Índice de Capítulo

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    O fogo tomou tudo.

    Não havia mais nada.

    Apenas chamas.

    Elas rugiam, vivas, insaciáveis.

    O fogo precisava de combustível. Somente a mana de Cassian não bastava. Não era o suficiente. Nunca seria.

    A fome era maior.

    O fogo era um predador. Voraz. Desesperado. Ele queria mais.

    E encontrou sua presa.

    Sanur.

    Cassian sentiu o chamado. Sua mana queimava, espalhando-se em um clarão vermelho e alaranjado que envolveu seu corpo. Seus músculos, à mostra e sem proteção, incharam como se o próprio fogo os fortalecesse.

    A espada em sua mão, seu ARGUEM, incendiou-se. As asas no punho da lâmina tremularam, ganhando vida, labaredas faiscando ao redor.

    Algo dentro dele instintivamente soube o que fazer.

    Seu braço esquerdo se abriu para o lado, e uma torrente de fogo explodiu de suas costas nuas. Das chamas, uma única asa nasceu, estendendo-se como se sempre tivesse estado ali, aguardando.

    Sanur arregalou os olhos.

    — Então esse é o auge do herdeiro de Lyberion? Seu verdadeiro despertar? — sua voz ressoou, carregada de fúria e descrença. — ENTÃO FAREI QUESTÃO DE ESMAGÁ-LO AGORA, PARA PROVAR QUE VOCÊS HUMANOS NÃO SÃO NADA! TOMAREI OS ARMAMENTOS HERDADOS SEM UM PINGO DE HESITAÇÃO!

    Sanur desceu como um meteoro. Indomável. Poderoso. Seus martelos estavam prestes a esmagar Cassian—mas, num piscar de olhos, Cassian já não estava mais ali.

    Instinto.

    Ele se moveu sem pensar, surgindo nas costas do anão em um voo ágil. A sensação era estranha, mas ao mesmo tempo natural, como se soubesse exatamente o que fazer. E sem hesitação, desferiu um golpe, sua lâmina transbordando em chamas.

    Sanur desacelerou no ar quase instantaneamente. Ele podia voar.

    Com um giro fluido, ergueu Drainsang para aparar o golpe, as chamas dançando e rodopiando no impacto.

    — Já devia ter entendido que golpes diretos não funcionam contra mim, herdeiro de Lyberion!

    O martelo prateado sugava a mana da espada de Cassian, tentando extinguir o fogo. Mas algo estava errado. As chamas não cediam.

    Drainsang continuava sugando. E sugando. Mas o incêndio persistia, alimentado por algo além da simples mana.

    — Mas o quê?! — rosnou Sanur, cerrando os dentes.

    Cassian estreitou os olhos e conjurou:

    — Magia de fogo. Combustão Imediata!

    A explosão foi avassaladora.

    O céu se incendiou num clarão alaranjado, enquanto a força destrutiva rasgava o ar.

    Sanur reagiu no último instante, usando Aurevold para conjurar uma cúpula de mana avermelhada. Mas Cassian não recuou.

    Com um rasante, ele golpeou o escudo.

    A barreira se desfez como vidro quebrado.

    Sanur arregalou os olhos—mas não hesitou. No mesmo instante, avançou com Drainsang, golpeando pela esquerda. Cassian aparou com sua espada flamejante, o choque das armas espalhando fagulhas pelo ar.

    O martelo prateado sugava parte da mana de Cassian. Aurevold já se preparava para o próximo golpe.

    Sanur atacou com um golpe brutal.

    A pancada acertou Cassian em cheio, lançando-o desgovernado pelo céu.

    O anão não perdeu tempo—disparou atrás dele, martelo em punho, pronto para esmagá-lo.

    Mas Cassian reagiu.

    Com um bater rápido de sua asa flamejante, girou no ar e aparou o golpe. O impacto ricocheteou Drainsang para trás, abrindo a guarda de Sanur.

    Cassian não desperdiçou a oportunidade.

    Sua mão esquerda se ergueu, aberta e apontada para o anão.

    — Magia de fogo. Tormenta de Fogo!

    Um turbilhão de chamas emergiu de sua palma.

    Sanur arregalou os olhos.

    Não havia como absorver aquilo. Drainsang jamais conseguiria sugar todo aquele poder antes que ele fosse consumido.

    As chamas o arremessaram para longe.

    No instante em que o fogo prestes a carbonizá-lo, um escudo translúcido de luz envolveu seu corpo.

    Cassian franziu a testa.

    No alto, pairando sobre um pedestal de gelo, Rhyssara o encarava.

    Helick estava ao seu lado.

    A voz da imperatriz ecoou firme:

    — Você perdeu.

    Sanur quebrou a cúpula protetora ao seu redor com um golpe violento de seu martelo.

    — Ainda não acabou!

    Mas, ao erguer os olhos, viu o cenário ao seu redor. As montanhas estavam marcadas por cicatrizes de cortes profundos e fogo. O combate desenhado no céu fora assistido por incontáveis olhos anões, membros de todas as guildas, que agora o fitavam em silêncio.

    Foi então que um anão de longas barbas e cabelos desgrenhados se aproximou, flutuando com naturalidade ao segurar seu martelo de forja.

    — Leonardrick… — murmurou Helick, hesitante.

    Era difícil prever como os anões reagiriam a tudo que havia acontecido.

    Leonardrick pousou com firmeza, seus olhos avaliando o grupo diante de si. Não era o mesmo anão viciado em ARGUEMs que surgira no castelo de ouro semanas antes. Agora, carregava a postura de um verdadeiro líder, condizente com sua posição como chefe da maior guilda anã das Montanhas de Patrock, a Centelha Ardente.

    — Príncipe Helick. Príncipe Cassian. Imperatriz Rhyssara. — saudou ele, a voz firme. — Jeffzzos enviou um pedido de convocação de extrema urgência, alegando que vocês tinham algo de suma importância a nos comunicar.

    Seus olhos pousaram na cicatriz fina no rosto de Rhyssara, e um brilho de pesar cruzou seu semblante.

    — Um corte de 0,75 milímetros marcou sua bela face, Imperatriz. A exata espessura da lâmina favorita de Jeffzzos. — Sua voz carregava uma nota sombria. — Imagino que, se ainda respira e o combate chegou a esse ponto, meu antigo companheiro já não caminha mais entre nós.

    — Não fomos nós. Ele foi morto por uma mulher mascarada, desconhecida… — começou Helick.

    Leonardrick ergueu uma mão, silenciando-o.

    — Não importa. Ele queria iniciar uma revolta com a Fornalha Proibida por pura impaciência. Agora, essa batalha respondeu à dúvida principal de nossos irmãos.

    Cassian sentiu os olhares de todos os anões cravados nele.

    — Não sei se tem noção, mas Sanur é o segundo maior guerreiro entre os anões. O mais poderoso em combate corpo a corpo. — Leonardrick voltou-se para Cassian, sua expressão carregando respeito contido. — E você o derrotou. Se não fosse pelo ARGUEM da Imperatriz, ele poderia ter morrido… ou, no mínimo, teria se aposentado da guerra.

    Os olhos de Rhyssara brilharam por um instante.

    — Isso significa que… — começou ela.

    Antes que pudesse terminar, dois anões alçaram voo.

    Um deles possuía asas mecânicas encantadas, um bigode espesso curvado para cima, óculos grossos e um nariz arrebitado. O outro, envolto por uma aura arroxeada, trajava vestes finas em tons de violeta. Seus cabelos longos e a boca carnuda, combinados a um decote marcante, deixavam claro que se tratava de uma anã.

    — Violet, Egnik. Podemos, aqui e agora, reforçar nossos votos de fidelidade entre as raças? — questionou Leonardrick, voltando-se para os recém-chegados.

    A anã de vestes violetas arqueou uma sobrancelha antes de responder:

    — Se jurarem sob o feitiço sagrado de obrigação que nos darão o continente do sul assim que a guerra terminar… está feito.

    — Concordo. — respondeu o anão de asas mecânicas, mas hesitou antes de acrescentar: — Não deveríamos pedir a bênção de Dungrim para firmar esse pacto? Posso reunir os sacerdotes do templo…

    — Esqueça isso, Egnik. — interveio Sanur, sua voz carregando uma gravidade incomum. — Já senti o poder deles em primeira mão. Podemos vencer se trabalharmos juntos.

    — Cale a boca seu herege! — Bradou Egnik em resposta. — Dê glórias ao Pai da Criação Celestial pelas circunstâncias pedirem para que cooperamos com gente de sua laia.

    — Que seja. Por mim que façamos agora de imediato. Temos outros assuntos para serem tratados com demasiada urgência —respondeu Violet.

    O líder da Centelha Ardente suspirou por um breve momento e então mana percorreu pelo seu corpo.

    Leonardrick ergueu a mão, traçando um grandioso símbolo mágico no céu.

    — Aqui e agora, prometemos pelo pó sagrado da montanha forjada por Patrock, sob as bênçãos de Dungrim, que nossas promessas serão cumpridas. Caso contrário, nossas vidas serão desperdiçadas. Méma!

    Os anões ao seu redor repetiram em uníssono:

    — Méma!

    Rhyssara olhou para os príncipes e, com um simples aceno de cabeça, fez com que repetissem as palavras com ela:

    — Méma!

    A palavra ecoou pelas montanhas, amplificada por vozes humanas e anãs em uma única declaração solene:

    — Méma!

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