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    Em torno do Sargento, todos os Carniçais pareciam estar sendo atraídos pela enorme Bola de Fogo acima de sua palma, correndo em sua direção como mariposas atraídas pela luz. Em resposta, o rapaz apenas moveu levemente o punho, lançando pequenas Bolas de Fogo em direção às criaturas.

    Boom! Boom!

    Thom parecia uma espécie de artilharia móvel, varrendo o campo de batalha com explosões e labaredas se espalhando por todos os lados.

    Mesmo os soldados aliados ficaram estarrecidos ao sentir o calor emanado pela enorme magia. Ao longe, o Capitão Lesmark ficou sem palavras ao ver tamanha maestria e capacidade ofensiva.

    Afinal, de onde veio essa pessoa?! O homem perguntou-se, sem palavras. Não imaginando que além do próprio Fernando, haveria outra pessoa tão incrível neste Batalhão.

    Embora fosse um Capitão e um Mago de Magia da Flora, seu poder ofensivo simplesmente não poderia ser comparado com aquele mísero Sargento. Isso o deixou extremamente perturbado, perguntando-se o que havia de errado com o Batalhão Zero.

    Enquanto o homem pensava nisso, não muito longe, um sujeito correu em alta velocidade entre os Soldados, mesmo sendo relativamente baixinho, quando saltou, o chão abaixo de seus pés rachou.

    BOOM!

    Lenny caiu pesadamente sobre um Carniçal que estava curvado, se alimentando de um Soldado morto.

    Ao sentir algo sobre suas costas, a criatura imediatamente tentou virar sua cabeça, mas não conseguia enxergar, então moveu um de seus braços, tentando alcançá-lo.

    Acima dele, o Cabo tinha uma expressão furiosa, quando apunhalou com sua espada.

    Perfura!

    A lâmina afundou atrás da cabeça da coisa, matando-a instantaneamente.

    “Isso é pelos meus irmãos lá fora, maldito!” gritou, furiosamente, enquanto a criatura desabava e ele saltava de cima.

    Desde que a Guilda Valorosos havia acabado, tudo que restou da antiga liderança era ele próprio e Trayan. Mas agora com seu ex-companheiro de Guilda e um punhado do seu pessoal lá fora, o rapaz se sentiu aflito.

    Ainda que ele fosse forte para alguém de sua idade e fosse um Usuário de Habilidades competente, Lenny não se sentia confiante de ter que se virar sozinho para liderar o restante de seus companheiros. Na verdade, ele sabia perfeitamente que era os ‘músculos’ da relação, enquanto Trayan era o verdeiro cérebro.

    Apenas o mero pensamento de perder seu velho amigo, o fez sentir-se imerso num mar de desespero e ansiedade, imaginando o que faria se isso ocorresse.

    Apesar do Batalhão Zero ser sua casa agora, o rapaz ainda se sentia levemente desconfiado, principalmente em relação a Fernando. Ele simplesmente não conseguia apagar de sua mente o período em que esteve naquele lugar escuro, ao lado de um Beholder. 

    Mesmo agora ele se perguntava quem realmente era seu Tenente, uma pessoa boa, ou algum tipo de indivíduo ligado a Guildas das Trevas, ou até mesmo a Magos Negros? O sujeito baixinho não conseguia chegar a uma conclusão sobre essa questão.

    Pelas ações de Fernando, Lenny sentia que ele era alguém verdadeiramente bom, mas simplesmente nunca havia ouvido falar de um Beholder se tornando subordinado de um Humano.

    Apesar da confusão na sua mente, o Cabo rapidamente se recompôs, olhando em volta, viu outro Carniçal atacando alguns Soldados, então não pensou duas vezes.

    Boom!

    Mesmo que sua Habilidade de Movimento não fosse tão explosiva quanto a de Fernando e Ilgner, não levou mais que um segundo até que ele chegasse ao lado do monstro e partisse para o ataque.

    Essa mesma situação estava ocorrendo em diversos outros pontos, com Lina, Cíntia, Gabriel, Leo e vários outros abatendo Carniçal após Carniçal e varrendo qualquer inimigo que adentrasse na formação de escudos.

    Tanto Lesmark, quanto o Tenente Felipe e seus respectivos subordinados mais poderosos, que haviam se reagrupado próximo ao centro, ficaram sem palavras ao ver essa cena se desenrolar.

    Por que há tantas pessoas poderosas nesse Batalhão Zero? Os dois líderes de tropas se perguntaram. Quanto mais assistiam à batalha, mais perplexos os dois Comandantes ficavam.

    “Isso é realmente um Batalhão? Se for, o que minhas tropas supostamente deveriam ser? Lixo de quinta categoria?” O Tenente Felipe falou, divagando consigo mesmo.

    “Apenas esqueça, não se compare a esses monstros, eles não são normais.” Lesmark aconselhou, entendendo o baixo ânimo do homem. Mesmo ele sendo um Capitão, muito acima dessas pessoas, sentiu-se pressionado.

    Em relação ao Batalhão Zero, um Batalhão padrão era simplesmente muito inferior, havendo um abismo discrepante entre os dois.

    Não importa como os dois homens vissem isso, esses Cabos e Oficiais simplesmente não estavam ocupando cargos correspondentes a sua força. Alguns eram facilmente comparáveis a Subtenentes, beirando próximo ao limiar de Tenentes.

    Na verdade, ambos sentiram que se houvesse algumas pessoas mais experientes e com força equivalente a Tenentes e seu próprio líder fosse um Capitão, eles poderiam facilmente começar a se preparar para formar uma Brigada Nomeada em breve.

    Isso que significa ser um Batalhão Nomeado? Por que há tanta diferença entre nós? O Tenente Felipe perguntou-se, sem saber a resposta.

    Ele já havia visto outras tropas nomeadas em ação e sabia que havia uma real diferença qualitativa em relação às tropas padrões como as dele. Mas, apesar disso, sentiu que essas pessoas estavam em outro nível.

    Embora o Batalhão Zero não tivesse tantos Soldados experientes, eles facilmente compensavam isso com força bruta, coordenação e uma cadeia de comando formada simplesmente por monstros!

    Em pouco tempo, Thom, Kelly e Emily se reuniram perto dos escudeiros, onde Theodora já os aguardava. Atrás do trio, um caminho de morte e chamas havia restado, onde nenhum Carniçal que se aproximou havia sobrevivido.

    “O líder está próximo. Nós precisamos abrir um caminho para eles.” A Subtenente disse, de forma séria. “Mas para isso vamos precisar nos arriscar um pouco, entendem?” A mulher mal havia terminado de falar, quando mais três Carniçais saltaram sobre os escudeiros, caindo pesadamente no chão.

    Imediatamente um grupo de Soldados partiu para cima das criaturas, mas eles mal haviam entrado em confronto quando mais uma das coisas se jogou, caindo de forma desajeitada, próximo ao local.

    “Merda, desse jeito não vamos aguentar muito tempo!” Um dos escudeiros gritou, ao sentir que estava sendo empurrado para trás.

    Nesse momento havia tantos Carniçais do outro lado dos escudos, que era como se fossem um desastre natural. Como alguém supostamente deveria parar algo deste nível?

    Gahh!

    Guhaa!

    Vários gritos tenebrosos das Criaturas das Trevas soavam por todo o lado, enquanto Carniçais e mais Carniçais estavam se acumulando ao redor. Havia tantos que estavam rapidamente formando uma montanha de carne, onde os que estavam atrás usavam os da frente para escalar.

    Nesse momento, uma grande parcela dos membros do Batalhão Zero, que não faziam parte da formação Parede de Espinhos, estavam fazendo seu melhor para proteger as costas dos escudeiros e lanceiros. Se mais dessas coisas atacassem a formação por dentro, tudo estaria acabado!

    Vendo essa cena aterrorizante, os semblantes deles mudaram. Nesse instante, parecia incerto se sequer conseguiriam proteger esse local, mas eles ainda precisariam limpar o lado de fora para criar um caminho para a cavalaria? Mesmo Kelly e Emily não achavam que tinha a capacidade de fazer algo assim.

    “Eu faço isso.” Thom declarou, com uma expressão séria. “Mas irei sozinho.”

    Ao ouvir as palavras do Sargento, as três garotas ficaram sem palavras.

    “Você está louco? Escorregou e bateu cabeça na privada ou algo assim?! Mesmo se nós quatro fizermos isso juntos, vai ser quase impossível, quanto mais alguém sozinho!” Emily contestou, irritada.

    “Eu tenho um jeito, confiem em mim, mas vocês terão que me dar suporte.” garantiu, então olhou para Theodora. “Peço a sua permissão, Subtenente.”

    A expressão da Medusa mudou subitamente ao ver as ações do Sargento. Ainda que ambos tivessem uma certa ‘relação’, isso não tinha nada a ver com seus papéis dentro do Batalhão.

    Por um lado, ela estava disposta a aceitar isso, caso ajudasse seu líder, por outro, mesmo que a relação deles fosse de certa forma ‘casual’, percebeu que ainda sentia algum apego emocional ao rapaz e isso a fez querer negar seu pedido. Essa indecisão e hesitação, a deixou confusa e perplexa, não imaginando que sentiria tantas dúvidas por alguém com quem ela havia apenas se divertido.

    O que eu estou pensando? Mesmo se ele morrer, por que eu deveria me preocupar tanto? pensou, sem entender de onde vinha esse misto de sentimentos.

    Como uma Soldado, uma Medusa e uma serva, desde tenra idade ela havia sido criada acreditando que tudo que ela precisava era de lealdade e competência. Contanto que ela cumprisse com seus deveres, nada mais importava, sejam aliados, ou inimigos.

    A primeira vez que essa crença havia sido quebrada, foi quando ela conheceu Fernando. Um humilde recruta Humano que não deveria representar nada para ela, mas que acabou alterando sua visão de mundo, fazendo-a perceber o que era o conceito de ‘companheiros’.

    Agora, pela segunda vez, ela notou que estava sentindo uma sensação semelhante.

    “Subtenente! Não temos tempo, a cavalaria está quase aqui! Qual é a sua ordem?!” Thom rugiu, de forma persistente.

    Ao ouvir isso, Theodora finalmente voltou a si mesma. Piscando por algumas vezes e respirando fundo, sua expressão hesitante logo desapareceu, sabendo que não havia para onde fugir frente a uma decisão como essa.

    “Eu permito.” disse, olhando para o rapaz. Dessa vez ela não estava falando como a mulher com quem o homem a sua frente se deitava e com quem havia compartilhado momentos íntimos juntos, mas como sua superior e sua comandante. “Sargento Thomas de Luca, eu ordeno que abra um caminho seguro!”

    Quando a Subtenente disse essas palavras, tanto Emily, quanto Kelly ficaram assustadas, sem saber o que dizer dessa loucura.

    Ouvindo a ordem, o Mago de Fogo, com seus cabelos bagunçados, sorriu. Batendo o punho em seu peito, com uma saudação militar.

    “Entendido, minha senhora!” 

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