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Capítulo 116 — Chamas e Sombras
Cercado por espinhos e sombras que se fechavam ao seu redor, Cassian só teve tempo de inflamar ainda mais suas chamas. Era sua única alternativa. A última aposta.
E então seu ARGUEM, sua espada de lâmina avermelhada com entalhes em forma de águia, soltou um grito agudo e cortante, como o brado da ave que carregava em seu símbolo. Em resposta, as chamas explodiram ao redor, iluminando a escuridão opressora que ameaçava engoli-lo.
Trenton recuou alguns passos, protegendo-se das labaredas que crepitavam vivas no ar.
— Lutar já é uma merda. Mas lutar contra um Counter… é uma merda dobrada — murmurou, entediado. — Dá até vontade de desistir. Só de pensar no esforço que vai dar pra te vencer, já me dá sono.
Cassian arregalou os olhos, surpreso que sua ideia havia realmente funcionado. As chamas criavam sombras, mas também as afastavam. Talvez… talvez aquilo fosse mesmo uma brecha.
— O que quer dizer com Counter? — perguntou ele, ainda se recompondo.
Trenton o encarou como se ele tivesse acabado de perguntar quantos lados tem um quadrado.
— Você tá brincando?
Cassian franziu o cenho, completamente alheio. Seu semblante lívido deixava claro: ele realmente não fazia ideia.
Trenton deu uma risada seca.
— Ha! Alguém tão preguiçoso quanto eu. Que interessante… — cruzou os braços, assumindo um tom quase didático. — Counter é quando um ARGUEM tem vantagem natural sobre outro. Tipo fogo contra gelo. Ou luz contra trevas.
Cassian assentiu lentamente, tentando acompanhar.
— Mas no nosso caso — continuou Trenton, gesticulando como se desenhasse no ar — temos um Counter Duplo.
— Como assim? — questionou Cassian, ainda mais confuso.
— As sombras têm vantagem natural sobre o fogo, porque todo fogo projeta sombra. Elas se alimentam disso, entende? Mas… — Trenton fez uma pausa dramática, apontando para as chamas ao redor — o fogo também tem vantagem. Porque do mesmo jeito que cria sombras, ele também as dissipa. É como uma faca de dois gumes. Ninguém realmente domina o outro. A luta vira um quebra-cabeça onde qualquer erro pesa o dobro.
Cassian abriu a boca, mas nenhum comentário veio. Ele parecia ainda mais perdido do que antes da explicação.
Trenton suspirou.
— Resumindo: vai ser uma luta chata pra cacete.
O guerreiro ossuianos se lançou com as costas para trás, rumo ao chão. Mas Cassian foi inteligente o suficiente para entender que ele estava indo mergulhar na própria sombra.
O príncipe ficou atento a todas as sombras a sua volta, mas eram muitas. Ele rapidamente se lançou para uma parede da arena, assim protegendo suas costas.
A espada apontada para frente afastando as sombras próximas e a parede servindo para proteger suas costas era a armadilha perfeita.
Um silêncio se seguiu enquanto Trenton ainda se manteve oculto nas sombras, mas Cassian sabia o único lugar na qual ele poderia tentar um ataque surpresa.
Se suas chamas espantaram as sombras a frente, naturalmente sombras eram projetadas em suas costas, ou seja, na parede.
E Trenton foi lido como um livro.
Cassian sentiu a presença sombria do oponente se manifestando em suas costas pronto para agarra-lo pelo pescoço. Com um movimento rápido e preciso, o príncipe saltou para frente enquanto girava o corpo pela diagonal desferindo um golpe de baixo para cima com sua lâmina na direção em que Trenton emergia das sombras.
Cassian pôde ver mais da metade do torso do ossuiano que havia sido projetado da sombra da parede, seu corte o atingiria em cheio, mas ao olhar para o rosto de Trenton ele viu um sorriso preguiçoso de triunfo.
Em sua mão estava a foice sombria que aparou a espada de Cassian com sua lâmina curva. Trenton Gesticulou com a mão que estava livre e as linhas de suas tatuagens se reorganizaram mais uma vez, formando um círculo mágico na palma de sua mão que fizeram um comando silencioso.
Cassian mal teve tempo para pensar quando sentiu a presença da mana hostil em suas costas.
— Se você aponta sua chama para uma direção, logo a direção oposta é dominada pelas sombras. — A voz de Trenton parecia alegre com a certeza que o combate acabaria ali.
O tempo pareceu correr mais devagar conforme Cassian pensava e analisava a situação. Sua espada estava sendo interceptada pela foice sombria de Trenton enquanto espinhos sombrios miravam suas costas. Ele então se lembrou de quando, instintivamente havia projetado fogo pelas mãos contra Sanur. A ideia tomou conta de seus pensamentos. Era como se ele estivesse tentando dar ordens aquele fogo indomável que era a representação de suas chamas.
“Não dê ordens.” Uma voz tomou conta de seus pensamentos. Aquela mesma voz feminina de sempre. “Sua mana é um reflexo de você mesmo. Não dê ordens. Você odeia seguir ordens. Ao invés disso, faça um convite para que ela possa alcançar aquilo que você tanto sonha…”
“O quê?” Cassian perguntou de volta a aquela voz. Por um momento ele se sentiu um louco, era como se discutisse com seus próprios pensamentos.
“Faça um convite para a liberdade. O que você e sua mana mais querem é serem livres. Alinhe suas ideias a isso e ela o seguirá.”
A voz foi embora, deixando Cassian e sua mana a sós naquele mundo de introspecção.
Então Cassian entendeu. A mana queria ser livre, sem ser ordenada, apenas convidada a seguir suas próprias vontades.
“Queime essas sombras. Sei que você se origina de minha espada, mas se você realmente é um reflexo de mim mesmo, não se limitaria a seguir um conceito tão restritivo como esse! Flua por mim e queime a vontade. Flua pelo meu corpo e queime esses malditos espinhos!”
Um efeito visual vislumbrou os olhos de quem assistia a luta. Como uma salamandra o fogo deslizou da espada pelos braços de Cassian, seguindo pelo seu peito e descendo até sua perna esquerda que estava apontada na direção dos espinhos.
“QUEIME!” Rugiu o príncipe herdeiro de dentro de sua mente.
E então, de seus pés, um golpe de fogo destruidor incinerou os espinhos que o tinham como alvo.
— PELA MÃE! — Gritou Hermes, animando a arquibancada que via o espetáculo de chamas e sombras. — O príncipe herdeiro de Lyberion está lutando de igual para igual contra Trenton! Realmente fazendo jus aos rumores sobre sua força que foi capaz de derrotar um dos quatro grandes líderes de guilda anã!
Do outro lado da arena, no alto de uma sala em meio a arquibancada, ficava o Salão de Honra, reservado àqueles que haviam passado pela Arena da Coragem. Era um espaço amplo, com paredes de pedra esculpida e janelas abertas que ofereciam uma vista privilegiada do campo de batalha.
O salão era um oásis de luxo em meio à brutalidade das provas. Sofás acolchoados de veludo vermelho, mesas ornamentadas com bordas douradas, bandejas recheadas de carnes defumadas, frutas exóticas e bebidas espumantes, algumas tão doces que pareciam suco, outras tão fortes que ardiam até a alma.
Helick adentrou o salão em silêncio.
Viu seus companheiros reunidos em um grande sofá em forma de U.
Ele viu que além de seus companheiros, todos os desafiantes que passaram ainda estavam lá, apreciando as lutas e se empanturrando de comida e bebida enquanto apostavam e se divertiam com os combates restantes.
— Há! Esse é o príncipe que derrotou um líder de guilda? — Falou um homem que ele não reconhecera, provavelmente havia lutado quando Helick não estava na sala de preparação. — Não acredito que o temido Sanur foi derrotado por um moleque desses!
Helick ignorou o que o homem falou do irmão e se aproximou de um grande sofá em U na qual seus companheiros estavam sentados.
— Lutou bem príncipe Helick. — Cumprimentou Morgan. — Eu até levantaria para te cumprimentar, mas…
Quando Helick olhou um pouco para baixo ele viu Tály com a cabeça repousada no colo de Morgan.
A soldado estava apagada, totalmente esgotada depois de usar a sua OverSkill.
Ele percebeu que ela abraçava suas manoplas, apertando-as contra o peito, mas Helick podia ver que as runas que marcavam o ARGUEM pareciam sem vida.
O príncipe passou por eles e se sentou ao lado de Marco e Redgar.
Marco estava animado, como quem acabara de mostrar do que era capaz e Redgar estava calado e neutro como de costume, mas seu olhar estava um pouco mais profundo do que o normal.
— Lutaram muito bem pessoal. — Comentou Helick ao se sentar. Seus olhos ficando um pouco mais em Redgar. Pelo que ele sabia, Redgar nunca havia matado antes e hoje havia o feito de forma quase sádica. — Está tudo bem Red?
O soldado apenas assentiu com a cabeça como sinal de positivo.
O foco de Helick então se voltou para a arena onde o irmão lutava contra as sombras de Trenton.
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