Notas de Aviso
Anteriormente em MNVJ: Aki descobre que o aniversário de Victor é no próximo dia dois e eles acabam marcando um jantar.
Capítulo 37: "Apenas uma lembrancinha"
02 de dezembro de 2023, sábado.
Victor percorreu seus olhos por Aki, antes de respondê-la:
— Boa noite, Aki! Seja bem-vinda. Entre. — Ele abriu espaço para que ela pudesse passar.
Aki sentiu o olhar de Victor e ficou um pouco envergonhada, mas apenas seguiu para dentro.
— Está um dia frio hoje, né? — Aki disse, quebrando o silêncio que se instaurava.
— Realmente está frio. A previsão é que o frio vá piorar nessa próxima semana. — Victor senta no sofá e convida Aki para sentar-se também.
— Eu queria ter vindo de vestido… — Comentou sem pensar, quase como se estivesse pensando alto demais. Ela percebeu que não tinha mais volta. — Mas está muito frio. Espero que não esteja estranha. — Ela ajeita uma das mechas para trás da orelha.
— Você está muito bonita. — Victor responde. Queria poder dizer algo a mais… só não sabia o que, ou como falar.
Aki sentiu como se algo borbulhasse em seu estômago, então, desviou o olhar.
— Obrigada… — Falou baixo, quase inaudível, seguido de um breve silêncio.
— Bem… — Victor se levanta. — Vamos comer? Estou com fome. — Ele caminha até a mesa e puxa uma cadeira para Aki se sentar, gesticulando para ela.
Aki caminha até a mesa e se acomoda.
— Obrigada.
— Eu já volto. — Victor comentou, dirigindo-se para a cozinha.
Aki sentia seu coração acelerado. Era uma sensação diferente da última vez que estavam juntos naquela mesma casa, diferente da vez que comeram no “Bamboo Garden”, diferente de quando comeram na casa de seus pais.
Ela batucou com os dedos na mesa por alguns momentos, antes de perceber o gesto e se conter. “Preciso me acalmar. É só um jantar de amigos”, pensou, respirando fundo. “É apenas pela promessa?”. Pensamentos inundavam sua mente, mantendo-a distraída, a ponto de não perceber quanto tempo passou até Victor voltar.
Ele chegou com dois pratos com uma porção de finas fatias de salmão, delicadamente organizadas e cortadas.
— Carpaccio de salmão?! — Exclamou Aki, empolgada. Seus olhos pareciam brilhar.
Victor assentiu, enquanto acomodava os pratos à mesa. Ele voltou para a cozinha e trouxe uma garrafa quase transparente, com um rótulo minimalista com letras douradas, acompanhado de duas taças, antes de sentar-se em sua cadeira, de frente para Aki.
— Espero que goste de um vinho sauvignon blanc. — Ele enchia a primeira taça cuidadosamente.
— Eu gosto, não se preocupe. Acho que fica perfeito com Carpaccio de salmão. — Aki respondeu, recebendo a taça que Victor acabara de encher.
— Fico feliz em saber. Vamos comer.
— Isso está delicioso! — Aki exclama, empolgada. Cada fatia do salmão estava muito bem temperada, criando uma harmonia de sabores que satisfaziam o paladar da garota.
— Tem muito tempo que não cozinho assim para alguém. — Victor deixa escapar.
Aki faz uma pausa, olhando-o atentamente.
— Bem, me sinto lisonjeada por essa honra. — Aki fala, fazendo uma reverência. Embora estivesse fazendo um tom de brincadeira, era verdade.
Ela não sabia como demonstrar seus sentimentos, e nem o que significavam exatamente, então, usando dessa atuação, ela percebeu que era mais fácil falar.
— Lady Yamada?! — Victor fala, surpreso, soltando uma risada em seguida.
— Não seja bobo. É mais fácil falar certas coisas com esse tipo de brincadeira… — Ela balbucia, tímida.
Victor fixa seu olhar em Aki, que estava olhando para o lado, fingindo não estar percebendo nada.
“Essa sensação…”, pensava ele, querendo não imaginar coisas absurdas.
— Eu entendo. — Ele fala finalmente. — E também não me incomodo com suas brincadeiras. Você sempre dá um jeito de me alegrar.
Aki sente que estava corada e não sabe o que responder. Ela dá mais um gole na bebida, enquanto ajeitava uma mecha de seu cabelo.
Como nenhum deles falou algo, o silêncio pairou no ar.
“Não consigo pensar em nada.”, lamentou Aki. “Você me pegou desprevenida, Victor!”. Seus pensamentos estavam completamente bagunçados.
“Acho que eu devia ter dito de outra forma.”, Victor analisava, enquanto buscava algo para falar. A reação dela acabou atrapalhando seu raciocínio. Se passou poucos segundos, mas pareceu uma eternidade.
— Bem, vou buscar o prato principal. Já volto.
Victor se levantou e se dirigiu até a cozinha. Aki ficou ali, suspirando pesadamente quando Victor estava adentrando o outro cômodo de costas para ela.
Somente agora que Aki percebeu o cheiro delicioso que exalava de onde Victor estava. Ela sentia um cheiro muito familiar: camarão. Seus olhos brilharam ao pensar no que Victor poderia estar preparando para ela.
— Pronto, desculpe a demora.
Victor carregava dois pratos brancos, com grãos de arroz bem cozidos e dourados, com o tom rosado dos camarões, criando uma harmonia quase perfeita na apresentação do prato.
Ao servi-los, o vapor que saía carregava um aroma irresistível, para Aki. Ela estava hesitante em pegar o talher e começar a comer, esperando Victor dar a primeira garfada.
— Espero que goste de Risoto de camarão. — Victor comentou, despretensiosamente.
— Eu amo! — Ela deixou escapar, com um sorriso satisfeito.
Victor deu a primeira garfada, e Aki logo o acompanhou. A suculência do arroz com o molho e o camarão criava uma sensação degustativa quente e saborosa, trazendo muitas lembranças boas para ela.
Eles não conversaram muito, apenas aproveitando a refeição.
O tempo pareceu passar mais rápido, e logo terminaram a refeição. Aki procurava o momento certo para puxar assunto referente ao aniversário de Victor.
Esse momento parecia ter chegado, quando ele se levantou, retirando os pratos da mesa. Ela aproveitou para pegar em sua bolsa um embrulho, colocando sobre o colo, esperando que ele voltasse.
Ao retornar para a mesa, Victor é surpreendido:
— Feliz aniversário! — Ela estende o presente. Suas mãos levemente trêmulas denunciavam seu nervosismo.
— Ah… — Victor estava quase paralisado, surpreso com o ocorrido. Suas mãos vacilaram, antes de, finalmente, tocarem o embrulho. Nesse momento, as mãos de ambos se tocam.
A pele macia e delicada de Aki, mesmo que num pequeno toque, fez o coração de Victor acelerar. Com Aki não foi diferente, e ela vira o rosto, tímida.
Victor, finalmente, puxa o embrulho para si, agradecendo: — Obrigado.
Ao abrir, ele não consegue conter um sorriso. Era uma pulseira dupla artesanal de miçangas, uma toda preta e outra intercalava o preto com azul-turquesa.
— Na verdade, é apenas uma lembrancinha. — Ela comenta, baixinho. — Eu ficaria feliz se você aceitasse.
Victor encara Aki por alguns segundos, com um sorriso ainda no rosto. Aki sente um desconforto, pois era a primeira vez que via Victor mantendo uma expressão dessa por tanto tempo. “É apenas uma lembrancinha.”, ela repetia em pensamentos, tentando aliviar o nervosismo.
Victor pega a pulseira e coloca em seu braço direito, ao lado da “pulseira” que Haru havia lhe dado, ostentando o punho no alto.
— É claro que eu aceito! Eu adorei! — Victor exclama de repente, pegando Aki desprevenida.
“Eu não esperava receber nada. Estou realmente feliz. Há quanto tempo não sinto esse calor no peito?”, Victor pensava.
— Fico feliz que gostou.
“Ficou ótima em você!”, Aki observa, em pensamentos.
— Mas… Como você sabia que hoje é meu aniversário? — Indaga Victor, apoiando o cotovelo na mesa e o queixo na mão.
— Bem… — Aki então explica de como viu a notificação no celular dele.
Victor sentia-se grato por aquela notificação ter aparecido naquele momento.
— Eu… — Aki balbuciava. — Eu achei que você tinha entendido naquele dia.
— Sobre meu aniversário? Na verdade, eu estava querendo te convidar para podermos fazer isso antes do ano acabar. — Ele não a encarava diretamente, e suas palavras não estavam “vazias” como de costume. — Eu fui meio egoísta, eu acho.
— Egoísta? — Aki não entende.
— Eu juntei o útil ao agradável. Eu queria fazer isso e, aproveitei o momento para te convidar… — Ele coça a nuca, como se procurasse palavras para continuar. — Queria que sua visita aqui hoje fosse o meu presente de aniversário, mesmo que você não soubesse.
— Você não pretendia me falar nada? — Aki pergunta, inclinando-se para a frente, como se o encarasse mais firme.
— Eu não gosto muito de comemorar meu aniversário. — Ele responde rapidamente. — Embora, eu tenha realmente gostado do seu presente. — Ele ergue o punho. — Ganhei dois presentes seus no mesmo dia. Estou com sorte.
Victor decide provocar ela um pouco, mas ele teve uma surpresa.
— Eu fiquei com medo de que não gostasse desse pequeno presente. — Aki fala manhosamente. Estava com vergonha de admitir, mas queria falar para ele sobre.
— E por que eu não gostaria? — Ele indaga, incrédulo, como se fosse algo muito absurdo. — Receber um presente seu me deixou muito, muito feliz. — Ele se levanta, de forma empolgada. — Foi meu primeiro presente que realmente me deixou feliz em muito tempo.
Ao perceber suas palavras, ele pigarreia, tentando despistar. Aki estava com o rosto vermelho e não o encara.
— Primeiro presente? — Embora estivesse num clima constrangedor, Aki estava curiosa e sentia que não haveria outra oportunidade.
— Como vou te explicar? — Ele apoia o indicador no queixo, olhando para o teto. — Mesmo após o ocorrido, eu ainda ganhei presentes… — Sua fala estava pausada e carregava um tom que Aki não conseguiu discernir ao certo. — Mas eu estava tão desligado, que para mim era apenas… objetos, digamos assim.
“Lembrar disso é quase doloroso.”, pensava ele, enquanto falava.
“Acho que acabamos num assunto delicado.”, Aki cogitava, mas não interrompeu.
— Esse seu “pequeno presente”, que você diz ser “apenas uma lembrancinha”… — Ele mostra o braço para Aki. — Me fez sentir algo que não sentia em muito tempo. Muito obrigado, Aki!
“Que sensação estranha é essa?”, Aki se perguntava. Sentia um misto de emoções. Felicidade, satisfação e empolgação… Esses sentimentos misturados dessa forma era algo novo para ela.
Aki não sabe o que responder e apenas sorri. Sentia seu coração batendo mais forte. O silêncio toma conta, com Victor também pensativo em como prosseguir. Não durou muito, mas principalmente para Aki, pareceu uma eternidade.
— Você está pronta para a sobremesa? — Victor propõe.
— Claro! — Ela responde quase imediatamente, tentando quebrar o clima tenso, embora, feliz.
Victor vai até a cozinha e Aki está muito ansiosa. Ela toma o restante do vinho que tinha em sua taça, enquanto nervosamente, cantarolava algo baixo.
Ele retorna, com duas tigelas brancas. Dentro delas, havia torta de chocolate branco com frutas vermelhas. Após servir, ele retorna para a sua cadeira.
— Isso está incrivelmente delicioso! — Aki exclama, empolgada.
Victor, percebendo ter acertado na escolha dos pratos, sentiu-se feliz. Ele queria realmente ter esse momento com Aki.
— Realmente, os drinks ficarão para uma próxima oportunidade. — Victor comenta, casualmente, enquanto comiam a sobremesa.
— É verdade. Eu quase me esqueci disso. — Aki sorri. — Mas eu vou te cobrar.
— Vamos ter uma próxima oportunidade. — Victor vê uma boa oportunidade, e continua: — Que tal após o ano novo? Já que até o dia trinta e um vai ser bem corrido no trabalho.
— Certo, marcado! — Aki responde, quase imediatamente. Victor percebe um leve rubor em suas bochechas e se pergunta se seria pelas três taças de vinho que tomaram ou se ela estava tímida pela proposta.
“Até hoje não a vi tomar mais do que um drink, então, talvez ela seja fraca para o álcool.”, pensava Victor, tentando avaliar a situação. “Vou ter que pegar leve no dia dos drinks”.
— E vamos nos encontrar aqui mesmo?
— Pode ser! O importante é que vamos estar juntos! — Aki comenta e logo tenta corrigir. — Quero dizer, você me prometeu… — Ela se embaralha na fala e Victor acha graça naquela cena, rindo.
Aki desvia o olhar, mexendo em seu cabelo. A sensação de ver Victor rindo de sua confusão lhe deixava… diferente. Ela não sabia explicar como era sentir aquilo. Gostava de vê-lo sorrir e, principalmente, rir. Embora tivesse se atrapalhado, aquele riso era reconfortante.
— Seu sorriso é muito bonito. — Ela balbucia, ainda desviando o olhar para a janela do outro lado da sala.
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