Índice de Capítulo

    Olá, aqui é o Andaz!

    Sim, mensagem no prefácio, mas essa é importante para informar sobre uma notícia da novel: as atualizações chegaram ao fim!

    A partir de agora, Shihais será escrito no tempo verbal pretérito. Essa decisão foi tomada por mim, o autor. Após um longo estudo sobre narrativa, concluí que essa mudança traria uma melhoria significativa para a obra, e que era melhor fazer isso agora do que depois.

    Como já mencionei, as alterações que fiz não impactam o rumo da história nem a experiência de quem já leu até aqui, mas não posso deixar de destacar uma mudança visual importante: aquele uniforme de treino HORROROSO da ASA foi reformulado! Você pode conferir o novo design no capítulo 29, seria importante para a sua imaginação das cenas daqui pra frente. Aliás, mesmo que nem todos gostem, com certeza está bem melhor que o anterior… Sério, nem quero lembrar daquilo…

    Enfim, sem mais delongas, espero que curtam o novo capítulo! Boa leitura! 😊

    CRRUUUUMMMMM…!!! CRRSSSSHH!!! 

    Pois é, a situação estava complexa para Akemi. “ESSES ATAQUES NÃO TÊM FIM???!!! POR QUE ESSA COISA NÃO SAI DO MEU PÉ???!!!” Ele desviava em saltos, roladas, tudo o que tinha à disposição, porém, da forma mais desengonçada possível.

    Valia tudo para salvar a própria pele da criatura de gelo bioluminescente que o perseguia sem piedade: o Hyokai, uma aberração que dava a única fonte de luz azul para o domo gelado em meio à escuridão extrema.

    E lá vinha outro ataque por baixo.  

    CRRUUUUMMMMM!!!  

    AAAH-HAHAI!!! ALGUÉM, POR FAVOOOR!!!  

    — Garoto bisonho!  

    Finalmente, por mais que estivesse um pouco longe, uma ajuda apareceu.  

    — N-Nikko!? Ah, até que enfim! Achei que vocês me deixari- — CRRSSSSHH!!! Mais um mergulho do Hyokai não atingiu o assustado — –AAAAH!!!  

    A escuridão absoluta voltou por um instante, esperando até que o brilho da criatura iluminasse novamente o ambiente.  

    — Ei, para de gritar! Fique concentrado! — gritou Nikko, com as mãos cobrindo a boca para aumentar o tom da voz.  

    — Concentrado?! Mais do que estou agora?!  

    CRRUUUUMMMMM!!!  

    O Hyokai não dava trégua para os saltos, sempre atacando em dois tempos: ao emergir e ao mergulhar. Um passo errado em qualquer esquiva poderia custar caro.  

    — Você está deixando seus instintos te levarem! Tem que controlar melhor os seus movimentos! Tá muito feio isso!

    — E o que você quer que eu faça?!

    CRRSSSSHH!!!

    — Esse monstro tem um ponto fraco! — Nikko encolheu o corpo e retraiu o olhar — bom, a gente acha que tem… — depois voltou a informar em voz alta — pode ver que no olho dele há o formato de seis pontas, acreditamos que seja uma criogema, como tinha no troll! Se removermos ela, talvez o derrotemos!

    CRRUUUUMMMMM!!! 

    Akemi aproveitou para observar a criatura. “Uma criogema no olho…? Aah… posso ver!”  

    — Legal, e o que a gente faz com isso?!  

    — Você vai ter que tirá-la!  

    EU???!!!  

    CRRSSSSHH!!!

    — Exato!  

    — Não tinha ninguém melhor pra isso?!  

    CRRUUUUMMMMM!!!

    — Não! Entramos em um consenso que só pode ser você! Acredite!  

    — E como você quer que eu faça algo?! Esse bicho tá cada vez mais rápido!  

    CRRSSSSHH!!!

    — Eu te impulsiono pra cabeça dele!  

    O QUÊÊÊ???!!!  

    CRRUUUUMMMMM!!!

    — Consigo levantar você com a minha aura!  Você é o mais leve! 

    VOCÊ É MALUCA???!!!

    CRRSSSSHH!!!  

    — Ah, para com isso, ô! Pode confiar! Não vou te deixar cair!  

    — Você não consegue mesmo fazer isso sozinha?!  

    Nikko colocou uma mão no rosto, sua paciência havia acabado. — Argh, que menino insistente! — Exigir aquela tarefa para Akemi estava difícil, e a garota sabia que não seria de muita ajuda agir literalmente sozinha sem a sua arma. Então, ela decidiu encarar o problema de frente.  

    CRRUUUUMMMMM!!!  

    “Ai, caramba! Essa coisa não para!”  

    — Levanta! — Atrás de Akemi e iluminada pelo brilho azul do Hyokai no ar, Nikko apoiava uma mão na cintura e deixava a outra estendida; pelo peito estufado e olhar tão frio quanto o domo, ela com certeza estava farta das respostas que recebia.  

    A fúria alheia foi percebida num instante, mas a resposta? Demorava, o que aumentava a inquietação.

    Levanta!

    Curiosamente, com a nova presença nas proximidades, a criatura voltou ao solo gelado em um ponto distante, parecia repensar as investidas.

    A próxima aparição poderia ocorrer a qualquer momento.  

    Akemi voltou à realidade e estendeu a mão. A força da garota ao puxá-lo o surpreendeu. Ele tremia de medo, mas não houve tempo para hesitações.  

    Nikko bateu e deixou a palma da mão no peito do companheiro — Agora, escuta bem! Eu vou te jogar pra cima na próxima vez que aquela coisa pular, entendeu?! Quando estiver perto da cabeça dela, você tira a criogema! Entendeeeu?!

    Olhos castanhos estavam em pânico. A ideia continuava absurda.

    — Mas… mas… e se eu errar? E se eu cair? E se aquela coisa me engolir antes?  

    Nikko pressionou as bochechas do rapaz com as mãos, um biquinho involuntário formou-se. — Não vai errar! — Ela aproximou o rosto bravo em três tempos — você quer ser útil, não é? Então pare de pensar no que pode dar errado e comece a agir! Senão, vai continuar sendo um medroso, atrapalhando o grupo, e principalmente para a ASA!

    Foram palavras duras, mas que mexeram com uma cabeça sem rumo.  

    “Ela está certa… Mas como eu vou fazer isso?” Não dava para tirar o foco daquela que segurava seu rosto, uma injeção de vontade era visível em olhos esverdeados.  

    Mas não era apenas confiança, havia uma espécie de desafio naquelas íris verdes. Como ela disse: “Pare de pensar no que pode dar errado e comece a agir!” 

    “É difícil pensar como os outros conseguem ser tão calmos. Talvez passaram a vida lutando contra seres extraordinários, pisoteados por superiores, machucados por treinamentos imparáveis. Eu nunca vivi isso. Sou apenas um jovem que gostava de ler e imaginar… e que no final… teve um pouco de sorte para realizar parte de um grande sonho, um sonho que na verdade era repleto de ilusões.”  

    A tristeza crescia. Era uma fase complicada para quem não estava acostumado a enfrentar adversidades.

    Ser cobrado ao limite da capacidade física, encarado com desdém por quem nunca imaginara conhecer, lutar contra monstros… nada disso passaria na cabeça de um trivial que apenas transportava caixas e preenchia papéis, um fato intrigante pois, por mais que se fantasiasse em ser alguém importante, em ver pela primeira vez um shihai em ação, em sentir um poder especial nas mãos, a realidade mostrou-se lotada de dor, gritos e perigos.  

    Daquele modo, Akemi finalmente entendeu que nem de momentos satisfatórios vive um heroico. “Quando eu era trivial, ninguém me apoiava. Tentava conversar com outros áuricos sobre como seria a vida de um shihai, e sempre riam de mim. Diziam que era bobagem pensar em coisas assim, que era idiotice querer se infiltrar em um ambiente tão perigoso como uma guerra áurica. No fim, eles estavam certos. Mas…” Com os lábios pressionados, ele fechou os olhos e respirou o mais fundo que pôde. — … Tá bom, eu vou tentar.  

    — Não tente, faça! — Nikko soltou seu rosto e deu um passo para trás. Metendo os olhos fixos nele, ela repousou um joelho no chão e a outra perna dobrada com o pé reto na planície do gelo.  

    — Certo — batendo de frente contra o receio, Akemi sentia-se no pico do foco. “Agora, diferente de todos que duvidaram de mim e me desencorajaram, finalmente encontrei pessoas que ao menos parecem querer contar comigo. Aliás, eu só poderia encontrá-las aqui, num quartel. E se há quem confie, eu só preciso confiar em mim também!”  

    — Anda, temos que aproveitar enquanto aquilo não volta. Sei que não consegue ver mas fiz uma concha com as mãos, coloque o pé e apoie-se em mim.

    — Entendido…

    “Caramba, as mãos dela são tão macias e grandes assim?

    — E-ei! Essas não são minhas mãos, seu louco!

    — A-ah! Desculpa! Eh… Agora tá certo?

    — … Tá. Agora, feche os olhos e respire fundo. O resto você deixa comigo. Concentre-se na vinda do monstro e no que você deve fazer. Não pense no medo, só no que você precisa fazer!

    “Concentrar… Concentrar…”

    mrrrmmmm… mrrrmmmm…

    — Tá vindo? — perguntou Nikko.

    — Sim, bem abaixo da gente, vamos ter que desviar.  

    mrrrmmmm…

    O som sutil do monstro se aproximando alcançava seus ouvidos.  

    — Só preciso que você me dê o alerta na hora certa, se é que você me entende — a frase terminou com um riso.

    — Hora certa? Bem, então… A HORA CERTA É AGORA!!!  

    CRRUUUUMMMMM!!!  

    A criatura atacou novamente, porém, o plano já estava arquitetado.  

    Ao desviar com um mortal bailarinístico, Nikko aproveitou o embalo da própria aura erguendo-a para também impulsionar Akemi ao mais alto dos ares, ou pelo menos o mais alto que podia.

    Continuando os movimentos com as mãos desde quando estava no ar, com seu vento, Nikko mantinha o garoto acima do monstro, levitando-o como se guiasse uma nuvem transparente, viva, e de fluxo extremamente rápido. — He hiii! Ele é mais leve do que eu pensei! Vai ser moleza!  

    A altura era aumentada mais e mais, e uma brisa gelada, reconhecida como o bafo do Hyokai, esfriava as costas da presa que, embora tenha passado por um momento de reflexão e autoconfiança, perdeu tudo o que aprendeu em instantes.  

    “Ai, caramba! Ai, caramba! Ai, caramba!”

    Pensamentos tomados pelo medo repetiam-se na mente, mas o foco não podia ser perdido. A cabeça do alvo estava logo ali, os olhos brilhantes como duas gemas congeladas precisavam ser alcançados.  

    O Hyokai estava cada vez mais próximo, mas no fim, não foi páreo para o nível de altura em que a aura de vento manteve a sua contraforça.  

    A criatura curvou a cabeça, estava preparando a sua volta ao gelo.  

    “É agora! Tenho que alcançá-lo! Mas como?!”  

    — Se prepara, Akemi! — gritou Nikko.

    Repentinamente, o vento deixou o garoto despencar rumo ao perigo.  

    — A-ah, o quê?! N-Nikko! A crista dele! Vai me perfurar!

    — Crista?! Isso não é uma crista! É uma barbatana dorsal!  

    — Que seja, só me desvia disso!  

    O vento bruscamente levou Akemi para o lado direito da cabeça do Hyokai, separada pela longa e pontiaguda barbatana bioluminescente. Lá, o rapaz conseguiu se segurar com os pés e as mãos nas escamas de gelo.

    — Agora é só retirar a gema! — instruiu Nikko.  

    O chão parecia mais distante do que nunca, mais um evento estranho na visão de quem vivia uma experiência única, mas não podia falhar.  

    Praticamente de cabeça para baixo, Akemi via o brilho azul nos olhos do Hyokai.

    O objetivo estava próximo.

    Como se estivesse escalando uma montanha invertida, o jovem brigava contra a gravidade enquanto tentava alcançar a gema. — Nnngh! Quase láá… — À certa distância, ele esticou os braços, e com todas as forças, agarrou o formato hexagonal; o frio espalhou-se por sua pele, uma dor urticante, mas não o suficiente para retirar o foco de um garoto inspirado. — VAAAAI!!! — gritou ele, puxando com tudo.  

    Tcsh!  

    Finalmente, a criogema saiu. Estava nas mãos de Akemi.

    Todo o resplendor anil de uma joia rara poderia ser vislumbrado, uma peça grande que mal cabia em mãos humanas.

    Entretanto, toda aquela contemplação à beleza foi interrompida quando o Hyokai conheceu o solo de uma nova forma.

    BRUMMMM!!!

    Além de todas as previsões, a criatura encontrou o chão com um impacto brusco, sem romper sua superfície, preservando assim a frágil luz que existia.

    Akemi foi lançado para longe e rolou até parar de barriga para cima, ofegante e com a gema apertada pelas mãos sobre o peito.

    Por outro lado, estava claro que o Hyokai não foi feito para estar literalmente fora do gelo.

    — Nooossa! — Nikko estava animada — ele tá se debatendo igual a um peixe fora d’água!  

    Olhando o monstro, Minoru chegou perto da garota. — E tá fazendo um barulhão, parece mais um gigante batendo os pés, que desagradável. Enfim, o que a gente faz com aquilo? Deixamos lá?  

    Crsssssshh…

    A criatura despedaçou-se em partículas de gelo. Toda a luz provinda dos cristais de estalactites no topo do domo voltou aos poucos.

    Quem apareceu por entre a chuva de brilho azul tomou a atenção do grupo.  

    — Ruivinha?!  

    Mayumi passava o dedo na ponta da sua espada improvisada. — O Hyokai era um ser de dois olhos, precisávamos destruir a outra criogema para que fosse enfim derrotado.  

    E-eu… consegui… — murmurou Akemi, no chão, sem acreditar — eu consegui mesmo…  

    Nikko correu até ele, e inclinada, o olhou de cima a baixo com um sorriso largo. — Olha só! Eu disse que você conseguiria!  

    — Eu… eu não sei como eu…  

    — Não importa como! O importante é que você salvou a gente do desafio! — Ela estendeu a mão para ajudá-lo a levantar — agora, vamos levar essa gema até o portão antes que aquela coisa por acaso volte à vida.

    Demorou, mas um sorriso tímido no rosto abraçou a ajuda. “Eu realmente consegui…”  

    Com os quatro diante do portão em forma de arco abatido1, o procedimento era simples.

    — A criogema, por favor — solicitou Mayumi.  

    — Claro.

    Com a “chave” em mãos, a garota a inseria com cuidado no buraco hexagonal.

    No instante em que encaixou, o portão começou a brilhar intensamente; suas linhas curvas, antes inertes, cintilavam com uma luz azulada que fluía como água sob a superfície do gelo.

    Lentamente, as duas portas de gelo se moviam; não em uma abertura brusca, mas um deslizar suave. O tempo se curvava para permitir a passagem.

    Cada centímetro que as portas se afastavam revelava mais da escada que se estendia além, iluminada por uma luz difusa que não vinha de nenhuma fonte aparente.

    Quando o portão ficou totalmente escancarado, ficou clara a passagem que convidava para o próximo andar, provavelmente, o próximo desafio.

    — Sigamos — disse Mayumi, liderando o grupo.  

    Akemi olhou para trás, onde o Hyokai era apenas uma poça de gelo derretido, e sentiu um frio na espinha, mas não era medo; era diferente, algo que ele não conseguia nomear.  

    — Vem logo, garoto — chamou Nikko, já na passagem.  

    O jovem assentiu e correu para alcançá-los. Novos sentimentos brotavam dentro dele. Talvez, apenas talvez, ele estivesse no começo do começo de entender o que significava ser forte.

    1. uma curva elegante no topo que lembrava um semicírculo achatado

    Olha eu aqui de novo! Gostou do capítulo?

    Fim no final do capítulo para falar sobre a frequência de postagens. Como puderam ver, a média da novel, antes 1.65, caiu para 1.35, isso por causa dos capítulos que foram excluídos.

    Também aviso que, como as férias então acabando, por enquanto, voltarei a postar no mínimo 1 cap por semana, mas podem haver exceções em algumas ocasiões.

    Obrigado por ler até aqui! Espero vocês nos próximos capítulos!

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