamente vasculhado quando assumimos. Parece que durante a invasão muitas pessoas, provavelmente comerciantes locais, tentaram se esconder no subsolo, mas não deu muito certo, os Orcs os encontraram, então havia muitos corpos aqui embaixo…” explicou, não se sentindo muito confortável.

    Fernando e os outros notaram o desconforto do homem, mesmo sendo um veterano com alguns anos, ainda assim, não era fácil lidar com situações como essa.

    “Pelo menos nas Pulseiras que encontramos havia estoques de alimentos e outros tipos de itens que essas pessoas tentaram salvar, o que é o suficiente para abastecer as necessidades da nossa Brigada por um tempo, não vamos desperdiçar nada disso e, claro, demos um funeral adequado a eles em troca. Mas não terminamos de limpar esse lugar e como temos muita gente, precisamos usar todas as dependências. Ainda mais quando se trata de assuntos sensíveis assim.”

    Ao dizer isso, logo chegaram em frente a uma porta de madeira, que era guardada por alguns Soldados.

    “Está aqui.” disse, abrindo-a e entrando sem hesitação numa sala escura, os dois homens não o impediram.

    Theodora e Lerona se entreolharam ao verem isso, enquanto Fernando seguiu logo atrás sem qualquer hesitação, fazendo ambas o seguirem de perto.

    O local estava completamente escuro e todos estavam prestes a usar sua Magia Visão Escura, mas logo uma chama acendeu-se.

    Tsss!

    Túlio acendeu uma espécie de lamparina presa a parede, revelando um ambiente sujo e cheio de sangue ao redor, mas o que mais chamava a atenção não era a sujeira, mas as duas pessoas presas na parede, amarradas por correntes. 

    Eram um homem e uma mulher, completamente desnudos, com marcas de arranhões e ferimentos por todo o corpo.

    “Esses são os dois desgraçados que te emboscaram antes, membros da Família Lopes. Nós já cuidamos da ‘extração’ básica de informações, mas imaginei que você poderia querer tentar também.” Túlio comentou, com uma expressão calma, mas seu olhar era cruel, parecendo estar acostumado a lidar com coisas assim. Mesmo que ele fosse uma boa pessoa, isso era válido apenas para os amigos. “Bom dia, cinderelas, espero que tenham sonhado comigo.” O sujeito disse, com a voz alta.

    A mulher e o ‘garoto’, presos a parede, levantaram suas cabeças, sua visão, acostumada à escuridão, ardendo levemente. Então olharam para as pessoas que haviam chegado. 

    Havia cansaço e falta de vontade no rosto da mulher, principalmente ao ver o ‘gigante’ ali novamente, seus olhos logo se encheram de medo. Enquanto o ‘garoto’, ao ver Fernando, sorriu de forma bizarra.

    “Eu não achei que teria a honra de te ver novamente, Tenente Fernando. Está aqui para terminar o que começou?” Lincon questionou, de forma ameaçadora.

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