Capítulo 553 - Uma Maga de Cura
🐇🥚Thom não tinha certeza do que era, mas notou uma estranha sensação no mana da mulher, como se houvesse algo de diferente nele. Enquanto analisava isso, sentiu uma certa familiaridade com o que havia visto mais cedo, mas o que mais chamou a atenção foi a leve sensação de perigo vinda dele.
Aquela fuligem branca de antes… Poderia ser que… Quando estava se perguntando sobre, uma mão subitamente agarrou seu pulso com firmeza.
“O que está fazendo?” A voz de Theodora soou, tão logo seus olhos se abriram, encarando-o. Ao contrário de seu estado normal, que parecia levar tudo de forma brincalhona ou provocadora, seu olhar agora era sério e profundo.
“E-eu, queria ver se você estava bem.” respondeu hesitante.
Mesmo que eles tivessem tido algo e passado muitas noites juntos, nenhum dos dois investigava nada sobre o outro, sempre tendo conversas relativamente vazias e simplórias. Então sondar o que ocorria dentro do corpo um do outro, com certeza era algo que estava além dos limites.
Theodora o observou em silêncio por um instante, então sua expressão amenizou-se.
“Entendo.” disse, levantando-se com Thom a ajudando a se sentar, então o rapaz moveu o pulso, tirando um lenço e oferecendo a mulher. “O que é isso?”
“Para seus olhos.” respondeu brevemente.
Ele não sabia o que havia ferido os olhos dela daquela forma, mas pelo seu modo de agir, achou prudente não perguntar.
A Subtenente ficou surpresa, mas aceitou o lenço, encostando-o suavemente sobre seu rosto e enxugando o sangue. Então olhou para Thom com um olhar complexo.
“Se você está aqui, então o Tenente…”
“Ele está seguro, a Oficial Karol e os outros estão cuidando dele.” Tendo dito isso, apontou para longe, onde várias pessoas estavam reunidas. “Ele se feriu um pouco, mas acredito que sua vida não está em risco, afinal ele é muito forte…”
Ouvindo isso, Theodora suspirou, parecendo aliviada. Então levantou-se, mesmo que Fernando estivesse bem, ela sabia que o trabalho não havia acabado, principalmente ao ouvir os gritos dos Carniçais e sons de batalha.
“Ainda consegue lutar, Sargento Thomas?”
“Sim senhora! Só preciso de algum tempo para abastecer meu mana.” respondeu rapidamente.
Ouvindo isso, Theodora assentiu.
“Se recupere e depois reúna os membros do Primeiro Pelotão.”
“Entendido!” Ouvindo a ordem, o rapaz, mesmo exausto da batalha anterior, se apressou. Mas antes que ele desse um passo, a mulher segurou delicadamente em seu ombro.
“S-subtenente?” perguntou, hesitante, então virou-se, apenas para vê-la olhando diretamente para ele, sorrindo.
“Bem-vindo de volta.”
Ao ver isso, o rapaz ficou paralisado por um momento.
Tão linda… pensou, ao ver seu sorriso brilhante.
Ele já havia a visto sorrindo várias vezes, mas sempre sentiu que não era ‘ela mesma’, era mais como se estivesse atuando a todo instante, colocando uma fachada sobre si mesma. Talvez por isso, sempre sentiu que mesmo que estivesse ao seu lado, também estava sempre distante. Porém, dessa vez havia uma sensação de ‘calor’ e ‘honestidade’ em seu sorriso que o tornava extremamente atraente, fazendo seu coração, que havia amornado, acelerar novamente.
“M-merda, parem essas coisas!” De repente, os sons de gritos ficaram mais intensos, quando mais Carniçais pularam a barreira de escudos, causando caos por todo o lado.
A comoção fez tanto Thom, quanto Theodora, desviarem seus olhares. Então a expressão de antes da mulher rapidamente desapareceu.
“Vai, eu cuido disso!” A Subtenente declarou, quando moveu o pulso, tirando uma Poção de Mana, bebendo-a, então retirou sua espada Céleres, caminhando calmamente em direção aos inimigos.
O que foi isso? Thom, que ainda estava atordoado, perguntou-se.
…
Em outro ponto, uma série de Soldados feridos estavam sendo arrastados. No meio de tudo isso, uma garota, usando uma roupa branca, tinha uma expressão pálida e estava completamente suada. A frente dela, havia um homem deitado sem um braço e ela estava usando Magia de Cura para fechar o ferimento.
“Senhorita Anastasia, temos mais três feridos!” Damon declarou.
Ao ouvir isso, a mulher tremeu.
“E-eu ainda não terminei com esse! Me dê um minuto!” A Maga de Cura respondeu. “Organize-os pela gravidade de seus ferimentos, se for superficial administre Poções de Cura, eu só vou lidar com os mais críticos!”
“Entendido senhorita!” O velho Sargento respondeu, orientando os membros da Unidade de Logística a carregar os feridos.
O-onde infernos fui me meter? Eu vou trabalhar até morrer! A mulher gritou internamente. Apesar disso, ajoelhou-se à frente do Soldado ferido. Se eu só curar isso assim, os ossos não vão se calcificar corretamente. Além disso, preciso restaurar os ligamentos, mas não há tempo suficiente e meu mana é limitado… Droga, só vou garantir que ele não morra ou fique totalmente aleijado!
Ao decidir isso, focou em fechar o ferimento, preservando os músculos ao redor da área atingida. Dessa forma, pelo menos o homem poderia implantar uma prótese no futuro. Após garantir que tudo estava certo, levantou-se, exausta.
“Me levem até o próximo!” Anastasia gritou.
“Sim, senhora!” Um Soldado da Unidade de Logística assentiu, guiando a Maga de Cura até seu próximo paciente.
Mesmo que as Poções de Cura fossem extremamente úteis, havia um limite do que poderiam fazer em casos de ferimentos graves, principalmente as de nível Básico, enquanto as de Nível Intermediário não eram acessíveis a qualquer Soldado aleatório devido ao preço. Apesar do Batalhão Zero ocasionalmente distribuir algumas, havia um limite do que poderia ser feito.
Enquanto a mulher passava entre as tropas, todos respeitosamente abriram espaço.
Apesar de estar se sentindo extremamente sobrecarregada e até enganada por aquele Tenente maluco que havia praticamente a sequestrado, Anastasia não pôde evitar admitir que também foi preenchida por uma certa sensação de orgulho e prazer. Principalmente ao ver os rostos cheios de respeito dos Soldados do Batalhão Zero, que a olhavam sem um pingo de altivez.
Mesmo o homem que ela inicialmente considerava seu carcereiro, o Sargento Damon, realmente estava obedecendo cada um de seus comandos sem a questionar minimamente.
Quando foi a última vez que as pessoas me escutaram assim? perguntou-se, incrédula.
Como uma Maga Terceirizada, contratada por Legiões, ela sempre pulava de um lado ao outro e sempre tinha supervisores ou superiores a comandando a todo momento. Se ela quisesse fazer algo ou tentar algo, sempre precisava da autorização expressa de alguém e mesmo os militares de baixas patentes não a respeitavam. Mas ali, naquele lugar, as pessoas realmente estavam a ouvindo e lhe dando o devido respeito!
Como o Batalhão Zero nunca havia tido um Mago de Cura, para eles, finalmente ter um era como ver um bote salva-vidas após nadar por quilômetros em alto mar. Ninguém queria perder essa Maga, então demonstraram grande respeito, pois isso dizia respeito as suas próprias vidas!
Então isso que significa ser uma Maga de Cura de uma Legião? pensou, estarrecida, mas logo negou para si mesma. Pelo que havia ouvido falar e pelo que viu por si mesma, apenas Magos de Cura Avançados em diante tinham esse nível de respeito. Será que aquela pessoa talvez não seja tão má e realmente esteja cuidando de mim? perguntou-se, ao se lembrar de Fernando, mas logo negou. Não havia como aquele homem malvado ser tão bondoso!
Enquanto pensava nisso, chegou à frente do próximo Soldado a ser tratado. O sujeito estava inconsciente, enquanto um sangue negro vazava de seu abdômen, onde havia uma enorme perfuração profunda.
O velho Damon chegou logo em seguida, ficando ao lado. Seu dever era organizar a retaguarda, mas mais do que tudo, deveria proteger a Maga. Essa havia sido uma ordem dada diretamente pelo próprio Tenente, por isso ele não se atrevia a baixar a guarda.
“Nós já demos uma Poção de Cura Básica, mas ele simplesmente não acorda e a ferida não fecha.” Uma mulher, da Unidade de Logística, que estava cuidando do homem até então, declarou. “Deveríamos administrar uma Poção de Cura Intermediária?”
Ao ouvir isso, Damon suspirou. Mesmo que o Batalhão Zero fosse ‘rico’ e tivesse um estoque muito maior do que as outras tropas, se eles continuassem usando seus recursos de forma impensada, logo estariam com problemas financeiros.
“Se não houver escolha, eu autorizo o uso. Mas devemos ouvir a opinião da senhorita Anastasia primeiro.”
Ouvindo isso, a Maga de Cura ficou pensativa.
“Não, isso é inútil, se for o que estou imaginando, isso só pioraria a situação.” Após dizer isso, ajoelhou-se ao lado do paciente, fechando os olhos, pegou no pulso do homem, logo lançou uma varredura no corpo dele com seu mana.
Essa resposta deixou tanto Damon, quanto a mulher ao lado intrigados.
Após alguns segundos, a Maga abriu seus olhos. Movendo o pulso, tirou uma pequena faca, que se assemelhava a um bisturi, então habilmente enfiou na barriga do Soldado, cerca de cinco centímetros acima do ferimento. Mesmo inconsciente, o homem gemeu de dor.
“S-senhorita, o que está fazendo?!” A mulher da Unidade de Logística perguntou, assustada, mesmo Damon ficou sem palavras ao ver isso. Contudo, o que viram a seguir os deixou ainda mais perplexos.
Usando a outra mão, Anastasia retirou uma espécie de pinça de sua Pulseira, então enfiou no corte feito. A partir de dentro da pele da barriga, pouco acima do outro ferimento, uma espécie de verme negro, que se debatia freneticamente, foi retirado.
“Isso é um Verme Predador, é uma Criatura das Trevas que normalmente se hospeda em outras Criaturas das Trevas e se alimenta do seu mana. É raro, mas às vezes eles também infectam seres vivos. Ele deve ter entrado em contato com isso enquanto lutava. Se vocês dessem uma Poção de Cura Intermediária, essa coisa iria usar o mana da poção para se alimentar e se fortalecer, com isso cresceria e em poucas horas se ligaria completamente aos seus órgãos internos, neste ponto, seria… muito difícil salvá-lo.” explicou, ao dizer até aí, inseriu mana na pinça, fazendo com que uma pequena chama incendiasse a criatura. “Na verdade, a morte seria o menor dos problemas, ele poderia até mesmo se tornar algo não-humano.”
Tanto Damon, quanto a outra mulher, sentiram um arrepio na espinha ao ouvirem isso. Ambos viviam em Avalon há muitos anos, mas nunca haviam ouvido falar de tal coisa.
Se não fosse pela intervenção da Maga de Cura, esse Soldado certamente teria morrido esta noite!
Como alguém que serviu sob os Leões Dourados por muitos anos, o velho Sargento reformado sabia da importância de um Mago de Cura e já havia visto muitos em sua vida. Mas a maioria deles se limitava a oferecer curas básicas, não sendo mais do que Poções de Cura ambulantes. Entretanto, a garota a sua frente parecia não depender apenas de sua Magia de Cura, mas também de seus profundos conhecimentos técnicos.
O Tenente realmente tem bons olhos, para contratar uma Maga tão excelente como essa! pensou, impressionado.
Após ter certeza de que não haviam mais Vermes Predadores no corpo do homem, só então Anastasia usou sua Magia de Cura, fechando o ferimento em seu abdômen.
Suspirando e enxugando o suor de sua testa, ela estava prestes a pedir para ser levada ao próximo paciente, quando uma multidão de pessoas adentrou na área.
“Abram caminho, o Tenente Fernando precisa de tratamento urgente!”
Ao ouvir aquelas palavras, o corpo da Maga tremeu, ao lembrar-se do rosto daquela pessoa.
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