Capítulo 573 - Encontro
Sendo carregado por Oliver, enquanto voavam baixo, Fernando analisou os arredores.
Havia alguns Carniçais solitários vagando em torno da floresta e ocasionalmente pequenos grupos de três a cinco também surgiam, sendo desgarrados que haviam se espalhado após o Necropto perder o controle. No entanto, a maioria das Criaturas das Trevas pareciam estar em alerta e cautelosas, muito diferente do comportamento adotado durante o ataque a cidade.
Então é assim que essas coisas normalmente são… concluiu, com uma expressão séria. Se não fosse por aquele desgraçado…
Quanto mais pensava no Mago Negro Kepler, mais furioso se sentia. Não entendendo porque existiam pessoas assim, que tentavam, deliberadamente, prejudicar outros.
Pelo que pôde observar, o sujeito parecia ter uma profunda raiva das Legiões. Entretanto, numa cidade Humana não haviam apenas militares, mas também milhares de civis. Mesmo assim, essas pessoas não se importavam com a vida ou morte deles.
Que tipo de organização estava por trás daquele cara? pensou, recordando-se que o Mago Negro havia comentado que estava em uma missão, logo tudo que ele teria feito não era apenas por motivos pessoais, mas provavelmente, por outras questões maiores envolvidas. Lembrando-se da Pulseira de Armazenamento que tomou de seu corpo, franziu a testa. Preciso investigar o que tem dentro, talvez eu encontre algo a respeito, mas tenho que tomar cuidado…
Voltando sua atenção acima, para Oliver, que parecia perdido em suas próprias divagações mentais. Fernando imaginou se existia alguma forma de entregar ao homem as pistas que encontrasse. Ele tomou a Pulseira para si sem pensar muito a respeito, já que era um hábito, mas ao refletir com cuidado percebeu que poderia ter cometido um erro, já que qualquer evidência que deveria estar nas mãos dos Generais estaria com ele.
Apesar de pensar assim, logo descartou a ideia de entregar diretamente qualquer coisa a eles, já que agora isso seria perigoso para ele próprio.
Enquanto estava se debruçando a respeito, Fernando percebeu algum movimento abaixo, o que o fez arregalar os olhos.
“Major, acho que são pessoas! Sobreviventes!” exclamou, sentindo algum nervosismo.
Ao ouvir isso, Oliver imediatamente seguiu seu olhar, notando que realmente se tratava de Humanos, estavam caminhando próximos à borda da floresta, tentando evitar as Criaturas das Trevas.
“Hm, parece que sim. Vamos descer e dar uma olhada.”
Ao dizer isso, o Major começou a diminuir de altitude, aproximando-se do grupo.
As pessoas abaixo pareciam mais preocupadas em não chamar a atenção dos Carniçais do que em observar o céu e não notaram a dupla se aproximando.
A única exceção era um velho homem, que pareceu sentir algo, olhando para o alto. Seus olhos se estreitaram por um instante, mas logo sua expressão se amenizou.
“Parem!” ordenou, levantando a mão.
Assim que suas palavras soaram, vários dos homens congelaram no lugar, enquanto olhavam de um lado para o outro com olhos arregalados, como se temessem que algo pulasse de qualquer mata próxima e os arrastassem para longe.
“M-Major Silvester, o que está acontecendo?” O Mago de Terra, Keiren, perguntou, com um sussurro, tentando disfarçar o pavor em sua voz.
Silvester apenas o ignorou, sem se preocupar em responder. Embora ele fosse relativamente gentil em relação a outros Majores, ainda era alguém endurecido pelos campos de batalha e sabia quando ser rígido.
Vendo a falta de resposta do velho homem, que apenas olhava para o alto, Keiren seguiu seu olhar. Devido a densa noite, ele mal conseguia enxergar alguma coisa, quando após um segundo pôde notar duas figuras voando em sua direção, o que o fez arregalar os olhos.
“Resgate, o resgate chegou?!” exclamou.
Os outros homens logo atrás ficaram chocados.
“As pessoas da cidade chegaram? Finalmente estamos salvos?”
Vendo o alvoroço causado, Silvester franziu a testa.
“O que pensam que estão fazendo? Falei para ficarem em silêncio…” O sujeito mal terminou de repreendê-los, quando duas sombras saltaram da mata não muito longe da sua posição. O que o deixou furioso. “O que acabei de dizer? Seus idiotas!”
“C-carniçal!” Os trabalhadores gritaram, correndo na direção oposta, se escondendo atrás do velho Major.
A única exceção era Noah, que agora estava carregando Ronald no ombro.
“Mesmo que vocês sejam civis, ainda são uma decepção como homens.” O Oficial loiro comentou, franzindo a testa.
As criaturas ainda estavam longe e havia um Major presente, não existia necessidade de tal alarde. Mas, mesmo assim, eles se comportavam como um bando de ovelhas fugindo ao menor sinal de perigo.
Como Silvester havia garantido a segurança deles, Noah descartou a maca improvisada, decidindo levar Ronald apoiado em seu ombro. Ainda que não pudesse lutar, dessa forma poderiam se mover mais rapidamente.
Vendo o rapaz calmo mesmo diante de um ataque de Carniçais, Silvester não pode deixar de elogiá-lo mentalmente.
Esse garoto do Batalhão Zero é promissor. Ele tem as qualidades necessárias para ter uma boa patente, só precisa refinar esse seu temperamento.
As duas Criaturas das Trevas se aproximaram rapidamente, mas o Major usuário de Magia de Gelo apenas ergueu sua palma em sua direção.
Shaaa!
Quando ambas estavam a poucos metros, pararam subitamente, suas pernas congelaram quase que instantaneamente. O gelo então começou a subir continuamente, pouco a pouco, congelando o torso do seu corpo, até a cabeça.
Em apenas um momento, os dois Carniçais pareciam ter se tornado estátuas vivas criogenizadas. Uma leve névoa gelada se espalhou a partir deles, mostrando o quão frias estavam.
“Essas coisas não têm muito líquido em seus corpos, então demora um pouco mais para congelá-las.” Silvester comentou, casualmente. “Oficial Noah, quebre-os.”
Ouvindo a ordem, o rapaz ficou brevemente pensativo, já que estava com Ronald, que havia perdido a consciência, em seu ombro, mas logo assentiu.
Aproximando de uma das coisas, chutou com sua perna direta.
Crack!
A coisa caiu, quebrando-se em pedaços, fazendo com que o Oficial ficasse impressionado, então foi até o próximo, repetindo o processo. Como eram Carniçais pequenos, acabaram quebrando-se facilmente.
“Que interessante, vejo que estão se divertindo.” Uma voz soou do alto.
Silvester não parecia surpreso e mal olhou para cima, quando fez uma saudação em sua direção.
“General Oliver, é bom revê-lo.” cumprimentou, com extremo respeito.
Todos ao redor ficaram estarrecidos, incluindo Noah, o Mago Keiren e os outros trabalhadores.
“Um General?” Um deles comentou, quase caindo em lágrimas. Eles já estavam se achando extremamente sortudos por encontrarem um Major, mas agora até um General estava ali! Não havia mais o que temer!
“Eu já disse que não sou um General ainda, até que eu seja promovido oficialmente, continue me chamando de Major.” A figura respondeu, enquanto descia do alto.
Somente nesse momento, é que Noah, Keiren e os outros perceberam que o homem, na verdade, estava carregando alguém.
Mesmo Silvester, que havia conseguido enxergar que tinha alguém sendo carregado, acreditando que seria mais um sobrevivente, ficou perplexo ao ver de quem se tratava.
“Tenente Fernando?!” O Major exclamou, ao ver o rapaz pálido. “O que está fazendo aqui? Não me diga que também estava fazendo uma missão de escolta?”
Ao tocar o chão, o jovem Tenente se pôs de pé, enquanto Oliver pousava ao seu lado, soltando-o.
“Não exatamente, é uma longa história…” O rapaz pálido disse, sem entrar em detalhes. Então voltou sua atenção para outra pessoa, que estava parada logo atrás.
“F-fernando, digo, Tenente.” Noah falou, quase gaguejando. Mesmo que o sujeito estivesse fazendo o seu melhor para se manter firme, a verdade é que ele estava em seu limite. Ao revê-lo, um turbilhão de emoções invadiram sua mente e coração. “Tenente, você realmente veio…”
O jovem pálido não disse nada, apenas mantendo um rosto inexpressivo, caminhou até o homem. Chegando a sua frente, voltou seu olhar para Ronald, que parecia ainda estar respirando, mesmo que extremamente ferido sua situação parecia estável, então olhou nos olhos de Noah, que instintivamente desviou o olhar, voltando-se para baixo, como se acreditasse que não tinha o direito de encará-lo.
“Me perdoe, eu falhei. Todos estão mortos, todos os meus homens…”
Noah sabia que Fernando sempre responsabilizava aqueles acima pelas perdas e dessa vez dezenas de homens do Primeiro Pelotão haviam morrido sob sua guarda. Para o sujeito, o fato de ter sobrevivido, enquanto suas tropas morreram, deveria significar que ele era um péssimo líder.
Sabendo disso, o Oficial estava disposto a aceitar a punição que fosse necessária, seja ser rebaixado ou até mesmo expulso do Batalhão Zero, não importava que punição fosse, ele a aceitaria sem retrucar.
O jovem pálido permaneceu em silêncio por um momento, então colocou a mão no ombro livre de Noah com um forte aperto.
“Você fez bem em sobreviver.” afirmou, com uma voz suavemente calma, mas que aparentava uma incomum entonação emocional.
Ao ouvir isso, o Oficial sentiu todo seu corpo tremer, quando ergueu seu rosto, perplexo. Vendo o olhar fixo do rapaz, sentiu-se emocionado.
“Eu sou o responsável, por que você…?”
O Tenente o interrompeu antes dele concluir.
“Um líder é o responsável por suas tropas, foi isso o que eu disse antes.” Fernando falou, olhando-o fixamente. “Contudo, numa situação com uma diferença de força tão grande como essa, você não teve culpa, só de conseguir sobreviver e salvar Ronald e alguns dos civis já é um grande mérito. Oficial Noah, bom trabalho.”
Ao ouvir aquilo da boca do próprio Fernando, Noah sentiu como se um enorme peso estivesse sendo tirado de seus ombros. Mesmo que ainda se sentisse responsável pelos seus homens, também sabia que não poderia ter feito muito mais contra a onda de Criaturas das Trevas. Logo sentiu seus olhos marejarem, mas resistiu em derramar qualquer lágrima.
“Obrigado, senhor!” exclamou.
As pessoas ao redor apenas olharam a cena sem interferir. Oliver ficou um pouco surpreso, percebendo que o rapaz era um pouco diferente do que ele imaginava.
Ao contrário dele, Silvester ficou impressionado com a sensatez e sabedoria do jovem Tenente. Lembrando-se de como ele não havia hesitado em gastar uma Poção de Cura Maior nele e salvado sua vida, sabia que alguém assim nunca seria uma pessoa ruim.
Todavia, ao contrário dos dois Majores, os trabalhadores sentiram-se injustiçados ao ouvirem aquilo. Todas as pessoas da sua Guilda haviam morrido naquele ataque. Então por que o Oficial responsável estava sendo parabenizado?
“Isso é absurdo! Esse sujeito não nos protegeu, ele deveria ser punido e não elogiado!” Um dos homens falou, sentindo-se furioso.
“Está certo! O mínimo que ele deveria ter feito era ter morrido junto aos outros. Que tipo de militar sobrevive enquanto tantos civis morrem?!” Outro complementou.
O Supervisor Keiren sentiu seu corpo tremer quando viu seus funcionários falando isso. Antes ele quase havia perdido a vida por insultar o Oficial, mas agora eles estavam dizendo esse tipo de coisa com um Tenente, um Major e um candidato a General presentes, isso era loucura!
Esses idiotas, o que eles têm na cabeça?! Se tiverem reclamações contra os Leões Dourados, devemos fazer junto a Guilda do nosso lado, quando for favorável para nós, não numa situação que ainda dependemos deles!
Ouvindo aquilo, Fernando olhou na direção dos dois homens, então caminhou até eles, com um olhar sério.
“Tenente, espera!” Noah disse, com algum receio. Conhecendo o rapaz, não sabia o que ele faria.
Se ele se achava cabeça quente, sabia que seu Tenente era muito pior, principalmente quando se tratava de algo relacionado aos seus subordinados.
Oliver e Silvester apenas observaram a situação, prontos para interferir caso o Tenente cruzasse o limite.
“O-o que você quer? Apenas dissemos o óbvio, n-não estamos errados!” Um dos homens falou, gaguejando, enquanto o outro sequer se atrevia a dizer algo.
Um dos sujeitos olhou na direção de seus companheiros. Porém, incluindo Keiren, nenhum deles teve coragem de intervir a favor dos dois homens.
Parando a frente dos dois, o jovem Tenente apenas os olhou em silêncio.
Nesse momento, o Mago de Terra finalmente criou coragem de falar algo. Ainda que estivesse com muito medo, sabia que sua reputação estaria acabada se ele apenas abaixasse a cabeça enquanto seus subordinados morriam.
“S-senhor, eu sou o Supervisor da Guilda Pedra-Broca. Por favor, não leve a sério as palavras desses dois. Todos nós passamos por um evento traumático e não estamos no melhor momento.” falou, gesticulando, enquanto olhava ocasionalmente para Silvester e Oliver, como se esperasse que eles interferissem, mas nenhum dos dois se moveu, apenas observando a situação.
Ouvindo tudo aquilo, Fernando mantinha-se com um rosto inexpressivo, como se não fosse afetado por suas justificativas, o que fez os trabalhadores ficarem ainda mais nervosos, mas suas próximas palavras os deixou atônitos.
“Peço perdão por isso, senhores. Meu Batalhão Zero era o responsável por garantir sua segurança e nós falhamos.” disse, com sinceridade. “Eu poderia apenas dizer que isso tudo estava fora do nosso controle, ou que não havia o que ser feito, mas isso não muda o fato de que falhamos, ou melhor, eu como Tenente falhei. Quando retornarmos, iremos restituir todos os valores pagos da missão a sua Guilda.”
As palavras do rapaz foram o extremo oposto do que todos imaginam.
“Fernando, o que você…” Noah exclamou, sem entender.
“Tenente Fernando, não há culpa alguma. Mesmo se você próprio estivesse a frente da missão, o resultado ainda seria o mesmo.” Silvester comentou. “Contra tantos Carniçais, mesmo eu não teria muito o que fazer além de me retirar com o máximo de pessoas que eu pudesse. O Oficial Noah ter salvado tantos já é algo impressionante.”
Ouvindo aquilo, o jovem Tenente assentiu.
“Além disso, quanto a restituição de valores, não precisa se preocupar, a legião irá cuidar desse assunto. Não é algo que seja de responsabilidade de um Tenente.” O Major complementou.
“Eu entendo senhor. Ainda sim, temos nossa responsabilidade por ter aceitado a missão e falhado, o Batalhão Zero não irá se eximir de sua culpa. Por isso gostaria de deixar isso bem claro as pessoas da Guilda de Construção Pedra-Broca, bem como das demais Guildas que aceitamos trabalhos.” Fernando falou, com um rosto sério em direção aos trabalhadores, o que os deixou surpresos.
Parece que essa pessoa não é tão difícil de lidar. Keiren pensou, ao ouvir aquilo.
Apesar disso, logo o olhar do rapaz ficou frio, quando ele continuou:
“Porém, mesmo que eu aceite essa culpa e até seu ódio pela perda de seus companheiros, nunca mais digam que um dos meus homens deveria ter morrido. Caso contrário, as coisas não terminarão bem para vocês.” alertou, olhando os dois homens e varrendo seu olhar sob o restante dos trabalhadores, que tremeram. “Vou levar em consideração a situação e ignorar o que foi dito dessa vez, mas não haverá uma segunda chance.”
As palavras jovem Tenente, somado a seu rosto frio, foram com um banho de água fria em todos, principalmente em Keiren.
O que diabos há com esse cara? Ele se desculpa e depois ameaça?! O Supervisor pensou, sentindo um arrepio frio. Logo ele se lembrou de como o Oficial Noah quase o matou antes. Esse Batalhão Zero, só tem psicopatas nele!
“Hahahaha!” Oliver soltou uma risada, enquanto observava aquilo, achando a personalidade do rapaz engraçada.
Silvester, por outro lado, não sabia o que dizer. Mesmo que entendesse que o jovem Tenente estava protegendo seu Batalhão, ainda achou que ele estava sendo um pouco excessivo ao ameaçar os membros de uma Guilda dessa forma. Além disso, ele havia ouvido falar sobre o incidente com a Guilda Fúria em Belai e sabia que o rapaz provavelmente não estava blefando em suas palavras.
“Bem, isso tudo está muito interessante, mas vamos partir em breve, ficar parado aqui por muito tempo não é uma boa ideia. Mas antes, Major Silvester, podemos ter uma palavrinha.” Oliver disse, chamando o sujeito para um canto.
“Sim, é claro…” Silvester respondeu, acompanhando-o para longe. Logo o Major usuário de Magia de Gelo ergueu uma barreira com sua mana, impedindo que alguém os ouvisse durante sua conversa.
Enquanto falavam, ambos os homens olharam algumas vezes na direção de Fernando, o que o fez franzir levemente a testa, com algum nervosismo.
Mesmo que Oliver tivesse aparentemente acreditado em suas palavras sobre a morte do Mago das Trevas, Fernando não tinha certeza se ele havia realmente aceitado seu relatório como verdadeiro, ou se era apenas encenação.
Droga, eu deixei passar mais alguma coisa? pensou, quando viu Oliver o olhar mais uma vez, encarando por um instante. Ele havia feito seu melhor para misturar fatos reais e falsos, criando a melhor justificativa que conseguiu pensar para tudo que havia ocorrido com o tempo que tinha em mãos após matar o Mago Negro Kepler. Porém, um único deslize de sua parte poderia colocar tudo isso abaixo.
O rapaz estava começando a se sentir aflito e nervoso. No entanto, seus pensamentos logo foram interrompidos.
“Tenente, o que aconteceu com você?” Noah indagou, olhando para sua armadura danificada e seus ferimentos.
Mesmo que a armadura Negra Kinfar tivesse uma função de regeneração usando mana como base, Fernando optou por não a usar, já que isso poderia chamar a atenção de Oliver de forma desnecessária. Afinal, tecnicamente ele estava ‘sem mana’.
“Isso…” Desviando sua atenção dos Majores, logo o rapaz explicou sobre a missão de isca que ele e o restante do Batalhão Zero, que estavam em Garância, haviam assumido.
Noah ficou perplexo ao saber disso.
“Nossas perdas, quantas foram?!” perguntou, preocupado.
Além dos homens mortos nas missões externas, se eles tivessem um número muito grande de baixas na missão de isca, então o Batalhão Zero estaria em sério apuros, podendo até mesmo ser desmanchado completamente.
“Você não precisa se preocupar, as coisas não estão tão ruins quanto você pensa.” Fernando garantiu, acalmando-o.
Embora tivessem tido algumas baixas no confronto com os Carniçais, graças a Thom, Theodora, Emily, Ugo e os demais, bem como o suporte das Balistas e dos Magos e Arqueiros nas muralhas, as perdas dos Batalhão Zero haviam sido mínimas. Além disso, ele havia conseguido atrair o Rei Carniçal e o restante das criaturas antes que a situação ficasse critica.
Ouvindo aquilo, mesmo que não tivesse um entendimento claro da situação geral, o Oficial sentiu-se menos alarmado.
Ao lado, Keiren e os outros trabalhadores, que ouviam discretamente a conversa, ficaram boquiabertos ao descobrirem sobre o que havia acontecido na cidade. Mesmo que tivessem ouvido uma vaga explicação da boca de Silvester, acreditaram que era apenas uma mentira para justificar seus erros. Mas pelo que ouviram agora, era tudo real.
Saberem que o Tenente a sua frente havia realmente se prontificado a fazer parte das ‘iscas’, chamando a atenção do mar de inimigos e ainda sim terem sobrevivido, os fez ficar ainda mais chocados. Isso mostrava que o Batalhão Zero não era uma tropa qualquer.
Alguns dos homens até mesmo se sentiram arrependidos pelas palavras ditas anteriormente.
“Merda, então não foi apenas nós, toda Garância realmente estava numa situação tão ruim?” Um dos homens falou, com a voz baixa.
“Por isso nenhum resgate veio antes…”
Mesmo Keiren se sentiu incomodado pelo modo que agiu antes. Se havia tantos inimigos, a cidade não poderia enviar ajuda mesmo se quisesse.
Fernando e Noah, que estavam ao lado, fingiram não perceber a conversa dos homens, os ignorando.
“Quanto ao Ronald, qual é a situação dele?” O jovem Tenente perguntou.
“Esse idiota se machucou feio tentando me ajudar a recuar para a floresta com os civis… Ele tá bem ferrado, mas vai sobreviver.” O Oficial explicou.
“Entendo.” Ainda que estivesse preocupado com Ronald e pensasse em usar alguma Magia de Cura nele, Fernando sabia que não estava em condições no momento. “Vamos pedir para a senhorita Anastásia dar uma olhada na situação dele assim que retornarmos.”
Enquanto os dois conversavam, Oliver e Silvester pareciam ter terminado seus assuntos.
“Decidi acompanhá-los juntos ao Major Silvester até que o apoio chegue. Enviamos algumas mensagens ao QG, logo mais devemos ter alguma resposta.” Oliver falou, batendo com a palma. “Como não da para voar com tanta gente, vamos andando em direção à cidade.”
Keiren e os demais se sentiram extasiados ao ouvirem isso. Mesmo que estivessem um pouco nervosos depois da questão da ameaça do Tenente, bem como ouvir sobre o ataque a cidade, ter a escolta de um Major e um quase-General era a melhor notícia que poderiam receber naquele momento.
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