Capítulo 1324 - Batalha Implacável

Combo 67/250

A tempestade do tempo rugia ao redor deles. A corrente do Grande Rio, que sempre fora calma e constante, transformou-se em uma maré furiosa… sendo carregado e jogado por ela, o veleiro voou para frente com velocidade terrível. Ondas altas subiam e desciam, e ventos de furacão uivavam como bestas frenéticas. Tudo ao redor deles estava se afogando em uma névoa fervente. Cegos por ela, ensurdecidos pelos trovões estrondosos, os três perderam todo o senso de tempo e direção.

Havia apenas a sensação do convés molhado sob seus pés, o subir e descer do barco de madeira e o esforço físico de suportar a fúria cataclísmica da tempestade. Diante de sua ira inconcebível, Sunny não pôde deixar de sentir o quão pequeno e insignificante ele era diante do desastre não natural. 

… E isso com Ananke os protegendo do pior também. A sensação assustadora e profundamente angustiante das leis imutáveis ​​do mundo se tornando vagas e voláteis ainda estava lá, silenciada, mas indescritivelmente opressiva. Ele se sentiu enjoado, tanto física quanto mentalmente. Era como se a base sólida de seu próprio ser tivesse sido substituída de repente por areia movediça, deixando-o trêmulo e instável.

Talvez fosse isso que a loucura parecia. 

‘Merda…’

Fortalecendo seu coração, Sunny tentou ignorar a sensação assustadora e se concentrou em sua tarefa — pegar a água que tinha sido jogada no veleiro pela tempestade e jogá-la ao mar. Havia muita água, mas ele e Nephis ainda conseguiam acompanhar. Era só que… essa tarefa simples tinha se mostrado muito mais exigente do que ele esperava. 

Simplesmente existir no barco balançando descontroladamente já era um exercício de resistência. Considerando a velocidade terrível da corrente e a altura das ondas, parecia que algum gigante demente estava brincando de pega-pega com seus corpos, jogando-os para o alto e depois jogando-os para baixo com força feroz.

Manter o equilíbrio não era apenas cansativo, mas também difícil — todos os músculos do seu corpo estavam sob tensão, aparentemente o tempo todo. Os movimentos do veleiro sacudindo eram caóticos e impossíveis de prever. No entanto, não segui-los era equivalente à morte. Se Sunny não tomasse cuidado e não se ajustasse continuamente às mudanças constantes, ele seria jogado no convés, ou pior ainda, jogado ao mar na água fervente. E ele tinha que fazer mais do que simplesmente se segurar… ele tinha que se mover, pegar água e jogá-la de volta no rio furioso. 

… Claro, havia maneiras mais eficientes de realizar essa tarefa. Ele poderia fazer mais, e melhor, com a ajuda da Manifestação das Sombras. Mas sua luta contra a tempestade seria uma maratona árdua, não uma corrida. Atualmente, ele se sentia apenas um pouco cansado. Esse cansaço iria se transformar em uma exaustão paralisante mais cedo ou mais tarde — então, ele teria que queimar sua essência para manter seu corpo maltratado em movimento, esperando contra todas as esperanças que suas reservas fossem profundas o suficiente. Desperdiçá-la em coisas frívolas teria sido uma decisão míope. 

‘Eu estava errado…’

Antes de mergulharem na tempestade, Sunny notou que não era uma batalha. Mas era. Era tão fisicamente desgastante, tão violento e tão mortal quanto. A diferença era que ele não conseguia se lembrar de uma batalha que tivesse durado muitos dias sem nunca permitir que os lutadores descansassem e respirassem por um minuto sequer. Quão terrível isso seria? Pelo menos o inimigo era uma força irracional da natureza. Um inimigo como aquele não exigia que ele pensasse muito, drenando assim seus poderes mentais. 

Embora árdua e exaustiva, sua tarefa não estava muito longe de ser mecânica. Sunny ainda tinha que permanecer focado e prestar atenção ativamente aos movimentos do veleiro, mas ele não tinha que pensar, analisar a situação e inventar esquemas letais. O mesmo valia para Nephis. 

Ananke, no entanto…

Sua tarefa era muito mais difícil do que a deles. A sacerdotisa não só tinha que manter as proteções místicas ao redor do veleiro, como também era responsável por dirigi-lo. O pequeno barco já teria virado uma dúzia de vezes se não fosse pelo julgamento rápido e preciso de sua guia. Sunny olhou para trás, para a pequena figura da jovem que segurava o remo de direção firmemente, olhando para a névoa. Seu rosto estava pálido, mas seus olhos estavam cheios de determinação focada.

 … Ele estava preocupado com ela. Ele estava preocupado com muitas coisas. Por exemplo, sobre o fato de que eles estavam a apenas algumas horas da tempestade, com vários dias desse inferno ainda restantes antes que o veleiro escapasse. Se nada inesperado acontecesse.

 ‘Um passo de cada vez…’

Um passo de cada vez, uma onda de cada vez, um trovão de cada vez. Era assim que eles iriam sobreviver à tempestade temporal. Era assim que Sunny e Nephis iriam sobreviver ao Terceiro Pesadelo também.

E depois disso…

Sunny não tinha a mínima ideia do que aconteceria depois… se… ele se tornasse um Santo. Não apenas para ele, mas também para a humanidade em si. Os Grandes Clãs continuariam sua guerra. O mundo desperto continuaria a desmoronar. O Feitiço do Pesadelo continuaria a puxá-los cada vez mais fundo nas misteriosas maquinações do Demônio do Destino. 

‘Vamos sobreviver à maldita tempestade primeiro!’

Xingando baixinho, ele dobrou os joelhos para diminuir o impacto do convés de madeira batendo em seus pés, suportou o veleiro despencando da crista de uma onda alta para bater violentamente na água, então rapidamente jogou vários baldes de água espumante pela lateral do barco. A alguns passos de distância, Nephis estava fazendo o mesmo. O mundo parecia estar se desfazendo ao redor deles. Separados do abismo do tempo quebrado apenas pelo convés fino de um barco de madeira, eles navegaram pela névoa furiosa.