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    O grupo entrou novamente no CSR, desta vez com a adição de Morgan, preenchendo os dez espaços disponíveis no Corcel. O veículo metálico, com seu brilho opaco refletindo as luzes da cidade, moveu-se suavemente sobre as ruas pavimentadas de Ossuia. O ronco baixo do motor misturava-se ao som movimentado do meio do dia do império, onde muitas figuras se moviam.

    — Finalmente estamos indo direto para o cumprimento desta missão que já se arrastou por mais tempo do que o necessário. — Suspirou Any, recostando-se no assento e observando pela janela as estruturas imponentes do império desaparecerem no horizonte conforme avançavam.

    O CSR deixou para trás os edifícios elegantes do Departamento de Pesquisa e Estratégia e adentrou em ruas mais largas.

    — Quase isso. — Corrigiu Morgan, acomodando-se entre Tály e Cassian. Seus olhos afiados, sempre atentos, percorreram os rostos dos demais. — Vocês ainda não falaram para eles sobre a Lei das Muralhas?

    A pergunta, dirigida a Phill e Rhyssara, que estavam mais à frente, fez os dois trocarem olhares antes do condutor responder com um tom sereno:

    — Ainda não. Achamos melhor mostrar a eles quando chegássemos.

    Cassian franziu o cenho, sentindo uma ponta de inquietação se formar dentro de si.

    — Que lei é essa?

    Rhyssara ajeitou-se no assento antes de responder, seu olhar fixo na estrada à frente, onde a silhueta escura da muralha começava a se destacar contra o sol da tarde.

    — Em Ossuia, não há o sistema injusto de títulos nobres herdados. Mas isso não significa que a nobreza deixou de existir. Aqui, prestígio e influência são conquistados através de feitos e poder. Para regular essa ascensão, Edgar criou quatro filtros que ajustam as castas do império. A primeira muralha, a Muralha Externa, abriga os mais fracos e aqueles sem grandes realizações. Naturalmente, a maioria da população dela é composta por Órfãos.

    — Órfãos? — Redgar ergueu uma sobrancelha, seus olhos escuros brilhando levemente. — Eles não têm família?

    — Não no sentido que vocês conhecem. Em Ossuia, a única família verdadeira é o próprio império. “Órfão” aqui tem outro significado. — Explicou Rhyssara. No horizonte, a muralha tornava-se mais definida, com suas imensas torres de vigia recortando o céu como garras negras.

    — Aqueles que não têm mana. — Murmurou Tály, quase como um pensamento solto.

    O silêncio se instalou por um instante. Os olhares se voltaram para ela, que hesitou antes de continuar.

    — Vocês viram… No bosque, nas minhas memórias… Meu pai tentou despertar um ARGUEM com a ajuda de Sanur, mas sua Centelha foi perdida. Quando se perde a Centelha Mágica, não há como recuperá-la. — Sua voz vacilou ligeiramente, como se reviver a lembrança fosse doloroso. — Vocês não viram o que aconteceu depois que eu lidei com os bandidos. Bem… Minha família e eu fomos presos.

    — O quê?! — Cassian se sobressaltou, batendo a cabeça no teto do CSR. O som surdo ecoou no interior do veículo. — Eu não sabia disso…

    — Fomos condenados por tentar nos apossar de Diamante Negro sem autorização da realeza e por nos associarmos aos anões da Fornalha Proibida.

    — Isso não faz sentido! Eu sei que seus pais vivem confortavelmente dentro das muralhas! — rebateu Cassian, incrédulo. — Você os visita sempre que tem folga!

    Os olhos de Tály endureceram, e sua respiração ficou ligeiramente irregular.

    — Isso só foi possível por causa do capitão Haras! — Sua voz saiu afiada, carregada de uma raiva contida. — Ele interveio por mim no julgamento, sem nem me conhecer. Ficamos um ano presos, Cassian. A punição para quem “rouba” Diamante Negro do reino é o exílio no Deserto dos Condenados. Se não fosse por Sam Haras, eu estaria lutando contra os Vermes do Deserto uma hora dessas, isto se ainda estivesse viva. Ele argumentou que descartar alguém com o meu conhecimento de combate, adquirido através dos livros que encontrei, era um desperdício. Ele convenceu os juízes a me colocar no programa militar. Se eu tivesse um bom desempenho, poderia ser recrutada como soldado e, como pagamento, libertariam meus pais.

    Ela fez uma pausa, a mandíbula travada, seus olhos fixos no chão do CSR.

    — Certa vez, ouvi alguns soldados debochando da minha família às escondidas. Chamaram-nos de Órfãos… por causa do meu pai. Eu os soquei até me explicarem o que aquilo significava, mas no fundo… eu já sabia que boa coisa não era.

    Morgan assentiu lentamente, cruzando os braços enquanto absorvia a história de Tály.

    — Bem, meus sentimentos. — Ele disse, olhando-a nos olhos com sinceridade. — Mas você quase acertou. Órfãos são aqueles que ou perderam a Centelha Mágica, ou que simplesmente nunca a tiveram.

    Helick interveio gesticulando com as mãos:

    — Mas isso é impossível! Todo humano nasce com a Centelha Mágica dentro de si.

    — Não. — Rhyssara falou, sua voz soando firme. — Isso é um caso bem peculiar. Em Lyberion, de fato, até hoje não houve um ser humano sequer que não tivesse a Centelha Mágica dentro de si. Porém, em Ossuia, cerca de sessenta por cento da população não tem nada de poder mágico em seu interior. Então nos desenvolvemos de outras formas, sem dependermos da magia como forma de sobrevivência principal.

    Os soldados entreolharam-se, absorvendo aquela revelação.

    — Voltando ao assunto das muralhas — continuou Phill — cada muralha, com exceção da Muralha Externa, pode ter apenas um número exato de pessoas dentro dela. Para avançar de uma muralha a outra é preciso desafiar e derrotar um habitante da próxima muralha para tomar seu lugar. Essa é a lei.

    A surpresa tomou os rostos dos visitantes. Isso significava que mais batalhas estavam por vir antes do esperado.

    — Isso vale até mesmo para nós que fomos convidados para estar aqui? — Perguntou Cassian, sua voz carregando um leve tom de preocupação.

    Rhyssara sorriu de canto, divertida.

    — As leis valem para todos, não posso abrir exceções. Vocês lutarão contra alguns aspirantes à ascensão até chegar à última muralha. Torço para que nenhum dos sete tenha problemas para avançar.

    Helick, instintivamente, contou os presentes: Any, Marco, Redgar, Tály, Cassian e ele. E também… Nastya.

    — Espera, você está dizendo que até Nastya terá que lutar? — Ele se virou para Rhyssara, sua expressão carregada de preocupação.

    A Imperatriz ergueu uma sobrancelha, seu sorriso se ampliando ligeiramente.

    — Se ela quiser seguir conosco, sim.

    O ranger do CSR interrompeu a conversa. O impacto do veículo cessou os diálogos no instante em que os olhos dos passageiros se voltaram para a visão à frente.

    A muralha.

    Feita de ferro e pedra negra, erguia-se colossal, obscurecendo quase todo o horizonte.

    — Bem-vindos à segunda muralha de Ossuia — anunciou Phill. — A Muralha dos Corajosos.

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