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Capítulo 92 — À Sombra da Muralha
O CSR seguiu por um dos corredores internos da Muralha dos Corajosos. Diferente do que imaginavam, não era apenas uma fortaleza de pedra maciça — havia uma cidade dentro dela.
— A Muralha dos Corajosos não é só uma barreira — explicou Phill, conduzindo o corcel por uma das ruas largas, de chão rochoso e paredes iluminadas por pequenos blocos metálicos que possuíam lâmpadas dentro de si. — Antes de atravessá-la e acessar a Cidade dos Corajosos, existe esse centro de preparação que acompanha toda a muralha por dentro. Aqui não se tem moradias fixas, apenas mercadores de equipamentos, artesãos e algumas hospedarias.
Helick olhou ao redor, absorvendo a estrutura do lugar. O espaço era maior do que parecia por fora, com fileiras de portas de ferro, becos escondidos e até praças abertas, onde tavernas, ferreiros e mercados se espalhavam.
— Isso tudo fica dentro da muralha? — Cassian perguntou, impressionado.
— Sim — Rhyssara confirmou. — E essa é só a primeira cidade-muralha.
— A primeira? — Tály arqueou uma sobrancelha. — Então todas as outras muralhas também são assim?
Morgan, que se recostava no assento confortável do CSR ao lado da soldado sorriu.
— Apenas a Muralha Externa não possui construções dentro de si. Essa é a Muralha dos Corajosos. Depois de se conseguir o direito de atravessá-la e seguindo até o final da Cidade dos Corajosos, vem a Muralha de Ferro. E depois de repetir o mesmo processo…
— A Muralha Central — completou Rhyssara. — Onde os melhores equipamentos e combatentes do império se provam com batalhas do mais alto nível.
— E atravessando a Muralha Central se chega ao Castelo Negro, não é? — Helick perguntou.
Morgan assentiu.
— Isso mesmo. De lá que eu e Rhyssara saímos.
Cassian cruzou os braços.
— Como você mora lá, mas está competindo aqui?
Morgan sorriu de canto.
— Alguém tinha que vir receber nossa ilustre imperatriz, não é? — Morgan fez uma pausa, antes de continuar um pouco mais sério. — Sabe, é muito difícil alguém que lutou tanto para chegar até lá simplesmente decida sair, sabendo tudo o que tem que passar de novo.
— Mas se já chegaram até lá, não devem ter muita dificuldade para chegar de novo, não é? — Perguntou Any.
— Chegar até a Muralha Central realmente não deve ser grande desafio para nós, mas os desafios para se passar daquela muralha e chegar até a Cidade Central… Bem, isso é coisa para se preocupar mais tarde.
O grupo seguiu até a praça central da cidade interna, onde uma estátua de um guerreiro segurando um arco tensionado em posição angular se erguia. Ao redor, barracas de comida, artesãos afiando armas e combatentes treinando preenchiam o espaço com uma energia intensa.
O CSR parou.
— As melhores hospedarias da Muralha dos Corajosos ficam aqui. — Concluiu Phill, desligando o corcel.
O grupo desceu e Helick continuou observando a estátua até perceber detalhes familiares como um par de adagas no cinto nas costas de sua cintura e uma bainha na qual repousava uma espada. Eram as mesmas características da estátua em frente ao Departamento de Pesquisa e Estratégia da Cidade Externa.
Tály parou ao ver uma arena de treino. Dois ossuianos duelavam em um círculo de pedras, trocando golpes ferozes sob os gritos de incentivo da multidão.
— Acho que vou me aquecer um pouco — falou ela, estalando os dedos sob a manopla.
— E eu vou dar uma olhada no mercado. — Marco já caminhava na direção de uma barraca que vendia facas e lâminas curtas.
— Bem, acho que vamos te acompanhar Marco. — Falou Cassian dando uma puxada no braço de Helick que protestava contra, mas, em vão.
— Vou seguir Phill para ver onde iremos passar a noite e farei uma varredura no local para assegurar a segurança dos príncipes. — Falou Any se despedindo de seus companheiros.
Nastya a seguiu.
— Eu posso pelo menos ajudar a arrumar os quartos. — Falou ela, louca para fazer algo que fosse útil para o grupo.
Redgar ficou ao lado de Tály.
— Acho que vou me exercitar também. Quero ver até onde essa armadura anã pode me ajudar a me controlar em combate. — Falou Redgar depois de muito tempo quieto.
A voz dele parecia cautelosa. Embora ele nunca houvesse reclamado, ao que parecia, ele tinha certa resistência em confiar em qualquer coisa que fosse vinda de um anão.
— Se me permitem, gostaria de ver suas habilidades de combate em primeira mão. — Pediu Morgan.
Tály deu de ombros.
— Vocês que sabem — suspirou Rhyssara. — Só não se esqueçam que precisam descansar para amanhã.
A Imperatriz seguiu até uma construção de paredes que lembravam pedra, mas era lisa e pintada de vermelho sangue, com várias janelas e uma grande porta dupla de madeira. Aparentemente ali que passariam a noite.
Assim que Rhyssara desapareceu pelas portas da hospedaria e os demais seguiram seus caminhos, Tály estalou os ombros e caminhou decidida até a arena. O chão de pedra escura estava gasto de tanto ser pisoteado por combatentes, e o cheiro de suor e ferro no ar dava ao local uma atmosfera familiar aos quartéis de Lyberion.
Redgar e Morgan a acompanhavam em silêncio, os olhos do soldado lyberiano percorrendo o ambiente com cautela.
— Você parece desconfiado — comentou Morgan, notando a tensão no maxilar dele.
— Só observando — respondeu Redgar, cruzando os braços.
No centro da arena, dois ossuianos finalizavam um combate intenso. O vencedor, um guerreiro de cabelos trançados e peito nu, ergueu a lâmina manchada de suor e apontou para a multidão.
— Quem mais quer provar seu valor?
Tály sorriu.
— Eu.
A multidão que apreciava os combates observaram a desafiante. Cochichos tomaram conta do ambiente quando os desenhos de leonzir entalhados na armadura foram notados.
— Uma mulher? — Comentou o vencedor do último duelo público.
Tály franziu o cenho ao perguntar:
— Algum problema com isso?
O homem deu uma risada nervosa.
— Não, nenhum. — respondeu ele um pouco sem jeito. — Mas aqui estamos travando duelos usando apenas força física e habilidades com armas comuns. Normalmente mulheres guerreiras são possuidoras de ARGUEMs. Aqui estamos lutando sem isso para provar nossa força individual.
Morgan se virou de costas de forma que os presentes não podiam ver sua boca quando cochichou para Tály e Redgar:
— Eles são Órfãos. Normalmente gostam de lutar contra portadores de ARGUEM, mas acham injusto quando é uma mulher. Sabe, dizem que a mana faz tudo e que as despertas com a magia são apenas sortudas por tê-la.
— Ah é? — Riu Tály nervosa. — Não seja por isso!
Ela retirou suas manoplas negras e as jogou nos braços de Redgar.
— Eu luto sem elas, que tal?
O homem riu quase gargalhando.
— Ora, isso não seria jus… — Ele parou de falar quando o punho de Tály se aproximou a centímetros de seu nariz e desviou no último segundo.
— Ora, ora. — falou Tály surpresa enquanto dava pequenos saltos sem sair do lugar e logo em seguida alongando as pernas. — Parece que conseguiu desviar.
O homem e a plateia ficaram atônitos por um momento. Mas logo em seguida a plateia se inflamou de euforia e o guerreiro ossuiano viu um sorriso motivado se abrir em sua face.
— Parece que isso vai ser divertido.
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