Capítulo 1518 - Ruína
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De pé sobre a parede em ruínas da fortaleza flutuante, Sunny viu a luz diminuir acima de Arrebol. Por um momento, tudo ficou parado. E então, o mundo inteiro foi subitamente inundado por uma radiância branca, cegando-o. Atordoado, ele levantou uma mão para cobrir os olhos e viu uma estrela imaculada acender-se no coração da cidade distante. Ela inchou, crescendo em uma esfera massiva de chamas furiosas.
Tudo aconteceu num instante.
Os prédios mais próximos da estrela branca simplesmente se dissolveram em sua luz pura, evaporando. Os mais distantes explodiram em pó e foram apagados da existência por uma onda de choque obliterante. Os que estavam atrás deles foram achatados e derretidos, virando cinzas devido ao calor imolante.
Uma onda de fogo incinerador, mais alta que os muros imponentes da cidade, espalhou-se na velocidade da luz, consumindo tudo em seu caminho — prédios, árvores, praças, até o próprio ar… e todas as pequenas figuras humanas inundando as ruas em ruínas.
Atrás dela, a estrela furiosa se erguia e se deformava, lentamente se transformando em uma nuvem de cogumelo de chama branca incandescente. O pilar de fogo que a sustentava diminuía tudo, alcançando o céu.
‘O-o que…’
Mesmo levado à loucura pela fúria, ele ficou momentaneamente paralisado pelo esplendor angustiante daquela visão inconcebível. Arrebol… Arrebol estava sendo destruída diante de seus olhos.
… Foi quando a onda de choque invisível atingiu a fortaleza, destruindo suas paredes e jogando-o para baixo.
O rugido ensurdecedor da explosão veio em seguida, sacudindo o mundo. Sunny despencou da parede quebrada e atingiu as pedras frias com um som nojento. Quicando na superfície dura, ele rolou e então instintivamente cobriu a cabeça com as mãos. No momento seguinte, uma chuva de detritos de pedra caiu, golpeando-o como granizo esmagador.
‘Quem… quem ousa…’
Surdo pelo rugido cataclísmico da explosão, ele gritou furiosamente e tentou se levantar. Algo o atingiu na cabeça, mas Sunny não se importou. Curvado, ele se levantou do chão e olhou para a poeira que envolvia tudo ao redor, procurando pela figura maciça do dragão.
E daí se toda Arrebol foi devorada pelas chamas? E daí se parecia que o céu tinha sido despedaçado e caído? Ele ainda iria matar o verme odioso…
‘… Por que está tão escuro?’
O colossal pilar de chamas havia alcançado os céus e desabado sobre si mesmo, dilacerado pelo vento. A luz furiosa da estrela branca pura havia escurecido e desaparecido, mergulhando o mundo na escuridão. Uma vasta nuvem de cinzas subiu no ar e obscureceu os sete sóis, transformando o crepúsculo do amanhecer em uma escuridão sem luz e devastação sombria.
***
Longe, no deserto escaldante que havia sido Arrebol, cinzas caíam do céu como neve. No coração da cidade em ruínas, nada além de escuridão permanecia. Até o próprio ar havia sido queimado pelo calor inconcebível da explosão obliterante, e então não havia chamas queimando nas pedras enegrecidas.
A única fonte de iluminação naquele abismo escuro era uma pessoa radiante que estava em meio à destruição, cercada por cinzas e ruínas. Ela estava lentamente se fundindo de volta à forma de uma bela jovem mulher de pura luz. Sua pele brilhante não tinha uma única mancha, e seu cabelo brilhante fluía como prata incandescente, emanando um brilho branco ofuscante.
Sua luz imaculada refletia na água fervente, criando uma pequena ilha de luz no mar de escuridão escaldante. Arrebol estava parada e silenciosa, com nada além de água se movendo em sua vasta e fumegante extensão. Os numerosos corpos humanos do Ladrão de Almas desapareceram, devorados pelas chamas implacáveis e transformados em cinzas.
As Criaturas do Pesadelo que lutaram contra eles também se foram. Somente Nephis permaneceu, iluminando a escuridão com sua luz.
… E como ela era a única que restava, o reflexo indestrutível do sinistro demônio do espelho não tinha para onde ir, a não ser para as profundezas de seus olhos radiantes e angustiantes.
***
Nephis estava de pé na superfície de um oceano calmo. O mundo ao redor dela estava banhado pela luz do sol, e a água perfeitamente parada abaixo de seus pés descalços brilhava lindamente, refletindo o brilho do céu. Era como se ela estivesse em um mar de nuvens douradas, inundada por uma luz de tirar o fôlego.
Sete sóis brilhavam intensamente acima de sua cabeça. Ela olhou para eles impassivelmente.
Ela já havia sentido a terrível agonia de um dos núcleos de sua alma — o Núcleo do Terror — se destruindo antes. Mas tantas abominações Profanadas foram consumidas pelas chamas liberadas de sua alma que ele foi reformado novamente. Com ele, nasceu o sétimo núcleo.
O último núcleo. A dor de sua criação já havia passado, e Nephis era um Titã agora.
Ela desviou o olhar dos sete sóis e olhou silenciosamente para o único ponto de sujeira e escuridão em seu mundo perfeitamente radiante. Lá fora, a alguma distância, uma criatura repulsiva estava parada, encarando-a com olhos de espelho.
Não parecia um humano, nem parecia uma Criatura do Pesadelo. Em vez disso, era como uma amalgama revoltante de inúmeras pessoas, inúmeras abominações, todas unidas em um monstruoso ser de retalhos que mudava e mudava de forma a cada movimento, cada respiração, cada momento que passava.
O monstro mutante se elevava acima dela, manchando as águas puras de sua alma com escuridão e corrupção. O Ladrão de Almas sorriu e estendeu inúmeras mãos. Ele chamou o nome dela com inúmeras vozes. Seus inúmeros olhos estavam cheios de ódio e ganância. Mas também medo.
Nephis olhou para ele com desprezo. Sua voz uniforme ecoou pela extensão radiante, proferindo uma única palavra:
“… Queime.”
E então, a bela paisagem de sua alma mudou. A água em que Ladrão de Almas estava não era água. Em vez disso, era uma chama líquida, como se ele estivesse na superfície de uma estrela branca furiosa. As nuvens douradas flutuando acima dele não eram vapor, mas gás incandescente, como se ele estivesse se afogando em poeira estelar em chamas. O mais angustiante de tudo, porém, foi a luz dos sete sóis.
Porque aqui no mar da alma da Estrela da Mudança, não havia como escapar de seus raios incineradores. O brilho dos sete sóis aumentou, transformando o oceano calmo em um vazio branco incandescente.
E, preso naquele vazio implacável… Ladrão de Almas queimou.
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